Denise De Souza Ottani*
Fernando Nitz De Carvalho**
Édson Telê Campos***
Adriano Sérgio Da Cunha****
Centro Universitário Municipal de São José
adrianosergiodacunha@hotmail.com
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Resumo: A contabilidade e suas ferramentas possuem um papel fundamental para a organização das finanças pessoais, pois auxiliam no seu gerenciamento e na realização de projetos individuais. O presente estudo tem como objetivo analisar a aplicação dos conhecimentos contábeis na vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro Universitário Municipal de São José. O trabalho consiste em uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagens qualitativa e quantitativa, contendo como procedimento técnico o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica. Para a coleta dos dados foi aplicado um questionário eletrônico onde 216 alunos, dos cursos de administração, ciências da religião, ciências contábeis e pedagogia responderam. Os resultados demonstraram que os alunos utilizam as ferramentas financeiras para controlar e registrar suas receitas e despesas e utilizam os conhecimentos contábeis para analisar mensalmente o orçamento de forma eficiente. Porém, verificou-se que os alunos costumam comprometer mais da metade de sua renda com obrigações e não possuem nenhum tipo de investimento. Considera-se que há um certo entendimento sobre os temas abordados e tais temas são utilizados na organização das finanças dos estudantes.
Palavras chaves: Contabilidade, Finanças pessoais, Ferramentas financeiras.
APPLIED ACCOUNTING FOR PERSONAL FINANCES: A case study with students from the Municipal University Center of São José
Abstract: Accounting and its tools have an essential role in the organization of personal finances because they assist in its management and in the achievement of individual projects. This study aims to analyze the application of accounting knowledge in the financial life of the students of the courses of the Municipal University Center of São José. This study consists of a descriptive and exploratory research, with qualitative and quantitative approaches, having as technical procedure the case study and the bibliographic research. To collect the data it was applied an electronic questionnaire in which 216 students of the following courses responded: management, religious studies, accounting sciences and pedagogy. The results indicated that students use financial tools to control and register their income and expenses and they use accounting knowledge to monthly analyze their budget in an efficient way. However, it was found that students often waste more than half of their income on obligations and that they have no type of investment. It is considered that there is a certain understanding about the addressed topics and this knowledge is used in the organization of the personal finances of the students.
Keywords: Accounting. Personal finances. Financial tools.
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Denise De Souza Ottani, Fernando Nitz De Carvalho, Édson Telê Campos y Adriano Sérgio Da Cunha (2016): “Contabilidade aplicada às finanças pessoais: Um estudo de caso com os acadêmicos do Centro Universitário Municipal de São José”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (mayo 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/contabilidade.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-contabilidade
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, os anos 80 são chamados de “década perdida” no que se  refere ao desenvolvimento econômico. Neste período a inflação cresceu sem  parar, resultando na recessão da economia e nos desempregos (LEITÃO, 2011 p.  18). Ainda segundo a autora, depois de três planos fracassados, tais como o  Plano Verão, Plano Bresser e Plano Cruzado, a inflação ganhou ainda mais força.  Diante desse cenário, a população brasileira teve dificuldades em manter um  planejamento financeiro e controle de suas finanças. 
   Em 1994, por meio da introdução do Plano Real, o Brasil obteve como  resultado o controle bem sucedido da inflação, conforme afirma Herran (2005, p.  19). Ainda segundo Herran, a renda média per capita aumentou em quase 25% e  cerca de 10 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza, enquanto seis  milhões superaram a pobreza extrema. Apesar do processo significativo no  controle inflacionário e na redução da pobreza os brasileiros não conseguiram  desenvolver o hábito de poupança.
   Nos dias atuais surge a necessidade de desenvolver e aplicar os  conhecimentos e técnicas contábeis nas finanças pessoais. O cenário atual  aponta que existem indivíduos que possuem dificuldades em controlar suas  finanças, ocasionando problemas na administração e planejamento de sua vida  financeira. Normalmente, uma das causas para estes problemas reside na falta de  conhecimento em finanças pessoais. Porém, alguns indivíduos, que possuem noções  ou conhecimentos nas áreas relacionadas, não conseguem aplicá-las em seu  cotidiano por questões comportamentais. 
   Conforme Dannenberg (apud MACEDO 2010, p. 1) afirma-se que “[...] não somos disciplinados em relação ao  nosso dinheiro, não aprendemos a lidar com ele em nossa educação e nem sempre  temos a oportunidade de aprimorar nossos conhecimentos”. Logo, não se tem o  hábito de cultivar e garantir uma vida financeira tranquila e saudável. 
   Dessa forma, o planejamento financeiro torna-se necessário, pois ele,  segundo Macedo (2010, p.26), “é o processo de gerenciar seu dinheiro com o  objetivo de atingir a satisfação pessoal”. Controlar e planejar as finanças  significa garantir tranquilidade financeira e alcançar os objetivos de vida de  cada indivíduo. Sendo assim, as finanças pessoais caracterizam-se conforme o  seguinte conceito:
  É a ciência que estuda a aplicação de conceitos  financeiros nas decisões financeiras de uma pessoa ou família. Em finanças  pessoais são considerados os eventos financeiros de cada indivíduo, bem como  sua fase de vida para auxiliar no planejamento financeiro. (CHEROBIM, 2011, p.  1 apud SANTOS, 2012, p. 21).
   Adicionalmente, observa-se a importância que as finanças pessoais  abrangem, pois são capazes de influenciar diretamente a qualidade de vida, e  com esta ferramenta o indivíduo poderá alcançar seus objetivos financeiros.
   Diante do exposto, o estudo e a compreensão destes temas se fazem  necessários para que qualquer pessoa possa utilizá-los em suas finanças  pessoais, proporcionando mudanças de hábitos e resultados positivos em sua vida  financeira. 
   O Centro Universitário Municipal de São José, criado em 2005, oferece  cursos de graduação nas áreas de ciências humanas e ciências sociais,  contribuindo com a formação acadêmica dos jovens.
   A partir destes aspectos, surgiu o interesse e a necessidade de estudar o  tema no Centro Universitário Municipal de São José, a fim de esclarecer a  importância do tema abordado, saber se os acadêmicos possuem algum conhecimento  sobre o assunto, se utilizam em suas finanças pessoais e demonstrar métodos  práticos para adaptação de qualquer indivíduo.
2 METODOLOGIA
O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa aplicada, pois  objetiva gerar conhecimentos para aplicação na prática dirigidos a solução de  problemas específicos. Appolinário (2004, p. 152 apud VILAÇA, 2000, p. 65) salienta que pesquisas aplicadas têm o  objetivo de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”, por  exemplo.
   Em relação à forma de sua abordagem o estudo apresentou duas abordagens:  quantitativa e qualitativa. Para Rodrigues (2007, p. 5) a pesquisa quantitativa  traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e  analisadas, além de utilizar-se de técnicas estatísticas. Gerhardt e Silveira  (2009, p. 31) afirmam que a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da  realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e  explicação da dinâmica das relações sociais. As autoras ainda afirmam que o  cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. As análises  dos dados conforme percepções e conhecimento do pesquisador podem ser  caracterizados como qualitativos.
   Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classificada como descritiva,  pois visou descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade,  apresentando um levantamento geral realizado mediante questionário (GERHARDT;  SIVEIRA, p. 35, 2009 apud TRIVIÑOS,  1987). Por meio de uma revisão literária será possível aplicar uma pesquisa  exploratória, cujo objetivo é de proporcionar maior familiaridade ao problema.
   Dentro dos tipos de pesquisa, o estudo de caso é o que melhor se adaptou  ao problema proposto, cujo objetivo é analisar profundamente uma unidade  específica (GODOY, 1995, p. 25). Será realizada também uma revisão  bibliográfica, citada por Gerhadt e Silveira (2009, p. 66), como sendo uma exposição  das principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do  problema, levantando críticas e dúvidas, quando for o caso.
   Em suma, o presente trabalho caracterizou-se do ponto de vista da sua  natureza como uma pesquisa aplicada, com abordagens qualitativa e quantitativa,  do tipo pesquisa descritiva e exploratória, com procedimentos técnicos de  estudo de caso e pesquisa bibliográfica.
   Dessa forma, de um universo de 1.079 alunos matriculados, sendo 334 em  Administração, 90 em Análise de Desenvolvimento Tecnológico, 353 em Ciências  Contábeis, 60 em Ciências da Religião e 242 em Pedagogia, foram coletadas 216  respostas no segundo semestre de 2015.
   O questionário utilizado foi  elaborado com base nas monografias e nos artigos dos autores Braido (2014),  Santos (2012), Wohlemberg, Braum e Rojo (2011) e Gesser (2007), e com base em  um formulário para análise do perfil do investidor (API). Antes da aplicação do  questionário, para que a interpretação das questões fosse a melhor possível,  foi realizado um pré-teste entre 10 (dez) acadêmicos e se efetuou algumas  alterações com base nas sugestões propostas.
   A análise dos dados consiste em categorizar os resultados obtidos durante  o processo de aplicação da pesquisa, com o objetivo de compará-los e  interpretá-los para que possibilite o fornecimento das respostas ao problema  proposto. De acordo com Teixeira (2003, p. 191), a análise de dados é o  processo de formação de sentido além dos dados, e esta formação se dá  consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas disseram e o que o  pesquisador viu e leu, isto é, o processo de formação de significado.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Contabilidade e finanças pessoais
Segundo Ferrari (2008, p. 1), a contabilidade estuda e pratica funções de  orientação, controle e registros com o objetivo de fornecer aos usuários  demonstrações e análises econômico-financeiras. Já Marion (2004, p. 15) afirma  que a contabilidade pode ser feita para pessoa física ou pessoa jurídica, sendo  que a pessoa física é a pessoa natural, o ser humano. Na prática, a  contabilidade é mais utilizada pelas pessoas jurídicas, mas os conceitos  básicos da contabilidade podem ser usados, em certos casos, também para pessoas  físicas.
   Tem como objeto o patrimônio da entidade e como objetivo controlar e  planejar de maneira que possa informar a situação patrimonial em determinado  momento, suas variações e a natureza das operações que o afetaram (FERRARI,  2008 p. 1). Portanto, entre as finalidades da contabilidade estão o controle e  o planejamento.
   De acordo com Ferreira (2008, p. 13), o patrimônio é o conjunto de bens,  direitos e obrigações de uma pessoa, física ou jurídica, que possam ser  avaliados em dinheiro. Os bens são as coisas que satisfazem as necessidades  humanas, ou seja, é aquilo que possui utilidade. Aqueles valores a receber ou a  recuperar de terceiros são os direitos, portanto, é aquilo que, por direito, o  indivíduo deverá receber futuramente. Logo, os bens e direitos compõem a parte  positiva do patrimônio, denominada de ativo. As obrigações são representadas  por contas a pagar ou a compensar de terceiros, compondo a parte negativa do  patrimônio. 
   Os conceitos e técnicas contábeis podem ser utilizados, segundo Oliveira  (2012): 
   Para análise, comparação e tomada de decisões  durante toda a vida financeira de uma pessoa. Permite uma organização da vida  financeira, através de análises, podendo buscar a melhor alternativa na  utilização de recursos. Possibilita a qualquer pessoa entender e relacionar  seus bens e direitos com suas obrigações, usando a contabilidade para poupar e  manter uma evolução do patrimônio.
   Além disso, torna-se importante garantir o futuro financeiro pessoal sem  contar com a sorte ou com a empresa em que se trabalha. Para isto, faz-se  necessário conciliar os conhecimentos contábeis, para que se possa quantificar,  analisar e equilibrar seus ativos, passivos e seu patrimônio líquido. Com a  utilização correta das demonstrações e realizada uma análise minuciosa, pode-se  garantir a sobrevivência financeira e, além disso, atingir metas futuras.
   As finanças pessoais estudam a aplicação de conceitos financeiros e  empresariais nas decisões financeiras de uma pessoa ou de uma família  (COMPARCIDA, 2015, p. 12). Utilizam-se, portanto, de práticas e métodos contábeis  aplicáveis ao comportamento financeiro pessoal. Ainda segundo Comparcida (2015,  p. 12), “em finanças pessoais são considerados todas as características da  família e os diversos eventos financeiros que esta atravessa, bem como a sua  fase de vida, de modo a proporcionar um planejamento financeiro adequado às  suas necessidades e prioridades”.
   Pires (2007, p. 13 apud SANTOS,  2012 p. 20) descreve que o objetivo das finanças pessoais são o “estudo e  análise das condições de financiamento das aquisições de bens e serviços que  levam à satisfação das necessidades e desejos individuais”. Sendo assim,  observa-se que o planejamento das finanças pessoais está alocado a necessidade  de satisfazer os desejos de consumo de cada indivíduo. Portanto, faz-se  necessário “estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida  para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa  ou de uma família” (FRANKENBERG, 1999, p. 31).
   Portanto, para alcançar os objetivos individuais faz-se necessário um  controle das finanças pessoais, visto que por meio do planejamento financeiro  torna-se possível compreender os recursos adquiridos e utilizados, bem como  serão investidos e gastos.
3.2 Planejamento financeiro
Devido aos fatores históricos, diversas pessoas continuam agindo como se  ainda estivessem na era da inflação constante, sem dar o devido valor ao seu  dinheiro (FRANKENBERG, 1999, p. 33). Assim, precisa-se mudar a mentalidade  desses indivíduos para que os mesmos consigam realizar um bom controle  orçamentário. Aqueles que são desorganizados com suas finanças pessoais  dificilmente terão um bom rendimento econômico, sendo alvo de elevados  endividamentos e dependendo de seu trabalho para pagar seus passivos, evitando  expor-se a riscos que possam causar a perda do salário que recebem mensalmente.  Devido a esses fatores, pode-se entender a relevância do planejamento, pois ele  possibilita assumir ao controle das finanças, escolhendo o melhor caminho.  
   O planejamento financeiro tem como objetivo estabelecer uma estratégia  para acumulação de bens e valores possibilitando a formação do patrimônio de  uma pessoa, alcançando o principal objetivo que é a tranquilidade e segurança  financeira (SILVA, 2007, p. 19).  Macedo  (2010, p. 26) define planejamento financeiro como “o processo de gerenciar seu  dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal”, permitindo alcançar  as necessidades e os objetivos no decorrer da vida. Logo, para alcançar os  objetivos propostos por cada indivíduo torna-se indispensável o uso de um bom  planejamento financeiro.
   Deve-se assegurar que o indivíduo gaste de acordo com suas  possibilidades, ou seja, gastar menos do que ganha. O problema encontra-se nos  recursos contraídos de terceiros o que deve estar devidamente controlado de  acordo com a capacidade financeira do indivíduo. 
3.3 Educação financeira
Conforme afirma Macedo (2010 apud GESSER, 2007, p. 13), a educação financeira visa fornecer o conhecimento dos  conceitos relacionados com a política monetária, mercado financeiro e a  utilização de técnicas e ferramentas contábeis e administrativas que  possibilitam as pessoas a obterem estabilidade e sucesso financeiro ao longo da  vida. Portanto, a educação financeira tem um papel fundamental para a formação  do comportamento financeiro, visto que muitos fatores externos podem  influenciar na má formação desse comportamento. Esses fatores são relatados por  Frankenberg (1999, p. 35), onde afirma que a educação recebida dos pais ou  responsáveis, as experiências financeiras e o meio em que vivemos podem  influenciar na maneira de encarar o dinheiro.
   Pode-se dizer que a educação financeira consiste no conhecimento  necessário para gerenciar corretamente as finanças pessoais e administrá-las,  ou seja, ter a capacidade de gerenciar seu ativo e passivo, tomando decisões  essenciais quanto ao uso de seu patrimônio, pensando nas consequências futuras.
   Destaca-se o valor da educação financeira, que facilita ao indivíduo  compreender e analisar os dados coletados e transformá-los em informações que  servirão para tomar decisões, de acordo com seus respectivos objetivos,  garantindo a saúde financeira e um futuro equilibrado nas finanças pessoais  (LIZOTE; SIMAS; LANA, 2012, p. 7). Para estar apto a enfrentar novas situações  deve-se reformular os princípios e dessa forma aumentar as chances de alcançar  a independência financeira, como destaca Frankenberg (1999, p. 39). Quando o  indivíduo tem estes conhecimentos e há aplicabilidade deles, a consequência  disto é uma melhor qualidade de vida, já que o indivíduo tem total controle de  seus planos e alcança por mérito seus objetivos de vida.
   Segundo Massaro (2014, p. 5), pode-se afirmar que os benefícios da  educação financeira são: “viver com menos preocupação e mais qualidade de vida;  ter autonomia em nossas decisões; poder planejar o nosso futuro e de nossa  família; e ter prazer em consumir produtos e serviços”. Logo, aqueles que são  educados financeiramente tem maior facilidade para ingerir seus próprios  recursos de forma mais eficiente, tomam decisões em um momento mais adequado,  planejam melhor a vida financeira de sua família e consomem produtos e serviços  sem ter a sensação de gastar o dinheiro que não tinham.
3.4 A importância da contabilidade em finanças pessoais
Atualmente, a maioria dos indivíduos não costuma registra seus gastos e  suas receitas e também não avaliam sua situação financeira antes de adquirir um  bem, conforme constatou uma pesquisa nacional publicada no jornal Estado de São  Paulo (2014). As consequências disso é que alguns indivíduos não conseguem  pagar suas dívidas, além de não conseguirem atingir seus objetivos pessoais. O  risco deste hábito é aumentar seu endividamento, tornando cada vez mais  limitado sair desta situação. 
   Segundo Macedo (2010, p. 39), os fatores históricos, como a falta de  educação financeira no Brasil, anos de inflação, desinformação e erros  cometidos por sucessivos governos do passado, resultaram em conceitos  financeiros errôneos, absorvidos pela população. Ainda segundo o autor,  sugere-se reformular os conceitos adquiridos para estar aptos a enfrentar novos  tempos, além de aumentar as chances de alcançar a independência financeira.  Gallagher (2008, p. 4) afirma que “em nada adianta ter dinheiro se não sabemos  desfrutá-lo”. A autora ainda explica que “enquanto há indivíduos que só sabem  guardar dinheiro, outros vivem completamente fora da realidade de suas posses,  gastando muito mais do que seu orçamento permite”. Tendo a consciência de que  usar suas finanças sem qualquer controle e conhecimento delas trarão sérios  prejuízos futuramente e, principalmente, mudar os hábitos antigos é o primeiro  passo para a implementação do planejamento financeiro pessoal.
   Contudo, o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar o indivíduo a  realizar suas convicções pessoais, visto que, por meio de um controle e  planejamento financeiro, esse indivíduo terá significativas possibilidades de  alcançá-las.
3.5 Investimentos
Os investimentos são aplicações de recursos em ativos com objetivo de  gerar algum tipo de retorno financeiro para o investidor, isto é, o  proprietário dos recursos (SILVA, 2007, p. 41). São diferentes da poupança,  pois poupar significa, segundo Gallagher (2008, p. 17), deixar de gastar para  juntar para o futuro, ou seja, ao investir são gerados novos recursos como  retorno das aplicações e ao poupar está evitando-se o seu consumo.
   Macedo (2010, p. 62) também difere os conceitos afirmando que “poupar é  guardar dinheiro, investir é fazer o dinheiro poupado render”. Logo, surgem  inseguranças ao pensar em investir, optando-se por uma aplicação mais segura,  com rentabilidade baixa em curto prazo. Porém, Kiyosaki e Lechter (2001, p.  251) afirmam que os negócios e investimentos não são arriscados, como acreditam  algumas pessoas. Para eles, “ser mal informado é arriscado e acreditar num  ‘trabalho seguro’ é o maior risco que se pode assumir”.
   Apesar de existirem diferentes formas de investimentos, a maioria das  pessoas possui algum receio em relação aos investimentos mais arrojados ou  desconhecidos, preferindo investir em fontes mais conservadoras, como a caderneta  de poupança.
4 APRESENTAÇÃO E SÍNTESE DOS RESULTADOS
4.1 Perfil dos acadêmicos
Inicialmente foram realizadas seis perguntas destinadas a conhecer as  características dos acadêmicos, tais como: gênero, idade, curso, período atual  na graduação, renda mensal individual e se possui dependentes.
   No que se refere ao gênero dos acadêmicos, cerca de 73%, são do sexo  feminino contra 27% do sexo masculino. Em relação à faixa etária tem-se o  predomínio de acadêmicos mais jovens, sendo a minoria com idade superior aos 41  anos, como se pode analisar no gráfico a seguir:
Quanto ao curso nota-se que a pesquisa obteve mais respostas dos cursos  de Ciências Contábeis (57%) e de Administração (25%). Esses cursos de graduação  são os que fornecem, em sua grade curricular, temas relacionados com as  finanças pessoais. Os acadêmicos de Pedagogia (16%) e de Ciências da Religião  (2%) possuem apenas influência do meio acadêmico em relação aos temas. Os  alunos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas não responderam o questionário.
   No que se refere ao período atual na graduação, a maioria dos  respondentes, cerca de 24%, estão no oitavo semestre de seus respectivos  cursos, como mostra o gráfico:
Os respondentes do sexto período representam 15% do total e 13% estão no  quarto, quinto e sétimo semestre mutuamente. No terceiro semestre encontram-se  11% dos acadêmicos e 12% estão no primeiro e segundo semestre reciprocamente.  Observa-se uma tendência de aumento dos respondentes com a proximidade do  término do curso.
   Quanto à renda mensal individual dos acadêmicos prevalecem aqueles que  recebem até dois salários mínimos (48%). Considerando o salário mínimo na época  da pesquisa era de R$ 788,00, percebe-se que 36% recebem até quatro salários  mínimos; 9% não possuem renda mensal individual e 7% dos respondentes recebem  mais do que dez salários mínimos.
   Dos acadêmicos participantes 83% não possuem dependentes; 13% possuem um  dependente; 3% possuem dois dependentes e 1% possui três dependentes.
4.2 Gastos e despesas
Durante a pesquisa foram realizadas perguntas relacionadas aos gastos e  despesas com o intuito de analisar o comportamento dos alunos, visto também a  possibilidade de realizar um planejamento financeiro. 
   Na primeira questão buscou-se verificar o comportamento dos alunos em  relação aos seus gastos. Constatou-se que 39% dos acadêmicos costumam gastar no  limite de suas possibilidades, correndo o risco de serem alvos de elevados  endividamentos, como acontece com pessoas que começam a possuir dividas  superiores a seus gastos. Essas pessoas, segundo Macedo (2010, p. 27), deixarão  de ter crédito e ficarão impossibilitadas de consumir. Isso poderá ocorrer com  19% dos alunos que afirmam possuir gastos acima da sua capacidade financeira.  Porém, 40% dos alunos costumam gastar menos do que recebem, sendo mais  organizados com suas finanças pessoais e somente 2% afirmam que não possuem  gastos atualmente.
   A segunda questão buscou identificar a porcentagem da renda dos alunos  que está comprometida com prestações e/ou obrigações. A maior parte dos  acadêmicos (34%) afirmam que mais da metade de sua renda está comprometida com  prestações e obrigações; 19% possuem comprometimento de quase toda a renda; e  3% buscam outras formas de cumprir com suas obrigações ou atrasam o pagamento  delas. Esse tipo de comportamento com os gastos dificultam o uso de recursos  para outros compromissos, como educação, lazer ou investimentos. Conforme  Macedo (2011, p. 39), aqueles que protelam o pagamento de suas obrigações  costumam torná-las cada vez mais caras, podendo agregar um novo tipo de despesas:  os juros. A segunda maior parte dos acadêmicos (30%) compromete sua renda entre  25% e 50% e apenas 14% dos respondentes não costumam gastar mais do que 24% de  sua renda. Apesar de não existir nenhum nível ideal de dívidas, deve-se fazer a  manutenção dos passivos, equilibrando-os entre o capital próprio e capital de  terceiros.
   A terceira questão se refere ao acesso ao crédito em que os respondentes  mais utilizam, conforme gráfico:
Observa-se que 34% responderam que não utilizam nenhum tipo de acesso ao  crédito, 36% utilizam o cartão de crédito ou o limite do cheque especial. Em  seguida, 23% dos respondentes procuram o crediário no comércio e/ou cartão de  lojas e 5% preferem o empréstimo em financeiras, empréstimo pessoal e/ou  empréstimo em bancos. Alguns acadêmicos utilizam mais de uma das alternativas,  sendo que 11% utilizam cartão de crédito e/ou limite do cheque especial e  crediário no comércio e/ou cartão de lojas. Percebe-se que as pessoas que  utilizam o crédito de terceiros estão mais propícias a pagar “mais caro”. De  acordo com Macedo (2010, p. 39) a falta de planejamento de finanças adequado é  a principal razão do pagamento de juros, que são decorrentes do descontrole de  cartões de crédito e de cheques pré-datados. Porém, destacam-se os acadêmicos  que não utilizam nenhum tipo de acesso ao crédito, pois evitam pagar juros  altos.
   A quarta questão se refere ao comportamento dos acadêmicos com as compras  e dos respondentes, 36% afirmam que compram somente quando tem necessidade, 24%  costumam gastar a mesma quantia que planejou e 23% costumam comprar o produto  que está na promoção. Esse tipo de comportamento financeiro demonstra que o  indivíduo possui hábitos que poderão ajudá-lo a atender suas necessidades e  alcançar seus objetivos. Logo, aqueles que costumam ter esse comportamento  terão mais facilidade em seguir com seu planejamento financeiro. Apenas 9% dos  alunos responderam que fazem compras de produtos que não precisam ou que já têm  e 3% afirmam que costumam comprar coisas ou contratar serviços sem ter  condições de arcar com eles financeiramente. Alguns alunos assinalaram duas  alternativas e a maioria deles (11%) afirma que compram somente quando tem  necessidade e costumam comprar quando o produto está na promoção. Dos alunos  que assinalaram três alternativas 8% costumam gastar a mesma quantia que  planejou, compram somente quando tem necessidade e costumam comprar quando o  produto está na promoção.
4.3 Controle e registro
Neste tópico serão analisados os aspectos relacionados ao controle e  registro dos acadêmicos, podendo evidenciar o conhecimento dos acadêmicos  acerca dos temas tratados e de que forma os alunos utilizam as ferramentas  contábeis. Por intermédio da primeira questão investigou-se a forma como os  alunos costumam controlar seus gastos. Os acadêmicos que costumam fazer  anotações do que recebem e do que gastam representam a maioria dos respondentes  (48%). Os que utilizam planilhas ou demonstrações contábeis representam 34% dos  respondentes e 15% dizem que controlam seus gastos por meio de faturas e notas  fiscais. Dessa forma, percebe-se que os alunos do Centro Universitário  Municipal de São José utilizam algumas ferramentas contábeis ou outros métodos  para avaliar seus gastos. Alguns alunos costumam controlá-los de duas formas:  anotam o que recebem e o que gastam e utilizam planilhas ou demonstrações  contábeis (7%). Outros alunos preferem controlá-los por meio de anotações,  faturas, notas fiscais e planilhas ou demonstrações contábeis (4%). Porém 18%  dos alunos afirmam que não costumam registrar seus gastos, podendo acarretar no  descontrole financeiro.
   Buscou-se identificar na segunda questão a forma como os acadêmicos  costumam fazer seu planejamento financeiro e constatou-se que a maioria dos  acadêmicos (43%) afirmam que realizam o planejamento financeiro considerando as  receitas, despesas e ainda provisionam as sobras. Dos respondentes, 31%  consideram apenas suas receitas e despesas e 14% consideram apenas as despesas.  Percebe-se que a maioria dos alunos procura fazer um planejamento financeiro,  que, segundo Frankenberg (1999, p. 31), significa estabelecer e seguir uma  estratégia precisa, deliberada e dirigida para acumulação de bens e valores que  irão formar o patrimônio de uma pessoa ou família. Logo, aqueles que utilizam  um planejamento financeiro possivelmente terão mais chances de alcançar seus  objetivos pessoais. Aumentam as chances quando o indivíduo começa a investir as  sobras que foram provisionadas. Somente 12% dos alunos responderam que não  costumam fazer seu planejamento financeiro.
   Na terceira questão buscou-se verificar quais ferramentas financeiras os  acadêmicos utilizam e constatou-se que 40% dos acadêmicos não utilizam nenhuma  das ferramentas citadas na pesquisa, conforme gráfico:
De acordo com os respondentes, 33% utilizam o orçamento familiar e 24%  utilizam o fluxo de caixa para auxiliar na gestão de suas finanças pessoais. O  orçamento familiar costuma abranger as receitas e despesas dos membros da  família e o fluxo de caixa registra os recebimentos e pagamentos ocorridos em  determinado período. Apenas 3% dos alunos utilizam outras demonstrações como  balanço patrimonial ou demonstração do resultado do exercício. O balanço  patrimonial compreende quantitativamente os bens que geram renda, os bens que  não geram renda, as dívidas e o que realmente o indivíduo tem de fato e a DRE  evidencia no final de cada mês o lucro ou prejuízo, confrontando receitas e  despesas. Alguns acadêmicos afirmam que utilizam duas ferramentas como o fluxo  de caixa e o orçamento familiar (5%); outros afirmam que além dessas duas  utilizam o balanço patrimonial ou a demonstração do resultado do exercício  (1%). Ao comparar os resultados obtidos, percebe-se que 60% dos respondentes  utilizam as ferramentas contábeis citadas na pesquisa e apenas 40% dos alunos  não costumam utilizá-las.
   Com o intuito de identificar com que frequência os acadêmicos utilizam  essas demonstrações, 43% dos acadêmicos afirmam que utilizam mensalmente as  ferramentas financeiras e 17% dizem que utilizam diariamente. Cerca de 27%  dizem que nunca utilizaram, mas gostariam de utilizá-las; 8% dos alunos já  utilizaram e apenas 5% afirmam que nunca utilizaram e não tem interesse em  utilizar essas ferramentas financeiras para registrar suas receitas e seus  gastos. Percebe-se que ao utilizar as ferramentas diariamente ou mensalmente o  aluno possui a real dimensão de sua saúde financeira e quais são seus hábitos  de consumo, segundo Macedo (2010, p. 34). Destaca-se também o interesse dos  alunos em utilizar essas ferramentas, pois entendem que elas podem auxiliar no  controle e na percepção de suas finanças. 
   A última questão busca investigar a forma como os acadêmicos utilizam os  registros de compras e despesas, sejam por meio de ferramentas financeiras ou  por meio de anotações ou planilhas. Segundo os respondentes, 50% costumam  analisar o orçamento para saber onde está sendo gasto o dinheiro e para  controlar e planejar melhor suas despesas futuras e 16% não costumam planejar  as despesas futuras, porém analisam o orçamento e costumam controlá-lo. Alguns  acadêmicos (22%) costumam anotar no início do mês suas despesas, sem realizar  nenhum controle ao logo do mês e outros (13%) não têm o hábito de fazer nenhum  tipo de controle dos seus gastos. 
4.4 Investimentos
As próximas perguntas foram realizadas com a intenção de investigar se os  acadêmicos dos cursos do USJ possuem investimentos, de que forma costumam  investir e se aplicariam seus recursos em investimentos.
   Verificou-se na primeira questão que  59% dos acadêmicos não possuem nenhum tipo de investimento contra 41% que  possuem. Nota-se que a maioria dos alunos não costuma investir, porém para  obter outras fontes de renda é preciso desenvolver o hábito de poupar e de  investir. De acordo com a resposta, o respondente era direcionado a uma  pergunta diferente. Para aqueles que possuem investimentos foi realizado a  seguinte pergunta:
Percebe-se que entre os acadêmicos, a caderneta de poupança (47%) é a  mais tradicional forma de investimento. Por ser um instrumento simples e seguro  faz com que esta aplicação seja a mais procurada. Em segundo lugar vem os  imóveis (25%) como fonte de investimento dos acadêmicos. Por se sentirem mais  seguras tendo um imóvel, algumas pessoas preferem investir no mercado  imobiliário. Nesse ramo é preciso ser flexível e estar preparado para as  oportunidades estabelecidas no mercado. Alguns acadêmicos possuem dois tipos de  investimento, sendo os mais assinalados: poupança e imóveis (9%) e poupança e  previdência (6%). Investir em previdência privada é a forma de garantir uma  renda na aposentadoria, portanto é um investimento de longo prazo. Outros  possuem três tipos de investimento (14%), sendo os principais: poupança,  imóveis e previdência (3%), poupança, negócio próprio e imóveis (2%) e  poupança, negócio próprio e previdência (2%). Ao adquirir um negócio próprio é  necessário investir em algo que o indivíduo se identifique e que seja rentável.  No entanto, uma empresa requer principalmente dedicação integral e análise de  mercado. Destaca-se que a maioria dos respondentes costuma investir sua renda  em poupança ou possuem duas formas de investimento. Segundo Macedo (2010, p.  88) é recomendável acompanhar o desempenho dos ativos e estar bem informado  sobre os assuntos de economia e política que possam afetar seu investimento.  Portanto, devem estar atendo as influências que seu investimento pode sofrer e  procurar a melhor opção para ele.
   Para aqueles entrevistados que afirmam não possuir nenhum tipo de  investimento, destaca-se que 76% dos respondentes não possuem fundos  suficientes para fazer investimentos. Normalmente, as pessoas não costumam  possuir fundos, porque consomem todo seu rendimento com despesas correntes e  não possuem ativos que geram renda (MACEDO, 2010, p 42). Consequentemente, não  desenvolvem o hábito de poupar e costumam adquirir ativos que geram novas  despesas. No entanto, o planejamento financeiro pode contribuir para que o  indivíduo consiga cortar gastos e desperdícios e desenvolver o hábito de  poupar. Do restante, 13% tem receio de fazer qualquer tipo de investimento e 7%  desconhecem o assunto. Conforme afirma Macedo (2010, p. 82), “normalmente surge  alguma insegurança sempre que alguém pensa em começar a investir e isso  acontece pela falta de conhecimento em relação ao assunto”. Os 3% deram outros  motivos como: “analisando as opções”, “aguardando uma boa oportunidade para  investir” e “pretendo fazer em um futuro próximo”.
   Caso os acadêmicos fossem aplicar sua renda em algum investimento, a  maioria deles (48%) investiria menos de 25%. Verifica-se que o perfil de risco  de 48% dos acadêmicos é classificado como "o poupador", segundo  Frankenberg (1999, p. 89), pois são mais conservadores e procuram não gastar  tudo o que ganham e, segundo Gallagher (2008, p. 15) esse perfil é classificado  como "conservador", pois são aqueles que não gostam de correr riscos,  dando a preferência à preservação do capital. Entre o restante dos acadêmicos,  42% estariam dispostos a investir entre 25% a 50% do total de seus recursos e  esse perfil é classificado como "o investidor", por Frankenberg  (1999, p. 89), pois necessitam de um rendimento maior que o da poupança e como  "moderado", por Gallagher (2008, p. 15), pois aceitam correr algum  risco. Apenas 3% investiram mais da metade dos seus rendimentos sendo, conforme  Frankenberg (1999, p.89), um perfil de “o jogador”, pois preferem investimentos  de maior risco e “agressivo”, conforme Gallagher (2008, p. 15), pois acreditam  que o risco é importante para se ter um retorno acima da média. Dos  respondentes, apenas 6% não aplicariam seus recursos em investimentos.
   Em relação a estimativa de permanência do investimento a maioria dos  acadêmicos (46%) estaria disposta a aguardar o retorno do seu investimento de  um ano até três anos. Logo, estariam dispostos a correr algum risco e  aguardariam um prazo maior para recuperar seu investimento. Entre os  respondentes, 22% esperariam de três a seis anos e 18% esperariam por um prazo  superior a dez anos. Esses alunos estão dispostos a assegurar seu investimento  por um longo prazo, tendo a probabilidade de ganhos elevados. Apenas 9% dos  respondentes não esperariam menos de um ano e 6% não pretendem investir.
   O principal objetivo do investimento de 74% dos alunos seria para utilizá-lo  na compra de um carro, de uma casa própria, faculdade do filho ou viagem. Dos  respondentes, 14% preferem investir com o objetivo de preservar o patrimônio  sem arriscar; 8% arriscariam um pouco da sua renda para obter uma rentabilidade  maior do que proporcionadas pelos investimentos mais tradições e 2% arriscariam  de forma a obter um substancial ganho de capital, aceitando prejuízos na mesma  proporção. Segundo Macedo (2010, p. 46) os objetivos devem ser: atingíveis,  específicos, mensuráveis, previsíveis e priorizados. Além disso, precisam estar  de acordo com os valores pessoais, proporcionar melhoria na qualidade de vida e  permitir obter tranquilidade financeira.
5 CONCLUSÃO
A contabilidade e suas ferramentas podem ser úteis para a organização,  controle, planejamento, poupança e investimento das finanças pessoais. O  indivíduo que detém de uma boa educação financeira possui a capacidade de  gerenciar suas finanças e tomar decisões essenciais quanto ao uso de seu  patrimônio. Ao realizar um planejamento financeiro, o indivíduo mudará seu  comportamento financeiro e estará mais perto de alcançar seus objetivos  pessoais. Logo, se percebe que o uso das ferramentas contábeis pode auxiliar no  gerenciamento eficaz de suas finanças e na realização de convicções pessoais.
   Dessa forma, no presente trabalho buscou-se analisar a aplicação dos  conhecimentos contábeis na vida financeira dos acadêmicos dos cursos do Centro  Universitário Municipal de São José. O objetivo geral proposto foi alcançado  por meio da aplicação de um questionário com 216 alunos dos cursos de  Administração, Ciências Contábeis, Ciências da Religião e Pedagogia. Cabe lembrar  que a pesquisa limitou-se a fazer considerações aos respondentes, porém serve  como instrumento para medir o conhecimento e comportamento dos alunos perante  aos fatores abordados.
   Por meio da pesquisa, os resultados demonstraram que os alunos utilizam  as ferramentas financeiras para controlar e registrar suas receitas e despesas  e utilizam os conhecimentos contábeis para analisar mensalmente o orçamento de  forma eficiente. Em relação aos objetivos específicos atendidos foi possível  investigar o comportamento financeiro dos acadêmicos. Com os resultados obtidos  verificou-se que os alunos costumam gastar menos do que recebem, utilizam o  cartão de crédito ou limite do cheque especial para ter acesso ao crédito, comprometem  mais da metade de sua renda com obrigações, podendo ser alvos de elevados  endividamentos e não possuem nenhum tipo de investimento, sendo o principal  motivo relatados por eles a falta de recursos. Por meio da fundamentação  teórica, foi possível evidenciar a utilidade das demonstrações contábeis  aplicadas às finanças pessoais. Buscou-se também identificar a importância da  contabilidade para a gestão das finanças pessoais, sendo a melhor forma de  mudar o comportamento financeiro dos indivíduos e auxiliá-los por meio de suas  ferramentas, controle e planejamento para o alcance de seus objetivos e metas  pessoais.
   Torna-se possível relatar que os alunos possuem um entendimento mínimo  sobre os temas relacionados às finanças pessoais e procuram utilizá-lo na  organização de suas finanças. Porém, em relação ao comportamento financeiro, os  alunos procuram gastar seus rendimentos com despesas correntes e dificilmente  conseguem poupar e, por esse fato, não costumam investir. Dessa forma,  percebe-se que a contabilidade tem importante papel na contribuição para  satisfação pessoal, uma vez que pode proporcionar ao indivíduo o alcance de  seus objetivos pessoais por meio do planejamento financeiro e do uso de  ferramentas contábeis.
   Por fim, sugere-se para trabalhos futuros, o cruzamento de informações  entre os cursos ou entre os períodos, podendo aumentar o número da amostra.  Adicionalmente, pode-se aprofundar a pesquisa em apenas um dos itens tratados  neste trabalho, como o planejamento financeiro, o investimento ou a educação  financeira.
REFERÊNCIAS
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*Bacharel em Ciências Contábeis – Centro Universitário Municipal de São José (USJ)
** Bacharel em Ciências Contábeis (UFSC). Especialista em Finanças para Executivos (UFSC). Mestre em Ciências Contábeis (UFSC) e Doutor em Administração (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ).
*** Bacharel em Ciências Econômicas (UFSC), Bacharel Direito (UNIVALI). Especialista em Direito Ambiental e Urbanístico (Anhanguera-UNIDERP), Mestre em Administração (UFSC) e Doutor em Geografia (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ)
****Bacharel em Contabilidade (UFSC), Bacharel em Administração (UNISUL) Especialista em Planejamento Tributário (FEPESE/UFSC), Especialista em Engenharia de Produção (UFSC). Professor do Centro Universitário Municipal de São José (USJ).
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