Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo. ISSN 1988-5261


HOSPITALIDADE E TURISMO NA REQUALIFICAÇÃO DE ÁREAS HÍDRICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO: O CASO DOS RIOS PINHEIROS E TIETÊ E DA REPRESA DE GUARAPIRANGA

Autores e infomación del artículo

André Ronchesi *

Geraldo Prezoto *

Elizabeth Kyoko Wada ***

Universidade Anhembi Morumbi, Brasil

andre_ronchesi27@hotmail.com

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo investigar o impacto ambiental ocasionado nos rios e na represa, discutindo alternativas de serviços turísticos para a promoção da requalificação dessas áreas. Além disso, buscou-se a compreensão do estágio atual da degradação dessas áreas, ao lado das ações para sanar essa situação, com o levantamento da percepção de profissionais especializados envolvidos na gestão das mesmas e análise da relação das atividades de empresas prestadoras e gestoras com os seus stakeholders. Também houve contato com práticas de Turismo Sustentável nas margens do rio Tietê e do rio Pinheiros, como alternativas para resgatar a importância desses rios para os que praticam o Ecoturismo. O problema central foi “por que o desenvolvimento de serviços e hospitalidade envolvendo todos os stakeholders, influencia na requalificação e sustentabilidade dos rios?”. Como objetivos específicos, procurou-se compreender as razões para que os rios apresentem condições inóspitas; ausência de um trabalho de conscientização junto à população e, por fim, a falta de engajamento por parte do estado e da sociedade, ainda que o problema já tenha sido identificado. Para isso, sete entrevistas foram realizadas para complementar os dados pesquisados a respeito de como o turismo pode influenciar na requalificação dos rios Pinheiros e Tietê, tendo como base de sucesso na mesma região a represa de Guarapiranga. Os rios limpos são de suma importância para a cidade de São Paulo, pois geram qualidade de vida da população e melhora no bem-estar da cidade.

Palavras-chave: Hospitalidade, Stakeholders, Serviço, Sustentabilidade, Requalificação

RESUMEN

La investigación pretende conocer el impacto ambiental causado a los ríos y en la represa, hablar de servicios de turismo alternativo para la promoción de la rehabilitación de estas áreas. Además, se buscó entender la etapa actual de la degradación de estas áreas, junto con las acciones para remediar esta situación, con la elevación de la conciencia de los profesionales involucrados en la gestión, análisis de la gestión y de la relación de las actividades de contratistas y gerentes con los stakeholders. También se llevaron a cabo contactos con las prácticas de turismo sostenible en los ríos Tietê y Pinheiros, como alternativas para rescatar la importancia de los mismos para la práctica del ecoturismo. El problema central era "por qué el desarrollo de servicios y de las relaciones de hospitalidad con todos los stakeholders influencia en la recalificación y la sostenibilidad de los ríos?". Como objetivos específicos, hemos tratado de entender las razones de las presentes condiciones inhóspitas; ausencia de una conciencia de la población y, por último, la falta de compromiso por parte del estado y de la sociedad, ya que el problema ha sido identificado. Para ello, se realizaron siete entrevistas para complementar los datos bibliográficos sobre cómo el turismo puede influir en la recalificación de los ríos Pinheiros y Tietê, con base en el éxito de lo que se hace en la misma región, en la represa de Guarapiranga. Los ríos limpios son de primordial importancia para la ciudad de São Paulo, por generar calidad de vida y mejorar el bienestar de la ciudad.

Palabras clave: Hospitalidad; Stakeholder; Servicio; Sostenibilidad; Recalificación.

ABSTRACT
The research aimed to investigate the environmental impact caused the rivers and at the dam, discussing alternative tourism services for the promotion of rehabilitation of these areas. In addition, we sought to understand the current stage of degradation of these areas, alongside the actions to remedy this situation, with the raising of the awareness of professionals involved in the management and analysis of the relationship of the activities of contractors and managers with their stakeholders. Also, there was contact with Sustainable Tourism practices on the banks of the river Tietê and Pinheiros River, as alternatives to rescue the importance of these rivers for practicing ecotourism. The central research question was "why the development of services and hospitality involving all stakeholders, influences on the requalification and the sustainability of rivers?". As specific goals, we tried to understand the reasons for the present inhospitable conditions; absence of an awareness by the population and, finally, the lack of engagement on the part of the State and of society, even if the problem has already been identified. To this end, seven interviews were conducted to complement the data surveyed regarding how tourism can influence the requalification of the rivers Pinheiros and Tietê, based on the successful experience in the same region, with the Guarapiranga dam. The clean rivers are of paramount importance for the city of São Paulo, as they may generate quality of life of the population and improve the welfare of the city.

KEYWORDS: Hospitality, Stakeholder, Service, Sustainability, Requalification.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

André Ronchesi, Geraldo Prezoto y Elizabeth Kyoko Wada (2016): “Hospitalidade e turismo na requalificação de áreas hídricas da cidade de São Paulo: o caso dos rios pinheiros e tietê e da represa de Guarapiranga”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 21 (diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/21/guarapiranga.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes21guarapiranga


INTRODUÇÃO

O Turismo exerce influências tanto benéficas quanto maléficas no meio ambiente. O Turismo Sustentável, classificado como Ecoturismo, pode proteger o meio ambiente, estimulando o interesse de uma população e introduzindo medidas efetivas de proteção ambiental. Feito de uma maneira errada ou demasiada, o Turismo pode degradar o meio ambiente, quebrando a unidade de espaço e a sua escala de paisagem.
O Ecoturismo, segundo a EMBRATUR (2012), é um “segmento de atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas” .
O tema escolhido para a presente pesquisa foi a apresentação de práticas de um Turismo Sustentável nas margens do rio Tietê e do rio Pinheiros, como alternativa para resgatar a importância desses rios para os que praticam o Ecoturismo.
O rio Tietê, além de fazer parte da história da cidade de São Paulo, faz parte da história do Brasil. Sendo conhecido como um dos rios mais famosos do país e o principal do estado de São Paulo, o Tietê nasce a 840 metros de altitude, na cidade de Salesópolis, que se localiza na região da Serra do Mar, no estado de São Paulo. O Tietê atravessa o estado na direção leste-oeste. Ele deságua no rio Paraná, no município de Itapura, divisa entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Com 1.100 quilômetros de extensão em seu trajeto, o Tietê banha mais de 62 municípios paulistas, fazendo parte de seis sub-bacias hidrográficas, entre elas o Alto Tietê, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, Piracicaba, Sorocaba-Médio Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê.
Ainda que o Tietê tenha uma parte extremamente poluída, localizada na área metropolitana de São Paulo - onde o rio precisa urgentemente de revitalização –, ainda está vivo em outros municípios, como Salesópolis. Com efeito, o Tietê “limpo” compõe o Parque Ecológico do Tietê e o Parque Nascentes do Tietê, ambos administrados pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e com atividades voltadas para o Ecoturismo, como trilhas, caminhadas, etc. É necessário ressaltar que o parque Nascentes do Rio Tietê possui ainda a prática do Turismo de Aventura, como rapel, tirolesa e rafting, dentre outros esportes radicais.
O rio Pinheiros, considerado hoje em dia como um rio morto, sustentou, até a década de 1960, as práticas da pesca e de outros esportes aquáticos. Denominado de Pinheiros pelos jesuítas, este rio, assim como o Tietê, possui grande importância histórica para a cidade de São Paulo.
Os afluentes do rio são os rios ribeirão Jaguaré, rio Pirajuçara, córrego Poá, córrego Belini, córrego Corujas, córrego Verde I, córrego Verde II, córrego Iguatemi, córrego Sapateiro, córrego Uberaba, córrego Traição, córrego Água Espraiada (Jabaquara), ribeirão Morro do S, córrego Ponte Baixa, córrego Zavuvu e córrego Olaria. Suas nascentes estão em São Paulo e arredores, em municípios como Taboão da Serra e Embu das Artes. Muitos dos cidadãos da cidade de São Paulo não têm conhecimento dessas informações porque a maioria desses cursos d’água encontra-se canalizada e coberta por ruas, como, por exemplo, a Avenida Paulista.
A poluição do rio Pinheiros afeta diariamente a vida dos seus stakeholders, ou seja, pessoas que vivem em seu entorno. A decomposição dos dejetos, jogados diariamente, leva à formação de gás sulfídrico, o esgoto doméstico é o principal responsável pela sua degradação.
Atualmente, os citados stakeholders estão dispostos a ajudar a despoluir o rio Pinheiros, meta para a qual se estão criando diversos projetos que visam à despoluição gradativa (ato de despoluir aos poucos) e à promoção da prática da educação ambiental no entorno de suas margens.
 Apresentação do problema: Por que o desenvolvimento de serviços e hospitalidade envolvendo todos os stakeholders, influenciam na requalificação e sustentabilidade dos rios?
As proposições para este problema são:
1- O rio apresenta condições inóspitas.
2- Não há um trabalho de conscientização junto à população.
3- Não há engajamento por parte do estado e da sociedade, ainda que o problema já tenha sido identificado.
Os estudos de caso escolhidos foram os rios Pinheiros e Tietê, e a represa de Guarapiranga.

DISCUSSÃO TEÓRICA
Sessão 1 – HOSPITALIDADE, TURISMO E SUSTENTABILIDADE.

1.1 HOSPITALIDADE

A palavra Hospitalidade é originária do latim hospitalitas e refere-se ao “ato de hospedar”, e sua derivação “Hospitate” significa qualidade ou disposição acolhedora do anfitrião, relacionada ao sentido de ser Hospitaleiro por alojar diversos tipos de pessoas, que se supõe um acolhimento afetuoso. (CAMARGO, 2004).
Segundo Guzela (2014, p. 19), as “palavras Hóspede, Hospedeiro, Hospedagem e Hospital são palavras que têm a mesma origem radical, ligados ao significado de ‘receber’, ‘tratar bem’ e ‘acolher’”. Os primeiros registros das manifestações da hospitalidade aparecem na Grécia Antiga, cuja origem

[...] surge, pois, não de alguém que convida, mas de pessoas que necessitam de abrigo e buscam calor humano ao receber o estranho. A hospitalidade, como resultado de um convite, é provavelmente uma inovação mais tardia da civilização e suas primeiras manifestações são registradas entre os gregos, para quem visitar e ser visitado constituía uma obrigação, carregada de rituais, de alguma forma coordenados pela sombra de Héstia1 . (CAMARGO, 2007, p. 30).

Dentro dos rituais existentes na hospitalidade, vigora uma prática da ética, na qual o anfitrião aposta na credibilidade do outro até que se prove o contrário. Essa atitude primeira de acolhimento funda-se no valor do outro e estabelece uma confiança entre ambos, com o anfitrião autorizando a entrada do outro no espaço próprio, quando o hóspede se sente acolhido na casa, na vida e na história deste que o recebe. (CAMARGO, 2004).
Ferraz (2013, p. 54) considera o anfitrião urbano no “papel do gestor público” com a incumbência de oferecer “ruas sinalizadas e iluminadas, transporte público eficiente, segurança pública, diversidade de atividades, etc.”. Além de dar condições para que a cidade mantenha sua própria identidade, patrimônio histórico e cultural, idioma (folclore e música), crenças etc., a autora diz que o gestor público deve oferecer condições para que a cidade seja cada vez mais agradável e acolhedora para moradia, trabalho ou passeio.
Considerando que a hospitalidade no turismo ocorre principalmente nos espaços públicos e comerciais e nos tempos de receber, hospedar, alimentar e entreter, há serviços públicos e privados prestados aos turistas. Importa então compreender o que se entende por serviços, como se trata no item a seguir.

1.2 SERVIÇOS

Os serviços não podem ser estocados, são intangíveis, inseparáveis e variáveis. Além disso, o cliente deve estar presente no momento de sua produção; a sua produção, distribuição e consumo ocorrem de forma simultânea, e o seu principal valor está na interação entre pessoas. (KUAZAQUI; LISBOA; GALBOA, 2005). Apesar dessas características, as fases do seu ciclo de vida são similares às do produto, divididas em: desenvolvimento, introdução, crescimento, maturidade e declínio (figura 1).

Os serviços de negócios ou serviços comerciais, segundo Kuazaqui (2000), são aqueles que podem ser desenvolvidos pelo público interno ou externo, podendo ser terceirizados ou até mesmo quarteirizados, como, por exemplo, os serviços de manutenção de um produto. Atualmente, para se adaptar às novas exigências e garantir uma posição de estabilidade no mercado, os gestores buscam novas iniciativas, como a melhoria em equipamentos e instalações, investimento em recursos humanos, com o objetivo principal em alcançar os índices de satisfação dos clientes. No entanto, importa considerar que:

Numa empresa de prestação de serviços, os atores são os funcionários de contato direto com o cliente. São as pessoas que estão no “palco”, trabalhando com o cliente. Mas, seu sucesso depende da contribuição de todos os funcionários por trás das cenas, que fazem muitas coisas para assegurar a qualidade do serviço de linha de frente (ALBRECHT, 1994, p. 142).

Com relação aos serviços públicos, estes “têm fundamental importância na produção e reprodução do capital, assim como na reprodução da força de trabalho; isto significa que uma boa qualidade de serviços públicos é fundamental para o desenvolvimento social e econômico de uma sociedade”, de acordo com Abiko (2011, p.1). Esses serviços públicos devem ser prestados, conforme cinco princípios - permanência, generalidade, eficiência, modicidade e cortesia -, sendo dever da administração pública restabelecer ou regular o funcionamento do serviço e prestar serviços conforme esses princípios. (ABIKO, 2011).
Abiko (2011) considera o serviço público como um instrumento para o desenvolvimento econômico, que melhora a qualidade de vida, trazendo proteção e condições de saúde e de higiene da população. Daí a noção de qualidade que, para Carvalho (2008), em serviços públicos ainda é mais complexa de ser avaliado. “Os próprios especialistas não tentam definir qualidade a não ser em termos muito gerais: ‘conformidade com as especificações”. (CARVALHO, 2008, p. 57).

1.3 SUSTENTABILIDADE

O termo “sustentável” vem do latim sustentare, que tem como significado sustentar, defender, favorecer, apoiar, cuidar e conservar. Segundo Debali (2009), o ressurgimento da preocupação com a natureza ocorre apenas em meados do século XX, principalmente em decorrência de grandes desequilíbrios e desastres ambientais.
“Sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se manter, a atividade sustentável é aquela que pode ser mantida para sempre, ou seja é a exploração de um recurso natural exercida de forma sustentável durará para sempre”. (MIKHAILOVAL 2004, p.25). Para RUSSO (2007), a sustentabilidade se firma como processo de transformação social, sendo

[...] um conceito que integra e unifica. Produz desta forma, um impacto devastador sobre a noção tradicional de progresso, infinito e linear, perfeito e sem retornos ou perdas. Sustentabilidade, em linhas gerais, admite o humano como parte do processo e exclui, definitivamente, as urgências materialistas na relação custo benefício do que se entende por bem viver. (RUSSO, 2007 p. 99).

Alguns exemplos que podem ser citados como forma de sustentabilidade são os seguintes: o uso de fontes de energia limpas e renováveis para diminuir a poluição do ar e o consumo abusivo dos combustíveis fosseis; a  preservação de todas as áreas verdes não destinadas à exploração econômica; o incentivo ao consumo de alimentos orgânicos, benéficos ao ser humano, menos agressivos à natureza; a conscientização pessoal e empresarial para reciclagem de resíduos sólidos, propiciando a diminuição do lixo, diminuindo a retirada de recursos minerais e gerando renda; e, por fim, divulgar e implantar atitudes voltadas à redução do consumo de água e à despoluição de suas fontes, gerando projetos também para a revitalização e a despoluição daquelas fontes já poluídas ou contaminados. (MEDEIROS, 2013)
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada na cidade de Estocolmo, na Suécia, de 5 a 16 de junho de 1972, foi a primeira grande reunião internacional para discutir as ações humanas no meio ambiente. (DIAS, 2005).
Os grandes líderes mundiais passaram a ver que o crescimento econômico não pode sacrificar o meio ambiente e aumentar a desigualdade social criaram, então, uma Política de Desenvolvimento Ambiental, que foi basicamente fragmentada e dirigida para questões específicas, como poluição da atmosfera e poluição e desperdício da água.
No Green Paper of The Union in the Field of Tourism, documento publicado pela Comissão Europeia em 1995, o turismo é citado como uma área de extrema importância para o desenvolvimento sustentável. É considerada importante a educação e integração da população para o desenvolvimento sustentável local. Existe preocupação com a conscientização através de uma filosofia de atuação, que vem se tornando um processo de longo prazo, para que a população não retroceda neste sentido. (KUAZAQUI, 2000).
“A busca do desenvolvimento refere-se a harmonia entre os setores ambientais, sociais e econômicos. Ele acredita-se que a cultura catalisada e permeia a sobrevivência melhorada e desenvolvimento sustentável das comunidades”. (JIMENEZ; NAVAS, 2014)
Dias, por sua vez, coloca: “O turismo, por sua vez, valoriza cada vez mais o meio ambiente natural protegido, busca evitar contribuir para maior degradação ambiental e procura lugares que apresentam uma natureza exuberante e paisagens predominantemente naturais”. (DIAS, 2008, p. 161).
Muitas organizações implementam Conservação ambiental, projetos, como estratégias de Responsabilidade Social. Para muitos estudiosos, o cenário de ameaças às áreas naturais e anos de reservas ambientais de heranças, o turismo considerado atividade importante preservar o meio ambiente, acrescentando valor por anos nos produtos para as empresas do setor. Fortalecendo a imagem dos destinos e contribuindo para o desenvolvimento local e o bem-estar social”. (Ignarra, 2002; DIAS, 2003; RODRIGUES, 2012).

A demanda que deseja a interação com o meio ambiente apresenta uma motivação que se encontra cada vez mais intensa. O meio ambiente protegido e lugares de proteção ambiental passam a ter um peso publicitário relevante. (RUSCHMANN, 1997).

1.4 STAKEHOLDERS

A palavra Stakeholder originária da língua inglesa é formada por duas outras: stake, que significa interesse, participação, e holder, que significa aquele que possui. De uma forma mais ampla, podemos dizer que esta palavra qualifica pessoas envolvidas em determinado processo. Segundo Freeman e Reed (1983 apud Fernandes, 2010), o termo Stakeholders foi pela primeira vez citado em um memorando do Stanford Research Institute (SRI) durante o ano de 1963, tendo como significado a representação de todos os indivíduos ou instituições que fossem detentores de alguma relação com a empresa. (FERNANDES, 2015, p. 43).
Para Mitchell et al. (1997 apud Fernandes, 2010), o termo possui notável relevância para as empresas, pois por intermédio dele é possível identificar todos os fatores, os quais devem ser considerados no andamento da organização. A atenção dada ao interesse de todos os stakeholders envolvidos pode significar não só o bom funcionamento da estrutura empresarial, mas como a obtenção de uma vantagem competitiva no mercado. (FERNANDES, 2015, p. 43).
Segundo Fernandes (2010) Mesmo com o surgimento de um conceito e uma aplicação da teoria dos Stakeholders as empresas só conseguiram percebe-la em um período de crise onde grandes empresas começaram a procurar soluções alternativas para processos estratégicos e operacionais.
Também merece destaque, na análise da gestão de stakeholders a separação por meio de grupos de importância. (Fernandes, 2010, p.45) ”. Os primários como os mais significativos quanto a manutenção da empresa e os secundários, que por mais que impactem e influenciam a empresa, não são essenciais para o seu funcionamento.
Mitchell et al (1997 apud Fernandes 2010) propõe uma outra categorização por três atributos principais: O poder, como o ato de imposição de que se aceite uma ideia; legitimidade a partir de iniciativas compatíveis ao sistema e de interesse mútuo tendo a aprovação da sociedade; e urgência, necessidades emergenciais. Identificando-se as características determinantes de cada um desses atributos é possível identificar e segmentar a resolução para as necessidades de cada grupo ou indivíduo envolvido.

1.5 REQUALIFICAÇÃO URBANA E DOS RIOS

Em geral, os lugares onde se iniciaram os processos de requalificação ocupavam caráter central em suas respectivas cidades. A requalificação situa-se na tensão entre o local e o global em um cenário altamente competitivo da atual fase da economia de mercado, na qual as cidades precisam se destacar através de um diferencial. (BOTELHO, 2005).
Frente a isso, um fator que não pode deixar de ser pontuado é que, na maioria dos casos, esses lugares possuem situação de profundo comprometimento físico e social: os rios Tietê e Pinheiros são pouco povoados e subutilizados, existem favelas e construções em situação de risco no seu entorno e pessoas se abrigam embaixo de suas pontes. (BOTELHO, 2005). Não restam dúvidas sobre o fato da requalificação introduzir melhorias físicas ao lugar; o que está em avaliação e discussão é o caráter dos diferentes processos que possam requalificar os rios.
O ambiente urbano é resultado das transformações antrópicas sobre o meio físico ao longo dos anos. As áreas urbanas são locais sensíveis às transformações antrópicas, à medida que se dá o desmatamento, a erosão, a ocupação irregular, o assoreamento de canais fluviais, etc. para a ocupação e concentração humana de forma intensa e, muitas vezes, desordenada. (Vasconcelos, 2013)
São Paulo se estabeleceu como a principal metrópole do Brasil e uma das maiores do mundo. Por falta de planejamento e sem um bom plano de desenvolvimento, a cidade vem sofrendo com a problemática da superpopulação urbana e, consequentemente, precisando urgentemente de ações de educação ambiental, pois seus habitantes necessitam conviver com impactos ambientais intensos e complexos, que causam a poluição do solo, ar e água (FERRAZ, 2013), além de outros como a violência urbana.
Um dos problemas é a poluição que os rios vêm sofrendo, o que está se tornando um problema perigoso, pois impacta, também, nascentes e pequenos cursos d’água, criando demanda para diversas pesquisas ligadas ao tratamento e à preservação, sempre em busca da redução da poluição. Com as chuvas que ocorrem em épocas de verão, os rios vêm transbordando com o passar dos anos, inundando propriedades adjacentes e paralisando o trânsito local. (SOUZA, 2004). A poluição e a contaminação fazem com que a água se torne imprópria para consumo, diminuindo, assim, a quantidade de água disponível para a população. Além disso, esses processos podem intensificar o surgimento de doenças e provocar grande incômodo em razão do mau cheiro gerado.
Em São Paulo, não há reserva de áreas verdes para garantir a infiltração de água no solo. A cidade é carente de parques e praças, e as margens dos rios poderiam ter sido aproveitadas para esta finalidade. Outro grande problema que a cidade sofre é com os efeitos das mudanças microclimáticas em áreas edificadas:

A falta de vegetação nas áreas verdes e espaços públicos destinados ao lazer e à recreação da população também é considerado um problema que interfere na qualidade ambiental nos espaços urbanos, assim como na qualidade de vida da população”. (LIMA, 2006, p. 70).

As agressões ao meio ambiente causadas pela ocupação humana sugerem a necessidade de se buscar alternativas que minimizem estas ações e promovam a integração do ser humano com a natureza. É necessário mudar a concepção das cidades em suas áreas em expansão, reconhecendo e aproveitando as potencialidades naturais. Pois é preciso acabar com a destruição dessa natureza, fato esse que acarreta vários problemas típicos das cidades. À medida que as cidades crescem em tamanho e densidade, as mudanças que produzem no ar, no solo na água e na vida, em seu interior e à sua volta, agravam os problemas ambientais que afetam o bem-estar do morador. (Vasconcelos, 2013)
Os órgãos públicos vêm tentando despoluir os rios de São Paulo. Diversos projetos e campanhas têm sido realizados. Um dos desafios seria a recuperação dos corpos d’água presentes nas margens dos rios, pois muito se diz a respeito dessa despoluição através da eliminação da carga pontual. Ocorre que a realidade tem se mostrado outra, pois mesmo com o controle das cargas pontuais os corpos d’água continuam poluídos diante da não observância da existência da carga difusa. (GANEM, 2015).
A despoluição dos rios é de extrema necessidade para o bem comum seja do próprio rio que vai volta a se desenvolver e junto com ele a fauna e flora, assim como a sociedade que pode ser beneficiada com sua revitalização, e o turismo pode ser tanto ajudante como ajudado nesse processo, pois segundo Edward Inskeep (2003), o turismo aumenta a conscientização ambiental local, pois os moradores percebem a fonte de renda que esse processo pode ter e visam a proteção do mesmo, além disso, ajuda a melhorar a qualidade dos arredores, pois com uma boa infraestrutura há maior qualidade ambiental e, consequentemente, maior número de visitantes.
Para a realização desse processo de despoluição é necessário muito esforço e um capital de investimento alto, começando por não lançar nenhum esgoto não tratado no rio. Para que isso aconteça é preciso um investimento em estações de tratamento, além de um excelente plano de marketing para que haja uma conscientização da população e uma recuperação mais efetiva do rio.
Segundo a OMS, mais de 50% dos 500 maiores rios do mundo estão passando por problemas de poluição. Essa contaminação dos rios destroem os habitats naturais de muitas espécies de animais e plantas, e o contato direto com essa poluição pode gerar diversos problemas de saúde como: intoxicação, alergias, rota-vírus, hepatite, febre tifoide e gastroenterites, além do mais complicado, o câncer.
Com a despoluição dos rios, o turismo vai dar um salto positivo no Estado, fazendo com que, caso seja um sucesso, o turista gaste dinheiro com hospedagem próxima ao rio, comidas e bebidas da comunidade local, assim como seus vestuários, presentes e suvenires; haverá um cuidado natural do ambiente; recreação e até mesmo transportes fluviais, melhorando a economia do local e, também, seu ambiente natural que deve ser protegido integralmente já que atualmente as cidades têm tão pouco verde para a melhoria de vida da população.
O direito à cidade deve ser compreendido como o direito de ter condições dignas de vida, de exercitar plenamente a cidadania, de ampliar os direitos fundamentais, de participar da gestão da cidade, de viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sustentável (...) Cidades planejadas proporcionam menores conflitos e impactos sociais, ambientais e econômicos, acesso a todos os serviços públicos direcionados para uma melhoria na qualidade de vida da população residente e das futuras gerações. (Vasconcelos, 2013)
Sessão 2 – OBJETOS DE ESTUDO E ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES

2.1 OBJETOS DE ESTUDO

Os objetos de estudos foram escolhidos por suas localizações, por serem os rios mais famosos da maior cidade do Brasil que é São Paulo, e pela referência dessa cidade para com o mundo. Além disso, foi considerado o poder turístico que esses lugares podem oferecer para os moradores da cidade e para os visitantes, podendo se tornar o cartão postal do local, como acontece em Londres com o rio Tâmisa. Além disso, pode-se pensar em meios de transporte fluvial que seriam primordiais para ajudar a diminuir o tráfego de veículos em São Paulo. Dois dos objetos escolhidos são os rios Pinheiros e Tietê que estão sem condições de uso pela população, e a represa de Guarapiranga, que fica na mesma cidade, porém ainda há condições de uso, inclusive para a prática de esportes náuticos.

2.2 RIO PINHEIROS

O rio Pinheiros banha a cidade de São Paulo, com seus 25 km de comprimento nascendo do encontro do rio Guarapiranga com o rio Grande, desaguando no rio Tietê. Em São Paulo a via expressa Professor Simão Faiguenboim, conhecida como Marginal Pinheiros, segue as margens do rio.

Antigamente, o rio Pinheiros teve um papel estratégico no deslocamento das primeiras populações da região. Os jesuítas entravam pelo rio Grande na parte Sul da cidade, que desaguava no Guarapiranga, chegando assim no rio Pinheiros. Na época de grandes chuvas era possível ir de barco até o rio Tietê, havendo maior exploração do local.
As margens do rio eram ocupadas por mata atlântica, principalmente com o número abundante de pinheiros (araucárias), sendo assim chamado pelos índios de Jurubatuba (rio dos pinheiros). As chácaras começaram a tomar conta das margens, com pequenas propriedades rurais que produziam frutas e verduras que eram comercializadas no município de São Paulo.
Por conta de o rio ser muito sinuoso, acabava havendo diversos alagamentos, fazendo com que começasse a retificação do mesmo a partir de 1928, e com término em 1950. A partir disso as chácaras começaram a ser expulsas, dando espaço para loteamentos de operários que trabalhavam nas fábricas que ficavam por perto, as mesmas que acabaram espalhando produtos químicos, substâncias tóxicas, muito lixo no rio, devido à ausência de leis e órgãos regulamentadores ambientais.
Em 1970, foi construída a marginal do rio Pinheiros, complementando o processo de degradação, então, em 1980 o rio não aguentou mais e os metais mais pesados assim como todo tipo de materiais e substâncias foram acumulados no fundo do rio.
O processo de limpeza do rio Pinheiros começou em 2001 com obras de sistema de coleta que pegam o esgoto que cai no rio para ser processado pela estação de tratamento de Barueri, pela SABESP. Esse foi o único projeto que ainda acontece para que no futuro as águas do rio possam acolher vida novamente, já que diversos projetos foram cancelados pelo alto gasto do governo sem retorno, cerca de 160 milhões de dólares, o principal deles o projeto da técnica de flotação onde a água do rio era bombeada para a represa Billings para utilizar no abastecimento de água.
Em 1999, foi implantado o Projeto Pomar Urbano, com o objetivo de devolver a vida as margens do rio e enfatizar a conscientização da população para a melhora do rio com programas de educação ambiental, sendo plantadas 300 mil mudas, das quais muitas delas são da espécie nativa da região a Palmeira Jerivá (SABESP, 2016)
Em 2010, foi criada uma ciclovia que ocupa toda a parte leste da margem do rio com 19km de extensão, restaurando o convívio da população com o rio, mostrando que ela quer entrar de novo em contato com a vida do rio Pinheiros.

2.3 RIO TIETÊ

O rio Tietê nasce no município de Salesópolis, no estado de São Paulo, a uma altitude de 1.030 km, a 96 km da capital São Paulo e 1.100 km de extensão. Ele é um rio que diverge dos comuns que correm direto para o mar, devido aos grandes picos rochosos em direção ao litoral; o rio corre no sentido inverso, ou seja, caminha atravessando a região metropolitana e indo em direção ao interior do Estado, desaguando no rio Paraná.

Durante muitos anos, a única forma de acesso entre o interior e São Paulo era o rio Tietê, assim como o principal acesso ao Mato Grosso. Foi um local de entretenimento e lazer também, onde centenas de pessoas iam nos finais de semana para pescar, divertir-se em suas águas e ir em clubes que lá se formaram de esportes aquáticos. O primeiro clube foi o Esperia que foi inaugurado em 1 de novembro de 1899, por um grupo de 7 italianos. Em 1903, inaugurou-se a União Paulista dos Clubes de Remo, sendo frequentado por toda população que tinha o rio como principal atrativo turístico. Os mais famosos são o Clube de Regatas Tietê, criado em 6 de junho de 1907, e o Sport Clube Corinthians Paulista, fundado em 10 de setembro de 1910, que conta com 2 remos em seu escudo que lembram a origem de sua criação no rio Tietê.
Nos anos 40 começaram as obras da via expressa da marginal Tietê, acabando com esse elo dos clubes com a população, pois o alto índice de poluição que só foi aumentando até sua conclusão nos anos 60, fez com que os clubes abandonassem as competições no rio e o governo as interditasse em função do perigo à vida, devido aos poluentes que lá se encontrava. O prefeito Adhemar de Barros decidiu interligar as redes de esgotos desembocando tudo no rio Tietê. Desde então São Paulo perdeu seu principal atrativo natural.
Essas obras foram feitas para facilitar a comunicação da Capital para outros lugares, permitindo o loteamento de pessoas que trabalhavam perto das fábricas. Porém, foi realizado sem planejamento algum, fazendo com que o rio fosse sufocado pela cidade, descarregando nele esgotos industriais, causando, assim, enchentes e poluições.
 No início dos anos 80, o rio já era um completo centro de contaminação e mau cheiro, tendo como principais causadores os esgotos industriais e o lixo da própria população que jogava das mais diversas coisas.
Segundo a Sabesp, a mancha de poluição no rio Tietê, que em 1993 chegava a 530 quilômetros no sentido do interior, está 86,6% menor e atualmente tem 71 quilômetros de extensão. Ainda segundo a empresa, há 22 anos o esgoto que a grande São Paulo lançava no Tietê chegava até Barra Bonita (a 267 km de São Paulo). Atualmente, os dejetos alcançam Pirapora do Bom Jesus, a cerca de 70 km da zona metropolitana. (LOBEL, 2015).

2.4 REPRESA DE GUARAPIRANGA

A represa de Guarapiranga foi construída pela Companhia Light & Power por meio do represamento do Rio Guarapiranga, com finalidade de se obter energia. O lago então ficou com uma extensão de 85km, tomando uma área de 34km², tendo 13m de profundidade na região mais funda, e 6m nas demais. Sua construção durou três anos, começando em 1906 e terminando em 1909.

A represa de Guarapiranga tornou-se a principal fonte de água para abastecimento público a partir de 1928, fornecendo 86,4 milhões de litros de água por dia (vazão média de 1m³/s) para estação de tratamento de água Teodoro Ramos. (SABESP, 2016)
Antigamente, toda a área era ocupada pelos índios tupis-guaranis, restando somente três aldeias existentes até hoje: duas no bairro de Parelheiros, e uma em Embu-Guaçu, tendo como principal fonte econômica o artesanato. 
Houve uma ocupação a partir de então, nas áreas entorno a represa, por parte da população que queria morar nessa região por conta das ofertas de lazer e pela paisagem exuberante, se tornando comum desde então chácaras, marinas, e edificações residências as margens da represa.
Em 1958, com a criação da estação de tratamento Alto da Boa Vista, a represa passou a ser utilizada exclusivamente para abastecer a cidade de São Paulo, depois de um acordo entre governo e a empresa Light.
            No final da década de 80, começaram a se notar impactos de poluentes na represa, proveniente do despejo de esgotos na água, que causou o a morte de diversos peixes e entupimento dos filtros e ameaçando o abastecimento de água de quase 3 milhões de pessoas.
            O governo iniciou um projeto conhecido como Programa Guarapiranga, para recuperação ambiental da região. Foi investido mais de US$ 300 milhões em redes de esgotos e reurbanização de favelas, contando com o apoio do Banco Mundial. Os recursos foram considerados insuficientes, pois a qualidade da água piorou ao longo dos anos, e a quantidade de água está cada vez mais comprometida, resultado da degradação por poluição, erosão, desmatamento e retirada de grandes volumes de água para abastecimento.
            Com o objetivo de regularizar a vazão da Represa Guarapiranga, foi construída a interligação do braço Taquacetuba da represa Billings com o rio Parelheiros. O projeto previa a adução de dois mil litros por segundo, em uma primeira etapa, quantidade que, após a realização de testes traria impactos positivos a Guarapiranga, poderia dobrar. (SABESP 2016)
             Para os paulistanos, a represa de Guarapiranga oferece lindas paisagens, tendo algumas praias de areia, grande número de restaurantes, marinas, clubes e alguns parques com grande número de pássaros típicos do Pantanal, sendo um refugo das pessoas para sair do estresse da cidade, frequentando a represa aos finais de semana para pescar, nadar, praticar esportes náuticos, como velas e regatas, entre diversas outras atrações. 
O principal atrativo, atualmente é o Parque Guarapiranga, que ocupa uma área de 28km, abrigando diversos clubes e escolas de diversos esportes náuticos, além de reunir trilhas, campos de futebol, palco para shows, lanchonetes, churrasqueiras para famílias, brinquedoteca, anfiteatro, biblioteca, mais de 379 mil mudas de plantas e aproximadamente 500 espécies de animais. Os gestores do parque também criaram o Museu do Lixo, contando com um acervo de objetos encontrados ao fundo da represa, podendo até ser montada uma casa com sofás, geladeiras, mesas, latas de refrigerantes, e afins.

2.5 VERIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES

(P1). O rio apresenta condições inóspitas.

Tanto o rio Pinheiros, como o rio Tietê apresentam condições inóspitas, pois primeiramente, não há conscientização da população que insiste em jogar seus lixos domésticos no rio. Há necessidade de uma iniciativa do governo e da empresa que cuida do abastecimento de água tratada de São Paulo, a SABESP, para a criação de um projeto que consiga limpar o rio para que a população conseguir interagir com ele, mas diversas iniciativas foram tomadas já, mas sem a participação efetiva da população não se conseguem grandes avanços.
Em 2015, devido à crise econômica que o país vem enfrentando, a Sabesp, companhia de saneamento ligada ao governo estadual, para evitar um colapso no abastecimento de água da Grande São Paulo, travou o andamento de obras importantes relacionadas à despoluição dos rios, bandeira do setor ambiental do governo paulista. Anote-se que esse plano de despoluição já consumiu 2,4 bilhões de dólares americanos desde 1992, sem considerar a inflação. (LOBEL, 2015)
O rio Tâmisa é um exemplo de sucesso de requalificação de um grande rio que atravessa a cidade de Londres.

A pesquisa identificou que a recuperação do Tamisa, na Grande Londres, fornece lições importantes para a nossa realidade: começa por coletar e afastar esgotos e progressivamente ampliar e aperfeiçoar o sistema de esgotamento sanitário. As ações executadas pelos ingleses desde o século XIX até os meados do século XX, contaram com a ativa participação dos órgãos públicos, dos institutos de pesquisa e da sociedade em geral. (OLIVEIRA, 2015).

            Os órgãos competentes, no caso o governo e a SABESP, precisariam trabalhar em conjunto para que o problema dos esgotos despejados no rio seja resolvido, aperfeiçoando o sistema da rede de esgotos, e para isso há de ter um investimento alto e vai levar bastante tempo, porém a empresa privada trabalhando em conjunto com o governo podem conseguir um capital que será utilizado de forma certa visando essa missão.

O problema principal do Brasil e de praticamente todos os países não desenvolvidos é a falta de planejamento e de investimentos sérios em saneamento básico e em planos urbanísticos. Existe ainda a ganância de loteadores, além da falta de normas e de fiscalização da prefeitura. Deve-se ainda lembrar que, com isso, muitas prefeituras dão verdadeiros tiros nos pés, pois prejudicam o turismo e o bem-estar dos habitantes”. (RIOS, 2001).

 (P2). Não há um trabalho de conscientização junto à população.

Na realidade há um trabalho para conscientização junto à população, mas a sociedade não respeita e acaba prejudicando, não somente os rios, mas a si mesma porque além de afetar sua possível área de lazer (atrativo turístico) a poluição acaba trazendo animais que transmitem doenças como ratos e insetos, e, com a chuva, o entupimento das saídas de água há um transbordamento eminente, fazendo com que há inundação de estabelecimentos, trazendo doenças e complicando o trânsito da cidade.
Um desses problemas é a poluição que os rios vêm sofrendo, o que está se tornando um problema perigoso, pois impacta, também, nascentes e pequenos cursos d’água, criando demanda para diversas pesquisas ligadas ao tratamento e à preservação, sempre em busca da redução da poluição. Com as chuvas que ocorrem em épocas de verão, os rios vêm transbordando com o passar dos anos, inundando propriedades adjacentes e paralisando o trânsito local. A poluição e a contaminação fazem com que a água se torne imprópria para consumo, diminuindo, assim, a quantidade de água disponível para a população. Além disso, esses processos podem intensificar o surgimento de doenças e provocar grande incômodo em razão do mau cheiro gerado. (SOUZA, 2004)
Há diversas formas de divulgação para a população não poluir os rios, seja com outdoors, panfletos entregues na rua, assim como mobilização nas rádios e televisão.
Caso a população não coopere com os projetos estabelecidos, logo não haverá mais qualidade ambiental no espaço urbano em São Paulo, já que os espaços naturais públicos para o lazer vão ficar cada vez mais escassos devido ao seu mau uso. “A falta de vegetação nas áreas verdes e espaços públicos destinados ao lazer e à recreação da população também é considerado um problema que interfere na qualidade ambiental nos espaços urbanos, assim como na qualidade de vida da população”. (LIMA, 2006, p. 70)
 
Segundo Caio Luiz Cibella de Carvalho2 (apud CAMARGO, 2004, p. 76) “nenhuma cidade pode ser considerada hospitaleira se não for prazerosa para seus habitantes”. Para haver prazer aos seus habitantes, o Estado precisa trabalhar em conjunto com a sociedade para que haja uma melhora significativa na qualidade de vida das pessoas, é necessário que a população tenha consciência de responsabilidade social e ambiental para que se crie um novo costume e que se passe para as novas gerações para que se perpetue. Assim como o governo deve ter a sabedoria em seus investimentos e visar sempre o bem-estar das pessoas de forma sustentável.

(P3). Não há engajamento por parte do Estado e da sociedade, ainda que o problema já tenha sido identificado.

            Não há engajamento por parte do governo e da sociedade, visto que esse problema ocorre há bastante tempo, cerca de 36 anos de forma mais crônica, e nada é feito para solucionar o problema em efetivo.
Os órgãos públicos vêm tentando despoluir os rios de São Paulo. Diversos projetos e campanhas têm sido realizados. Um dos desafios seria a recuperação dos corpos d’água presentes nas margens dos rios, pois muito se diz a respeito dessa despoluição através da eliminação da carga pontual. Ocorre que a realidade tem se mostrado outra, pois mesmo com o controle das cargas pontuais os corpos d’água continuam poluídos diante da não observância da existência da carga difusa. (GANEM, 2015).
Há diversos projetos que saíram do papel e não deram certo, como projetos que vem dando resultado como o da eliminação da carga pontual, mas se a sociedade não ajudar haverá a existência de maior carga difusa, fazendo com que ambos saiam prejudicados: a sociedade e os rios.
A saúde da população local é a maior prejudicada com a poluição dos rios, pois 60% dos casos de internação nos hospitais públicos decorrem de doenças transmitidas por esgoto ou água contaminada. (VASCONSELOS, 2001).
Atualmente, as pessoas têm uma conscientização melhor pois está sendo mais divulgado um modo de viver mais sustentável, a geração atual tem preocupações alimentares que antigamente não tinham, assim como a preocupação de onde jogar o lixo, havendo separação de reciclável e orgânicos para facilitação da coleta. Com esse modo de pensar sendo expandido, as pessoas vão ter uma responsabilidade social e sustentável maior, sendo passado de gerações em gerações para que o processo de requalificação não seja afetado negativamente e o Estado em conjunto com a sociedade possa em fim trabalhar em conjunto por quantos anos forem necessários até a conclusão da limpeza do rio, e pós requalificação para que não volte mais a ser considerado um “esgoto ao céu aberto”.
Há um projeto chamado “Navega São Paulo” que é do governo e dá suporte para os projetos que estimulam esportes aquáticos; náuticos no Estado de São Paulo. As áreas que necessitam de suporte para esses esportes assim como para ter embarcações de modo geral, basta contatar o governo e solicitar sua ajuda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cidade de São Paulo tem uma longa história que a transformou nesses quase cinco séculos de existência numa das maiores metrópoles mundiais. No século XX, o processo de industrialização fez com que a cidade recebesse uma enorme quantidade de imigrantes. Estudiosos afirmam que esta cidade tem uma grande vocação para o capital, para o progresso e para o desenvolvimento econômico, mas os aspectos turísticos ficaram em segundo plano.
Os rios que atravessavam a cidade tiveram grande importância no desenvolvimento da cidade. A história  conta que os primeiros jesuítas que aqui vieram e fundaram a cidade criaram pequenos sítios nos bairros da freguesia do Ó e de Pinheiros. Lá produziam frutas, verduras e alguns animais que serviram para subsistência do colégio fundado no centro da cidade. Esses produtos agrícolas eram transportados em canoas pelos rios Tietê e Pinheiros até chegarem ao local onde hoje se situa o mercado municipal.
Com o crescimento populacional desenfreado os rios da cidade perderam sua vida, transformaram se em verdadeiros esgotos que correm a céu aberto. Deixaram de ter água límpida e transparente e se tornaram poluídos com águas escuras e malcheirosas. Além disto; com tanta sujeira, espremidos entre pistas de rodagem em inúmeras ocasiões provocam cheias que acarretam prejuízos a cidade.
Surgem perguntas como: Estes rios tão importantes para a cidade e sua paisagem não poderiam ser transformados em polos turísticos? Não poderiam agregar mais valor ao ambiente da cidade conhecida por largas avenidas e arranha céus, sendo uma opção de paisagem natural, propicia a oferecer à sua população e aos seus visitantes lugares de refúgio e calmaria?
Foram tais indagações que nortearam esta pesquisa e definiram os objetos de estudo. Para tanto, visitaram-se várias instituições ligadas aos rios e a represa Guarapiranga, entrevistaram-se pessoas com relação direta aos rios na cidade, a fim de descobrir como veem a situação dos rios. As lentes proporcionadas pelos conceitos de stakeholders ajudaram a compreender um grupo de pessoas que sofrem interferências em suas vidas ou que interferem nos rios.
O contato com tais pessoas, as entrevistas e as leituras realizadas levaram à elaboração algumas considerações:

  1. Os Rios Tietê e Pinheiros que atravessam a cidade de São Paulo estão absolutamente abandonados. Nem os cidadãos nem o poder público adotam atitudes de proteção e cuidado com estes recursos naturais. As pessoas não enxergam os rios como parte de uma paisagem desconhecem formas de preserva-los
  2. A cidade como um todo ignora o rio como parte de seu ambiente. O rio é lembrado como um acidente geográfico que divide e separa a cidade.
  3. Há ausência do sentimento de responsabilidade pelos rios, ninguém acha que deve cuidar dos rios, protegê-lo, deixá-lo mais limpo, quem sabe até navegável. O cidadão acredita que isto é tarefa do poder público e o poder público não prioriza a requalificação
  4. Nem mesmo a grande crise hídrica no ano de 2015 e 2016 fez com que as pessoas se conscientizassem.
  5. Quando se pergunta à sociedade quais as possíveis medidas, elas sempre têm ideias, todos gostariam de ver o rio utilizável por diversas maneiras diferentes.
  6. Se os rios fossem limpos e navegáveis seriam sim um atrativo turístico de destaque podendo inclusive mudar o enfoque da cidade.
  7. Cabe à sociedade civil se organizar a fim de reunir pensamentos e dialogar de forma conjunta com as autoridades do estado e da iniciativa privada, buscando um denominador comum.
  8. A preservação do ambiente tem sido vista mais frequentemente como medida de qualidade de vida, integração com a sociedade e bem-estar.

Tais colocações poderão ser tema de estudos futuros destes pesquisadores ou de outros com interesse em ampliar as alternativas de lazer e de turismo na cidade de São Paulo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente: saúde. 3ª ed. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
BRASIL. Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. DOU nº 116, Seção 1, págs. 70-71 de 18/06/2012.
BRASIL. Lei n. 9795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1999.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
Celeste Jimenez e Ivan Nava Rêgo Aragão (2014): "Reflexões sobre o turismo, a sustentabilidade, a cultura e identidade na sociedade" Turydes Jornal: Turismo e Desenvolvimento, n. 17 (dezembro de 2014). On-line: http://www.eumed.net/rev/turydes/17/identidad-sociedad.html
CRIVELARO, G. M. Gestão Ambiental em operações urbanas consorciadas e a sustentabilidade metropolitana. 2009. 222 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Católica do Paraná. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp086060.pdf
DAEE. Portal do Departamento de Águas e Energia Elétrica. Histórico do rio Tietê. 2016. Disponível em: http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&id=793:historico-do-rio-tiete&Itemid=53
FEDRIZZI, Valéria Luiza Ferreira. O conhecimento gerado no programa de mestrado em hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi – UAM, 2008. Dissertação (Mestrado em Hospitalidade) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.
GANEM, R. S. et al. Políticas setoriais e meio ambiente. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/livros-eletronicos/politicas-setoriais-e-meio-ambiente
GUIZI, A. A. Stakeholders, eventos corporativos e hospitalidade: estudo de casos múltiplos em Bourbon Hotéis & Resorts. 2015, 251 f. Dissertação (Mestrado em Hospitalidade) – Universidade Anhembi Morumbi. Disponível em:  http://portal.anhembi.br/wp-content/uploads/dissertacoes/hospitalidade/2015/Dissertacao_Alan_Aparecido_Guizi.pdf
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de informações básicas municipais. Perfil dos municípios brasileiros 2012. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.
JORGE, J. São Paulo das enchentes, 1890-1940. Histórica Arquivo Estado, edição nº 47, abril 2011. São Paulo. Disponível em: http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao47/materia01/
JORGE, J. Rios e saúde na cidade de São Paulo, 1890-1940. História e Perspectivas, Uberlândia (47): 103-124, jul./dez. 2012. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/viewFile/21265/11523
LIMA, V.; AMORIM, M. C de C. T. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Revista Formação, nº13, p. 139 – 165, 2006. Disponível em: http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/835/849
LOBEL, F. Sabesp trava obras para despoluição do rio Tietê em São Paulo. Jornal Eletrônico Folha de São Paulo, Setembro, 2015. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/09/1681316-sabesp-trava-obras-para-despoluicao-do-rio-tiete-em-sao-paulo.shtml
PEREIRA, G. M. Projeto de Usinas Hidrelétricas. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. http://ofitexto.arquivos.s3.amazonaws.com/Projeto-de-Usinas-Hidreletricas_DEG.pdf
RIGHETTO, A. M. Manejo de Águas pluviais urbanas. PROSAB. Ed. 5, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-programas/prosab/prosab5_tema_4.pdf
ROSE, R. E. Rio Pinheiros: história e degradação. 2013. Disponível em: http://ricardorose.blogspot.ca/2013/01/rio-pinheiros-historia-e-degradacao.html
Silvia Helena Zanirato e Edegar Luis Tomazzoni (2014): "A sustentabilidade do turismo em Fernando de Noronha (PE-Brasil)", Jornal Turydes: Turismo e Desenvolvimento, n. 17 (dezembro de 2014). On-line: http://www.eumed.net/rev/turydes/17/noronha.html
SOUZA, M. Degradação e recuperação ambiental e desenvolvimento sustentável. 2004. 393 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais, 2004. Disponível em: http://www.riopomba.ifsudestemg.edu.br/portal/sites/default/files/arq_paginas/3tese_final_mauricio_novaes.pdf
Vasconcelos, Andrade (2013): "Sustentabilidade urbana e impactos socioambientais: uma abordagem acerca da ocupação humana desordenada no espaço urbano”, em Contribuições as Ciências Sociais, Junho 2013, www.eumed.net/rev/cccss/24/sustentabilidade-urbana.html       
VASCONCELOS, Y. São Paulo tem jeito? Revista Super Interessante. 2001. Disponível em: http://super.abril.com.br/comportamento/sao-paulo-tem-jeito

* Graduado em Turismo – Universidade Anhembi Morumbi

** Pós-Doutorado em Turismo (UFPR), Doutorado e Mestrado em Ciências da Comunicação (ECA-USP), Especialização em Marketing (EAESP-FGV), Graduação em Relações Públicas (ECA-USP) e em Turismo (UNIBERO).

1 Héstia, para os gregos (Vesta, para os romanos) era uma deusa virgem que representava a chama da vida; como um fogo sagrado, santificava com a sua presença espiritual os lares, protegendo as famílias.

2 Atuou como Secretário Nacional de Turismo e Serviços, presidente da Embratur e Ministro do Esporte e Turismo de 1992 a 2003.

Recibido: 02/12/2016 Aceptado: 11/12/2016 Publicado: Diciembre de 2016

Nota Importante a Leer:

Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.

Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.

Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.

El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.

Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.

Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.

Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor,pulse aqui.