Tesis doctorales de Ciencias Sociales

SUBSÍDIOS PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO NO ESPAÇO RURAL NA ROTA DAS TERRAS-RS

Paulo Ricardo Machado Weissbach





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2.4 Roteiros turísticos

O essencial, contudo, é saber se se opta mais uma vez por deixar as coisas seguirem o seu curso e corrigir seus efeitos mais desastrosos, ou se julga que é tempo de agir de antemão, buscando ‘pensar’ o espaço onde queremos viver amanhã (ROCHEFORT, 1998, p. 54).

A organização do espaço de um país é o reflexo de seu atual sistema econômico e social, da mesma forma que a herança dos diferentes sistemas que o regeram no passado (ROCHEFORT, 1998, p. 56).

O crescimento do turismo no Brasil, assim como em nível global, está vinculado a alguns fatores que favoreceram o seu desenvolvimento. Rodrigues (1999, p. 106) lista as conquistas sociais dos trabalhadores, entre as que se podem citar: aumento dos rendimentos, motorização familiar, melhoria dos transportes, implementação dos serviços turísticos, interesse do Estado, o 'marketing' e os meios de comunicação, entre outros, como os responsáveis pelo aumento da procura pelos serviços turísticos. Em outras palavras, com alguns acréscimos, Trigo (1999, p. 19) aponta:

O crescimento do turismo após a Segunda Guerra Mundial tem como causa a instituição geral de férias pagas aos trabalhadores, a elevação geral do nível de renda, a valorização da mentalidade do direito ao lazer e ao turismo, e a mudança dos hábitos de consumo nas sociedades que, aos poucos, vão se transformando em pós-industriais, com o crescimento do setor terciário ou de serviços.

A atividade turística gera efeitos benéficos diretos e indiretos na economia. Os diretos resultam da despesa feita pelo turista no pagamento aos equipamentos turísticos e de apoio. Os efeitos indiretos são gerados pelo gasto feito por aquele que recebeu do turista e, ainda, por conta de um efeito induzido, por outrem que tenha recebido daqueles que receberam dos prestadores de serviço ou donos de equipamentos (BARRETO, 1999a, p. 72).

Com um campo de atuação em pleno crescimento, o turismo já foi taxado como tábua de salvação para muitas economias em dificuldades. Os seus efeitos multiplicadores e seus benefícios econômicos, culturais e psicofísicos (descanso físico e mental), servem de subsídio para que novas tentativas sejam realizadas na sua exploração e implementação. Rapidamente incorporada às políticas econômicas, a atividade vem sendo considerada por muitos países dependentes economicamente um caminho alternativo e complementar para se chegar ao desenvolvimento.

Com muitas vantagens apontadas, a atividade turística pode ser efetivada em melhores termos se for pensada de forma complementar, ou seja, que os destinos turísticos, aqui entendidos como os locais para onde se dirigem os turistas e onde se localizam os atrativos turísticos, sejam articulados entre si. A articulação logra efeitos positivos mais imediatos e com menores riscos de insucesso.

Tomando-se a necessidade de articular os esforços em direção ao desenvolvimento rural de uma dada região, Veiga (1997, p. 103) sugere que este seja considerado numa perspectiva mesorregional nos seguintes termos:

A heterogeneidade das dinâmicas de crescimento econômico, distribuição de renda e preservação ambiental tornam inócuas as tentativas de generalização. Mesmo a abordagem por grandes regiões, ou por grandes ecossistemas, contêm sérias limitações. Ou seja, um bom diagnóstico do desenvolvimento rural exige a multiplicação de abordagens mesorregionais.

Verificando a necessidade de planejamento turístico em uma determinada área, julga-se que os limites políticos dos municípios não são os melhores determinantes para a elaboração de um plano de trabalho, visto que restringe as possibilidades de se pensar essa área de modo mais abrangente.

Pensar o espaço de modo integral, com suas relações, contradições e complementaridades pode ser um trabalho mais árduo, entretanto supera a visão estreita de verificar a parte excluída do todo. Desta forma a atividade turística pode ser organizada sob a forma de roteiros turísticos. Conforme Souza; Corrêa (2000, p. 130), roteiro turístico é “[...] o itinerário escolhido pelo turista. Pode ser organizado por agência (roteiro programado) ou pode ser criado pelo próprio turista (roteiro espontâneo)”. O roteiro a que este estudo faz referência (e que será visto posteriormente) não decorre nem da organização por parte de uma agência turística (visto que resulta de um consórcio entre municípios) e nem é espontâneo, visto que há uma pré-determinação dos lugares a serem visitados em função de uma oferta dirigida.

Moletta (2002, p. 40) define roteiro turístico como um pequeno plano de viagem em que o turista tem a descrição de todos os pontos a serem visitados, bem como o tempo de permanência em cada local e a noção dos horários de parada. Já para Tavares (2002, p. 14), os roteiros turísticos “[...] são itinerários de visitação organizados”.

Conforme o Ministério do Turismo, roteiro turístico é “[...] caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização turística”. (MTUR/BOLETIM..., 2006, p. 1). Já Montejano (1991, p. 210) conceitua itinerário turístico como:

[...] toda ruta que transcurre por un espacio geográfico determinado, donde se describe y especifica los lugares de paso, estableciendo unas etapas y teniendo en cuenta las características turísticas propias – naturales, humanas, histórico-monumentales – relacionadas con la zona geográfica que se recorre a nivel local, comarcal, regional, nacional e internacional; la duración; los servicios turísticos – alojamientos, medio de transporte, etc. – y las actividades a desarrollar.

Tavares (2002, p. 20-21), sobre a relevância dos roteiros turísticos, diz que eles “[...] podem ser uma das importantes maneiras de contextualizar atrativos e aumentar o seu potencial de atratividade, o que pode dinamizar o potencial de atração turística da localidade”.

Desta forma, os roteiros turísticos podem ser organizados dentro de uma área que apresente certas peculiaridades ou afinidades. Em razão disto, formatam-se roteiros ou rotas turísticas, que são regiões que apresentam, além de similaridades na oferta turística, certos objetivos em comum em relação à atividade turística. Convém destacar que não existem formulações conceituais para a expressão rota. Por analogia, entende-se que rota e roteiro sejam sinônimos.

No Estado do Rio Grande do Sul há uma tentativa do governo, por meio da Secretaria de Turismo, de definir rotas turísticas dentro da perspectiva da integração de ações para o desenvolvimento do turismo.

Beni (2006, p. 29) diz que na atualidade a EMBRATUR cuida da promoção turística do país no exterior, além de elaborar estudos e pesquisas que orientem os processos de tomada de decisão, avaliem o impacto econômico da atividade e formatar novos produtos e roteiros turísticos. Desta maneira, foi criado o Programa de Regionalização do Turismo e o Fórum dos Secretários Estaduais de Turismo, os quais viabilizaram a abordagem regional do turismo e a possibilidade de se implementar roteiros turísticos (Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil). No entanto, o mesmo autor afirma que, o que se tem visto são “cenários de roteirização regionalizada” em vez de “regionalização sustentável de turismo”, esta última, meta do governo federal. Ou seja, “[...] a roteirização regionalizada pode servir momentaneamente para o marketing de destinos e ampliar o fluxo turístico para algumas regiões a curto prazo [...]”, mas não consolida o turismo como um instrumento de desenvolvimento sustentável (BENI, 2006, p. 32). É assim que, o autor, prefere que haja a regionalização turística, esta uma estratégia que visa o desenvolvimento turístico em um espectro mais abrangente e menos localizado que a simples criação de roteiros turísticos. Além disso, continua Beni (2006, p. 125), dizendo que a regionalização turística pode conduzir para o processo de clusterização turística, que significa “[...] o estabelecimento de parcerias entre destinações já existentes [...] sendo essencial à competitividade de qualquer destinação [...]”, isso importa no estabelecimento de relações de competição e cooperação entre tais destinações.

Torna-se relevante observar que, independente de políticas públicas específicas, ou mesmo do apoio necessário do poder público, muitas iniciativas de turismo em espaço rural têm sido efetivadas de modo autônomo. Porém, é desejável que as iniciativas sejam tomadas sob um viés cooperativo. A Associação Natureza Café com Leite, uma união de empresários que exploram o turismo rural em São Paulo e Minas Gerais, mostra a validade da união para a transformação de dezoito municípios em um pólo turístico, por meio de um roteiro turístico organizado (PRUDENTE, 2004, p. 73). É necessário, no entanto, que o desenvolvimento de roteiros turísticos tenha o aval do setor público.

Assim os roteiros turísticos surgem como uma possibilidade de conjugar os esforços empreendidos na atividade. Desta forma, vários municípios que dispõem de atrativos turísticos podem planejar a atividade conjuntamente sob uma idéia de cooperação e da complementaridade. Embora possa ser considerado um caminho para o desenvolvimento turístico, os roteiros (ou roteirização), em um primeiro momento, não podem ser desprezados.

Com o objetivo de subsidiar o presente estudo, com relação ao local a que se destinam as proposições deste trabalho, no capítulo seguinte será efetivada a descrição da área de estudo.


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