Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo. ISSN 1988-5261


TURISMO RELIGIOSO E CIRCULAÇÃO MIDIÁTICA: FESTAS RELIGIOSAS DE SÃO FRANCISCO E SÃO SEBASTIÃO EM PARNAÍBA/PI

Autores e infomación del artículo

Dilene Magalhães Borges

Glauber Lima Moreira

André Riani Costa Perinotto

Universidade Federal do Piauí

dilene_phb@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho teve como intuito pesquisar sobre a circulação midiática das festas religiosas de Parnaíba: São Francisco e São Sebastião, ambas realizadas na Igreja São Sebastião, com enfoque no potencial de comunicação turística da festividade de São Sebastião para o desenvolvimento do turismo religioso na cidade. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa descritiva, exploratória, bibliográfica e de campo, além de uma abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa. Na pesquisa de campo, realizada na Igreja São Sebastião e na Igreja Nossa Senhora do Carmo, foram aplicados questionários e uma entrevista. Os dados foram analisados através de gráficos e quadros nos quais constam as respostas dos sujeitos de forma descritiva. Com a análise dos dados, observou-se que, para os entrevistados, essas festas religiosas apresentam uma significativa contribuição para o incremento do segmento turístico religioso em Parnaíba. Entretanto, consideram que as mídias utilizadas não atuam de forma satisfatória, visto que o seu grau de atuação influencia no conhecimento e na participação dessas festividades. Além disso, enfatizaram que há uma diferenciação quanto à circulação midiática entre ambas as festas por São Francisco ser um santo mais popular na cidade, com expressiva participação da população local e que o reconhecimento da festa de São Sebastião depende de investimento e de intenso trabalho de divulgação.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo religioso, Circulação midiática, Festas religiosas, Parnaíba.

RELIGIOUS TOURISM AND MEDIA CIRCULATION: AT PARNAÍBA’S RELIGIOUS FESTIVALS “SÃO FRANCISCO” AND “SÃO SEBASTIÃO”

ABSTRACT: This research aimed at getting information on media circulation at Parnaíba’s religious festivals, São Francisco and São Sebastião, both performed in São Sebastião Church, focusing on the communication potential of the touristic festival of São Sebastião for the development of religious tourism in the city. In order to do so, a descriptive, exploratory, bibliographical and field research was used, as well as a qualitative and quantitative approach. In the field research, done in São Sebastião Church and in Nossa Senhora do Carmo Church, questionnaires and an interview were applied. Data were analyzed through graphs and tables in which the subjects' responses are shown in a descriptive form. Through data analysis, it was observed that, for the subjects, those religious festivals have a significant contribution to the growth of religious tourism segment in Parnaíba. However, they consider that the medias used do not operate satisfactorily as long as their degree of activity influences on knowledge and participation of the festivities. Furthermore, they emphasized that there is a differentiation concerning media circulation between both festivals, since São Francisco is a most popular saint in the city with significant participation of the local population and that the recognition of the festival of São Sebastião depends on investment and intense broadcast.
KEYWORDS: Religious tourism; Media Circulation; Religious festivals; Parnaíba.



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Dilene Magalhães Borges, Glauber Lima Moreira y André Riani Costa Perinotto (2015): “Turismo religioso e circulação midiática: festas religiosas de São Francisco e São Sebastião em Parnaíba/PI”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 18 (junio 2015). En línea: http://www.eumed.net/rev/turydes/18/festas-religiosas.html


1. INTRODUÇÃO
Parnaíba, situada no extremo norte do Estado do Piauí (Brasil), é a segunda maior cidade piauiense e limita-se com os municípios de Buriti dos Lopes, Bom Princípio, Luís Correia e Ilha Grande (MENDES, 2007). Caracteriza-se por suas belezas naturais e exuberantes, além de atrativos turísticos, como os diversos monumentos, Praia da Pedra do Sal, Lagoa do Portinho e Delta do Parnaíba – composto de dunas, manguezais e variadas espécies de animais e plantas. Além disso, apresenta um importante acervo histórico e cultural.
O turismo, atividade que teve seu crescimento acentuado nos últimos anos, permite a essa cidade um maior destaque entre as demais regiões litorâneas do Estado, não somente por sua importância histórica ou mesmo por suas admiráveis paisagens, mas também pela presença de manifestações religiosas que atraem turistas provenientes de outras localidades e propiciam, assim, o desenvolvimento do segmento turístico denominado turismo religioso.
Parnaíba apresenta-se, portanto, como uma cidade turística promotora de significativas festas católicas em suas mais diversas igrejas, entre elas a Igreja São Sebastião, construída por Monsenhor Roberto Lopes e inaugurada em 1940 (SILVA, 1987). Nesse sentido, vale destacar duas das suas mais importantes festas: São Francisco e São Sebastião.
 A festa de São Francisco realiza-se todos os anos, no período de 24 de setembro a 04 de outubro, com a participação de milhares de pessoas procedentes de regiões vizinhas, como Ilha Grande, Luís Correia e algumas cidades pertencentes aos Estados do Ceará e Maranhão. Essas pessoas são movidas pela fé, crença e admiração pela história de vida do santo.
A festa de São Sebastião, com realização no período de 10 a 20 de janeiro, homenageia o santo, um jovem militar, forte, piedoso na fé, defensor do cristianismo e grande benfeitor dos cristãos, que eram perseguidos por soldados sob ordens do Imperador; foi espancado com pauladas e golpes até a sua morte (PASSOS, 1982). No entanto, essa festividade, que dá nome à referida igreja, ainda não recebe o mesmo prestígio e participação por parte da própria população local, se comparada com a festa de São Francisco.
A partir desses pressupostos, a problemática relaciona-se à diferenciação da circulação midiática entre as festas religiosas de São Francisco e São Sebastião, visto o potencial de desenvolvimento da festa de São Sebastião como um atrativo turístico religioso para a cidade de Parnaíba. O estudo sobre circulação midiática deve-se pela importância do tema na atualidade em que se observam os avanços tecnológicos mediante as necessidades pelo rápido processo comunicacional e interativo entre emissores e receptores de mensagens utilizando-se de diferentes mídias.
Nesse contexto, delimitou-se o seguinte problema: Como se dá a circulação midiática das festas de São Francisco e São Sebastião e o potencial de comunicação turística da festa de São Sebastião? A festa de São Francisco, por ser mais estruturada e conter uma expressiva participação da população local, obtém maior visibilidade, mobilização e circulação nos diferentes canais midiáticos, como folders (confeccionados pela própria igreja), internet (utilizando-se das redes sociais), rádio, televisão e jornal. Entretanto, a festa de São Sebastião, por ser uma manifestação religiosa relevante e suscitar a expressão da fé, apresenta um significativo potencial de comunicação turística contribuinte para o desenvolvimento do turismo religioso na cidade. 
            O presente trabalho teve como objetivo geral diagnosticar a circulação midiática das festas de São Francisco e São Sebastião e o potencial de comunicação turística da festa de São Sebastião. Além disso, procurou-se analisar a circulação midiática da festa de São Francisco e São Sebastião comparando suas aproximações e diferenças, caracterizar a perceptível contribuição da circulação midiática para as festas religiosas de Parnaíba com potencial de atração de turistas, e investigar o reconhecimento da festa de São Sebastião através da mídia com a descrição da festa de São Sebastião como potencial atrativo turístico religioso para a cidade de Parnaíba.
Este artigo apresenta, portanto, tópicos, mediante embasamento teórico, sobre segmento turístico religioso, festas religiosas de Parnaíba – São Francisco e São Sebastião, e circulação midiática das festas religiosas e sua relação com o turismo.
2. SEGMENTO TURÍSTICO RELIGIOSO
O turismo caracteriza-se por ser uma atividade de proeminência e crescimento em escala mundial, visto o grande fluxo de turistas que se deslocam de seu lugar de origem. Beni (2008) caracteriza-o como um meio eficaz na promoção de informações difusas de uma localidade, bem como seus valores naturais, culturais e sociais; no surgimento de novas perspectivas sociais com base no desenvolvimento econômico e cultural de uma região; na integração social; no desenvolvimento da criatividade e na promoção do sentimento de liberdade ao estabelecer ou estender os contatos culturais e estimular o interesse pelas viagens turísticas. Dentro dessa perspectiva, Dias e Cassar (2005, p. 58) afirmam que há diversas definições sobre esse termo. No entanto, há alguns elementos em comum descritos em quaisquer acepções acerca da atividade turística que são:
O deslocamento físico de pessoas; a permanência no destino, que abrange um determinado período de tempo, não sendo, portanto, permanente; tudo o que o turismo abrange – tanto viagem ao destino quanto as atividades realizadas anteriormente em função dessa intenção e, principalmente, aquelas atividades realizadas durante a permanência no local visitado; e qualquer que seja a motivação de viajar, o turismo compreende os serviços e produtos criados para satisfazer às necessidades dos turistas.

            No que concerne ao Brasil, observa-se que a atividade turística desempenha um papel significante para o seu desenvolvimento, além de exercer uma influência nos setores cultural, social, político e religioso. Composta por vários segmentos, destaca-se atualmente o denominado turismo religioso que, de acordo com Dias e Aguiar (2002, p. 30), apresenta as seguintes propriedades:
Relaciona-se com as romarias e peregrinações que os fiéis realizam nos lugares sagrados. Há uma multiplicidade de lugares sagrados nos diversos países, que se relacionam com as mais diversas manifestações religiosas. Alguns desses lugares sagrados têm importância nacional, e muitas vezes local; outras adquirem uma dimensão mundial, como Jerusalém, em Israel, Meca, na Arábia Saudita, ou Benares na Índia.

Ainda com base na visão de Beni (2008, p. 474), o turismo religioso caracteriza-se pela presença preponderante de peregrinos que se deslocam mediante fatores como a fé, a crença e permite-se considerá-los como turistas não menos importantes que os denominados turistas reais. Para isso, utiliza-se da seguinte argumentação:
Refere-se ao grande deslocamento de peregrinos, portanto, turistas potenciais, que se destinam a centros religiosos, motivados pela fé em distintas crenças. Este tipo de demanda tem características únicas levando, por isso, alguns autores a não considerá-los nos estudos de turismo. Mas, em nosso entendimento, conforme já referido, esses peregrinos assumem um comportamento de consumo turístico, pois utilizam equipamentos e serviços com uma estrutura de gastos semelhantes a dos turistas reais. A variável de permanência, no caso, estará intimamente ligada no tempo da duração das cerimônias, ritos e celebrações religiosas.

Diante do exposto, ressalta-se a disseminação da religiosidade brasileira no decorrer dos anos e nota-se que em algumas regiões já é mais bem difundida nas que apresentam importantes eventos religiosos, entre eles: o Círio de Nazaré, no Pará; Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo; Padre Cícero, no Ceará; entre outros. Entretanto, é perceptível a precariedade da infraestrutura nas localidades para atender os mais diversos tipos de viajantes, como os romeiros e os peregrinos, praticantes desse tipo de segmentação turística em expansão no país.
A difusão da prática religiosa é um fator relevante para o incremento de locais com potencialidades turísticas. Nesse sentido, observa-se que, nas diversas regiões do Brasil, há muitas opções de religiões, das quais se destacam a evangélica e a católica. Nesse contexto, apesar do acentuado crescimento dos evangélicos nos últimos anos com percentual de 22,2%, aumento de aproximadamente 16 milhões de pessoas, o catolicismo ainda apresenta o maior número de adeptos, com 64,6%. Quanto aos estados brasileiros, o Piauí apresenta o maior índice de católicos, correspondente a 85,1% (IBGE, 2010).
            No que concerne a Parnaíba, percebe-se que o município possui potencial para o desenvolvimento do segmento turístico religioso, conforme as diversas manifestações religiosas realizadas, principalmente pelos praticantes do catolicismo, religião mais difundida e com maior número de aderentes na cidade. Dessa forma, é pertinente mencionar as festas de São Francisco e São Sebastião, festividades relevantes, porém ainda conhecidas e divulgadas apenas em âmbito regional, as quais se remetem à cultura do povo parnaibano, além de apresentarem seu apreço como um produto turístico, e assim, instigarem a realização deste trabalho.
3. FESTAS RELIGIOSAS DE PARNAÍBA: SÃO FRANCISCO E SÃO SEBASTIÃO
O sincretismo religioso no Brasil é uma das características que o difere de outras nações. As diversas festas religiosas existentes no país permitem-no demonstrar uma maior intensificação da identidade cultural, ao passo que se observa a influência da religiosidade no processo de motivação do deslocamento de inúmeras pessoas de regiões distintas com o intuito de expressar a fé e manter uma proximidade com a religião.
Com base nesses pressupostos, vale contemplar Parnaíba como uma das cidades que apresenta acentuados aspectos culturais relevantes para o incremento do turismo religioso, como as diversas festividades religiosas. Nesse sentido, vale destacar duas de suas principais festas, São Francisco e São Sebastião, ambas realizadas na Igreja São Sebastião, a qual foi idealizada e construída inicialmente entre os anos de 1917 e 1925 e inaugurada no dia 20 de janeiro de 1940 por Monsenhor Roberto Lopes (CORREIA e LIMA, 1945).
Diante disso, vale mencionar que as referidas festas religiosas representam a cultura do povo parnaibano e expressam a sua intensa religiosidade, as quais propiciam a vinda de diversas pessoas à cidade mediante, por exemplo, a peregrinação, que, de acordo com Carvalho (2004 apud PEREIRA, SILVA, PERINOTTO, p. 367), “é o deslocamento de pessoas que vão visitar lugares sagrados para cumprir promessas em devoção a algum santo e por ter alcançado ou para alcançar alguma graça”, por identificarem-se com a religião e com os feitos e a vivência dos santos.
É neste sentido que se considera a Festa de São Francisco como a manifestação religiosa que melhor caracteriza o potencial de desenvolvimento do turismo religioso em Parnaíba. Andrade (2000, p. 77) considera-a como o segmento composto por “atividades com utilização parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas às religiões”, visto que, durante o seu período de realização – 24 de setembro a 04 de outubro – observa-se a grande participação da própria população local e de outras pessoas de regiões vizinhas, que são movidas pela admiração e crença pela história de vida do santo.
Conforme ressalta Frugoni (2011), a vida de Francisco foi descrita pela primeira vez pelo frade Tomás de Celano, sob a incumbência do Papa Gregório IX. O frade relata que Francisco nasceu na cidade de Assis, na Itália, no ano de 1182, na região do Vale de Espoleto. Filho de comerciantes, foi criado com luxo, esbanjava dinheiro com roupas finas, feitas com tecidos caros, festas, bebidas e divertimentos. Notava-se, porém, seu jeito gentil, seu modo espontâneo de ser, agir e conversar com as pessoas.
Francisco aos poucos se transformou. Em seus momentos de doenças e delírio, sentia a presença divina, como se Deus o conduzisse à conversão; procurava lugares isolados para fazer orações e reflexões; abdicou de sua riqueza, festas, roupas finas, usava apenas uma túnica simples com um cordão envolto na cintura e pés descalços; passou a dedicar-se na restauração e construção de igrejas, como a Igreja de São Damião; pregava o evangelho em lugares públicos, o que despertou o interesse de alguns missionários em vivenciar o modo de vida do santo, o que o levou a fundar a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
São Francisco costumava orar em um monte chamado Alverne e, nesse lugar, Deus o instituiu a receber os estigmas da cruz de Cristo. Mesmo debilitado, entoava cantos de louvores que contemplavam a natureza e os animais, aos quais chamava de irmãos. Veio a falecer no dia 03 de outubro de 1226 e foi sepultado na Igreja de São Jorge, na cidade de Assis. Dentro dessa perspectiva, realiza-se a festa em honra a esse santo a qual recebe todos os anos milhares de pessoas que acompanham fervorosamente as peregrinações, alvoradas, carreatas, noites de novena e a procissão. Têm-se como rituais as celebrações eucarísticas no adro da igreja com cantos e hinos, orações como forma de pedido e agradecimento por uma graça alcançada a esse santo que, de acordo com sua história, foi um homem humilde e abdicou a tudo por um ideal: ser um fiel discípulo de Cristo e pregador do evangelho.
A procissão de encerramento da festa realiza-se pelas ruas da cidade, conduzida por um carro-andor com a imagem do santo rodeado de flores e com a intensa participação por parte de turistas oriundos de localidades vizinhas, mas, principalmente, dos moradores locais os quais costumam usar o hábito de São Francisco (túnica marrom com um cordão de cor branca envolto na cintura) ou outras vestes de cor marrom, fazem promessas de andar descalços e usam terços e fitas, conforme a figura a seguir.
Já a festa de São Sebastião, realizada no período de 10 a 20 de janeiro, remete-se a homenagear esse santo que também possui características peculiares não menos importantes para a vivência cristã. Ainda que não haja a mesma participação popular que a festa franciscana, possui significativa contribuição para o incremento do turismo religioso, tendo-se por conhecimento a história e os feitos do santo.
Sebastião nasceu em Narbonne, na Gallia, no final do século III, e, desde cedo, sua família mudou-se para Milão, na qual cresceu e foi educado. Quando adulto, tornou-se oficial do Imperador Diocleciano. Por ser um jovem militar prudente, corajoso e, ao mesmo tempo, uma pessoa simpática, ocupava uma posição de destaque entre os demais oficiais, isso o permitia entrar livremente nas prisões para visitar e animar os cristãos encarcerados. Entretanto, o imperador descobriu que Sebastião também era um cristão e ordenou aos seus soldados que o amarrassem a uma árvore e atirassem flechas em seu corpo, o que o deixou quase morto (PASSOS, 1982).
Conforme o autor, após sua recuperação e cura de suas feridas por uma piedosa mulher, Sebastião continuou a censurar Diocleciano pelas injustiças e perseguições cometidas contra todos os cristãos e, novamente, no ano de 287, o imperador determinou que o espancassem até a morte com pauladas e golpes e, para evitar que venerassem seu corpo, atirassem-no à lama. Uma mulher chamada Lúcia onhecida após sua morte como Santa Lúcia), o encontrou e o sepultou e, no ano de 680, suas relíquias foram transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino. Nessa ocasião, alastrava-se a peste em Roma, que causou a morte de diversas pessoas e, a partir da trasladação dos seus restos mortais, observou-se o desaparecimento da citada epidemia. É por essa razão que São Sebastião tornou-se venerado como o grande padroeiro contra a peste.
Em Parnaíba, a festa em honra a São Sebastião realiza-se no interior da igreja, com a participação de crianças, jovens e adultos frequentadores dos diversos grupos e comunidades católicas pertencentes tanto à Paróquia São Sebastião quanto às demais paróquias da cidade, e, também, de alguns turistas atraídos pela curiosidade em conhecer a igreja. Dessa feita, permite-se manifestar a fé, fazer pedidos e agradecimentos pelas graças alcançadas mediante as celebrações eucarísticas realizadas todas as noites durante o período da festa, os momentos de louvores e de orações ao santo e a procissão realizada em ruas vizinhas.
 A procissão de encerramento do festejo, realizada em ruas próximas à Igreja São Sebastião, é conduzida por um carro-andor com a imagem de São Sebastião cercado de flores vermelhas e apresenta a participação, em sua maioria, da própria população local e de algumas pessoas de localidades próximas, as quais costumam homenagear o santo com vestes de cor vermelha, que simboliza os mártires.
           A realização dessa festividade remete-se a um período em que parte das pessoas da própria localidade e dos turistas de outras cidades encontra-se de férias e tende a buscar um destino para viajar ou mesmo para participar de alguma manifestação, seja de aspecto histórico, cultural ou religioso. Nesse sentido, a circulação midiática exerce um papel fundamental para a sua propagação, visto o aprimoramento da tecnologia e o rápido acesso aos diversos dispositivos midiáticos, principalmente à internet, por usuários que se encontram em lugares distintos.
A festa, que contempla o mesmo nome da igreja, deveria ter uma participação mais efetiva por parte, principalmente, da população local e da mídia com a intenção de difundir-se e admirar os grandes feitos que São Sebastião realizou pela religião cristã, como também, evidenciar o seu potencial atrativo turístico para a cidade de Parnaíba. Soma-se a isso a contribuição da circulação midiática que, com o avanço dos dispositivos tecnológicos, consegue divulgar e propagar essas festas, atingir o público alvo (como peregrinos e romeiros) presente nos mais diversos lugares, intensificar a história da igreja, da religião católica e, consequentemente, a história desses santos, e estimular tanto a prática turística religiosa na cidade quanto à expressão da fé.
Assim, as festividades de São Francisco e São Sebastião propulsionam o turismo religioso na localidade, além de beneficiá-la no âmbito social, cultural e econômico, visto a interação entre os indivíduos, o fortalecimento da identidade local e a geração de emprego e renda. No entanto, faz-se necessário um melhor planejamento, investimento e uma estruturação dos serviços e equipamentos turísticos, de forma a atender, satisfatoriamente, a demanda e a contribuir para o fortalecimento desse segmento na cidade.
4. CIRCULAÇÃO MIDIÁTICA DAS FESTAS RELIGIOSAS E SUA RELAÇÃO COM O TURISMO
No decorrer dos anos, pode-se observar o acelerado processo de circulação das informações devido a fatores como a globalização e os grandes avanços da tecnologia que possibilitam uma produção rápida, eficiente e que atingem os mais diversos públicos. E, para melhor entender esse processo, Machado (2008) afirma que a circulação não pode ser vista apenas como uma fonte de distribuição, pois a circulação é um processo mais dinâmico e flexível e tem como objetivo principal a disseminação de informações produzidas nos diferentes centros.
Dentro dessa linha, a mídia é um termo oriundo da expressão inglesa mass media que se refere aos meios de comunicação de massa (media = meios de comunicação e mass = massa). Assim, Nielsen (2002, p. 25) descreve os modos comunicacionais que se referem às mídias: impressa, como jornais, revistas, folders, periódicos, boletins informativos, entre outros; e de radiodifusão – rádio e televisão e internet. Esta última atinge um número expressivo de pessoas em lugares distintos e em um curto espaço de tempo, além da rapidez e facilidade na circulação das informações, como descrito por Vizer (2010, p. 43-44):
Entramos, então, num mundo de cyberinformação e cybercomunicação onde a própria aceleração da velocidade da circulação das palavras, dos dados e das imagens na Rede expandem, em forma quantitativa e qualitativa, a produção, a circulação e o consumo de informação, criando formas de valores de sentido antes inexistentes. Da mesma forma acontece com as novas modalidades interativas de intercomunicação e autoexpressão pessoal no espaço digital. As três dimensões tendem a se misturar nos processos de circulação dentro das novas ecologias virtuais, onde se articula a informação com a intercomunicação e a expressão pessoal. A midiatização institui literalmente o “espírito de época” de nossa cultura tecnológica.  
Dentro dessa perspectiva, vale mencionar a importante relação que se estabelece entre turismo e comunicação. O fator comunicacional permite que a atividade turística se desenvolva de maneira a movimentar milhares de pessoas todos os anos para regiões distintas, mediante o acesso às informações e aos dados inseridos nos diferentes instrumentos midiáticos. A escolha adequada dessas ferramentas constitui uma estratégia relevante na propagação imagética de um determinado local, conforme o público alvo que se almeja atingir, como retrata Baldissera (2008, p. 127).
A comunicação turística compreende toda comunicação que, de algum modo, se referir a turismo. Isto é, além dos processos promocionais, dentre outras manifestações, ela também contempla a comunicação que se dá no planejamento turístico (entre gestores, por exemplo), a comunicação que se atualiza informalmente entre a população do entorno do atrativo turístico, bem como aquela que se materializa quando, em uma reunião de amigos, alguém discorre sobre sua viagem, espontaneamente ou por solicitação.

 

É nesse sentido que a circulação das imagens fotográficas das festas religiosas (São Francisco e São Sebastião) em mídias diversas manifesta a sua importância na composição da comunicação turística devido a sua capacidade de criar expectativas e instigar o deslocamento de pessoas que mantêm ou não vínculos com a religião. Para tal, Perinotto (2013, p. 25) enfatiza que “para a comunicação turística é significante que essas imagens fotográficas cheguem até os potenciais turistas/visitantes” com o intento de fomentar o turismo religioso na cidade.
De fato, é perceptível a participação de inúmeras pessoas nas manifestações religiosas no país e, através dos diversos dispositivos da mídia, essa prática tende a se difundir em maiores proporções. Diante disso, vale mencionar que, para este trabalho, permitiu-se destacar os canais midiáticos mais utilizados para a divulgação das festas religiosas de Parnaíba - São Francisco e São Sebastião, como: rádio e televisão (radiodifusão), jornais e folders (mídia impressa) e a internet, mediante uso das redes sociais, por proporcionar variadas maneiras de circulação de notícias ou assuntos referentes a essas festas e por serem mais diretas e acessíveis.
É com base nessas ferramentas comunicacionais que se observou o papel relevante que o estudo sobre circulação midiática remete-se a beneficiar/auxiliar a comunicação turística, ao passo que propicia uma maior conversação entre emissores e receptores, permitindo a obtenção de conhecimento, acesso às informações, como também interatividade entre as pessoas e divulgação/promoção de um atrativo turístico.
            Diante disso, percebe-se que a circulação das festas religiosas em diferentes mídias contribui para que um número expressivo de pessoas obtenha acesso aos assuntos (comunicação turística), imagens, período de realização sobre essas festividades, bem como aos dados referentes à cidade a que pertencem e aos seus demais atrativos, o que favorece o incremento do turismo em Parnaíba e o seu potencial para o desenvolvimento do segmento turístico religioso.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizou-se de técnicas e instrumentos que melhor se adequassem à pesquisa, de forma a fornecer subsídios para a aquisição e concepção das informações acerca do objeto de estudo deste trabalho: a circulação midiática das festas religiosas de São Francisco e São Sebastião pertencentes à Igreja São Sebastião, localizada na cidade de Parnaíba, focando no potencial de desenvolvimento da festa de São Sebastião como atrativo turístico religioso para a cidade.
No que se refere aos objetivos propostos, empregou-se uma pesquisa descritiva e exploratória. A descritiva ocorre mediante a observância, registro, análise e descrição de fatos sem a manipulação do pesquisador, além de apresentar a relação que o fenômeno investigado estabelece com outras variáveis no ambiente. Já a exploratória caracteriza-se pelo fornecimento de informações com descrições precisas acerca de um tema proposto e funciona como fonte para a articulação de futuras pesquisas.
Quanto ao objeto de estudo, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica que, segundo Carvalho (2006, p. 100), “é a atividade de localização e consulta de fontes de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos de determinado tema”. Para este trabalho, foram pesquisados assuntos relacionados à comunicação, à circulação midiática, ao turismo e ao segmento religioso, atrativos potenciais turísticos e dados sobre a cidade de Parnaíba e suas principais festas religiosas, São Francisco e São Sebastião, consultados em livros nos quais autores abordam a história da referida Igreja, o conceito de circulação da mídia, suas características e sua interação com a sociedade. Também foram utilizados artigos, monografias, revistas e sites, bem como uma pesquisa de campo a qual se caracteriza pela coleta de dados sobre determinado assunto no próprio ambiente em que o fenômeno a ser investigado ocorre e não há interferência no mesmo.
A pesquisa de campo realizou-se na Igreja São Sebastião, localizada em Parnaíba, e na Igreja Nossa Senhora do Carmo, em São Luís, no Maranhão, de forma a obter informações acerca das festas religiosas de São Francisco e São Sebastião. Essas festividades permitem caracterizar a cultura local e estimular a prática da religiosidade na cidade, bem como dos canais midiáticos utilizados na sua divulgação, entre eles: folder, internet, televisão, rádio e jornal. Para tal, fez-se necessária a participação de alguns sujeitos que apresentam um papel relevante para o seu desenvolvimento, como também dispõem de contribuições significativas para o aprimoramento da análise dos dados.
O primeiro sujeito selecionado foi o frade capuchinho denominado Frei Francisco das Chagas Santos, que residiu na cidade de Parnaíba, de fevereiro de 2010 a janeiro de 2013, com a função de pároco da Paróquia São Sebastião e, atualmente, atua como Ecônomo da Província do Ceará e do Piauí, em Fortaleza, no Ceará. O referido frade possui informações importantes a respeito das mencionadas festas religiosas e apresenta suas visões e concepções acerca do potencial de Parnaíba para o incremento do turismo religioso.
            Outros sujeitos selecionados foram os frequentadores das missas realizadas na aludida igreja, por conhecerem e participarem dessas festas. Por esgotamento de tempo, foram escolhidos, aleatoriamente, apenas 20 sujeitos, os quais trouxeram expressivos subsídios para o estudo sobre a questão da circulação midiática e seu fator contribuinte para a divulgação e propagação dessas festividades.
Utilizou-se, portanto, de dois importantes instrumentos metodológicos: o questionário e a entrevista. O primeiro é uma das técnicas mais aproveitadas quando se trata de coleta de dados devido ao levantamento de informações com o emprego de perguntas abertas (com respostas livres, pessoais) e/ou fechadas (com respostas mais precisas), nas quais os próprios sujeitos expressam suas opiniões sobre o assunto tratado. Para este trabalho, o questionário foi composto de 08 questões, sendo 04 abertas e 04 fechadas, sobre a atuação e contribuição das mídias, como folders, jornal, rádio, televisão e internet, no desenvolvimento do turismo religioso em Parnaíba mediante as festas de São Francisco e São Sebastião. Assim, totalizaram-se 20 questionários, os quais foram aplicados no período de 19 a 28 de julho de 2013, na Igreja São Sebastião, na qual há um grande fluxo de pessoas aptas a responderem devido à participação e ao conhecimento das festividades religiosas citadas anteriormente.
A utilização da entrevista remete-se à obtenção de dados sobre um determinado assunto proposto que melhor caracterizem, contribuam e propiciem a qualificação da pesquisa mediante o interrogatório solicitado ao sujeito. Sob a visão de Severino (2007), esse interrogatório subdivide-se em não diretivo, por meio das qual se retêm as informações do entrevistado a partir de uma conversa, de um discurso livre sem a prévia elaboração de questionamentos; e em estruturada, que dispõe de questões direcionadas e preliminarmente elaboradas de forma a obter-se respostas de mais fáceis especificidades. Esta última foi utilizada neste trabalho. Portanto, a entrevista feita ao referido padre compôs-se de 06 questões elaboradas e realizou-se no dia 09 de agosto do corrente ano, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, em São Luís, durante a comemoração dos 400 anos da chegada dos frades capuchinhos no Brasil.
            Dentro dessa linha, a abordagem utilizada denominou-se quali-quantitativa, ou seja, empregou-se tanto uma pesquisa qualitativa, com descrição e interpretação dos dados coletados, como uma pesquisa quantitativa, referente ao número de opiniões obtidas para análise mediante o uso de recursos (gráficos) e de técnicas estatísticas (média, porcentagem). Os dados foram analisados por meio da elaboração de gráficos, que demonstram em porcentagem as respostas dos vinte sujeitos, de quadros nos quais constam as afirmações de forma descritiva dos respectivos informantes e, corroborando com os resultados, de materiais bibliográficos referentes ao assunto em questão.
6. ANÁLISE DOS DADOS MEDIANTE APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
            Os questionários aplicados apresentam as opiniões dos vinte sujeitos investigados, os participantes das missas realizadas na Igreja São Sebastião, os quais se identificaram no decorrer da análise por INF1, INF2, INF3, até INF20, que correspondem a Informante 1, Informante 2, Informante 3, e assim, sucessivamente, até o Informante 20.
            Inicialmente, propôs-se a indagar aos sujeitos as seguintes questões: A que cidade ou região você pertence? Você considera Parnaíba como uma cidade com potencial para o desenvolvimento do turismo religioso? Qual a contribuição das festas de São Francisco e São Sebastião para o desenvolvimento do turismo religioso em Parnaíba?
Dentre as respostas, observou-se que todos (100%) pertencem a Parnaíba, o que favoreceu o resultado afirmativo, com 85% do total, referente ao potencial para desenvolver o segmento na cidade, bem como a porcentagem de 60%, equivalente a 12 pessoas, que consideram ótima a contribuição das festividades para o desenvolvimento do turismo religioso na cidade, conforme, respectivamente, os gráficos a seguir.                
           
Dessa forma, através das respostas fornecidas pelos sujeitos e do referencial teórico utilizado neste trabalho, permite-se caracterizar a cidade com potencial para o desenvolvimento do turismo religioso por meio de festas como São Francisco e São Sebastião, realizadas na Igreja São Sebastião, nas quais se observa o crescimento da participação de pessoas de outras localidades e suscitam a expressão da fé. Não obstante, vale utilizar-se dos seguintes argumentos de Baldissera (2008, p. 126):
Turisticamente, um atrativo, um produto ou um destino somente existe se for comunicado, se os turistas forem informados de sua existência. Caso contrário, permanecerá apenas com potencialidade turística (potencialidade não realizada), isto é, somente será conhecido por aqueles que chegarem até ele, mesmo sem saber de sua existência. Pela comunicação essa existência turística potencial pode ser informada aos públicos e experimentar processos de nominação, transação/negociação para assumir seu caráter turístico.

Assim, com base na história, na vivência e nos feitos de São Francisco e São Sebastião, observa-se a significativa contribuição das festas realizadas em sua honra para desenvolver-se o turismo religioso em Parnaíba. Além disso, é perceptível o crescimento participativo da população local, bem como, de turistas oriundos de localidades vizinhas que buscam uma maior proximidade com a religião e acreditam que essas festividades proporcionam formas de expressar a fé, a crença e a obtenção de graças através desses santos.
Na sequência, a quarta pergunta se referiu aos tipos de mídias que os investigados tiveram conhecimento sobre as festas religiosas referidas, bem como seu período de realização. No gráfico a seguir, apresentam-se as respostas dos sujeitos.
           
 De acordo com os informantes, teve-se o maior conhecimento sobre essas festas e seus períodos de realização através dos folders confeccionados pela própria igreja, equivalente a 34% do total. Neles, consta toda a programação, com horários das missas, novenas, confissões e demais atividades a se realizarem durante as festividades. Dessa feita, o folder é considerado uma das mais importantes mídias por ser de mais fácil acessibilidade e por dispor de informações mais detalhadas, o que impulsiona a participação dos fiéis em ambas as festas. Corroborando com o resultado, Roman e Mass (1992, p. 13) apresentam suas considerações sobre a importância dos folhetos:
Existem desde o século XII – sob a forma de um poema de amor num pequeno livreto. Os folhetos veicularam ideias políticas que acabaram em revoluções. Podem ser pequenos de tamanho, mais impulsionam grandes negócios. Nem todo mundo tem dinheiro para fazer propaganda na mídia, mas quase todo negócio precisa e produz material promocional.

Observou-se também que 23% (outras) afirmaram que o conhecimento dessas festas religiosas deu-se através da própria igreja, a qual mencionou e propagou durante as diversas celebrações eucarísticas a realização das duas festividades mencionadas neste trabalho. Já as mídias rádio e internet apresentaram um percentual pouco expressivo, apenas 14%, visto a importância, acessibilidade e utilização por parte da maioria das pessoas. No que concerne ao rádio, Nielsen (2002, p. 34) utiliza-se da seguinte argumentação para expor sua relevância:
O rádio era (e ainda é) um meio acessível. Alguns o descreveram como um veículo íntimo e seletivo. Entre outras de suas vantagens está a flexibilidade, o fato de a transmissão poder ser alterada com pouca antecedência e, com os aparelhos tão comuns hoje em dia, de que também o público se torna portátil.

Assim, observa-se que as festas de São Francisco e São Sebastião ainda não são divulgadas com a devida intensidade em mídias tão importantes, relevantes e de expressivo uso, além de fácil repercussão de notícias, como o rádio e a internet. No tocante à internet, tem-se o intenso uso da redes sociais, as quais conseguem atingir um acentuado número de pessoas em lugares distintos, em um curto espaço de tempo. A utilização de diversas mídias permite que o processo de comunicação adquira maiores proporções ao ocasionar a interação entre as pessoas, a disponibilização de maiores informações e a ampliação do tempo e espaço. Dessa forma, evidencia-se que, quanto mais se utilizar as mídias para a divulgação dessas festividades, maior será a participação das pessoas.
Outras mídias foram mencionadas pelos sujeitos, como a televisão e o jornal. Percebe-se que esses canais de comunicação ainda são pouco aproveitados como forma de divulgação dos festejos e quase não possuíram a utilização das pessoas como meio de se obter conhecimento sobres essas festas religiosas de Parnaíba.
As duas questões seguintes relacionaram, respectivamente, sobre a análise de cada sujeito com relação à atuação da mídia na propagação das festas religiosas de São Francisco e São Sebastião e o reconhecimento da festa de São Sebastião pela mídia. Constatou-se que 60% do total analisaram como ótima a atuação da mídia das festas de São Francisco e São Sebastião; e 75% dos sujeitos afirmaram que a mídia reconhece a festa de São Sebastião como um atrativo turístico religioso (conforme gráficos abaixo), entendendo-se que a perceptividade da mídia ainda é mínima, devendo comparecer e atuar de maneira mais expressiva e acentuada, de forma a propagar ambas as festividades religiosas.                                   

Nesse sentido, é perceptível a influência que a mídia exerce em quaisquer acontecimentos, manifestações e eventos de caráter religioso ou de outra natureza. O seu grau de atuação influencia no conhecimento, na participação ou mesmo no ato de adquirir um determinado produto e/ou serviço. E, no que concerne a esses festejos de Parnaíba, é imprescindível que a mídia atue com mais intensidade na sua propagação, pois é por meio dos canais midiáticos como jornal, revista, rádio, televisão, folders e internet que as pessoas vinculadas ou não à religião obtêm os dados e informações necessárias que as façam deslocar-se para a cidade e motivá-las a participarem ativamente dessas festividades.
Dessa forma, elaborou-se um quadro para melhor visualização e conhecimento das informações disponibilizadas pelos sujeitos presentes nesta pesquisa, composto de cinco colunas: a primeira refere-se aos vinte informantes dispostos em ordem crescente da numeração; as colunas dois, três e quatro remetem-se às respostas dadas (sim, não ou outra) mediante a pergunta: A mídia apresenta o devido reconhecimento da festa de São Sebastião como um atrativo turístico religioso? E, por último, apresenta-se o porquê dessas respostas de forma descritiva.
            Observa-se que, dos vinte investigados, três responderam afirmativamente que a mídia reconhece o festejo de São Sebastião como um atrativo religioso por considerarem bons a participação e o conhecimento das demais pessoas oriundas de lugares distintos. Entretanto, é perceptível a pouca participação da própria população local e seu entendimento para com a presença e função/atuação da mídia na divulgação da festividade ao observarem-se as respostas desses respectivos informantes. Por outro lado, os demais quinze sujeitos consideram que a mídia não reconhece devidamente a festa de São Sebastião. Dessa feita, Moura (2001 apud SCHUMANN 2006, p. 37-38) corrobora com os resultados mediante a seguinte argumentação:
A beleza das festas que celebram as vidas dos santos nem sempre conservam a autenticidade de suas origens devocionais, mas constituem-se num dos principais atrativos turísticos do Brasil, tanto nos grandes centros como nas cidades mais humildes [...] As festas, grande motor do turismo nacional, constituem, assim, um dos grandes patrimônios culturais de nosso país.
Na sequência, a questão sete teve o intuito de saber qual(is) diferença(s) e/ou semelhança(s) os sujeitos observam entre as festas de São Francisco e São Sebastião através da circulação da mídia. Percebeu-se que a mídia pouco divulga as festas de São Francisco e São Sebastião, mas há uma maior atuação na festividade franciscana por conter uma expressiva participação das pessoas da própria localidade e de regiões vizinhas, como também por ser um santo mais popular para o povo parnaibano. Além disso, é válido acrescentar que a mídia não apresenta o mesmo reconhecimento na festividade de São Sebastião, como afirmaram os informantes INF3, INF4, INF5, INF7 e INF9.
Com base nas respostas obtidas, a mídia apresenta uma acentuada diferenciação quanto à divulgação e propagação entre a festa de São Francisco e a festa de São Sebastião. A maioria dos informantes afirma que a festa franciscana tem um maior respaldo pela mídia, com maior mobilização e divulgação, por ser um santo mais popular e por apresentar uma intensa participação, tanto das pessoas da própria localidade como de regiões vizinhas. No que concerne à festividade de São Sebastião, consideram-na esquecida por parte dos meios de comunicação e não se percebe a presença de tantos fiéis como na festa citada anteriormente. E, mesmo que as notícias ou as imagens da festa de São Francisco circulem com mais intensidade do que a festa de São Sebastião, a mídia necessita manifestar-se expressivamente com o intuito de favorecer o reconhecimento de ambas as festas religiosas e contribuir para o desenvolvimento do turismo religioso na cidade.
            É importante mencionar que a igreja ainda assume a função de divulgar essas festividades, utilizando de celebrações eucarísticas, reuniões, encontros religiosos. Entretanto, apenas uma quantidade pequena de pessoas obtém conhecimento e reconhece a importância dessas festas. Diante disso, é relevante que as notícias, o período de realização e as imagens da festa franciscana e da festa de São Sebastião circulem em diversificadas mídias para que adquiram maiores proporções e tornem-se reconhecidas e com maior visibilidade pelos turistas e pessoas locais.
Na última pergunta aplicada no questionário, buscou-se obter a opinião de cada sujeito sobre a importância de se estabelecer uma maior comunicação das referidas festas religiosas com suas respectivas datas de realização ao utilizar-se de mídias como jornal, revista, folders, televisão e internet. De acordo com as respostas adquiridas, observou-se que o grau de comunicação reflete no conhecimento e no desenvolvimento dessas festas religiosas, ou seja, quanto maior a divulgação e antecedência, mais fiéis podem participar e assim, permite-se o fortalecimento e crescimento das festividades.
É pertinente ressaltar que o reconhecimento da festa de São Francisco e, principalmente, da festa de São Sebastião, por sua importância como o santo padroeiro da Igreja São Sebastião, a qual apresenta significativa relevância para a cidade e potencial como atrativo religioso, necessita de maiores investimentos em divulgação não somente na proximidade de sua realização, mas durante um longo período de tempo através das variadas mídias. Vale acrescentar a importância da utilização de diversas mídias como jornal, revista, folder e internet por alcançar um número acentuado de pessoas em lugares distintos e por facilitar o conhecimento da realização das referidas festas religiosas, como também instigá-los a deslocar-se para a cidade, o que favorece o incremento do turismo e do segmento turístico religioso em Parnaíba.
6.1 DADOS OBTIDOS COM A APLICAÇÃO DA ENTREVISTA
Para a realização desta etapa, utilizou-se da entrevista, outro importante instrumento de pesquisa. Foram elaboradas questões previamente com o intuito de adquirir respostas mais específicas e de fácil compreensão sobre o assunto proposto.  Teve-se com interlocutor o frade capuchinho Frei Francisco das Chagas Santos, possuidor de relevante conhecimento sobre as referidas festas religiosas de Parnaíba.
A questão inicial referiu-se sobre a importância dessas festas religiosas no desenvolvimento do turismo religioso em Parnaíba. O frade mencionou que a cidade apresenta pouco crescimento da atividade turística religiosa e que ambas as festividades possuem uma participação mais ativa apenas da própria população local e de outras cidades próximas e ainda enfatiza que:
A festa de São Sebastião não contribui muito para o turismo religioso, bem como a festa de São Francisco, embora haja muitos fiéis, que em sua maioria são das redondezas como Ilha Grande, Luís Correia e Chaval. Outros piauienses se deslocam por haver parentes na cidade, mas não há um número expressivo de turistas.
A segunda e terceira questões trataram sobre a importância dessas festas para Parnaíba e as diferenças que se nota entre as duas festividades religiosas. O frade capuchinho respondeu que as festas são manifestações e expressão de fé do povo. Além disso, ressalta que, não desmerecendo a festa de São Sebastião, que é uma festividade mais paroquial, uma comemoração do padroeiro, a festa franciscana apresenta um fortalecimento da fé em Jesus Cristo, além de o povo parnaibano se identificar com o santo. Assim, percebe-se que essas festas apresentam uma acentuada importância para a cidade por revigorar a fé do povo e contribuir no desenvolvimento da cultura de Parnaíba. Vale acrescentar que há um número mais expressivo de participantes na festividade franciscana do que na festa de São Sebastião por haver uma maior identificação com o santo e com sua história.
As perguntas seguintes trataram sobre a atuação da mídia na divulgação dessas festas e sobre a diferença na quantidade de pessoas em ambas as festividades. O referido sujeito afirmou que a mídia de Parnaíba apresenta uma boa atuação, porém é divulgada com mais intensidade a festa de São Francisco devido à grande participação das pessoas, e que, independente da atuação da mídia, a festa de São Francisco sempre foi bem vista, que o povo desde o início se identificou e espera por esse festejo o ano todo. Também declarou que é o próprio povo quem faz a festa e que quando os fiéis não têm intimidade com o santo, como São Sebastião, a festividade não se fortalece. E, na última questão, perguntou-se se a festa de São Sebastião tem potencial como um atrativo turístico religioso na cidade e como resposta teve-se:
Não. Para esta festa tornar-se um atrativo turístico religioso depende muito do investimento que se faz; o trabalho de divulgação deve ser intenso para reverter essa realidade: poucos participantes na referida festa. Acrescento também que, quanto mais se investe e mais se divulga, mais consegue atrair o povo, porém não se obtém o resultado esperado em dois ou três anos.

Dessa forma, percebe-se que as festas de São Francisco e São Sebastião apresentam significativa relevância para Parnaíba, visto o fortalecimento cultural de seu povo mediante a participação nessas festividades. No entanto, faz-se necessário que a mídia atue com mais intensidade para que as demais pessoas, pertencentes a outras localidades, tenham acesso às informações e conhecimento sobre a sua realização, de forma a contribuir, principalmente, para o reconhecimento da festa de São Sebastião como um atrativo turístico religioso em Parnaíba.
Nesse contexto, a efetiva comunicação turística dá-se através das notícias, dos assuntos e das imagens dessas festas religiosas que circulam em mídias como rádio, televisão, jornais, folder e internet, por considerá-las relevantes e diretas para atingir os turistas potenciais e assim impulsionar o incremento do turismo religioso na cidade. Portanto, os dados obtidos através dos questionários aplicados aos participantes das missas da Igreja São Sebastião, como também, da entrevista ao padre e dos materiais bibliográficos contribuíram, satisfatoriamente, para melhor compreender sobre o assunto proposto neste trabalho.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como propósito analisar a circulação midiática de duas entre muitas festas religiosas de Parnaíba, intituladas São Francisco e São Sebastião, com enfoque na festividade de São Sebastião e o seu potencial de comunicação turística para o desenvolvimento do turismo religioso na cidade.
Nesse sentido, é pertinente argumentar que, para haver o desenvolvimento do turismo em Parnaíba, necessita-se de investimentos e de uma participação ativa de órgãos responsáveis, como a Prefeitura Municipal, Secretaria de Turismo e da própria população local de forma a realizar um planejamento e dispor de uma gestão adequada que vise à geração de benefícios ao município. Como exemplos desses benefícios, temos: crescimento econômico, visto a importância que o segmento turístico religioso estabelece mediante a geração de emprego e renda; qualificação de bens e serviços que melhor atendam às necessidades dos turistas e influenciem em seu deslocamento, bem como na sua permanência na cidade; além da preservação dos atrativos naturais, culturais, históricos, que sofrem efeitos com a prática da atividade turística.
No que se refere às festas religiosas, vale mencionar que, para os entrevistados, a mídia apresenta um papel significativamente relevante para ter-se conhecimento sobre as citadas festas. Entretanto ainda não exerce a devida atuação e tem-se a igreja como a principal divulgadora por utilizar-se das celebrações eucarísticas e da própria produção de folders, nos quais constam todas as atividades a serem desenvolvidas durante o período de realização das festividades.
Por sua vez, notou-se que as notícias ou as imagens das festas de São Francisco e São Sebastião pouco circulam em outras importantes mídias, como internet, rádio, televisão e jornal, as quais influenciam, consideravelmente, na divulgação, de forma a atingir um número mais expressivo de pessoas da localidade e propiciar o deslocamento de turistas para a cidade, bem como para uma efetiva participação nas referidas festas religiosas.
Diante dos resultados obtidos, percebeu-se que a festa franciscana apresenta um percentual proeminente com relação à presença de pessoas locais e de regiões vizinhas se equiparada com a festividade de São Sebastião, e, dessa forma, a mídia estabelece uma participação mais ativa e maior mobilização. Observou-se, também, que tal fato deve-se por São Sebastião ser uma festa de caráter mais paroquial, uma comemoração do seu padroeiro, enquanto a festa de São Francisco apresenta um fortalecimento da fé e uma identificação do povo parnaibano com o santo, o qual dispõe de atributos mais populares.
Nesse contexto, é válido acrescentar que cabe também à igreja a inserção de alternativas que influenciem no crescimento participativo em ambas as festividades, como utilizar-se das mídias presentes na cidade com mais intensidade durante um maior período de tempo e que anteceda essas festas, ou seja, um planejamento antecipado, dispondo de todas as informações, datas, história desses santos e da igreja (comunicação turística), bem como dos frades capuchinhos, com o intuito de ocasionar uma maior propagação e fortalecimento da religiosidade em Parnaíba. Além disso, é importante apresentar o potencial da festa de São Sebastião como um relevante atrativo turístico caso se dispuser de maiores investimentos em divulgação para que haja a devida aceitação e participação das pessoas da própria localidade e, principalmente, dos turistas.
Em síntese, esta pesquisa propiciou um melhor entendimento sobre o assunto relacionado à circulação midiática, bem como sua atuação na propagação das festas religiosas de São Francisco e São Sebastião, e maior reconhecimento da festividade de São Sebastião tanto por ser o padroeiro da Igreja São Sebastião como também por sua potencialidade em tornar-se um importante atrativo turístico religioso e de relevante comunicação turística.
Por fim, almeja-se que este artigo motive novas investigações com a finalidade de ampliar o conhecimento e fornecer subsídios acerca da circulação midiática e da importância da difusão das festas religiosas como fator relevante para o incremento do turismo e, em especial, do turismo religioso em uma determinada localidade.
REFERÊNCIAS
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Recibido: 14/04/2015 Aceptado: 10/05/2015 Publicado: Junio de 2015

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