Este texto forma parte del libro
Ensaios de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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A ECONOMIA INTERNACIONAL



Um sistema econômico de um país deve ser visto como uma sociedade aberta, isto significa dizer que as fronteiras das relações econômicas de uma nação devem dar permissão a um bom trânsito com as comunidades que precisam de determinados produtos de outras, ou mesmo supri-las de produtos de fora das suas fronteiras nacionais. Isso é o que determinam as relações entre países, e que faz funcionar a economia internacional, ou com outras palavras, faz inter-relacionar a economia de um determinado país com o resto do mundo, como por exemplo: o Brasil compra dos Estados Unidos determinados tipos de produtos, e a Polônia compra no Brasil outro tipo de produto que, por ventura faltam neste país. Esta interligação acontece tendo em vistas as aptidões de produção dos países, quer sejam capitalistas, ou socialistas, ou sistema misto, pois, a questão é tratada ao se falar ou não, de produto excedente doméstico para outros países que faltam estes produtos.
É claro que em países de ideologia burguesa, ou capitalista, as relações de compra e venda de mercadorias, são postas num intercâmbio bem mais favorável do que se tratar de relações de países capitalistas com países socialistas; porém, as linhas de pensamento se chocam, por causa dos conceitos que estão envolvidos neste processo. Entretanto, nos países socialistas, as relações são efetuadas de maneira mais cordiais do que se processassem com nações de ideologia diferente; contudo, quer-se deixar claro que as relações internacionais são efetuadas de maneira que se supram as economias internas das nações, bem como as externas, à medida que são produzidos excedentes em outras nações do planeta terra. Foi nesse clima de compra e venda de bens que se estabeleceu a famosa divisão social internacional do trabalho, e isto de qualquer forma atrapalhou a economia terceiro-mundista, ou países subdesenvolvidos.
A Economia Internacional é uma estrutura de cooperação entre os países, com o objetivo de assegurar o suprimento das necessidades das nações que não produzem internamente determinado tipo de produto, ou/e não tenham condições de produzi-lo, tendo em vista as suas condições tecnológicas, a fertilidade do solo, a qualificação da mão-de-obra, a estrutura produtiva, e muitos outros fatores, que dificultam o suprimento interno nas próprias condições locais. Todavia, as relações internacionais têm dificultado o avanço das economias periféricas, em primeiro lugar, devido à imposição de produção de determinados bens condizentes com a economia interna, levando em consideração a divisão internacional do trabalho; e, em segundo lugar, por causa da determinação de uma moeda internacional, que deteriora as moedas locais, desvalorizadas, e fracas por natureza em seu poder aquisitivo.
Inegavelmente, é importante a participação de uma nação na economia internacional, pois as vantagens comparativas desenvolvidas por David RICARDO (1817) alertaram o sentido cooperativo de união entre os povos na busca de todos se agregarem na demanda de avanços conjuntos entre as nações. As vantagens comparativas dizem respeito a que os países se especializem naquilo que tivessem mais facilidades de produção; quer dizer, um país com vocação para produção de trigo faria com maior eficiência, e especializar-se-ia em trigo, e se precisasse de algum outro produto iria buscá-lo naquele país que tinha se especializado neste produto que estava precisando. Isto significa dizer, que uma espécie de irmandade seria estabelecida, e desta forma, estabelecer-se-ia um processo de ajuda mútua às vocações particulares de cada país que se fixava na produção de um, ou mais produtos especiais, para conseguir economias de escala e localização no processo de produção.
Isto foi o que mais ou menos aconteceu até inícios do século XIX, com as produções de cada país limitadas em poucos produtos, onde a tecnologia era talvez pouco divulgada aos países periféricos, cuja pauta de exportação estava restrita a poucas mercadorias de cunho primário, sem alguma perspectiva de qualquer progresso. Não se deve esquecer de que o princípio das vantagens comparativas absolutas, ou relativas, talvez seja um instrumento de um sistema capitalista, dominador, que naquela oportunidade estava em evolução; e, ao mesmo tempo, coibia o progresso tecnológico para os países pobres, que demandavam a grande pauta de exportação dos países ricos, ou desenvolvidos, ou industriais, cujas nações pobres, ou periféricas, talvez viessem criar alguma dificuldade quanto ao projeto de avanço do capital dos países centrais, frente àqueles que constituíam o grande filão de procura desses países que tinham produção industrial excedente e precisavam daquele mercado.
Esse processo de subordinação aos acordos de países participantes do quadro do projeto das vantagens comparativas, conduziu a certos contratos que criaram muitos problemas internos, especificamente, em países extremamente pobres; pois, quaisquer safras boas, que gerassem excedentes, poderiam ser sacrificadas frente a esses acordos preestabelecidos pelos governos. A História relata fatos em que um determinado país se incumbiu de especializar-se na produção de carne bovina, que tinha um acordo em forma de contrato com um outro país, e que internamente, teve uma boa safra de carne bovina, mas, por força de contrato, teve-se que importar carne bovina, devido a acordos vigentes na época. Nessa linha de pensamento, verifica-se que o processo de exportação se dá, especificamente, para aqueles países que estão participando desse tipo de acordo, e não para qualquer mercado, onde se queira exportar.
O processo de atuação em uma economia internacional está vinculado à relação de compra e venda de mercadorias, não necessariamente de excedentes de países para o resto do mundo, mas, de nações que precisam de divisas para processar as compras que são necessárias, não só em termos de produtos, como também de tecnologias, e até mesmo, de matérias-primas que são fundamentais para o processamento da manufatura de produtos domésticos. Do mesmo jeito que existe a concorrência interna para se vender determinada mercadoria; internacionalmente também existe esse instrumento, obrigando-se algumas vezes os países a baixarem seus preços, de tal maneira que consigam colocar seus produtos no mercado exterior, a preços muito abaixo do estabelecido pelo comércio internacional, e isto é uma prática de crime conhecida como dumping, forçando a derrubada de competidores de maneira desleal.
O sistema de dumping é aplicação de forma que se cobra um preço bem inferior ao estipulado pelo mercado exterior, em detrimento de um preço relativamente alto internamente à nação que fabrica para exportar determinado bem, e isto é considerado um problema de ilegalidade concorrencial, de tal forma que atrapalha a competição com países que cobram preços competitivos sem sacrificar a economia doméstica. Além desse tipo ilegal de participação de forma ativa no mercado, existem outros instrumentos que desequilibram a competição entre os países no comércio de seus produtos; pois, o uso de taxações alfandegárias abusivas faz com que muitas mercadorias de boa qualidade, e excedentes de países que não participam dos acordos de comércio, não tenham condições de colocar seus produtos à venda. Isto tem dificultado aos países pobres, ou do terceiro mundo, a penetração no mercado mundial mesmo se produzindo um, ou poucos produtos especializados e de boa qualidade.
Todavia, o comércio internacional acontece com o uso de uma moeda que serve de padrão de medida internacional, tal como o dólar, o yen, o marco, ou qualquer moeda forte que sirva de aceitação universal nas compras efetuadas entre os diversos países participantes deste mercado, que está acima de qualquer ideologia que permeia cada país, pois, o mercado mundial está aberto para qualquer não produtora, quer seja capitalista, quer seja socialista, ou de economia mista. Os países de moedas diferentes fazem sempre uma conversão para se efetivar a barganha, tendo em conta que só quem pode acumular a moeda internacional é a autoridade monetária de cada país. É verdade que internamente circulam moedas estrangeiras, mas, as autoridades monetárias têm conhecimento de tal fato, e se isto não acontecesse, tais moedas estariam circulando de maneira clandestina na economia, portanto, podendo ser apreendida para o devido controle pelo governo dos desajustes internos.
O modo como uma moeda se converte em uma moeda local é chamado de taxa de câmbio, ou seja, a moeda americana quanto vale no Brasil, ou em termos numéricos: 1 dólar equivale, por exemplo, a quantia de 2,80 de moeda brasileira, ou o Brasil tem de desembolsar 2,80 dessa moeda para adquirir um dólar americano, que é uma moeda internacional. Observe que existindo uma inflação no mundo onde circula o dólar, a repercussão no Brasil é direta e imediata, tendo em consideração que o Brasil precisa de muitos dólares para comprar matérias-primas, tecnologias, mercadorias, e muitas outras coisas para se suprirem as necessidades internas, e isto pode criar dificuldades domésticas no país. Um outro exemplo que se pode apresentar é a questão da dívida externa que é paga em dólares, devido às convenções internacionais. Contudo, verifica-se que qualquer desvalorização no real, moeda brasileira, significa aumento nos débitos do Brasil com o exterior em termos de dólares.
Este problema cria dificuldades no balanço de pagamentos do país devedor, quer dizer, originam-se desajustes na economia de tal monta que são necessários reajustes internos para se conseguir retornar ao equilíbrio econômico domésticos. Os desajustes observados no balanço de pagamentos, dizem respeitos às diferenças existentes entre as importações e exportações, em outras palavras, o que se vende lá fora ser maior do que se compra, ou vice-versa. No primeiro caso, o país que vende mais, acumula recursos externos ou dólares, elevando suas reservas e, portanto, conseguindo créditos em países do resto do mundo. Já no segundo caso, as compras maiores do que as vendas, a coisa se complica um pouco, porque se acumulam, neste caso, débitos que desajustam um eficiente andamento da economia e, se não forem administrados, o seu resultado imediato, serão as crises.
Finalmente, a economia internacional é um sistema de cooperação mútua entre as múltiplas nações, de tal maneira que não cause desequilíbrios na economia como um todo, ou em países individualizados. O fundamental é que as relações sejam fundamentadas, harmonicamente equilibradas sem prejuízo para ninguém, mas, que haja um avanço na economia em geral, quer seja do mundo socialista, ou seja do mundo capitalista, ou de uma economia mista. O desequilíbrio só cria maiores desajustes nos países dependentes, que mais cedo, ou mais tarde, repercutem nas economias centrais, e é por isso que uma boa administração dos recursos sociais da humanidade é imprescindível na eliminação das dívidas dos países de terceiro-mundo. Portanto, o avanço das concentrações, das centralizações, e das acumulações exacerbadas, tirou o sentido das vantagens comparativas, e estimularam o imperialismo opressor aos países dependentes, no afã de dominar, e exploração sem precedente.