Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


CONTABILIDADE APLICADA ÀS FINANÇAS PESSOAIS: Um estudo de caso com os acadêmicos do Centro Universitário Municipal de São José

Autores e infomación del artículo

Denise De Souza Ottani*

Fernando Nitz De Carvalho**

Édson Telê Campos***

Adriano Sérgio Da Cunha****

Centro Universitário Municipal de São José

adrianosergiodacunha@hotmail.com

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Resumo: A contabilidade e suas ferramentas possuem um papel fundamental para a organização das finanças pessoais, pois auxiliam no seu gerenciamento e na realização de projetos individuais. O presente estudo tem como objetivo analisar a aplicação dos conhecimentos contábeis na vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro Universitário Municipal de São José. O trabalho consiste em uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagens qualitativa e quantitativa, contendo como procedimento técnico o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica. Para a coleta dos dados foi aplicado um questionário eletrônico onde 216 alunos, dos cursos de administração, ciências da religião, ciências contábeis e pedagogia responderam. Os resultados demonstraram que os alunos utilizam as ferramentas financeiras para controlar e registrar suas receitas e despesas e utilizam os conhecimentos contábeis para analisar mensalmente o orçamento de forma eficiente. Porém, verificou-se que os alunos costumam comprometer mais da metade de sua renda com obrigações e não possuem nenhum tipo de investimento. Considera-se que há um certo entendimento sobre os temas abordados e tais temas são utilizados na organização das finanças dos estudantes.

Palavras chaves: Contabilidade, Finanças pessoais, Ferramentas financeiras.

APPLIED ACCOUNTING FOR PERSONAL FINANCES: A case study with students from the Municipal University Center of São José

Abstract: Accounting and its tools have an essential role in the organization of personal finances because they assist in its management and in the achievement of individual projects. This study aims to analyze the application of accounting knowledge in the financial life of the students of the courses of the Municipal University Center of São José. This study consists of a descriptive and exploratory research, with qualitative and quantitative approaches, having as technical procedure the case study and the bibliographic research. To collect the data it was applied an electronic questionnaire in which 216 students of the following courses responded: management, religious studies, accounting sciences and pedagogy. The results indicated that students use financial tools to control and register their income and expenses and they use accounting knowledge to monthly analyze their budget in an efficient way. However, it was found that students often waste more than half of their income on obligations and that they have no type of investment. It is considered that there is a certain understanding about the addressed topics and this knowledge is used in the organization of the personal finances of the students.

Keywords: Accounting. Personal finances. Financial tools.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Denise De Souza Ottani, Fernando Nitz De Carvalho, Édson Telê Campos y Adriano Sérgio Da Cunha (2016): “Contabilidade aplicada às finanças pessoais: Um estudo de caso com os acadêmicos do Centro Universitário Municipal de São José”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (mayo 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/contabilidade.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-contabilidade


1 INTRODUÇÃO

Historicamente, os anos 80 são chamados de “década perdida” no que se refere ao desenvolvimento econômico. Neste período a inflação cresceu sem parar, resultando na recessão da economia e nos desempregos (LEITÃO, 2011 p. 18). Ainda segundo a autora, depois de três planos fracassados, tais como o Plano Verão, Plano Bresser e Plano Cruzado, a inflação ganhou ainda mais força. Diante desse cenário, a população brasileira teve dificuldades em manter um planejamento financeiro e controle de suas finanças.
Em 1994, por meio da introdução do Plano Real, o Brasil obteve como resultado o controle bem sucedido da inflação, conforme afirma Herran (2005, p. 19). Ainda segundo Herran, a renda média per capita aumentou em quase 25% e cerca de 10 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza, enquanto seis milhões superaram a pobreza extrema. Apesar do processo significativo no controle inflacionário e na redução da pobreza os brasileiros não conseguiram desenvolver o hábito de poupança.
Nos dias atuais surge a necessidade de desenvolver e aplicar os conhecimentos e técnicas contábeis nas finanças pessoais. O cenário atual aponta que existem indivíduos que possuem dificuldades em controlar suas finanças, ocasionando problemas na administração e planejamento de sua vida financeira. Normalmente, uma das causas para estes problemas reside na falta de conhecimento em finanças pessoais. Porém, alguns indivíduos, que possuem noções ou conhecimentos nas áreas relacionadas, não conseguem aplicá-las em seu cotidiano por questões comportamentais.
Conforme Dannenberg (apud MACEDO 2010, p. 1) afirma-se que “[...] não somos disciplinados em relação ao nosso dinheiro, não aprendemos a lidar com ele em nossa educação e nem sempre temos a oportunidade de aprimorar nossos conhecimentos”. Logo, não se tem o hábito de cultivar e garantir uma vida financeira tranquila e saudável.
Dessa forma, o planejamento financeiro torna-se necessário, pois ele, segundo Macedo (2010, p.26), “é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal”. Controlar e planejar as finanças significa garantir tranquilidade financeira e alcançar os objetivos de vida de cada indivíduo. Sendo assim, as finanças pessoais caracterizam-se conforme o seguinte conceito:
É a ciência que estuda a aplicação de conceitos financeiros nas decisões financeiras de uma pessoa ou família. Em finanças pessoais são considerados os eventos financeiros de cada indivíduo, bem como sua fase de vida para auxiliar no planejamento financeiro. (CHEROBIM, 2011, p. 1 apud SANTOS, 2012, p. 21).
Adicionalmente, observa-se a importância que as finanças pessoais abrangem, pois são capazes de influenciar diretamente a qualidade de vida, e com esta ferramenta o indivíduo poderá alcançar seus objetivos financeiros.
Diante do exposto, o estudo e a compreensão destes temas se fazem necessários para que qualquer pessoa possa utilizá-los em suas finanças pessoais, proporcionando mudanças de hábitos e resultados positivos em sua vida financeira.
O Centro Universitário Municipal de São José, criado em 2005, oferece cursos de graduação nas áreas de ciências humanas e ciências sociais, contribuindo com a formação acadêmica dos jovens.
A partir destes aspectos, surgiu o interesse e a necessidade de estudar o tema no Centro Universitário Municipal de São José, a fim de esclarecer a importância do tema abordado, saber se os acadêmicos possuem algum conhecimento sobre o assunto, se utilizam em suas finanças pessoais e demonstrar métodos práticos para adaptação de qualquer indivíduo.

2 METODOLOGIA

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação na prática dirigidos a solução de problemas específicos. Appolinário (2004, p. 152 apud VILAÇA, 2000, p. 65) salienta que pesquisas aplicadas têm o objetivo de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”, por exemplo.
Em relação à forma de sua abordagem o estudo apresentou duas abordagens: quantitativa e qualitativa. Para Rodrigues (2007, p. 5) a pesquisa quantitativa traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas, além de utilizar-se de técnicas estatísticas. Gerhardt e Silveira (2009, p. 31) afirmam que a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. As autoras ainda afirmam que o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. As análises dos dados conforme percepções e conhecimento do pesquisador podem ser caracterizados como qualitativos.
Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classificada como descritiva, pois visou descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade, apresentando um levantamento geral realizado mediante questionário (GERHARDT; SIVEIRA, p. 35, 2009 apud TRIVIÑOS, 1987). Por meio de uma revisão literária será possível aplicar uma pesquisa exploratória, cujo objetivo é de proporcionar maior familiaridade ao problema.
Dentro dos tipos de pesquisa, o estudo de caso é o que melhor se adaptou ao problema proposto, cujo objetivo é analisar profundamente uma unidade específica (GODOY, 1995, p. 25). Será realizada também uma revisão bibliográfica, citada por Gerhadt e Silveira (2009, p. 66), como sendo uma exposição das principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do problema, levantando críticas e dúvidas, quando for o caso.
Em suma, o presente trabalho caracterizou-se do ponto de vista da sua natureza como uma pesquisa aplicada, com abordagens qualitativa e quantitativa, do tipo pesquisa descritiva e exploratória, com procedimentos técnicos de estudo de caso e pesquisa bibliográfica.
Dessa forma, de um universo de 1.079 alunos matriculados, sendo 334 em Administração, 90 em Análise de Desenvolvimento Tecnológico, 353 em Ciências Contábeis, 60 em Ciências da Religião e 242 em Pedagogia, foram coletadas 216 respostas no segundo semestre de 2015.
 O questionário utilizado foi elaborado com base nas monografias e nos artigos dos autores Braido (2014), Santos (2012), Wohlemberg, Braum e Rojo (2011) e Gesser (2007), e com base em um formulário para análise do perfil do investidor (API). Antes da aplicação do questionário, para que a interpretação das questões fosse a melhor possível, foi realizado um pré-teste entre 10 (dez) acadêmicos e se efetuou algumas alterações com base nas sugestões propostas.
A análise dos dados consiste em categorizar os resultados obtidos durante o processo de aplicação da pesquisa, com o objetivo de compará-los e interpretá-los para que possibilite o fornecimento das respostas ao problema proposto. De acordo com Teixeira (2003, p. 191), a análise de dados é o processo de formação de sentido além dos dados, e esta formação se dá consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas disseram e o que o pesquisador viu e leu, isto é, o processo de formação de significado.

 

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Contabilidade e finanças pessoais

Segundo Ferrari (2008, p. 1), a contabilidade estuda e pratica funções de orientação, controle e registros com o objetivo de fornecer aos usuários demonstrações e análises econômico-financeiras. Já Marion (2004, p. 15) afirma que a contabilidade pode ser feita para pessoa física ou pessoa jurídica, sendo que a pessoa física é a pessoa natural, o ser humano. Na prática, a contabilidade é mais utilizada pelas pessoas jurídicas, mas os conceitos básicos da contabilidade podem ser usados, em certos casos, também para pessoas físicas.
Tem como objeto o patrimônio da entidade e como objetivo controlar e planejar de maneira que possa informar a situação patrimonial em determinado momento, suas variações e a natureza das operações que o afetaram (FERRARI, 2008 p. 1). Portanto, entre as finalidades da contabilidade estão o controle e o planejamento.
De acordo com Ferreira (2008, p. 13), o patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa, física ou jurídica, que possam ser avaliados em dinheiro. Os bens são as coisas que satisfazem as necessidades humanas, ou seja, é aquilo que possui utilidade. Aqueles valores a receber ou a recuperar de terceiros são os direitos, portanto, é aquilo que, por direito, o indivíduo deverá receber futuramente. Logo, os bens e direitos compõem a parte positiva do patrimônio, denominada de ativo. As obrigações são representadas por contas a pagar ou a compensar de terceiros, compondo a parte negativa do patrimônio.
Os conceitos e técnicas contábeis podem ser utilizados, segundo Oliveira (2012):
Para análise, comparação e tomada de decisões durante toda a vida financeira de uma pessoa. Permite uma organização da vida financeira, através de análises, podendo buscar a melhor alternativa na utilização de recursos. Possibilita a qualquer pessoa entender e relacionar seus bens e direitos com suas obrigações, usando a contabilidade para poupar e manter uma evolução do patrimônio.
Além disso, torna-se importante garantir o futuro financeiro pessoal sem contar com a sorte ou com a empresa em que se trabalha. Para isto, faz-se necessário conciliar os conhecimentos contábeis, para que se possa quantificar, analisar e equilibrar seus ativos, passivos e seu patrimônio líquido. Com a utilização correta das demonstrações e realizada uma análise minuciosa, pode-se garantir a sobrevivência financeira e, além disso, atingir metas futuras.
As finanças pessoais estudam a aplicação de conceitos financeiros e empresariais nas decisões financeiras de uma pessoa ou de uma família (COMPARCIDA, 2015, p. 12). Utilizam-se, portanto, de práticas e métodos contábeis aplicáveis ao comportamento financeiro pessoal. Ainda segundo Comparcida (2015, p. 12), “em finanças pessoais são considerados todas as características da família e os diversos eventos financeiros que esta atravessa, bem como a sua fase de vida, de modo a proporcionar um planejamento financeiro adequado às suas necessidades e prioridades”.
Pires (2007, p. 13 apud SANTOS, 2012 p. 20) descreve que o objetivo das finanças pessoais são o “estudo e análise das condições de financiamento das aquisições de bens e serviços que levam à satisfação das necessidades e desejos individuais”. Sendo assim, observa-se que o planejamento das finanças pessoais está alocado a necessidade de satisfazer os desejos de consumo de cada indivíduo. Portanto, faz-se necessário “estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa ou de uma família” (FRANKENBERG, 1999, p. 31).
Portanto, para alcançar os objetivos individuais faz-se necessário um controle das finanças pessoais, visto que por meio do planejamento financeiro torna-se possível compreender os recursos adquiridos e utilizados, bem como serão investidos e gastos.

3.2 Planejamento financeiro

Devido aos fatores históricos, diversas pessoas continuam agindo como se ainda estivessem na era da inflação constante, sem dar o devido valor ao seu dinheiro (FRANKENBERG, 1999, p. 33). Assim, precisa-se mudar a mentalidade desses indivíduos para que os mesmos consigam realizar um bom controle orçamentário. Aqueles que são desorganizados com suas finanças pessoais dificilmente terão um bom rendimento econômico, sendo alvo de elevados endividamentos e dependendo de seu trabalho para pagar seus passivos, evitando expor-se a riscos que possam causar a perda do salário que recebem mensalmente. Devido a esses fatores, pode-se entender a relevância do planejamento, pois ele possibilita assumir ao controle das finanças, escolhendo o melhor caminho. 
O planejamento financeiro tem como objetivo estabelecer uma estratégia para acumulação de bens e valores possibilitando a formação do patrimônio de uma pessoa, alcançando o principal objetivo que é a tranquilidade e segurança financeira (SILVA, 2007, p. 19).  Macedo (2010, p. 26) define planejamento financeiro como “o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal”, permitindo alcançar as necessidades e os objetivos no decorrer da vida. Logo, para alcançar os objetivos propostos por cada indivíduo torna-se indispensável o uso de um bom planejamento financeiro.
Deve-se assegurar que o indivíduo gaste de acordo com suas possibilidades, ou seja, gastar menos do que ganha. O problema encontra-se nos recursos contraídos de terceiros o que deve estar devidamente controlado de acordo com a capacidade financeira do indivíduo.

3.3 Educação financeira

Conforme afirma Macedo (2010 apud GESSER, 2007, p. 13), a educação financeira visa fornecer o conhecimento dos conceitos relacionados com a política monetária, mercado financeiro e a utilização de técnicas e ferramentas contábeis e administrativas que possibilitam as pessoas a obterem estabilidade e sucesso financeiro ao longo da vida. Portanto, a educação financeira tem um papel fundamental para a formação do comportamento financeiro, visto que muitos fatores externos podem influenciar na má formação desse comportamento. Esses fatores são relatados por Frankenberg (1999, p. 35), onde afirma que a educação recebida dos pais ou responsáveis, as experiências financeiras e o meio em que vivemos podem influenciar na maneira de encarar o dinheiro.
Pode-se dizer que a educação financeira consiste no conhecimento necessário para gerenciar corretamente as finanças pessoais e administrá-las, ou seja, ter a capacidade de gerenciar seu ativo e passivo, tomando decisões essenciais quanto ao uso de seu patrimônio, pensando nas consequências futuras.
Destaca-se o valor da educação financeira, que facilita ao indivíduo compreender e analisar os dados coletados e transformá-los em informações que servirão para tomar decisões, de acordo com seus respectivos objetivos, garantindo a saúde financeira e um futuro equilibrado nas finanças pessoais (LIZOTE; SIMAS; LANA, 2012, p. 7). Para estar apto a enfrentar novas situações deve-se reformular os princípios e dessa forma aumentar as chances de alcançar a independência financeira, como destaca Frankenberg (1999, p. 39). Quando o indivíduo tem estes conhecimentos e há aplicabilidade deles, a consequência disto é uma melhor qualidade de vida, já que o indivíduo tem total controle de seus planos e alcança por mérito seus objetivos de vida.
Segundo Massaro (2014, p. 5), pode-se afirmar que os benefícios da educação financeira são: “viver com menos preocupação e mais qualidade de vida; ter autonomia em nossas decisões; poder planejar o nosso futuro e de nossa família; e ter prazer em consumir produtos e serviços”. Logo, aqueles que são educados financeiramente tem maior facilidade para ingerir seus próprios recursos de forma mais eficiente, tomam decisões em um momento mais adequado, planejam melhor a vida financeira de sua família e consomem produtos e serviços sem ter a sensação de gastar o dinheiro que não tinham.

 

3.4 A importância da contabilidade em finanças pessoais

Atualmente, a maioria dos indivíduos não costuma registra seus gastos e suas receitas e também não avaliam sua situação financeira antes de adquirir um bem, conforme constatou uma pesquisa nacional publicada no jornal Estado de São Paulo (2014). As consequências disso é que alguns indivíduos não conseguem pagar suas dívidas, além de não conseguirem atingir seus objetivos pessoais. O risco deste hábito é aumentar seu endividamento, tornando cada vez mais limitado sair desta situação.
Segundo Macedo (2010, p. 39), os fatores históricos, como a falta de educação financeira no Brasil, anos de inflação, desinformação e erros cometidos por sucessivos governos do passado, resultaram em conceitos financeiros errôneos, absorvidos pela população. Ainda segundo o autor, sugere-se reformular os conceitos adquiridos para estar aptos a enfrentar novos tempos, além de aumentar as chances de alcançar a independência financeira. Gallagher (2008, p. 4) afirma que “em nada adianta ter dinheiro se não sabemos desfrutá-lo”. A autora ainda explica que “enquanto há indivíduos que só sabem guardar dinheiro, outros vivem completamente fora da realidade de suas posses, gastando muito mais do que seu orçamento permite”. Tendo a consciência de que usar suas finanças sem qualquer controle e conhecimento delas trarão sérios prejuízos futuramente e, principalmente, mudar os hábitos antigos é o primeiro passo para a implementação do planejamento financeiro pessoal.
Contudo, o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar o indivíduo a realizar suas convicções pessoais, visto que, por meio de um controle e planejamento financeiro, esse indivíduo terá significativas possibilidades de alcançá-las.

 

3.5 Investimentos

Os investimentos são aplicações de recursos em ativos com objetivo de gerar algum tipo de retorno financeiro para o investidor, isto é, o proprietário dos recursos (SILVA, 2007, p. 41). São diferentes da poupança, pois poupar significa, segundo Gallagher (2008, p. 17), deixar de gastar para juntar para o futuro, ou seja, ao investir são gerados novos recursos como retorno das aplicações e ao poupar está evitando-se o seu consumo.
Macedo (2010, p. 62) também difere os conceitos afirmando que “poupar é guardar dinheiro, investir é fazer o dinheiro poupado render”. Logo, surgem inseguranças ao pensar em investir, optando-se por uma aplicação mais segura, com rentabilidade baixa em curto prazo. Porém, Kiyosaki e Lechter (2001, p. 251) afirmam que os negócios e investimentos não são arriscados, como acreditam algumas pessoas. Para eles, “ser mal informado é arriscado e acreditar num ‘trabalho seguro’ é o maior risco que se pode assumir”.
Apesar de existirem diferentes formas de investimentos, a maioria das pessoas possui algum receio em relação aos investimentos mais arrojados ou desconhecidos, preferindo investir em fontes mais conservadoras, como a caderneta de poupança.

 

4 APRESENTAÇÃO E SÍNTESE DOS RESULTADOS

4.1 Perfil dos acadêmicos

Inicialmente foram realizadas seis perguntas destinadas a conhecer as características dos acadêmicos, tais como: gênero, idade, curso, período atual na graduação, renda mensal individual e se possui dependentes.
No que se refere ao gênero dos acadêmicos, cerca de 73%, são do sexo feminino contra 27% do sexo masculino. Em relação à faixa etária tem-se o predomínio de acadêmicos mais jovens, sendo a minoria com idade superior aos 41 anos, como se pode analisar no gráfico a seguir:

 

 

Quanto ao curso nota-se que a pesquisa obteve mais respostas dos cursos de Ciências Contábeis (57%) e de Administração (25%). Esses cursos de graduação são os que fornecem, em sua grade curricular, temas relacionados com as finanças pessoais. Os acadêmicos de Pedagogia (16%) e de Ciências da Religião (2%) possuem apenas influência do meio acadêmico em relação aos temas. Os alunos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas não responderam o questionário.
No que se refere ao período atual na graduação, a maioria dos respondentes, cerca de 24%, estão no oitavo semestre de seus respectivos cursos, como mostra o gráfico:

 

Os respondentes do sexto período representam 15% do total e 13% estão no quarto, quinto e sétimo semestre mutuamente. No terceiro semestre encontram-se 11% dos acadêmicos e 12% estão no primeiro e segundo semestre reciprocamente. Observa-se uma tendência de aumento dos respondentes com a proximidade do término do curso.
Quanto à renda mensal individual dos acadêmicos prevalecem aqueles que recebem até dois salários mínimos (48%). Considerando o salário mínimo na época da pesquisa era de R$ 788,00, percebe-se que 36% recebem até quatro salários mínimos; 9% não possuem renda mensal individual e 7% dos respondentes recebem mais do que dez salários mínimos.
Dos acadêmicos participantes 83% não possuem dependentes; 13% possuem um dependente; 3% possuem dois dependentes e 1% possui três dependentes.

 

4.2 Gastos e despesas

Durante a pesquisa foram realizadas perguntas relacionadas aos gastos e despesas com o intuito de analisar o comportamento dos alunos, visto também a possibilidade de realizar um planejamento financeiro.
Na primeira questão buscou-se verificar o comportamento dos alunos em relação aos seus gastos. Constatou-se que 39% dos acadêmicos costumam gastar no limite de suas possibilidades, correndo o risco de serem alvos de elevados endividamentos, como acontece com pessoas que começam a possuir dividas superiores a seus gastos. Essas pessoas, segundo Macedo (2010, p. 27), deixarão de ter crédito e ficarão impossibilitadas de consumir. Isso poderá ocorrer com 19% dos alunos que afirmam possuir gastos acima da sua capacidade financeira. Porém, 40% dos alunos costumam gastar menos do que recebem, sendo mais organizados com suas finanças pessoais e somente 2% afirmam que não possuem gastos atualmente.
A segunda questão buscou identificar a porcentagem da renda dos alunos que está comprometida com prestações e/ou obrigações. A maior parte dos acadêmicos (34%) afirmam que mais da metade de sua renda está comprometida com prestações e obrigações; 19% possuem comprometimento de quase toda a renda; e 3% buscam outras formas de cumprir com suas obrigações ou atrasam o pagamento delas. Esse tipo de comportamento com os gastos dificultam o uso de recursos para outros compromissos, como educação, lazer ou investimentos. Conforme Macedo (2011, p. 39), aqueles que protelam o pagamento de suas obrigações costumam torná-las cada vez mais caras, podendo agregar um novo tipo de despesas: os juros. A segunda maior parte dos acadêmicos (30%) compromete sua renda entre 25% e 50% e apenas 14% dos respondentes não costumam gastar mais do que 24% de sua renda. Apesar de não existir nenhum nível ideal de dívidas, deve-se fazer a manutenção dos passivos, equilibrando-os entre o capital próprio e capital de terceiros.
A terceira questão se refere ao acesso ao crédito em que os respondentes mais utilizam, conforme gráfico:

 

Observa-se que 34% responderam que não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito, 36% utilizam o cartão de crédito ou o limite do cheque especial. Em seguida, 23% dos respondentes procuram o crediário no comércio e/ou cartão de lojas e 5% preferem o empréstimo em financeiras, empréstimo pessoal e/ou empréstimo em bancos. Alguns acadêmicos utilizam mais de uma das alternativas, sendo que 11% utilizam cartão de crédito e/ou limite do cheque especial e crediário no comércio e/ou cartão de lojas. Percebe-se que as pessoas que utilizam o crédito de terceiros estão mais propícias a pagar “mais caro”. De acordo com Macedo (2010, p. 39) a falta de planejamento de finanças adequado é a principal razão do pagamento de juros, que são decorrentes do descontrole de cartões de crédito e de cheques pré-datados. Porém, destacam-se os acadêmicos que não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito, pois evitam pagar juros altos.
A quarta questão se refere ao comportamento dos acadêmicos com as compras e dos respondentes, 36% afirmam que compram somente quando tem necessidade, 24% costumam gastar a mesma quantia que planejou e 23% costumam comprar o produto que está na promoção. Esse tipo de comportamento financeiro demonstra que o indivíduo possui hábitos que poderão ajudá-lo a atender suas necessidades e alcançar seus objetivos. Logo, aqueles que costumam ter esse comportamento terão mais facilidade em seguir com seu planejamento financeiro. Apenas 9% dos alunos responderam que fazem compras de produtos que não precisam ou que já têm e 3% afirmam que costumam comprar coisas ou contratar serviços sem ter condições de arcar com eles financeiramente. Alguns alunos assinalaram duas alternativas e a maioria deles (11%) afirma que compram somente quando tem necessidade e costumam comprar quando o produto está na promoção. Dos alunos que assinalaram três alternativas 8% costumam gastar a mesma quantia que planejou, compram somente quando tem necessidade e costumam comprar quando o produto está na promoção.

4.3 Controle e registro

Neste tópico serão analisados os aspectos relacionados ao controle e registro dos acadêmicos, podendo evidenciar o conhecimento dos acadêmicos acerca dos temas tratados e de que forma os alunos utilizam as ferramentas contábeis. Por intermédio da primeira questão investigou-se a forma como os alunos costumam controlar seus gastos. Os acadêmicos que costumam fazer anotações do que recebem e do que gastam representam a maioria dos respondentes (48%). Os que utilizam planilhas ou demonstrações contábeis representam 34% dos respondentes e 15% dizem que controlam seus gastos por meio de faturas e notas fiscais. Dessa forma, percebe-se que os alunos do Centro Universitário Municipal de São José utilizam algumas ferramentas contábeis ou outros métodos para avaliar seus gastos. Alguns alunos costumam controlá-los de duas formas: anotam o que recebem e o que gastam e utilizam planilhas ou demonstrações contábeis (7%). Outros alunos preferem controlá-los por meio de anotações, faturas, notas fiscais e planilhas ou demonstrações contábeis (4%). Porém 18% dos alunos afirmam que não costumam registrar seus gastos, podendo acarretar no descontrole financeiro.
Buscou-se identificar na segunda questão a forma como os acadêmicos costumam fazer seu planejamento financeiro e constatou-se que a maioria dos acadêmicos (43%) afirmam que realizam o planejamento financeiro considerando as receitas, despesas e ainda provisionam as sobras. Dos respondentes, 31% consideram apenas suas receitas e despesas e 14% consideram apenas as despesas. Percebe-se que a maioria dos alunos procura fazer um planejamento financeiro, que, segundo Frankenberg (1999, p. 31), significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa ou família. Logo, aqueles que utilizam um planejamento financeiro possivelmente terão mais chances de alcançar seus objetivos pessoais. Aumentam as chances quando o indivíduo começa a investir as sobras que foram provisionadas. Somente 12% dos alunos responderam que não costumam fazer seu planejamento financeiro.
Na terceira questão buscou-se verificar quais ferramentas financeiras os acadêmicos utilizam e constatou-se que 40% dos acadêmicos não utilizam nenhuma das ferramentas citadas na pesquisa, conforme gráfico:

 

De acordo com os respondentes, 33% utilizam o orçamento familiar e 24% utilizam o fluxo de caixa para auxiliar na gestão de suas finanças pessoais. O orçamento familiar costuma abranger as receitas e despesas dos membros da família e o fluxo de caixa registra os recebimentos e pagamentos ocorridos em determinado período. Apenas 3% dos alunos utilizam outras demonstrações como balanço patrimonial ou demonstração do resultado do exercício. O balanço patrimonial compreende quantitativamente os bens que geram renda, os bens que não geram renda, as dívidas e o que realmente o indivíduo tem de fato e a DRE evidencia no final de cada mês o lucro ou prejuízo, confrontando receitas e despesas. Alguns acadêmicos afirmam que utilizam duas ferramentas como o fluxo de caixa e o orçamento familiar (5%); outros afirmam que além dessas duas utilizam o balanço patrimonial ou a demonstração do resultado do exercício (1%). Ao comparar os resultados obtidos, percebe-se que 60% dos respondentes utilizam as ferramentas contábeis citadas na pesquisa e apenas 40% dos alunos não costumam utilizá-las.
Com o intuito de identificar com que frequência os acadêmicos utilizam essas demonstrações, 43% dos acadêmicos afirmam que utilizam mensalmente as ferramentas financeiras e 17% dizem que utilizam diariamente. Cerca de 27% dizem que nunca utilizaram, mas gostariam de utilizá-las; 8% dos alunos já utilizaram e apenas 5% afirmam que nunca utilizaram e não tem interesse em utilizar essas ferramentas financeiras para registrar suas receitas e seus gastos. Percebe-se que ao utilizar as ferramentas diariamente ou mensalmente o aluno possui a real dimensão de sua saúde financeira e quais são seus hábitos de consumo, segundo Macedo (2010, p. 34). Destaca-se também o interesse dos alunos em utilizar essas ferramentas, pois entendem que elas podem auxiliar no controle e na percepção de suas finanças.
A última questão busca investigar a forma como os acadêmicos utilizam os registros de compras e despesas, sejam por meio de ferramentas financeiras ou por meio de anotações ou planilhas. Segundo os respondentes, 50% costumam analisar o orçamento para saber onde está sendo gasto o dinheiro e para controlar e planejar melhor suas despesas futuras e 16% não costumam planejar as despesas futuras, porém analisam o orçamento e costumam controlá-lo. Alguns acadêmicos (22%) costumam anotar no início do mês suas despesas, sem realizar nenhum controle ao logo do mês e outros (13%) não têm o hábito de fazer nenhum tipo de controle dos seus gastos.

4.4 Investimentos

As próximas perguntas foram realizadas com a intenção de investigar se os acadêmicos dos cursos do USJ possuem investimentos, de que forma costumam investir e se aplicariam seus recursos em investimentos.
 Verificou-se na primeira questão que 59% dos acadêmicos não possuem nenhum tipo de investimento contra 41% que possuem. Nota-se que a maioria dos alunos não costuma investir, porém para obter outras fontes de renda é preciso desenvolver o hábito de poupar e de investir. De acordo com a resposta, o respondente era direcionado a uma pergunta diferente. Para aqueles que possuem investimentos foi realizado a seguinte pergunta:

 

Percebe-se que entre os acadêmicos, a caderneta de poupança (47%) é a mais tradicional forma de investimento. Por ser um instrumento simples e seguro faz com que esta aplicação seja a mais procurada. Em segundo lugar vem os imóveis (25%) como fonte de investimento dos acadêmicos. Por se sentirem mais seguras tendo um imóvel, algumas pessoas preferem investir no mercado imobiliário. Nesse ramo é preciso ser flexível e estar preparado para as oportunidades estabelecidas no mercado. Alguns acadêmicos possuem dois tipos de investimento, sendo os mais assinalados: poupança e imóveis (9%) e poupança e previdência (6%). Investir em previdência privada é a forma de garantir uma renda na aposentadoria, portanto é um investimento de longo prazo. Outros possuem três tipos de investimento (14%), sendo os principais: poupança, imóveis e previdência (3%), poupança, negócio próprio e imóveis (2%) e poupança, negócio próprio e previdência (2%). Ao adquirir um negócio próprio é necessário investir em algo que o indivíduo se identifique e que seja rentável. No entanto, uma empresa requer principalmente dedicação integral e análise de mercado. Destaca-se que a maioria dos respondentes costuma investir sua renda em poupança ou possuem duas formas de investimento. Segundo Macedo (2010, p. 88) é recomendável acompanhar o desempenho dos ativos e estar bem informado sobre os assuntos de economia e política que possam afetar seu investimento. Portanto, devem estar atendo as influências que seu investimento pode sofrer e procurar a melhor opção para ele.
Para aqueles entrevistados que afirmam não possuir nenhum tipo de investimento, destaca-se que 76% dos respondentes não possuem fundos suficientes para fazer investimentos. Normalmente, as pessoas não costumam possuir fundos, porque consomem todo seu rendimento com despesas correntes e não possuem ativos que geram renda (MACEDO, 2010, p 42). Consequentemente, não desenvolvem o hábito de poupar e costumam adquirir ativos que geram novas despesas. No entanto, o planejamento financeiro pode contribuir para que o indivíduo consiga cortar gastos e desperdícios e desenvolver o hábito de poupar. Do restante, 13% tem receio de fazer qualquer tipo de investimento e 7% desconhecem o assunto. Conforme afirma Macedo (2010, p. 82), “normalmente surge alguma insegurança sempre que alguém pensa em começar a investir e isso acontece pela falta de conhecimento em relação ao assunto”. Os 3% deram outros motivos como: “analisando as opções”, “aguardando uma boa oportunidade para investir” e “pretendo fazer em um futuro próximo”.
Caso os acadêmicos fossem aplicar sua renda em algum investimento, a maioria deles (48%) investiria menos de 25%. Verifica-se que o perfil de risco de 48% dos acadêmicos é classificado como "o poupador", segundo Frankenberg (1999, p. 89), pois são mais conservadores e procuram não gastar tudo o que ganham e, segundo Gallagher (2008, p. 15) esse perfil é classificado como "conservador", pois são aqueles que não gostam de correr riscos, dando a preferência à preservação do capital. Entre o restante dos acadêmicos, 42% estariam dispostos a investir entre 25% a 50% do total de seus recursos e esse perfil é classificado como "o investidor", por Frankenberg (1999, p. 89), pois necessitam de um rendimento maior que o da poupança e como "moderado", por Gallagher (2008, p. 15), pois aceitam correr algum risco. Apenas 3% investiram mais da metade dos seus rendimentos sendo, conforme Frankenberg (1999, p.89), um perfil de “o jogador”, pois preferem investimentos de maior risco e “agressivo”, conforme Gallagher (2008, p. 15), pois acreditam que o risco é importante para se ter um retorno acima da média. Dos respondentes, apenas 6% não aplicariam seus recursos em investimentos.
Em relação a estimativa de permanência do investimento a maioria dos acadêmicos (46%) estaria disposta a aguardar o retorno do seu investimento de um ano até três anos. Logo, estariam dispostos a correr algum risco e aguardariam um prazo maior para recuperar seu investimento. Entre os respondentes, 22% esperariam de três a seis anos e 18% esperariam por um prazo superior a dez anos. Esses alunos estão dispostos a assegurar seu investimento por um longo prazo, tendo a probabilidade de ganhos elevados. Apenas 9% dos respondentes não esperariam menos de um ano e 6% não pretendem investir.
O principal objetivo do investimento de 74% dos alunos seria para utilizá-lo na compra de um carro, de uma casa própria, faculdade do filho ou viagem. Dos respondentes, 14% preferem investir com o objetivo de preservar o patrimônio sem arriscar; 8% arriscariam um pouco da sua renda para obter uma rentabilidade maior do que proporcionadas pelos investimentos mais tradições e 2% arriscariam de forma a obter um substancial ganho de capital, aceitando prejuízos na mesma proporção. Segundo Macedo (2010, p. 46) os objetivos devem ser: atingíveis, específicos, mensuráveis, previsíveis e priorizados. Além disso, precisam estar de acordo com os valores pessoais, proporcionar melhoria na qualidade de vida e permitir obter tranquilidade financeira.

 

5 CONCLUSÃO

A contabilidade e suas ferramentas podem ser úteis para a organização, controle, planejamento, poupança e investimento das finanças pessoais. O indivíduo que detém de uma boa educação financeira possui a capacidade de gerenciar suas finanças e tomar decisões essenciais quanto ao uso de seu patrimônio. Ao realizar um planejamento financeiro, o indivíduo mudará seu comportamento financeiro e estará mais perto de alcançar seus objetivos pessoais. Logo, se percebe que o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar no gerenciamento eficaz de suas finanças e na realização de convicções pessoais.
Dessa forma, no presente trabalho buscou-se analisar a aplicação dos conhecimentos contábeis na vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro Universitário Municipal de São José. O objetivo geral proposto foi alcançado por meio da aplicação de um questionário com 216 alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências da Religião e Pedagogia. Cabe lembrar que a pesquisa limitou-se a fazer considerações aos respondentes, porém serve como instrumento para medir o conhecimento e comportamento dos alunos perante aos fatores abordados.
Por meio da pesquisa, os resultados demonstraram que os alunos utilizam as ferramentas financeiras para controlar e registrar suas receitas e despesas e utilizam os conhecimentos contábeis para analisar mensalmente o orçamento de forma eficiente. Em relação aos objetivos específicos atendidos foi possível investigar o comportamento financeiro dos acadêmicos. Com os resultados obtidos verificou-se que os alunos costumam gastar menos do que recebem, utilizam o cartão de crédito ou limite do cheque especial para ter acesso ao crédito, comprometem mais da metade de sua renda com obrigações, podendo ser alvos de elevados endividamentos e não possuem nenhum tipo de investimento, sendo o principal motivo relatados por eles a falta de recursos. Por meio da fundamentação teórica, foi possível evidenciar a utilidade das demonstrações contábeis aplicadas às finanças pessoais. Buscou-se também identificar a importância da contabilidade para a gestão das finanças pessoais, sendo a melhor forma de mudar o comportamento financeiro dos indivíduos e auxiliá-los por meio de suas ferramentas, controle e planejamento para o alcance de seus objetivos e metas pessoais.
Torna-se possível relatar que os alunos possuem um entendimento mínimo sobre os temas relacionados às finanças pessoais e procuram utilizá-lo na organização de suas finanças. Porém, em relação ao comportamento financeiro, os alunos procuram gastar seus rendimentos com despesas correntes e dificilmente conseguem poupar e, por esse fato, não costumam investir. Dessa forma, percebe-se que a contabilidade tem importante papel na contribuição para satisfação pessoal, uma vez que pode proporcionar ao indivíduo o alcance de seus objetivos pessoais por meio do planejamento financeiro e do uso de ferramentas contábeis.
Por fim, sugere-se para trabalhos futuros, o cruzamento de informações entre os cursos ou entre os períodos, podendo aumentar o número da amostra. Adicionalmente, pode-se aprofundar a pesquisa em apenas um dos itens tratados neste trabalho, como o planejamento financeiro, o investimento ou a educação financeira.

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*Bacharel em Ciências Contábeis – Centro Universitário Municipal de São José (USJ)

** Bacharel em Ciências Contábeis (UFSC). Especialista em Finanças para Executivos (UFSC). Mestre em Ciências Contábeis (UFSC) e Doutor em Administração (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ).

*** Bacharel em Ciências Econômicas (UFSC), Bacharel Direito (UNIVALI). Especialista em Direito Ambiental e Urbanístico (Anhanguera-UNIDERP), Mestre em Administração (UFSC) e Doutor em Geografia (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ)

****Bacharel em Contabilidade (UFSC), Bacharel em Administração (UNISUL) Especialista em Planejamento Tributário (FEPESE/UFSC), Especialista em Engenharia de Produção (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ).


Recibido: 03/05/2016 Aceptado: 18/05/2016 Publicado: Mayo de 2016

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