Antonio Roney Sousa da Mota**
Neliton Marques da Silva***
ISB/UFAM
Archivo completo en PDF
Resumo: O presente  artigo tem por objetivo abordar não somente a diferenciação entre os conceitos  envolvendo a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, de maneira que esse  horizonte levaria a presumir um distanciamento no tocante às particularidades e  finalidades em ambos subentendidos, mas pretende, sim, apresentar os aspectos  que os norteiam, caracterizando uma proximidade,  singularidade e não pólos que se repelem, haja  vista que a gestão trata de todo o arcabouço legal e filosófico dos caminhos  que busquem a minimização, tratamento e disposição dos resíduos. Não oposto,  cabe ao gerenciamento a implementação das decisões contidas no bojo da gestão,  no sentido de buscar alternativas técnicas, de acordo com a realidade, a operacionalização  das ações propostas, a fiscalização e dimensionamento dos resultados dessas  ações. Outros aspectos a serem enfatizados, no âmbito da gestão e gerenciamento  dos resíduos sólidos, permeiam a gestão integrada e a reciclagem, o primeiro implica a participação efetiva do poder público, da comunidade  envolvida e de diversos setores, já a segunda refere-se a um instrumento  indispensável na movimentação de recursos financeiros e redução dos custos com  a coleta e disposição do lixo, energia, matéria prima, água e controle  ambiental, indicando soluções por parte dos agentes envolvidos, não somente em  relação às instituições públicas, mas o conjunto da sociedade. 
  Palavras-chaves: Resíduos  Sólidos, Gestão, Gerenciamento, Reciclagem, Sustentabilidade.
ASPECTOS DE LA GESTIÓN Y MANEJO DE RESIDUOS SÓLIDOS
Resumen:  En este artículo se pretende abordar no sólo la distinción entre los conceptos  relacionados con la gestión y manejo de residuos sólidos, de manera que este  horizonte llevaría a suponer una diferencia con respecto a las características  y propósitos, tanto en implícitas, pero quiere, sí presentar los aspectos que  guían, que ofrece un cierre, la singularidad y no hay polos iguales se repelen  entre sí, dado que la gestión se encarga de todo marco legal y filosófico de  las formas que buscan minimizar, tratamiento y eliminación de residuos. No  contrario, le corresponde a la dirección para aplicar las decisiones contenidas  en el núcleo de la gestión, a fin de buscar técnicas alternativas, de acuerdo  con la realidad, la puesta en práctica de las medidas propuestas, la inspección  y el diseño de los resultados de estas acciones. Otros aspectos que deben  destacarse, en la gestión y manejo de residuos sólidos impregnar la gestión  integrada y el reciclaje, la primera implica la participación efectiva del  gobierno, la comunidad involucrada y diversos sectores, mientras que el segundo  se refiere a una herramienta indispensable en el movimiento de recursos  financieros y reducir los costos para la recogida y eliminación de residuos,  energía, materias primas, agua y control del medio ambiente, lo que indica  soluciones para los agentes implicados, no sólo en relación con las  instituciones públicas, sino a toda la sociedad.
  Palabras  clave: Residuos Sólidos, Gestión, Administración, reciclaje,  sostenibilidad.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato: 
 Antonio Roney Sousa da Mota y Neliton Marques da Silva (2016): “Aspectos norteadores da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (septiembre 2016). En línea: 
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/residuos-solidos.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-residuos-solidos
1. INTRODUÇÃO
A gestão e o  gerenciamento de resíduos sólidos tem se tornado um expediente cada vez mais  importante no contexto da sociedade contemporânea, haja vista a necessidade de políticas públicas atreladas aos  resíduos sólidos, que se relacionem a aspectos que envolvam questões ambientais  (contaminação  e poluição do solo, do ar e da água), econômicas (externalidades  negativas) e sociais  (associados  à pobreza),  configurando-se, dessa forma, um quadro delicado,  principalmente quanto à disposição final dos resíduos sólidos.
  É notório  observar que o aparato legal brasileiro sobre a temática configura-se como  ponto balizador do setor de saneamento básico e ambiental, e também, fortalece  a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos com diretrizes aplicáveis aos  entes federados brasileiros.
   Isto posto,  a demanda crescente por ações e políticas públicas que visem à gestão e o  gerenciamento dos resíduos sólidos tem, constantemente, exigido esforço da  sociedade em seus diversos setores bem como um maior envolvimento do poder  público.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um levantamento bibliográfico, utilizando a pesquisa em literatura especializada por meio de autores que discutem as abordagens em torno da gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos, levando-se em consideração a gestão integrada e a reciclagem como aspectos norteadores e viabilizadores, como pano de fundo, à condução de uma sustentabilidade ambiental.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Diferenciando Conceitos
Para iniciar está seção há que se conhecer alguns  conceitos sobre gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.
   Na visão de Chiavenato  (2001), a criação das origens da administração e das teorias organizacionais  teve como finalidade embasar o planejamento e seus mecanismos de controle para  o alcance dos objetivos. Enfatiza ainda, que o trabalho do gestor moderno é desafiado  pela complexa realidade, que envolve uma gama de variáveis como:  interdisciplinaridade, inovação tecnológica, pontualidade e tomadas de decisão  instantâneas. 
   Nesta linha, a gestão é  entendida como o processo de organizar e otimizar os recursos utilizados para  alcançar os objetivos prévios de uma organização. O próprio termo gestão sugere  o gerenciamento que segundo o referido autor são as ações voltadas ao  planejamento e ao manejo dos recursos de uma determinada organização.
   Quanto aos resíduos sólidos, D’Almeida & Vilhena (2000) entende que o gerenciamento dos  resíduos sólidos é um conjunto de ações normativas, operacionais e de  planejamento que uma administração municipal desenvolve para coletar, tratar e  dispor os resíduos de sua cidade. 
   Na concepção de Azambuja (2002), “[...] o termo  gestão está relacionado à amplitude, sugere ao administrador ‘o que fazer’,  dentro de uma visão ampla. Já ‘como fazer’ sugere ao administrador a figura do  gerenciamento”.
   Segundo  Lopes (2003), entende-se como “Gestão dos Resíduos Sólidos” o conjunto de  normas e leis relacionadas ao setor e como “Gerenciamento Integrado dos  Resíduos Sólidos” todas as operações que envolvam os resíduos, como coleta,  tratamento, disposição final, entre outras.
   Tchobanoglous (1997) apud Cunha & Caixeta Filho (2002)  afirmam que as atividades gerenciais ligadas aos resíduos sólidos podem ser  agrupadas em seis elementos funcionais: geração, acondicionamento, coleta,  estação de transbordo, processamento e recuperação e disposição final. 
   Para Zanta e Ferreira (2003), o gerenciamento de  resíduos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve englobar etapas articuladas  entre si, desde a não geração até a disposição final, com atividades  compatíveis com as dos demais sistemas de saneamento ambiental.
   Massukado (2004)mostra as diferenças entre gestão e  gerenciamento dos resíduos (Tabela 1). Para a autora, a gestão tem a  prerrogativa de uma visão ampla do objeto a ser estudado, já o gerenciamento é  a implementação dessa visão.
Tabela 1. Características diferenciadoras entre gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.
| GESTÃO | GERENCIAMENTO | 
| O que fazer | Como fazer | 
| Visão Ampla | Implementação dessa visão | 
| Decisões estratégicas | Aspectos operacionais | 
| Planejamento, definição de diretrizes e estabelecimento de metas | Ações que visão implementar e operacionalizar as diretrizes estabelecidas pela gestão | 
| Conceber, planejar, definir e organizar | Implementar, orientar, coordenar, controlar e fiscalizar | 
Fonte: Massukado (2004).
Segundo  a definição do Ministério do Meio Ambiente  (BRASIL, 2005), a Gestão compreende as ações referentes à tomada de  decisões políticas e estratégicas, quanto aos aspectos institucionais,  operacionais, financeiros, sociais e ambientais relacionados aos resíduos  sólidos, envolvendo os Estados e os Municípios. O Gerenciamento é onde a  política de gestão é implementada, ou seja, a tomada de decisões estratégicas  quanto ao desenvolvimento das ações definidas no Plano de Gestão de Resíduos  Sólidos. A implementação da política envolve os municípios e os demais  geradores.
   A  Política Nacional de Resíduos Sólidos distingue as expressões gestão integrada  de resíduos sólidos e gerenciamento de resíduos, conforme explicitado abaixo:
-  Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou  indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e  destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição  final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de  gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos  sólidos, exigidos na forma desta Lei;
   -  Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca  de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões  política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a  premissa do desenvolvimento sustentável. (BRASIL,  2010, Art. 3º).
3.2 Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 
   A gestão é um processo  cíclico de ajustes e revisões frequentes. Envolve  planejamentos estratégicos, previsões orçamentárias, implantação e atividades  operacionais. Exige a manutenção contínua desse processo e o monitoramento da  evolução da gestão juntamente com o controle dos custos.
   Os principais objetivos da gestão municipal dos resíduos sólidos  referem-se à proteção da saúde humana, à segurança e à sustentabilidade dos  ecossistemas e do ambiente urbano, ao suporte para o desenvolvimento econômico  e à geração de empregos e rendas. Considerar as características do contexto  local é imprescindível para alcançar a eficácia e a sustentabilidade do sistema  de gestão dos resíduos, além da necessária articulação entre as dimensões  ambiental, social, econômica, política e cultural (SHÜBELER, WEHRLE, CHRISTEN,  1996). 
   A sustentabilidade da gestão integrada dos resíduos, de acordo com  Zaneti (2006), exige a articulação dessas dimensões e a participação de  diversos sujeitos sociais. O processo de planejamento, implantação e manutenção  dessa gestão participativa e integrada precisa permear-se por ações de educação  ambiental comprometida com seu papel político, crítico e emancipatório, para  possibilitar o diálogo entre as várias dimensões, valorizar as diferenças e  promover o consenso num ciclo virtuoso dos resíduos sólidos. 
   Em síntese,  a gestão dos resíduos implica a participação efetiva do poder público, da  comunidade envolvida e de diversos setores num processo circular de  retroalimentação na correção dos desvios e na identificação das novas  emergências. A articulação entre as diversas esferas precisa estabelecer metas  que favoreçam a mudança nos padrões de consumo e encontrem novas tecnologias  ambientalmente adequadas, por meio de ações coletivas e integradas a políticas  públicas que considerem o entrelaçamento entre legislação, educação e gestão  ambiental (ZANETI E SÁ, 2002, p.9).
   Outra linha de entendimento desta seção, diz respeito  a visualizar o compartilhamento de direitos e responsabilidades entre poder  público, iniciativa privada e população local, para se compreender e o tornar  exequível o que venha a ser a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos. Que  inclua todas as atividades operacionais, desde a coleta, o  transporte, o tratamento e a disposição final correta dos resíduos (FREITAS, 2006). De  maneira, que se deve “[...] conceber, implementar e administrar sistemas de  manejo de resíduos sólidos urbanos, considerando uma ampla participação dos  setores da sociedade e tendo, como perspectiva, o desenvolvimento sustentável  (Mesquita Júnior (2007, p.14).
   Nessa perspectiva de integração e compartilhamento de  responsabilidades, Júnior Castilho (2003, p. 9) acrescenta que a aplicação dos princípios de gestão integrada de resíduos  sólidos urbanos busca reduzir a geração de resíduos e poluentes que possam  prejudicar o meio ambiente e a saúde. Para isso, é preciso investir em ações  integradas, bem como na formulação de diretrizes sob os aspectos ambientais,  econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para toda  a fase da gestão, desde a geração dos resíduos até sua disposição final.
   Bertolini (1998 apud NUNESMAIA, 2002, p. 3), observa  que, apesar de o termo “gestão integrada” ter se tornado mundialmente  conhecido, seu conteúdo continua ambíguo, uma vez que o conceito é adotado de  acordo com as conveniências do seu utilizador, o que pode provocar resultados  diferentes ou até mesmo opostos. A autora entende que a gestão integrada deve  articular um plano de gestão de resíduos de acordo com a função do território,  região e/ou município. 
   Nesse sentido, a gestão integrada  tem como pressuposto a definição de políticas que visem a reduzir, reaproveitar  e reciclar os resíduos na tentativa de diminuir a quantidade para a disposição  final, lembrando que essa deve ser uma iniciativa que tenha origem,  especialmente, no âmbito do poder público. (ZANETI, 2006, p.38). 
   A despeito da gestão integrada  dos RSU, Zaneti (2006, p. 8) destaca que essa ação envolve toda uma  complexidade pautada na “circularidade e retroalimentação do sistema, com  mecanismos de correção dos desvios e atenção às novas emergências surgidas no  processo de desenvolvimento”, o que implica a criação de redes de interação  entre produtores, catadores, poder público, setor privado, intermediários e  empresas que utilizam os resíduos como matéria-prima. 
   A importância dada à gestão  integrada de resíduos sólidos urbanos é por ela possibilitar maior diálogo  entre diversos atores, uma vez que não há ninguém no mundo que não produza  resíduos. A GIRSU permite uma diversidade de ações conjuntas voltadas à  destinação final dos resíduos, com a possibilidade de melhorar qualitativamente  a vida das pessoas que dependem da catação, bem como seus reflexos incidem  sobre a saúde da sociedade como um todo e protegem o meio ambiente. 
Esse O envolvimento dos diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos – para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente corretas - as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais (MONTEIRO, et al., 2001, p. 8).tipo de gestão traz diversas diretrizes a serem adotadas pelos municípios no gerenciamento dos serviços de limpeza urbana (MONTEIRO, et al., 2001) e requer:
Isto posto, a gestão urbana dos resíduos sólidos decorre de inúmeros fatores técnicos, mas é imprescindível a integração entre diversos atores de um município para operacionalizar a gestão integrada dos RSU. Depende principalmente, da vontade da população local em colaborar, cobrar e fiscalizar o poder público quanto à elaboração, implementação e operação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos e demais projetos que visem ao equilíbrio entre preservação ambiental e cultural, viabilidade econômica, justiça social e desenvolvimento em diversos segmentos.
3.3 A Reciclagem: Forte Instrumento para Viabilizar a Gestão de Resíduos
A  reciclagem parece uma etapa óbvia e ao mesmo tempo redundante na gestão de  resíduos, por isso, difícil de ser implementada. Esse processo exige mudança de  comportamento social, no sistema de mercado e, consequentemente na cultura e  postura das empresas, para assim resultar na livre comercialização do  “resíduo-produto”. Claro que esse novo produto deve atender restrições legais.
   Por mais  que a consciência ambiental tenha se firmado nos últimos anos, a possibilidade  de redução dos custos de gerenciamento dos resíduos é sempre um argumento  central para o início de um planejamento de reaproveitamento de resíduos.  Acredita-se que vale a pena investir em um novo modelo de gestão de resíduos,  mas enquanto as discussões estiverem relacionadas à mudança de postura  econômica, a questão torna-se inviável.
   A questão  da viabilidade econômica da reciclagem do lixo é uma discussão muito  negligenciada pelos gestores e administradores de determinados municípios  brasileiros, pois a afirmativa é frequente e encontrada constantemente nos  debates públicos, e em manifestações divulgadas pela mídia.
   Sob a  ótica da administração o “lixo não é um bom negócio”. Para Calderoni (2003),  tal afirmativa deve levar em consideração que os cálculos estão sendo feitos  sob o ponto de vista restrito do impacto que o processo de coleta seletiva ou a  reciclagem do lixo tem sobre o orçamento imediato, sem considerar outros ganhos  que beneficiam a sociedade decorrente da redução de energia, matéria prima e  recursos hídricos, além da economia ambiental e controle ambiental entre outros  benefícios ligados a saúde pública e geração de emprego. 
   A  atividade da reciclagem é um instrumento indispensável na movimentação de  recursos de bilhões de dólares em países como os Estados Unidos e Japão. Dessa  forma, o conceito que se tem sobre determinado assunto presta-se uma falta de  clareza ou consciência. O mesmo acontece ao indicar soluções por parte dos  agentes envolvidos, não somente a prefeitura, mas o conjunto da sociedade. 
   Calderoni  (2003) evidencia que a viabilidade econômica da reciclagem do lixo é referida  na literatura, na maioria das vezes sob o ponto de vista local, seja da  prefeitura, seja de entidades responsáveis pela implantação de um programa  específico de coleta e reciclagem.
A implantação de projetos de coleta, triagem, e reciclagem de lixo tem origem em iniciativas de entidades locais, era natural que a avaliação da viabilidade econômica de tais projetos fosse feito sob a ótica dos que os empreenderam (CALDERONI, 2003, pg. 28).
É  lamentável que a reciclagem seja vista como instrumento inviável, porque sua  importância constitui um conjunto de fatores como a exaustão de  matérias-primas, custos crescentes de obtenção de recursos, economia de  energia, indisponibilidade e custo crescente dos aterros sanitários e de  transportes, poluição e prejuízos à saúde pública, geração de emprego e renda e  ainda redução dos custos de produção. Esse generalizado ponto de vista, sob  outros agentes como a indústria, sucateiros, entidades governamentais (federal  e estadual) conduzem a importantes equívocos desprezando a avaliação de custos  evitados na coleta e disposição final do lixo em aterros sanitários ou  incineradores.
   Na  verdade, a Coleta Seletiva e a Reciclagem se justificam enquanto elemento de  dispêndio das prefeituras ou de outras esferas da Administração Pública por não  apresentar alcance social significativo da mesma forma que a educação, saúde,  segurança pública e transporte de massa. 
   Ribeiro  & Morelli (2009) sugerem que para completar o processo de reciclagem de  forma efetiva, o novo produto ou material deve entrar no mercado em escala  comercial, e para isso acontecer vai depender dos diversos atores envolvidos no  processo, sejam eles geradores, potenciais consumidores do resíduo, agências  governamentais e instituições de pesquisas. Depende da atuação harmoniosa dos  participantes desse mercado, em particular, da atuação do Governo nas esferas  estadual e federal que no momento encontra-se imerso em uma atitude de omissão  com postura de abandono da questão dos resíduos sólidos.
   Diante  desses aspectos, cabe lembrar que a ação do Governo só ocorrerá em função da  cobrança dos agentes sociais, que parecem estar inclusos em uma dinâmica de  rápido amadurecimento das iniciativas voltadas à consolidação do capital. Ao  contrário disso, a reciclagem pode desenvolver-se sem uma atuação decisiva do  Governo, e é possível o contínuo processo, contudo, faltará a visão conjunta.
  É verdade  que a omissão do Governo no âmbito da reciclagem do lixo evidenciou uma visão  de que a questão do lixo é de interesse municipal, e pode-se constatar que o  problema não está no fato da implementação da Política Nacional de Resíduos  Sólidos, mas por não haver políticas estaduais, somente ações isoladas entre municípios.  Também não cabe responsabilizar somente o setor privado, porque sozinho não  conseguirá desenvolver todos os mercados de reciclagem. 
   O Governo  precisa desenvolver importantes missões que favoreçam o processo da reciclagem.  Dentre elas, a principal é buscar novos mercados para produtos reciclados,  assim como a sustentação e o desenvolvimento dos mercados já existentes. O  próprio Governo por ser grande comprador, poderia estimular a prática adotando  compras de produtos reciclados e exigir que seus fornecedores utilizem também  esses produtos. 
   Segundo  Calderoni (2003), na formulação de instrumentos de políticas destinadas ao  fomento da reciclagem e da minimização de resíduos convém distinguir os  momentos que incidirão esses instrumentos:
   A)  Incidência pré-produção: Pode-se instituir taxação sobre insumos utilizados por  produtos de embalagens. Isso induzirá o desenvolvimento de produtos com quantidades  mínimas de matéria-prima, reduzindo a geração de embalagens.
   B)  Incidência sobre a geração: Instituir taxação sobre o volume total das  embalagens produzidas ou sobre o valor de produção. Essa medida teria o  propósito de encarecer as embalagens. Essa taxação poderia ser restrita na  proporção que os produtos viessem engajar em programas de reciclagem com  cronogramas e metas bem definidas.
   C)  Incidência pós-consumo: Os produtores passariam a arcar com as  responsabilidades de receber os bens por eles produzidos após a vida útil  desses bens. Essa atitude estimularia elevar o potencial de reciclabilidade e  de biodegradabilidade inerente a esses produtos.
   Outras  sugestões seriam de os Governos Estaduais utilizarem-se da faculdade de  concessão do licenciamento ambiental a empreendimentos industriais induzindo os  agentes econômicos privados a pautarem-se pelas normas instituídas. Por sua vez  a adoção generalizada em todas as cidades poderia garantir a oferta de  recicláveis para atender a demanda criada. Pois, segundo o autor:
A minimização de resíduos age no sentido de inibir o crescimento do mercado de reciclagem. Mas cumpre um papel tão importante quanto à reciclagem no que se refere à preservação ambiental e a obtenção de grandes ganhos econômicos (CALDERONI, 2003, p. 316).
São  inegáveis que os custos de operação, manutenção, investimentos e modernização  dos sistemas de resíduos envolvem importantes somas que representam ônus  significativo para municípios de grandes e pequenos portes. Porém, os ganhos  como no caso da reciclagem, viria da redução dos custos com a coleta e  disposição do lixo, energia, matéria prima, água e controle ambiental.
   Diante  disso, são apresentadas algumas perspectivas econômicas para o Governo  Municipal com a adoção da Reciclagem: Redução de custos decorrentes da  diminuição do volume de lixo pelo qual teria que se responsabilizar, promovendo  a coleta, transbordo e destinação final; A cada tonelada de recicláveis desviada  da corrente do lixo, existe uma economia de 16,12m³ de aterro (CALDERONI,  2003).
   Além de  evitar custos a reciclagem também contribui para o prolongamento do tempo de  vida útil dos aterros sanitários. Contudo, vale ressaltar que a economia que o  município desfruta depende de outras ações desenvolvidas por outros segmentos  sendo ele apenas o beneficiado por esse processo. 
   O Governo  Estadual, por sua vez, obteria lucro sobre a economia de energia e recursos  hídricos, ganhos referentes à qualidade do meio ambiente, geração de empregos e  a promoção da saúde pública. Trata-se de ganhos não quantificados, mas de  magnitude suficiente para justificar seu investimento no processo de reciclagem  e na interação dos agentes públicos e privados. 
   As  perspectivas apresentadas ao Governo Federal consistem também na economia de  energia e recursos hídricos, elevação da qualidade de vida e do meio ambiente,  geração de empregos, saúde pública e economia de divisas, no que diz respeito à  redução de importação de matérias primas como o petróleo usado na produção de  plástico. Nesse caso, como as questões ambientais produzem perdas não  quantificáveis como a poluição de rios e aquíferos, esses instrumentos deveriam  servir de motivação para a inserção dos Governos no desenvolvimento do processo  da reciclagem, o qual também produz ganhos “não quantificáveis”.
Considerações Finais
               
   Diante do  conteúdo apresentado neste artigo, pode-se entender, então, que a gestão dos  resíduos sólidos compreende o planejamento das possíveis ações do  gerenciamento. Antes, porém, cabe os necessários diagnósticos da situação do  gerenciamento, o levantamento das potencialidades, bem como a construção das  parcerias para o planejamento. Todo o arcabouço legal e filosófico dos caminhos  que busquem a minimização, tratamento e disposição dos resíduos sólidos são  considerados como Gestão dos Resíduos Sólidos, onde deve ser integrada pelas  diversas dimensões que a questão permeia, como os aspectos de saúde, de  educação, de meio ambiente, sociais e econômicos.
   Cabe então ao  Gerenciamento a implementação dessas decisões, buscando as alternativas  técnicas, de acordo com a realidade local, a operação das ações propostas, a  fiscalização e dimensionamento dos resultados dessas ações. 
   Face ao contexto  teórico abordado, espera-se que seja evidenciada uma compreensão do repertório não  somente conceitual, mas também dos aspectos de singularidade e proximidade  envolvendo a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos para o planejamento  urbano ambiental e às políticas públicas envolvendo a temática. Destaca-se a  importância das fontes revisadas para sua aplicabilidade no contexto popular,  na busca de interpretações menos técnicas e mais acessíveis. 
Agradecimentos: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, por financiar parcialmente este trabalho.
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, E. A. K. Proposta de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos: análise do caso de Palhoça/SC. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. p. 26. Disponível em: <http://www. bvsde.paho.org/bvsacd/ cd48/11214.pdf>. Acesso em: 17 de outubro de 2013
BRASIL. Seminários Regionais de Resíduos Sólidos  do Ministério do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente. Rio de  Janeiro, 2005.
   ______. Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010.  Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Presidência da República.  Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm  >. Acesso em: 15 de agosto de 2012.
CALDERONI, Sabetai. Os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Editora Humanitas. FLCH/USP. 4ª ed. 2003.
CUNHA, Valeriana; FILHO, J. V. Caixeta. Gerenciamento da Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos: Estruturação e Aplicação de Modelo Não-Linear de Programação por Metas. Gestão e Produção, 2002, p. 144. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/gp/v9n2/ a04v09n2.pdf. Acesso em 27 de agosto de 2013.
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 6ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 385 p.
FREITAS, D. F. de. Caracterização de Resíduos Sólidos Domiciliares na Cidade Satélite do Varjão – Distrito Federal. 2006. Dissertação (Mestrado Multiinstitucional em Ciências da Saúde) – Programa de Pós-Graduação Multiinstitucional em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, p. 5. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/ 10482/5213/1/2006_ Dulcineth%20Ferreira%20de%20Freitas.pdf>. Acesso em: 30 de outubro de 2013.
JÚNIOR CASTILHO, Armando Borges de. Resíduos sólidos urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro: ABES, RiMA, 2003.
LOPES, A. A. Estudo da Gestão e do Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos no município de São Carlos (SP). Dissertação (mestrado) na Escola de Engenharia de São Carlos na Universidade de São Paulo - USP, São Carlos, 2003.193p.
MESQUITA JÚNIOR, José Maria de. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2007.
MONTEIRO, J. H. P. et al. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001, p. 4. Disponível em: <http://www.resol.com.br/cartilha4/ manual.pdf.> Acesso em: 3 de novembro de 2013.
NUNESMAIA,  Maria de Fátima. A gestão de resíduos  urbanos e suas limitações. In: Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHAIA.  Vol. 17, nº 1 jan/abr. 2002, p. 120-129.
   RIBEIRO, Daniel Véras; MORELLI, Márcio Raymundo. Resíduos Sólidos: Problema ou  Oportunidades. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 158p.
SHÜBELER, P.; WEHRLE, K.; CHRISTEN, J. Conceptual Framework for Municipal Solid Waste Management in Low-Income Countries. St. Gallen: Swiss Centre for Development Cooperation in Technology and Management, 1996. Disponível em: http://www.worldbank.org/urban/solid_wm/erm/CWG%20folder/ conceptualframework.pdf. Acesso em: 10 de setembro de 2013.
ZANETI, I. C. B. B.; SÁ, M. L. M. B. A educação ambiental como instrumento de mudanças na concepção de gestão dos resíduos sólidos domiciliares e na preservação do meio ambiente. In: Seminário da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade, 1, 2002. Campinas: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Disponível em: <http://www.compostagem.com.br/ textos/texto_zaneti.pdf>. Acesso em: 06 de outubro de 2013.
ZANETI, Izabel Cristina Bruno Bacellar. As sombras da modernidade. O sistema de gestão de resíduos sólidos em Porto Alegre, RS. FAMURS: Porto Alegre, 2006.
ZANTA, V. M.; FERREIRA, C. F. A. Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos urbanos. In CASTILHOS JUNIOR, J. A. Resíduos Sólidos Urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro: ABES/RiMa, 2003. p. 1-18.
** Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, pela Universidade Federal do Amazonas - PPGCASA-UFAM (2014). Graduação em Letras pela UFAM (1997). Especialização em Língua Portuguesa pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (2011). Especialização em Administração de Recursos Humanos pela Universidade Paulista - UNIP (2011). Servidor público da UFAM no Instituto de Saúde e Biotecnologia - ISB/Coari-AM, no cargo de Secretário Executivo. Atualmente exerce a função de Coordenador Administrativo do referido Instituto. Tem experiência nas áreas de docência, com ênfase em Língua Portuguesa, e administrativa, com ênfase em gestão. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/3744970250862032. Última atualização do currículo em 18/08/2016.
*** É Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Amazonas, mestre em Ciências Biológicas (Botânica/Modalidade Manejo Florestal) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, e doutor em Entomologia Agrícola pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/USP. Foi diretor do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas tendo implantado o Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Foi Secretário Executivo de Recursos Hídricos e Secretário Executivo da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas- SDS e Presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM. Foi Diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (2012-2016). É conselheiro e membro da Sociedade Entomológica do Brasil-SEB e membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC. É vice presidente do Conselho de Administração da Fundação Amazonas Sustentável-FAS, membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas e do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente do Município de Manaus. É também membro do Conselho Consultivo e Fiscal do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia-IDESAM. É membro do Comitê Assessor Externo da Embrapa Amazônia Ocidental, como representante da UFAM. É Professor Titular da Universidade Federal do Amazonas, onde ministra disciplinas na graduação e pós-graduação, onde orienta alunos de mestrado e doutorado. Atua na área de Ciências Agrárias e Ciências Ambientais, com ênfase em Entomologia Agrícola e Gestão Ambiental, com foco nos temas de: Manejo de Pragas em Agroecossistemas Tropicais e Planejamento e Gestão Ambiental. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/2951411669963459. Última atualização do currículo em 11/08/2016.
Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.
Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.
Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.
El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.
Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.
Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.
Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor,pulse aqui.