Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


CADEIA PRODUTIVA DO CARANGUEJO-UÇÁ: O CASO DOS ATRAVESSADORES DO MUNICÍPIO DE QUATIPURU

Autores e infomación del artículo

Patrick Heleno dos Santos Passos

Suezilde da Conceição Amaral Ribeiro

Instituto Federal do Pará, Brasil

ckpassos@hotmail.com

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RESUMO
O presente estudo visa caracterizar socioeconomicamente o ator social comerciante, conhecido popularmente como “atravessador” que atua no cotidiano da cadeia produtiva do caranguejo e assim visa detalhar o perfil a partir do gênero, idade, escolaridade, tempo de atividade na cadeia produtiva e por fim a renda auferida.

Palavras-chave: Cadeia Produtiva do caranguejo, Atravessadores, Quatipuru-Pará

ABSTRACT
This study aims to characterize socioeconomically social actor dealer , popularly known as " middleman " who acts in everyday productive crab chain and thus aims to detail the profile from the gender , age, education , uptime in the production chain and finally the income earned .

Keywords: Supply Chain crab , middlemen , Quatipuru Pará



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Patrick Heleno dos Santos Passos y Suezilde da Conceição Amaral Ribeiro (2015): “Cadeia produtiva do caranguejo-uçá: o caso dos atravessadores do município de Quatipuru”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (diciembre 2015). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/15/caranguejo.html


Introdução

O Estado do Pará é o segundo membro da federação em extensão territorial com uma área de 1.247.955 km². Esta situado ao leste da região Norte do Brasil, e faz parte da Amazônia Legal,. Possui 7.581.051 habitantes (IBGE, 2010), sendo 31,5 % da região rural e 68,5 % da urbana, dentre os quais se destaca a região metropolitana da capital, Belém, no estuário amazônico com cerca de 1,5 milhões de habitantes (IBGE, 2011). O Estado do Pará possui 144 municípios, dentre os quais 28 podem ser considerados como parte do litoral. Isaac et al. (2013). Sobre estes e o adensamento populacional Aproximadamente, 40% da população total do estado (8% no setor atlântico e o 32% na Região Metropolitana de Belém) habitam estes setores da zona costeira do Pará Segundo Szlafsztein (2009). O município de Quatipuru, localizado na região nordeste do Pará, possui sua economia alicerçada na prestação de serviço e na atividade econômica da pesca, possui grande número de pessoas ligadas à pesca artesanal do caranguejo que Segundo Passos (2013) semanalmente é extraída mais de 88 mil animais do ecossistema manguezal, produção que corrobora para a diversidade de atores sociais descritos na cadeia produtiva do caranguejo-uçá (U. Cordatus).

2. METODOLOGIA                          
A pesquisa é básica, o objetivo desta é ser descritiva sobre as características socioeconômicas dos comerciantes, ou seja, os “atravessadores” presentes na cadeia produtiva do Caranguejo-Uçá (Ucides Cordatus) do município de Quatipuru.O procedimento para coleta dos dados desenvolveu-se através de pesquisa de campo no período entre abril a Dezembro de 2012, sendo confeccionado questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas sobre a realidade socioeconômica e produtiva a fim de compreender o que diferencia este sujeito social dos demais presentes nesta cadeia produtiva.
O público alvo é formado por atravessadores que residam no município de Quatipuru e que tenham sua fonte de renda baseada na comercialização do crustáceo.
O trabalho de campo foi desenvolvido com os atores sociais anteriormente descritos em Quatipuru na sede do município, sendo estes moradores de 6 bairros. O município Possui população estimada em 12.411 habitantes. Sua principal renda provém da pesca artesanal e possui forte ligação econômica com a cadeia produtiva do caranguejo-uçá, sabendo dessa realidade foi realizado levantamento prévio para mapear o quantitativo de atores envolvidos na comercialização direta do caranguejo para Belém e outras cidades da região metropolitana da capital paraense, chegando ao quantitativo de 20 “atravessadores”, sendo que 13 residem no lócus da pesquisa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES             
            Analisando os dados socioeconômicos dos atravessadores entrevistados no município de Quatipuru, correspondem ao universo de 13 entrevistados, depreende-se que o grupo seleto composto por comerciantes de caranguejo, é formado em sua maioria por pessoas do gênero masculino correspondente a 11 entrevistados, sendo equivalente a 85% do universo e duas entrevistadas do gênero feminino, sendo equivalente a 15% do universo. Pertinente destacar que a idade média é de 50 anos. Esses iniciam na atividade com no mínimo 31 anos.
            Sobre a escolaridade um entrevistado afirmou ser analfabeto; Ainda, 61,5% dos atravessadores cursaram até o nível fundamental e nenhum concluiu essa etapa escolar, sendo que apenas um entrevistado chegou a 7º série. Sobre o nível médio apenas 28,8 afirmam ter cursado essa etapa e apenas um entrevistado concluiu.
            Sobre habitação, 69% afirmaram ter casa própria e que é consequência direta do trabalho na cadeia produtiva do caranguejo. Sobre o lapso de tempo que labutam na cadeia produtiva esses atuaram em outras áreas da cadeia como extrativista, coletor do animal no ecossistema manguezal e também como catadores no beneficiamento da carne do animal para comercialização e na fase atual como atravessadores, labutam em média 9 (nove) anos.
Os atravessadores entrevistados laboram em média 3 (três) dias, compram a produção diária dos pescadores artesanais de caranguejo ao valor de R$ 40,00 reais cada centena do crustáceo, em seguida, utilizam o trabalho das catadoras, que em sua maioria são mulheres, esposas dos pescadores que encontram na atividade oportunidade de acesso a renda e  recebem em média R$ 2,50 por kg de carne de caranguejo beneficiada. De acordo com Passos et al (2011).
Pertinente destacar o quantitativo semanal auferido pelos atravessadores que chega a mais de sete mil reais, valor discrepante quando comparado à renda dos principais atores que labutam na cadeia produtiva, pois o pescador artesanal de caranguejo, trabalha em média 05 ( cinco) dias por semana, comercializa a produção no município por R$0,40 centavos cada unidade do crustáceo, sendo que em média extrai 126 caranguejos dia, que gera renda de R$ 252,00  reais por semana. Segundo, Mousinho e Passos (2011). Ainda, sobre as catadoras que trabalham em média 05 (cinco) dias por semana, beneficiam 06(seis) kg por dia ao valor de R$2,50. Possibilita como renda semanal R$ 75 reais. De acordo com Passos et al (2011).
            Ao analisar os dados dos “atravessadores” entrevistados torna-se evidente que estes atuam menos de quinze dias na cadeia produtiva, auferem rendimento mensal que os diferenciam socioeconomicamente dos demais atores sociais devido ao rendimento maior que vinte oito mil reais. Os pescadores artesanais de caranguejo atuam no ecossistema manguezal 20 dias por mês, sendo extraídos 2.520 animais e percebem RS 1008 reais. Já as catadoras que beneficiam a carne do caranguejo, labutam 20 dias mensais, beneficiam em média 120 kgs de carne por mês e percebem R$ 300,00.
4. CONCLUSÕES
Como pode ser observada a existência da pesca artesanal do caranguejo-uçá na comunidade estudada assume um papel relevante, pois possibilita a geração de renda que por seguinte desenvolve as atividades do setor de serviço e movimenta economicamente um grupo seleto de atores sociais presentes nessa cadeia produtiva.
Por outro lado, torna-se evidente o antagonismo socioeconômico entre os grupos sociais. Sendo latente a concentração de renda por parte dos atravessadores em detrimento de pescadores e catadoras que são utilizados como mão de obra com baixo custo e baixo investimento por parte dos “atravessadores”.
Dos atores sociais constantes o trabalho das mulheres catadoras é invisível, posto que essas trabalhem de 7 a 12 horas sentadas, fazem muitos movimentos repetitivos fato que acarreta lesões por esforço repetitivo nos membros superiores.
Pesa sobre esse fato a baixa remuneração, a ausência de contrato trabalhista que possibilite acesso a direitos laborais dessa classe de trabalhadoras.
Ademais, faz-se importante destacar alta extração de animais do ecossistema manguezal e o elevado beneficiamento artesanal da carne de caranguejo que é comercializado, pois contínua tendo sua comercialização impedida devida recomendação do ministério Público do Estado do Pará ao que tange os aspectos higiênicos e a  sanidade do produto.
Por fim, esse é um foco sobre a escuridão e a incerteza de se atuar em cadeias produtivas na zona costeira amazônica, a atuação vez por outra é recheada de elementos que mais parece um período da humanidade superado há séculos mas que persiste em ser remodelado como tragédia ou farsa para ser executado na Amazônia como nova forma de trabalho escravo em pleno novo século.
5. REFERÊNCIAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Síntese dos Indicadores de 2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. Acesso em 26 de Agosto de 2013. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default_atlas.shtm
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades.2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. Acesso em 26 de Agosto de 2013. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=150611&search=para|quatipuru
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ISAAC, V.J. Plano de Gestão Integrada dos Recursos Pesqueiros com Enfoque Ecossistêmico para as Nove Reservas Extrativistas Marinhas do Litoral Paraense. Produto nr. 4.relatório final.UFPA,Belém,2013. (Inédito).
MOUSINHO, M. C. M; PASSOS, P. H. S; Cadeia produtiva do caranguejo - uçá (Ucides cordatus, Linnaeus,1763): Análise dos principais números Belém, Gov. Estado do Pará/SEPAq . 2011.( Documentos Internos).
PASSOS, P. H.S; SAWAKI, H. K. Diagnóstico Socioeconômico e Produtivo dos Atores Sociais Presentes na Cadeia Produtiva do Caranguejo-Uçá no Município de Quatipuru - Pará. Belém: SEPAq, 2011.(Documentos internos)
PASSOS, P. H. S; SAWAKI, H. K. ; CRUZ, T. N; MOUSINHO, M. C. M. Logística de Transporte do caranguejo Uçá (Ucides cordatus, Linnaeus,1763). Belém, Gov. Estado do Pará/SEPAq . Revisado, 2ºedição on-line, 2013.24p.
SZLAFSZTEIN, C.F. Indefinições e Obstáculos no Gerenciamento da Zona Costeira do Estado do Pará, Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada 9(2):47-58 (2009)


Recibido: 15/10/2015 Aceptado: 17/12/2015 Publicado: Diciembre de 2015

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