Observatorio Economía Latinoamericana
Cuba


O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA: UM LEVANTAMENTO SOBRE A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA BASE DO SCOPUS


Autores e infomación del artículo

Mygre Lopes da Silva*

Marcelo Felipe Veit*

Daniel Arruda Coronel ***
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

mygrelopes@gmail.com


Archivo completo en PDF


Resumo: O presente estudo procura contribuir para a temática da integração econômica. Neste sentido, seu objetivo consistiu em explorar a produção científica de integração econômica. Para tal empregou-se uma pesquisa bibliométrica na base de dados Scopus, na área de Economia, Econometria e Finanças, no período de 2006 a 2016. Foram encontrados 425 artigos, com predomínio de trabalhos nos Estados Unidos, na Rússia, na França, na Ucrânia e no Reino Unido. Pode-se sugerir que a literatura mundial acerca da temática da integração econômica encontra-se consolidada.

Palavras-chave: Integração Econômica. Produção Científica. Bibliometria. Scopus. Artigos.

THE ECONOMIC INTEGRATION PROCESS: A SURVEY OF SCIENTIFIC PRODUCTION IN SCOPUS DATABASE
Abstract: The present study seeks to contribute to the theme of economic integration. In this sense, the objective of this research was to explore the scientific production regarding economic integration. For this purpose, a bibliometric survey was carried out in the Scopus database, in the areas of Economics, Econometrics and Finance, between 2006 and 2016. The results showed 425 articles, predominantly from the United States, Russia, France, Ukraine and the United Kingdom. These results suggest that the world literature on the subject of economic integration is consolidated.
Keywords: Economic Integration. Scientific Production. Bibliometric. Scopus. Articles.

EL PROCESO DE INTEGRACIÓN ECONÓMICA: UN LEVANTAMIENTO SOBRE LA PRODUCCIÓN CIENTÍFICA EN LA BASE DEL SCOPUS
Resumen: El presente estudio busca contribuir a la temática de la integración económica. En este sentido, su objetivo consistió en explorar la producción científica de integración económica. Para tal fin se utilizó una investigación bibliométrica en la base de datos Scopus, en el área de Economía, Econometría y Finanzas, en el período de 2006 a 2016. Se encontraron 425 artículos, con predominio de trabajos en Estados Unidos, Rusia, Francia, Ucrania y Reino Unido. Se puede sugerir que la literatura mundial sobre la temática de la integración económica se encuentra consolidada.
Palabras clave: Integración Económica. Producción Científica. Bibliometría. Scopus. Artículos.
JEL: F15.

 



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Mygre Lopes da Silva, Marcelo Felipe Veit y Daniel Arruda Coronel (2017): “O processo de integração econômica: um levantamento sobre a produção científica na base do Scopus”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Cuba, (agosto 2017). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/cu/2017/integracion-economica-scopus.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/cu17integracion-economica-scopus


1 INTRODUÇÃO

É possível encontrar diferentes definições para o processo de integração regional na literatura econômica e de relações internacionais.  Sob o ponto de vista econômico, a integração econômica, também chamada de integração regional, caracteriza-se pela formação de um conjunto de nações que se relacionam com intuito de estabelecer parcerias econômicas de benefício mútuo. A partir deste processo, busca-se alcançar o desenvolvimento das nações envolvidas através da extinção de discriminações de unidades econômicas de diferentes Estados, quebrando barreiras e formando cooperações (BALASSA, 1973).
Sob a ótica internacionalista, as bases da teoria da integração surgiram com os estudos de David Mitrany sobre a teoria funcionalista. Para o funcionalismo, a gestão político-administrativa do Estado era deficiente e não conseguia corresponder por completo às necessidades da sociedade. Portanto, era necessário cooperar e integrar-se com outras nações para satisfazer as necessidades coletivas, além de evitar ameaças de conflitos bélicos (SILVA; COSTA, 2013).
Podem-se destacar vários exemplos de integrações regionais ao redor do mundo, tais como os blocos econômicos NAFTA (North America Free Trade Agreement), MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), CARICOM (Comunidade do Caribe) e a UE (União Europeia). A partir de 2006, criaram-se novas expectativas de integrações com a formação de acordos de parcerias como o TPP (Acordo de Associação Transpacífico)e, posteriormente, o TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento). Dentre todas, a Organização dos Estados Americanos (OEA) é a mais antiga organização regional em atividade.        
O presente estudo procura explorar a temática da integração econômica a fim de amparar autores que trabalham em áreas afins, tendo como objetivo examinar a produção científica desse tópico na área de Administração, Relações Internacionais e Economia. Busca-se atingir tais propósitos por meio de uma pesquisa bibliométrica na base de dados Scopus, no período de 2006 a 2016. Como objetivos específicos, este estudo procura verificar as características gerais das publicações na área e explicitar brevemente o conteúdo dos artigos mais citados dentro desta temática.
Com a finalidade de atingir tais objetivos, o artigo está estruturado em cinco seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção, é apresentado o referencial teórico; na seção seguinte, os procedimentos metodológicos utilizados; na quarta seção, os resultados são analisados e discutidos e, por último, são apresentadas as considerações finais do trabalho.

2 Referencial teórico

A integração comercial entre os países vem ocorrendo de duas formas: através das negociações multilaterais, no sistema Gatt/OMC1, ou através de acordos regionais. A primeira forma promove ganhos de bem-estar e eficiência, de acordo com as teorias de comércio internacional, enquanto a segunda não apresenta concordância teórica a respeito da ocorrência de ganhos ou perdas (SILVA et al., 2015).
A integração regional é um processo dinâmico de intensificação das relações entre os integrantes, o que acarreta em novos arranjos político-institucionais de escopo regional, incluindo a criação de organizações formais internacionais (COUTINHO; HOFFMANN; KFURI, 2007).
Além disso, a integração regional baseia-se em um processo de transferência das funções e lealdades dos Estados para instituições supranacionais. A partir de uma perspectiva neofuncionalistas, a integração regional só ocorre efetivamente quando os interesses das principais elites são atendidos. Sob a ótica do liberal intergovernamentalismo, a interdependência entre os membros é uma condição necessária e motivadora para a integração, sendo que as práticas resultantes da maior interdependência entre os integrantes não afetariam a condição dos Estados de controlarem suas decisões (VIGEVANI et al., 2008).
Assim, a integração regional promove relações não apenas econômicas, como crescentes fluxos de comércio e investimento, mas também fluxos crescentes de pessoas e comunicações, formando, assim, uma consciência regional (MALAMUD, 2004).
Sob o ponto de vista econômico, a integração econômica torna as flutuações macroeconômicas dos países pertencentes simétricas, pois o comércio mais intenso permite que os choques de demanda se espalhem mais facilmente através das fronteiras, bem como os choques políticos e os spillovers de conhecimento e tecnologia tendem a aumentar (KALEMLI-OZCAN; SORENSEN; YOSHA, 2001).
A eficiência na alocação dos recursos é realizada na medida em que há liberdade de circulação de bens e fatores de produção, bem como ausência de discriminação por meio de barreiras comerciais entre os integrantes do acordo. A remoção das discriminações e das restrições à circulação é denominada integração negativa. A modificação e/ou criação das instituições, a qual permite que o mercado funcione com eficácia, pode ser denominada de integração positiva (ROBSON, 1985).
A integração regional tende a incentivar a especialização das nações na produção de bens que possuam vantagens comparativas. A redução (ou eliminação) de barreiras resulta em aumento da competição, o que afeta a estrutura produtiva dos países pertencentes ao acordo. Destacam-se os ganhos com economias crescentes de escala, dada a tendência à especialização somada ao crescimento do tamanho do mercado (BARCELLOS NETO, 2002).
O aumento da eficiência e a abertura comercial tornam a região inserida em blocos e/ou acordos comerciais mais atrativa ao aumento do fluxo de investimentos estrangeiros diretos, devido ao alargamento dos mercados e ao crescimento das oportunidades de investimento (ROBSON, 1985; SALVATORE, 2000).
Há divergências em relação à abrangência dos acordos regionais entre os países, na medida em que existem diferentes graus de integração, bem como diferentes objetivos nesses acordos. O processo de integração econômica pode ser dividido em quatro fases, de acordo com a Figura 1.
 

A primeira fase, dos acordos preferenciais de comércio, caracteriza-se pela redução nas tarifas de algumas mercadorias comercializadas entre os países pertencentes ao acordo. A segunda fase, a área de livre comércio, apresenta a livre circulação de bens e serviços dentro do bloco, além da inexistência de barreiras tarifárias e técnicas entre os membros, mas os países fixam barreiras de maneira independente para o resto do mundo. A terceira etapa caracteriza uma união aduaneira, onde há livre circulação de bens e serviços dentro do bloco, porém com a existência de uma Tarifa Externa Comum (TEC) bem como a harmonização das políticas comerciais.
No quarto grau de integração econômica, tem-se o mercado comum, o qual se destaca pela livre circulação de bens, serviços e pessoas, pela criação de instituições supranacionais, pela harmonização da legislação fiscal e trabalhista e pela criação de um orçamento comunitário para políticas comuns (BALDWIN; VENABLES, 2004; PANAGARIYA, 2000).
Contudo, a proliferação de acordos comerciais pode levar a uma confusão de tarifas dos bens em relação a sua origem, aos vários graus de discriminação dos produtos pelos países, às restrições comerciais impostas pelos demais integrantes de cada bloco no qual o país pertence. Em suma, a melhor solução seria acelerar a liberalização comercial com a eliminação de tarifas (PANAGARIYA, 2000).

3 Procedimentos metodológicos

As análises do presente estudo foram elaboradas a partir de um levantamento bibliográfico e uma técnica indireta de tratamento de dados. Quanto à sua natureza, a pesquisa apresenta um caráter aplicado a fim de adquirir conhecimentos para aplicação em um tema específico (MARCONI; LAKATUS, 2005). Ainda, a pesquisa caracteriza-se pelo cunho exploratório, pois aprimora e amadurece ideias que tornam o tema mais familiar e compreensível (GIL, 2010). Diante deste contexto, foi realizado um levantamento de estudos que abordaram questões relacionadas à integração econômica.
Verifica-se que o procedimento metodológico é caracterizado como bibliométrico e foi utilizado para a busca do termo Economic Integration na base de dados Scopus, no período de 2006 a 2016. Pesquisas bibliométricas possuem várias leis e princípios empíricos que aplicam métodos matemáticos e estatísticos a fim de estabelecer diretrizes de busca e classificação para atividades e publicações científicas. Ademais, a bibliometria também é uma ferramenta que analisa como os pesquisadores tomam suas decisões na construção destas informações (VANTI, 2002).
 

            Dadas as circunstâncias, posteriormente à pesquisa realizada no item constante da Etapa 1 e do filtro de área temática do escopo do trabalho, realizado na Etapa 2, a etapa seguinte procurou descrever os trabalhos encontrados. Foram selecionados os periódicos com maior número de publicações na área de Integração Econômica, os quais são Mediterranean Journal of Social Sciences, Actual Problems of Economics, Applied Economics, World Economy e Journal of Economic Integration.
Desse modo, por meio da Etapa 3, foi feita uma caracterização geral dos trabalhos identificados, isto é, informações sobre ano das publicações, países, instituições e autores dos artigos encontrados. Adiante, é feita uma análise mais aprofundada dos cinco artigos mais citados no período de análise.

4 Análise e discussão dos resultados
4.1 Caracterização geral das publicações

A pesquisa na plataforma Scopus, a partir da inserção do termo Economic Integration, por meio de um filtro dentro das áreas de interesse de Economia, Econometria e Finanças e dos cinco periódicos mais citados2, apresentou o número de 425 artigos.
Neste sentido, foram realizadas análises sobre os 425 artigos encontrados. Caracteriza-se a evolução quantitativa da produção científica de integração econômica na última década, entre 2006 a 2016, por meio dos seguintes aspectos: ano, autores, instituições e países. Conforme a Figura 3, observa-se a evolução do número de publicações de 2006 a 2016.

 

A partir da análise temporal, verifica-se uma tendência crescente das publicações na área de Integração Econômica.  A elevação das publicações ocorreu principalmente nos anos de 2013, 2014 e 2015, quando foram alcançadas 99 publicações sobre o tema. Esse resultado pode estar relacionado com o debate sobre integração econômica, após meados dos anos 2000, o qual trouxe outros acordos em questão como Trans-Pacific Partnership (TPP) e Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP).
            O Trans-Pacific Partnership (TPP) é um acordo de livre comércio e investimento formado por países banhados pelo Oceano Pacífico, da América do Norte, do Sul, da Ásia e da Oceania. Após cinco anos de negociações, o acordo foi assinado em 2016 e com expectativa de implementação nos próximos dois anos. As principais economias integrantes eram Japão e Estados Unidos (ASIAN DEVELOPMENT BANK- ADB, 2016).
O Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP) teve o início de suas negociações em 2013 e propõe o livre comércio e investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos. O acordo comercial poderá unir as duas maiores economias industriais avançadas do mundo, bem como representar 46,5% do PIB mundial, conforme dados de 2011, e 30% do comércio internacional mundial, em 2013 (OFFICE OF THE UNITED STATES TRADE REPRESENTATIVE- USTR, 2017; LEÃO; NOGUEIRA, 2014).
A possibilidade de formação destes acordos deu maior visibilidade para os assuntos relacionados à integração econômica. Na Figura 4, observa-se a distribuição das publicações em relação aos autores.

Neste sentido, verifica-se que a distribuição é relativamente homogênea entre os cinco principais autores da temática. Destacam-se os autores Ganushchak-Yefimenko e Gil-Alana, os quais apresentaram quatro artigos publicados sobre a temática na última década. Gil-Alana trabalha com temas relacionados ao mercado financeiro, à política cambial, monetária e aos métodos quantitativos. Atualmente, Gil-Alana é professor da Universidade de Navarra, na Espanha, atuando na Faculdade de Economia e Negócios e no Centro de Navarra para o Desenvolvimento Internacional (IDEAS, 2017).
A Figura 5 apresenta o número de publicações no período analisado de acordo com as instituições responsáveis e/ou financiadoras pelas/das pesquisas.

A partir da Figura 5, nota-se que as dez instituições com maior número de publicações são da Rússia, da Albânia, da Espanha, da África do Sul e da Bélgica. Desta forma, a temática de integração regional é estudada nos diferentes continentes. Além disso, pode-se destacar que o Banco Mundial é a única instituição não acadêmica nessa lista das instituições de maiores publicadores, dado que se trata de uma instituição financeira com pesquisas dentro dessa área. Por fim, a Figura 6 apresenta o número de publicações por países.

 

Ressalta-se, a partir da Figura 6, um amplo domínio das publicações de origem americana. Além disso, Rússia, França, Ucrânia e Reino Unido detêm mais de 29% do número de publicações encontradas, demonstrando o domínio destas regiões dentro da temática pesquisada.

4.2 Caracterização das publicações mais citadas

O número de citações demonstra o quanto o artigo pode ser relevante para a evolução de uma determinaria área de estudos, uma vez que outros autores estão utilizando um mesmo artigo para contribuir para o estado da arte de um tema. Dessa forma, a Figura 7 demonstra os artigos com maiores números de citações na pesquisa realizada.
Neste sentido, verifica-se que, entre todos os trabalhos da temática, a pesquisa de Dreher (2006) é a que apresenta o maior número de citações, totalizando 586. A pesquisa apresenta como objetivo analisar as consequências da globalização sobre o crescimento econômico, por meio de três dimensões da globalização, tais como, integração econômica, integração social e integração política. A pesquisa emprega dados de painel para 123 países, no período de 1970 a 2000.
De acordo com o autor, a globalização realmente promove o crescimento, principalmente no que tange aos fluxos e restrições econômicas e aos fluxos de informação, apresentando como exemplo o caso chinês. Desta forma, a afirmação de que a pobreza prevalece por causa da globalização não é válida. Os países com taxas de crescimento baixas são aqueles que não globalizaram, devido à presença de instituições frágeis as quais restringem o crescimento econômico.
A pesquisa de Benedictis e Tajoli (2011) tem como objetivo analisar a Rede de Comércio Mundial, em que o comércio internacional não é visto apenas como uma troca de bens entre dois países, mas, sim, é entendido como uma rede interligada de relações comerciais entre diferentes regiões. As análises foram realizadas a partir do modelo gravitacional, com o emprego de dados em painel durante seis décadas, 1950, 1960, 1970, 1980, 1990 e 2000, para 157 países até 1990, e 1763 em 2000.
            Conforme a pesquisa, a Rede de Comércio Mundial apresentou mudanças nas últimas décadas, sendo que o sistema comercial se tornou mais interligado, a heterogeneidade entre países aumentou e a posição de muitos países na rede mudou.  Neste sentido, tem-se que as políticas comerciais desempenham um papel fundamental na formação da rede comercial.
Com terceiro maior número de citações, 47, Mansfield, Milner e Pevehouse (2008) analisam a influência das instituições domésticas sobre os acordos regionais de comércio. Neste sentido, as instituições domésticas apresentam alguma relação com o tipo de acordo regional a que os países aderem, pois o número de players relacionados aos acordos e a homogeneidade das preferências entre estes são cruciais na decisão de integração. A pesquisa emprega os modelos Probit e Logit, incluindo todos os países, para o período de 1950 a 2000.
De acordo com o estudo, quanto mais democrático for um país, mais provável será a formação de acordos regionais, e quanto mais heterogênea estas preferências, menor é a probabilidade de integração. Além disso, à medida que o número de players aumenta, em governos democráticos, há menor probabilidade de integração. Assim, a democracia e os players têm um forte impacto sobre as decisões nacionais de integração, no que tange à participação em um acordo ou ao tipo de acordo em questão.
Com 35 citações, Bertrand e Zitouna (2008) investigam os efeitos das aquisições horizontais sobre o desempenho das empresas-alvo na década de 1990. Foram examinados como indicadores de desempenho o lucro e a eficiência produtiva. A pesquisa tem como amostra empresas francesas de manufaturas para o período da década de 1990. Para isso, utiliza o método dos Mínimos Quadrados Ordinários, por meio do modelo Probit.
Conforme os autores, as fusões e aquisições não aumentam a lucratividade das empresas-alvo, contudo ampliam a produtividade destas, principalmente na produção a montante e / ou a jusante. Cabe destacar que não houve evidências de aumento no poder de mercado. Foram constatados que ganhos de eficiência são mais intensos para as fusões e aquisições transfronteiriças apenas para as operações extraeuropeias, uma vez que a integração europeia explica a ausência de distinção entre aquisições europeias e nacionais.
Na quinta posição, com 35 citações, Crespo-Cuaresma, Ritzberger-Grünwald e Silgoner (2008) analisaram o efeito da integração europeia no crescimento a longo prazo dos países membros. A pesquisa emprega dados em painel para a União Europeia-15, para o período de 1961 a 1998.
A duração da adesão à União Europeia tem um efeito positivo significativo no crescimento econômico, sendo este efeito mais intenso para os países mais pobres. Os países menos desenvolvidos se beneficiam da difusão tecnológica, da ajuda financeira da EU, da política fiscal, a qual reduziu o tamanho do governo em detrimento das medidas de liberalizantes do processo de integração e da estabilização das expectativas macroeconômicas. Desta forma, sugere-se um impacto assimétrico e estimulante da convergência da adesão à UE no crescimento a longo prazo.

5 Considerações finais

            Ao explorar o estudo bibliométrico do termo integração econômica na base de dados Scopus, no período de 2006 a 2016, analisaram-se 425 artigos encontrados. Por meio deste trabalho, foi possível perceber a importância da integração econômica e regional para o desenvolvimento e relacionamento das nações envolvidas que, através da superação de barreiras econômicas, formam novas cooperações. Referente às características dos artigos, constatou-se que houve um crescimento notável na produção científica desta temática na última década. Além disso, verifica-se que os países com maior número de publicações são, respectivamente, os Estados Unidos, a Rússia e a França. Embora a maioria das publicações sejam predominantemente americanas, a instituição que mais publicou foi a russa Kazan Federal University, totalizando 18 artigos.
            Relativamente ao conteúdo dos artigos encontrados, nota-se que a integração econômica e regional é um tema que está contido em outras questões, tais como globalização, comércio internacional e integração econômico-financeira. Além disso, a busca apresentou pesquisas que exploram a influência das instituições domésticas sobre a integração entre nações.
            Ao mapear a produção científica do campo de integração econômica sob o ponto de vista do método bibliométrico, espera-se colaborar com pesquisadores que trabalham em áreas afins, facilitando a procura de informações deste campo. No entanto, admite-se que uma pesquisa com maior profundidade pode apresentar resultados diferentes dos aqui encontrados, portanto, este trabalho não deve ser considerado conclusivo.
Este estudo apresenta abordagem com pouca robustez do método bibliométrico, além de ter sido realizado a partir de uma única base de dados, o que faz com que ele seja limitado. Para aprofundar este estudo, aconselha-se utilizar tópicos mais emergentes e também usar outras bases de dados.          

Notas

1 O General Agreement on Tariffs and Trade, criado em 1947, foi um acordo que tinha como objetivo diminuir barreiras comerciais entre os signatários. Em 1994, esse acordo foi transformado na Organização Mundial do Comércio, que possui mecanismos destinados a resolver disputas comerciais.

2 Mediterranean Journal of Social Sciences, Actual Problems of Economics, Applied Economics, World Economy, Journal of Economic Integration.

3 O número de países aumentou devido à desintegração da União Soviética e do bloco Comecon.
Referências

ASCHE, F.; JAFFRY, S.; HARTMANN, J. Price transmission and market integration: Vertical and horizontal price linkages for salmon. Applied Economics, v. 39, n. 19, p. 2535-2545, 2007.

ASIAN DEVELOPMENT BANK- ADB. Asian Economic Integration Report 2016: what drives foreign direct investment in Asia and the Pacific? Mandaluyong City: Asian Development Bank, 2016.

BAIER, S.L.; BERGSTRAND, J.H.; EGGER, P.; McLAUGHLIN, P.A. Do economic integration agreements actually work? Issues in understanding the causes and consequences of the growth of regionalism. World Economy, v. 31, n. 4, p. 461-497, 2008.

BALASSA, B. Teoria da integração econômica. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1973.

BALDWIN, R. E.; VENABLES, A. J. Regional economic integration. Graduate Institute of International Studies, ago., 2004.

BARCELLOS NETO, P. C. F. Impactos comerciais da Área de Livre Comércio das Américas:uma aplicação do modelo gravitacional. 2002. 98 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Econômicas)–Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2003.

BERTRAND, O.; ZITOUNA, H. Domestic versus cross-border acquisitions: Which impact on the target firms' performance? Applied Economics, v. 40, n. 17, p. 2221-2238, 2008.

COUTINHO, M.; HOFFMANN, A. R.; KFURI, R. Raio X da Integração Regional. Estudos e Cenários, p. 1-58, mai., 2007.

CRESPO-CUARESMA, J.C.; RITZBERGER-GRÜNWALD, D.; SILGONER, M.A. Growth, convergenceand EU membership. Applied Economics, v. 40, n. 5, p. 643-656, 2008.

DE BENEDICTIS, L.; TAJOLI, L. The World Trade Network. World Economy, v. 34, n. 8, p. 1417-1454, 2011.

DREHER, A. Does globalization affect growth? Evidence from a new index of globalization. Applied Economics, v. 38, n. 10 , p. 1091-1110, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas S. A., 2010.

GUERIN, S.S. The role of geography in financial and economic integration: A comparative analysis of foreign direct investment, trade and portfolio investment flows. World Economy, v. 29, n. 2, p. 189-209, 2006.

IDEAS. Luis Alberiko Gil-Alana. Disponível em: <https://ideas.repec.org/e/pgi173.html>. Acesso em: 11 mai. 2017.

KALEMLI-OZCAN, S.; SORENSEN, B. E.; YOSHA, O. Economic integration, industrial specialization, and the asymmetry of macroeconomic fluctuations. Journal of International Economics, n. 55, p. 107–137, 2001.

KOBERSY, I.S.; BARMUTA, K.A.; MURADOVA, S.S.; DUBROVA, L.I.; SHKURKIN, D. The system of the methodological principles of management of enterprise development. Mediterranean Journal of Social Sciences, v. 6, n. 3S4, p. 25-30, 2015.

LEÃO, J. NOGUEIRA, G. O Acordo de Parceria Transatlântica entre a UE e os EUA constitui uma ameaça ou uma oportunidade para a Economia Portuguesa? Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE), n. 53, p. 1-24, 2014.

MALAMUD, A. Regional Integration in Latin America: Comparative theories and institutions. Sociologia, Problemas e Práticas, n.44, p.135-154, 2004.

MANSFIELD, E.D.; MILNER, H.V.; PEVEHOUSE, J.C. Democracy, veto players and the depth of regional integration. World Economy, v. 31, n. 1, p. 67-96, 2008.

MARCONI, M. A.; LAKATUS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

OFFICE OF THE UNITED STATES TRADE REPRESENTATIVE- USTR. T-TIP Issue-by-Issue Information Center. Disponível em: <https://ustr.gov/trade-agreements/free-trade-agreements/transatlantic-trade-and-investment-partnership-t-tip/t-tip>. Acesso em: 01 mai. 2017.

PANAGARIYA, A. Preferential Trade Liberalization: The Traditional Theory and New Developments. Journal of Economic Literature, n. 38, v. 2, p. 287-331, 2000.

PAPAZOGLOU, C.; PENTECOST, E.J.; MARQUES, H. A gravity model forecast of the potential trade effects of  EU enlargement: Lessons from 2004 and path-dependency in integration. World Economy, v. 29, n. 8, p. 1077-1089, 2006.

ROBSON, P. Teoria Econômica da Integração Internacional. Coimbra: Coimbra Editora, 1985.

SALVATORE, D. Economia Internacional. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2000.

SILVA, K. S.; COSTA, R. S. Organizações internacionais de integração regional: União Européia, Mercosul e Unasul. Florianópolis: Editora UFSC, 2013.

SILVA, M. L.; SILVA, R. A.; CORONEL, D. A.; BENDER FILHO, R. O impacto da política comercial chinesa sobre o comércio internacional de minério de ferro. Espacios, n. 24, v. 36, p. 8, 2015.

VANTI, N. A. P. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da Informação, v. 31, n. 2, p 152-162, 2002.

VIGEVANI, T.; FAVARON, G. M.; RAMANZINI JÚNIOR, H.; CORREIA, R. A. O papel da integração regional para o Brasil: universalismo, soberania e percepção das elites. Revista Brasileira de Política Internacional, v.51, n. 1, p. 5-27, 2008.

 

*Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: mygrelopes@gmail.com

** Acadêmico do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e bolsista de Iniciação Científica do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PROBIC). E-mail: marcelo.veit@hotmail.com

*** Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento (PPGED) e Diretor da Editora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: daniel.coronel@uol.com.br. Homepage: www.daniel.coronel.com.br.


Recibido: 09/06/2016 Aceptado: 18/08/2017 Publicado: Agosto de 2017

Nota Importante a Leer:

Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.

Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.

Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.

El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.

Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.

Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.

Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor,pulse aqui.