Tesis doctorales de Economía

 

TURISMO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE URBANO-REGIONAL BASEADA EM CLUSTER

Jorge Antonio Santos Silva

 

 

 

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1.1.5 A formação dos sistemas urbanos

Conforme Alves (2002), tanto produtores como consumidores são avessos a percorrerem distâncias, o que implica incorrer em custos e dispender tempo. Para os produtores o espaço a ser pecorrido deve possuir um densidade mínima de consumidores que permita viabilizar sua escala de produção. A questão a ser resolvida é onde os produtores e os consumidores irão se localizar, de forma que o esforço de superação das distâncias pelo conjunto de agentes do sistema econômico seja o mínimo possível, sem comprometer a rentabilidade dos empreendimentos.

A teoria da formação dos sistemas urbanos, na sua formulação mais estruturada, considera um mundo em que existem, de um lado produtores que procuram maximizar o seu lucro e do outro consumidores que procuram maximizar a sua satisfação. Todo o resto permanecendo constante, a valorização do espaço, tanto pelos consumidores, como pelos produtores, é feita pela importância, que uns atribuem ao esforço dispendido para se deslocarem no espaço isto é, para percorrerem distâncias, e que outros dão ao espaço, enquanto viabilizador das suas escalas de produção. (ALVES, 2002, p.123).

Os produtores procurarão concentrar espacialmente os seus estabelecimentos visando maximizar o aproveitamento de economias de escala e minimizar os custos da distância, tanto os decorrentes da distribuição dos produtos e serviços aos consumidores, como os originados da necessidade de aquisição das matérias-primas e produtos e serviços intermediários.

No caso do turismo, analisando-se pelo lado dos produtores, para as empresas de prestação de serviços ao visitante que se situem no destino turístico, a exemplo das atividades hoteleiras e outras de natureza receptiva, predominaria a mesma lógica acima mencionada, que orienta a concentração espacial dos demais estabelecimentos produtores. Considerando, no entanto, os operadores turísticos, que elaboram, comercializam e distribuem “produtos turísticos” na forma dos pacotes de viagens, a lógica locacional parece ser distinta, desde quando os mesmos concentram-se, em geral, nos centros econômica e turisticamente mais desenvolvidos, de caráter prevalentemente emissor, situando-se fisicamente distantes do destino turístico, que se constitui no objeto de consumo dos seus clientes, “na ponta”, que são os próprios turistas, embora possam não lidar e negociar diretamente com eles.

Já os consumidores buscarão utilizar o espaço de forma a minimizar o custo da distância, este fato poderá levar a que alguns produtores se localizem numa mesma área central, de modo a possibilitar que os consumidores, efetuando um só deslocamento, realizem compras de natureza diversa.

Pela análise anterior, percebe-se que, a princípio, os interesses de produtores e compradores são contraditórios.

Enquanto que os produtores gostariam de poder concentrar a localização dos seus estabelecimentos, para maximizar economias de escala e minimizar custos de deslocamento (para o que se torna necessário a existência [conforme definição de Christaller] de um certo limiar de procura), os consumidores têm interesse, em que esses estabelecimentos estejam dispersos, de modo a poder maximizar a sua acessibilidade (ou seja, em disporem [também de acordo com definição de Christaller] de um certo alcance do bem), [grifo nosso]. (ALVES, 2002, p.125).

Porém, produtores e consumidores tendem a organizar-se em um sistema de lugares centrais que compatibilizem os interesses de ambos os grupos de agentes econômicos, constituindo as respectivas áreas de mercado.

O critério de hierarquização dos centros urbanos é, segundo Alves (2002), um critério de dimensão da área de mercado: [...] Como a dimensão da área de mercado tende a ser maior quanto menor é a freqüência da procura e quanto maior é a sofisticação tecnológica do processo de produção dos bens e serviços prestados, os centros urbanos mais importantes são os que estão em condições de poder prestar bens e serviços mais qualificados [...]. (ALVES, 2002, p.142).

A qualificação de um centro urbano encontra-se portanto, vinculada à sua dimensão, ou seja, para ser importante se precisa ser qualificado e para ser qualificado se precisa ser grande, em não sendo assim, o centro urbano não teria viabilidade econômica e social.

A colocação acima, quando referida ao turismo, torna-se bastante relativa em razão da intensa segmentação que caracteriza essa atividade, tanto pelo lado da demanda como pelo da oferta, aliada a uma tendência à especialização com vistas a um posicionamento eficaz em “nichos” de mercado, cabendo, sendo possível e às vezes necessário, no caso, ser pequeno e ao mesmo tempo qualificado e competitivo.

A concepção dos lugares centrais, de Christaller, supõe uma certa imobilidade de fatores, de produtos e serviços e dos consumidores. Com a evolução das estruturas urbanas a hipótese da imobilidade passou a se tornar cada vez mais relativa, pois passou a ocorrer uma maior mobilidade no deslocamento de fatores, produtos e serviços. Este aumento de mobilidade é conseqüência do progresso tecnológico que provocou um maior dinamismo e velocidade nos meios de transporte e comunicação à distância, bem como na natureza dos bens e serviços produzidos. Essa maior mobilidade acarretou a possibilidade de dissociar-se as características dimensional e da contiguidade.

O parâmetro da contiguidade, que era condição necessária para a viabilidade econômica das atividades produtivas tornou-se menos relevante, desde quando a viabilidade econômica passou a ser garantida por relacionamentos e parcerias entre agentes que podem estar espacialmente dissociados por grandes distâncias físicas.

A condição dimensional deixa de pressupor contiguidade. O dinamismo e a capacidade de um centro urbano de crescer e de se desenvolver deixam de estar condicionados pela dimensão física imediata, passando a depender da capacidade e qualidade dos relacionamentos com outros centros urbanos.

As redes urbanas são construídas então, por quem é capaz de escolher parceiros qualificados para produzir em conjunto produtos e serviços competitivos, ou estabelecer uma relação clientelar. Esta perspectiva contemporânea ajuda a compreender porque é que Londres, Tóquio ou Frankfurt são cidades competitivas, ou exercem funções altamente qualificadas e outras cidades de idêntica ou superior dimensão, como México, Nova Deli ou o Cairo, não o são. (ALVES, 2002, p.144).

Na configuração de redes urbanas, as cidades tornam-se elementos dinâmicos de estruturação dos espaços. As vantagens de escala e de aglomeração possibilitam que elas se tornem centros de inovação, transformando-se em pólos dinamizadores de crescimento e desenvolvimento. As características físicas do território, o entorno cultural, social e econômico, irão determinar uma maior centralização ou descentralização da forma de organização e estruturação das redes urbanas. Nas sociedades com maior capacidade de iniciativa e de inovação, as redes urbanas tendem a ser mais descentralizadas, mais densas, mais qualificadas e mais próximas da população.

Desse modo, a hierarquia tradicional dos centros urbanos começa a ser substituída por uma hierarquia de rede, com vários níveis, caracterizada e definida pela capacidade de estabelecer relações e não mais pela dimensão ou pela funcionalidade.

No primeiro [nível] podem situar-se as “cidades mundiais” exercendo funções de âmbito mundial (financeiras, diplomáticas, de informação e de controle); no segundo nível surgem as “cidades nacionais especializadas” que procuram captar, a nível mundial, partes de mercado altamente especializadas e mantêm, entre si, relações de complementaridade; no último encontram-se as “cidades regionais especializadas”, que estabelecem entre si, também, relações de complementaridade, aspirando a ocupar partes de mercados supra-regionais, mas não necessariamente mundiais, [grifo nosso]. (ALVES, 2002, p.145).

Acompanhando essa evolução, a escala de produção dos serviços alterou-se, com os mercados também deixando de ser necessariamente contíguos. Enquanto no passado os fatores de produção tinham uma base local, atualmente, com as possibilidades de transmissão instantânea de informação, conhecimentos e serviços, a produção de serviços se realiza senão de forma descontígua, pelo menos a partir de fatores de produção que se encontram espacialmente dispersos. Pode-se dizer, de acordo com Alves (2002) que a dimensão de contiguidade continua a ser uma alternativa para aquelas aglomerações que se tornaram incapazes (e pobres) de se qualificarem para formar parcerias, independente da distância, e oferecer serviços modernos e competitivos.

Há que se pensar de forma crítica sobre essa tendência em relação ao turismo, pois, a contiguidade entre localidades e municípios, conformando micro regiões ou pólos turísticos, atua, ao contrário do acima exposto, no sentido de destacar os atributos e ampliar o poder de atratividade sobre a demanda – pela diferenciação, reforçar a coesão e a formação de aglomerados produtivos, dinamizando a economia regional, especialmente diante da atual ênfase e intensidade do processo de segmentação da demanda e da oferta turísticas, aliada à especialização seletiva e qualificada que orienta esta última.

Apresenta-se na sequência um modelo básico contendo os elementos orientadores das decisões de localização de uma indústria (Figura 1.1, p. 50), ressaltando constituir este tema, basicamente, uma teoria de localização empresarial, a qual, por si só, não explica a estrutura espacial das regiões. No próximo ponto desta tese, se avançará na explicitação dessa estrutura espacial através da análise de modelos de crescimento e desenvolvimento regional selecionados, que são considerados, para efeito dos objetivos deste trabalho, como as principais abordagens teóricas do tema.

Figura 1.1 Problemática da Decisão de Localização

Fonte: Hamilton, 1968, apud Lopes, 1995, p. 212.

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