TURyDES
Vol 1, Nº 2 (marzo / março 2008)

O NOVO PARADIGMA TERMAL - O CASO DAS ESTÂNCIAS TERMAIS PORTUGUESAS

Adília Rita Ramos

Rossana Andreia Santos

 
 


“1. INTRODUÇÃO”

A abrangência e articulação dos conceitos de lazer, turismo e termalismo, bem como as tendências, características e razões históricas que levaram à alteração do conceito e da(s) prática(s) termal(is) ao longo dos séculos, tornou imperioso proceder à sua clarificação conceptual, considerando os novos paradigmas de uma sociedade qualitativa, terminologias emergentes e áreas de abrangência e conexão inerentes àqueles conceitos. Neste sentido, a análise das grandes linhas que têm norteado as políticas adoptadas e que têm permitido que as estâncias termais alemãs se constituam hoje como um fenómeno turístico de primeira ordem, cada vez mais procuradas por clientes diferentes do termalista tradicional, responsáveis pela intrusão de novos e mais sofisticados hábitos de consumo, permitiu chegar a um novo modelo de desenvolvimento termal também sustentado por múltiplos cientistas e investigadores, de variadas áreas do saber, dos quais, face ao carácter de antecipação e rigor da informação, nos permitimos destacar aqui apenas algumas das suas investigações: (Bleile, 2001; Brittner, & Stehle, 2000; DBV, 1998; DHV, 2000; Forcher, 1997; Hartmann, 1996; Illing, 1999; Kaspar, 1996; Kirschner,1998; Lanz-Kaufmann, 1999; Lohmann, 1999; Müller, 1997; Nahrstedt, 2000; Scholz, 1999; Stehle, 1995; Steinbach, 2001; Steinecke, 1992, Stoyke, 2000; Wilms-Kegel, 1999).

Neste contexto e reconhecendo-se ainda a problemática actual do caso termal português, consubstanciada em desajustamentos organizacionais e funcionais, dimensões da obstrução termal e ausência de ligação à comunidade envolvente, considerou-se crucial repensar a adopção de novas medidas no termalismo português, bem como analisar as diferentes sensibilidades da oferta termal portuguesa, partindo de um estudo empírico (qualitativo e quantitativo) à oferta termal, com base no exemplo alemão, e das possíveis adaptações de medidas e de políticas de desenvolvimento à situação lusa. Os resultados das análises permitiram concluir haver uma total convergência entre os resultados do estudo qualitativo e quantitativo, ambos apontando para a inevitável articulação e complementaridade entre o termalismo curativo, preventivo e lúdico e a sua complementaridade regional/local. Tornou-se evidente que a revitalização das estâncias termais, apoiada na implementação de um modelo inovador e qualitativo, constitui uma necessidade inegável do turismo de saúde em Portugal.

“2. DIMENSÃO CONCEPTUAL DO TERMALISMO NA ACTUALIDADE”

Múltiplas têm sido as teorias desenvolvidas sobre a clarificação conceptual do termo lazer ao longo do século XX. Em 1996 Costa apresentou duas das perspectivas que mais se destacaram na apropriação e definição do termo lazer. São elas a perspectiva holística e a perspectiva orgânica. Na tese defendida pela perspectiva holística, o lazer é definido como um tempo de tranquilidade e descontracção, mas sem subjugação a um tempo específico, enquanto que na perspectiva orgânica, lazer implica impedimento a actividades laborais, revelando-se, por isso mesmo, uma clara distinção entre trabalho e lazer, bem como, entre trabalho e vida privada, defendendo que, e contrariamente à perspectiva holística, mesmo que se preconizem algumas actividades ligadas ao lazer durante as actividades laborais, elas não são senão residuais, comparativamente com o tempo e a absorção exigidos pelo trabalho (ver Boniface & Cooper, 1994; Costa, 1996; Neumeyer & Neumeyer, 1958).

Nos dias de hoje, tem-se assistido à criação de um lazer que tende a agir mais sobre as sociedades, que modela os gostos ou preferências individuais, que (re)educa para a utilização e gestão do tempo, que mobiliza a seu favor os recursos disponíveis no presente e no futuro, que tenta confirmar e consolidar expectativas e que impõe e reforça, com agradabilidade e filantropia, imagens do mundo e do outro. Parece, efectivamente, que vivemos numa sociedade do e para o lazer, onde os diferentes tipos de formação deverão actuar com cada vez maior interacção e inovação. Vários estudos têm procurado apontar o futuro modelo padrão da procura de lazer (es). O método geralmente apontado consiste em conhecer as características das pessoas que agora mais gozam de actividades específicas, ligadas ao lazer, avaliar a estrutura da população futura, em termos dessas mesmas características, para então, procurar definir as futuras taxas de participação. Um desses estudos, citado por Young & Willmott (1973: 375), já sugeria que:

... o lazer das pessoas, a partir de 2001, será mais variado e mais activo, com um aumento da actividade física, uma tendência natural para programas de relaxamento e de prática de desportos, bem como, para uma cada vez mais intensa participação cultural (Parker, 1978).

Neste sentido, que melhores tendências e oportunidades esperarão as estâncias termais europeias? De acordo com Costa (1996: 6), o tempo de recreio ocupa um espaço de tempo dedicado ao lazer e é nesse espaço de tempo dedicado à recreação pessoal, que os indivíduos se ocupam muitas vezes a fazer turismo. Tal como no lazer, também o conceito de turismo não evidencia ainda uma definição consensual e universal. A este propósito, são vários os académicos que sustentam as diferentes análises conceptuais do turismo. Neste sentido, entre as múltiplas definições de turismo, a que foi proposta em 1994 pela Organização Mundial de Turismo, refere que o turismo é aquele que compreende as actividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e estâncias em lugares distintos do seu meio habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com fins de ócio, negócios ou outros motivos.

No entanto, mesmo esta noção simples e pragmática, reveste-se de um forte carácter de subjectividade o que torna penosa, ou até mesmo difícil, adoptar uma definição universal de Turismo. Um turista de negócios, por exemplo, associa frequentemente o seu tempo de trabalho remunerado, ao tempo de descontracção e de visita, ligado à especificidade dos lugares para onde se deslocou e onde se encontra. Pela mesma razão, um turista de saúde poderá associar aos inúmeros tratamentos de cura ou prevenção, inúmeras actividades, que se incluirão nos tempos livres destinados a completar todo o processo de reconstituição física e psíquica, não deixando por tal razão de se considerar um termalista, porque frequentador e utilizador dos estabelecimentos termais, mas devendo igualmente ser considerado um turista porque consome cultura, gastronomia, actividades desportivas, entre outras.

Apontar uma definição de turismo e de turista não parece, efectivamente, tarefa fácil, imagem configurada pelas múltiplas definições de turismo evidenciadas ao longo dos anos. Enquanto algumas dessas definições procuraram atingir a universalidade, ou a aplicabilidade a múltiplas situações, outras foram surgindo com a intenção de dar resposta a objectivos ou finalidades e preceitos específicos (Weaver & Oppermann, 2000). Permitimo-nos, então, interrogar se não terá chegado um novo contexto, ou pelo menos uma nova dimensão social, que às actividades ligadas ao lazer e descontracção, terá de associar cada vez mais actividades ligadas à prevenção da saúde, ou mesmo ao tratamento de determinadas patologias em regime voluntário, sem para isso se estar condenado ao rótulo de doente, velho e idoso, ou ultrapassado...? (Ramos, A., 2005)

A revisão da literatura sobre o importante conceito de termalismo, que tem por base um recurso capital – a água termal – baseada nos seguintes autores: Bywater, 1990; Cazes, 1995; Ébrard, 1981; Fortuné, 1975; Jamot, 1988, Jarrassé, 1994, Langenieux-Villard, 1990; Lopes, 2002; Louro, 1995; Monbrison-Fouchère, 1995; Nahrsted, 1997; Nahrstedt, 2000; Narciso, 1940; Penez, 1994; Pina, 1990; Pollock, A. & Williams, 2000; Simões & Cruz, 1997; William, 1998, permitiu identificar características nucleares nesta abordagem. O termalismo inclui pois, o conjunto de todos os meios medicinais, sociais, sanitários, administrativos e de acolhimento, devidamente estruturados, com vista à utilização para fins terapêuticos das águas minerais, do gás termal e de lamas. A palavra termalismo implica, desde logo, a indicação e utilização de uma água termal com virtudes curativas reconhecidas, através dos seus efeitos químicos térmicos e mecânicos, pela classe médica.

Não obstante, tendo-se verificado uma permanente e oportuna evolução deste conceito, adaptado sobretudo às novas exigências dos mercados e aos ritmos de vida acelerados, o termalismo tem sido abordado, insistentemente nos últimos vinte anos, numa perspectiva transversal, o que significa não o reduzir à vertente puramente medicinal mas, associá-lo a dimensões de vida cada vez mais saudável, mesmo que tal opção prescinda, por vezes, da sua vertente exclusivamente curativa, pese embora se incluam outro tipo de vertentes: a preventiva, a lúdica e a de bem-estar. A afirmação de Williams (1934: 162) é um bom testemunho disso: “Saúde como ausência de doença é uma norma da mediocridade; saúde como qualidade de vida é uma norma para o entusiasmo e perfeição”.

Contrariamente, se considerarmos uma oferta constituída quase exclusivamente por tratamentos clássicos, com a duração de catorze a vinte e um dias, facilmente se compreende o problema com que a maioria das estâncias termais portuguesas se têm confrontado, ao nível de rentabilidade das suas infra-estruturas e equipamentos devido, fundamentalmente, à sua reduzida frequência termal. O caso francês e o caso português testemunham esta situação pelo número de clientes nas estâncias termais, que ilustramos no gráfico 1. De destacar ainda, o lugar de excelência que o mercado termal alemão ocupa, comparativamente com aqueles, cujos dados comparativos também se encontram expostos.

Gráfico 1

Número de clientes nas estâncias termais

*Fonte: D.H.B. / DESTATIS

** Fonte: France Thermale / E.S.P.A.

*** Fonte: I.G.M.

(Citado por Ramos, A, 2005: 259)

O número de clientes nas estâncias termais em análise reflecte o resultado de diferentes estratégias de intervenção (Portugal, França e Alemanha), que fazem com que o modelo termal alemão se evidencie actualmente como um caso de excelência pelas suas características nucleares: articulação entre saúde e bem-estar; articulação entre programas de saúde de carácter preventivo e lúdico; aposta em vários mercados; oferta direccionada para o turista de saúde e bem-estar; oferta baseada em elevados parâmetros de qualidade e ainda, uma oferta diversificada e atractiva que utiliza múltiplos canais de informação e comunicação (ver IFKA, citado por Nahrsted, 2000; Ramos, A., 2005).

Este modelo de referência contrasta com o posicionamento actual das estâncias termais em Portugal, que se consubstancia numa forte ligação à doença, no envelhecimento das suas estruturas, numa grande dificuldade de associação entre os programas de cura tradicional e os programas de saúde e bem-estar, na desvalorização das potencialidades turísticas, bem como numa forte dependência de subsídios estatais. Do mesmo modo, a análise do caso francês apontou igualmente para um novo contexto de desenvolvimento, sendo mesmo imperativo, segundo Cohen (1998), que o termalismo francês se expanda por um termalismo novo, rejuvenescido e lúdico, que procure associar as virtudes da água termal às prestações de saúde, inspirados em experiências e modelos de desenvolvimento já frequentes no estrangeiro, muito especialmente no caso alemão.

Neste sentido, reconhecendo-se que os novos modelos de desenvolvimento termal europeus, assentam numa diversificação e inovação da oferta, através da criação dos denominados produtos específicos, adequados a cada segmento de mercado, então, parece poder apontar-se para um quadro evolutivo, caracterizado por um termalismo voltado para a saúde e não para a doença, por oposição ao que se tem verificado na maioria das estâncias termais europeias e sobretudo, das portuguesas. No entanto, nunca se poderá prescindir da água e dos seus efeitos, considerando-se a mesma água mineral o elemento motor de toda a actividade.

“3. METODOLOGIA”

Reconhecendo a evolução paradigmática de conceitos fundamentais como os de lazer, saúde, bem-estar, turismo e termalismo, procedeu-se a uma selecção de modelos de organização termais, considerados pragmáticos, no desenvolvimento do turismo termal, em diferentes países europeus. A pesquisa bibliográfica e a análise documental do modelo termal português, francês e alemão – estes últimos apresentados como estudos referenciais – foram considerados, relevantes para uma análise comparativa e sistémica dos referidos modelos organizacionais, bem como para a plena percepção dos tipos de organização, graus de inovação, limitações e formas de desenvolvimento das estâncias termais, em países de considerável tradição termal.

O facto dos países de civilização germânica, Alemanha, Áustria e Suíça, terem constituído um bloco coeso e de vanguarda da concepção termal e o facto da Alemanha ser presentemente reconhecida como o primeiro país europeu em matéria de estações termais e de níveis de frequência das mesmas, bem como, de diversificação de serviços oferecidos (Ramos, A., 2005), constituíram os factores nucleares para a escolha do caso alemão, como um dos casos de excelência e de análise, para o conhecimento transversal do sector termal europeu, das políticas implementadas, e das limitações e constrangimentos sentidos, nos últimos anos.

A hábil, e tão engenhosamente combinada, articulação da cura clássica, com as múltiplas actividades relativas à preservação completa do corpo/espírito/alma, por um lado, a grande dimensão das estâncias termais por outro, e a sua vasta abrangência geográfica, assim como, a prática de proximidade usual, têm feito deste mercado, e sobretudo, desta actividade, um dos ex-libris alemães, que é importante adaptar à realidade portuguesa, dentro dos parâmetros do espírito e da filosofia organizacional avaliadas. Neste contexto, repensar a adopção de novas medidas no termalismo português, bem como, analisar as diferentes sensibilidades da oferta termal portuguesa, partindo de um estudo empírico, com base no exemplo alemão e das possíveis adaptações de medidas e de políticas à situação lusa, constituíram a grande essência para a elaboração e concretização dos objectivos deste estudo que se encontram reproduzidos no quadro I.

Quadro I

Objectivos gerais e específicos da pesquisa

Objectivos gerais Objectivos específicos

a) Conhecer as grandes etapas de desenvolvimento termal no mundo e na Europa.

• Identificar períodos chave da cultura termal: europeia e mundial

• Caracterizar cada um desses períodos

• Estabelecer em cada um dos referidos períodos uma relação entre as formas de termalismo mais curativo e/ou mais lúdico.

b) Conhecer a(s) sensibilidade(s) dos Concessionários termais face à tendência de revitalização termal e da aposta de transformação das estâncias termais em destinos turísticos de excelência.

• Identificar diferentes conceitos de desenvolvimento termal

• Reconhecer formas distintas de percepção da importância de (re) qualificação dos territórios termais

• Identificar linhas de actuação tendentes à manutenção da qualidade patrimonial das estâncias termais

c) Avaliar as suas prioridades, através de medidas concretas de acção e do estabelecimento de parcerias conjuntas.

• Reputar diferentes formas de percepção do desenvolvimento turístico das estâncias termais

• Identificar etapas concretas nos planos de desenvolvimento turístico das estâncias termais

d) Conhecer as diferentes formas de percepção de sinergias termais e possíveis níveis de articulação entre as mesmas.

• Identificar diferentes sinergias nas estâncias termais

• Reputar a importância da sua consideração no desenvolvimento e na atracção das estâncias termais

• Evidenciar possibilidades de articulação e de complementaridade(s) entre as referidas sinergias

e) (Re)Conhecer o modelo/tipo de estância termal atractiva, e propiciadora de um completo bem-estar.

• Identificar casos de boas práticas termais

• Confrontar os referidos casos com testemunhos analisados

f) Avaliar a hipótese de conciliação entre as formas de tratamento mais clássico e as de tratamento mais lúdico, nas estâncias termais portuguesas.

• Identificar modelos de organização termal associados a boas práticas

• Compará-los e adaptá-los à realidade portuguesa

Fonte: Ramos, A. 2005: 305

A abrangência do tema e a complexidade do(s) problema(s) implicou a utilização de uma multiplicidade de técnicas, inseridas em análises de cariz qualitativo (estudo exploratório com utilização da técnica Delphi) e quantitativo (estudo empírico). Neste sentido, numa primeira fase da investigação, recorreu-se à técnica Delphi para que fosse possível compreender e explicitar as dimensões subjacentes a um modelo desejável de termalismo português, na perspectiva de peritos inquiridos. Para o efeito, foram aplicados questionários/entrevistas a um painel de doze especialistas, formado por três grupos de profissionais ligados a actividades de Turismo/Termalismo, nomeadamente Professores Universitários (4), entidades da Administração Pública com actuação profissional relevante, nas áreas do Turismo e Termalismo em Portugal (4) e, Concessionários de algumas estâncias termais portuguesas (4). Não obstante, no sentido de encontrar um equilíbrio nas tendências de respostas apresentadas, optou-se por seleccionar um número equivalente em cada um dos três grupos. Embora não se tenha procedido à realização de novos rounds, uma vez que o objectivo não consistiu tanto em encontrar consensos teóricos (como aponta a própria literatura) mas sim, em recolher informação que permitisse delinear e sequenciar a investigação (ver por exemplo, Gupta & Clarke, 1996: 184), foram respeitadas todas as regras estipuladas pela técnica Delphi (Ramos, A., 2005: 355).

Numa segunda fase, decorrente da necessidade de se reconhecer e apurar informações pertinentes relativas à revitalização do termalismo, de uma nova concepção de estância termal, onde o turismo assume uma dimensão alargada e complementar às actividades basilares, foi ainda realizado um estudo quantitativo conduzido em Portugal Continental a todas as estâncias termais aí localizadas, tendo sido inquiridas 85% do universo (ver figura I), através do recurso à estatística e às probabilidades, para que fosse possível generalizar algumas conclusões. A análise da oferta no domínio do termalismo/turismo termal, exigiu a elaboração de um inquérito por questionário distribuído aos quadros superiores, com maior poder decisório na gestão das estâncias termais portuguesas.

Figura I

Estâncias termais portuguesas

 

Fonte: Termas de Portugal, 2007 (adaptado).

A população-alvo dos inquéritos aplicados foi constituída por Gestores/Administradores ou Concessionários das termas; Directores Clínicos/Médicos; Directores Técnicos e Directores ou Responsáveis de balneários. Os principais resultados obtidos na metodologia descritiva tiveram por base o Questionário TERGAL, que reúne 7 instrumentos de medida distintos e que submetemos a validações de conteúdo: Questionário VAT – Visão Actual do Termalismo; Questionário PAT – Posicionamento Adjectival do Termalismo; Questionário FET – Funcionamento das Estâncias Termais; Questionário MAT - Motivos de Alteração do Termalismo; Questionário RAT, Reestruturação da Actividade Termal; Questionário DRT, Dificuldades à Reestruturação Termal; Questionário ORT, Oportunidades à Reestruturação Termal; e ainda Questionário PAS - Programas, Actividades e Serviços. A recolha dos dados da investigação empírica foi anterior à data de publicação da nova legislação relativa à actividade termal portuguesa (Decreto-Lei 142/2004 de 11 de Junho). O programa seleccionado para o tratamento estatístico dos dados foi o SPSS, versão 12.0, para o sistema operativo Windows. A elaboração do referido instrumento de avaliação – Questionário TERGAL – teve ainda como grande matriz orientadora não só os resultados obtidos no estudo exploratório, através de peritos especializados, como também o novo paradigma do modelo termal alemão (Ramos, A., 2005: 311).

Pelo facto da pesquisa se ter revelado complexa na utilização de metodologias de investigação, evidenciou-se crucial a utilização da técnicas relacionadas, quer com esquemas qualitativos, quer com os esquemas quantitativos, evidenciando-se ainda, fundamental, o suporte numa contextualização teórica diversificada que sustentasse os dados obtidos nas análises qualitativa e a quantitativa. Não obstante, o modelo de reestruturação termal proposto e analisado na secção seguinte, resulta da combinação da síntese elaborada após a análise das teses construídas no seguimento das entrevistas, que permitiram iniciar a investigação, bem como do resultado do tratamento da informação recolhida nos questionários aplicados ao sector da oferta, de todas as estâncias termais portuguesas.

“4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS”

Como resultado da análise de conteúdo das entrevistas da primeira fase da investigação, apresenta-se de seguida um conjunto de teses dos doze especialistas inquiridos. Foi a partir da sua síntese, que se procurou fazer emergir um modelo que reflectisse um novo ciclo termal e que é urgente consolidar e implementar nas estâncias termais de Portugal (Ramos, A., 2005: 360-364):

Tese 1: “A articulação entre o termalismo clássico e o termalismo lúdico em Portugal é possível”:

a) A articulação referida vislumbra-se, como uma exigência dos vários mercados emergentes que, procurando garantir a sobrevivência económica das termas, permitirá acrescentar valor ao sector;

b) É uma exigência que urge implementar, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista social, uma vez que permitirá uma liberalização na alternativa à cura convencional (que exige a necessária regulamentação pela(s) respectiva(s) tutela(s);

c)Permitirá, por outro lado, explorar um potencial único existente em Portugal, quer ao nível da qualidade das águas minero-medicinais, quer ao nível da riqueza patrimonial e ambiental das estâncias termais;

d) Possibilitará a utilização das termas como espaços multifuncionais, que em simultâneo se apresentem como centros de cura, de bem-estar e de lazer; deste modo, as termas surgirão, também, como espaços de enriquecimento pessoal, a vários níveis, possibilitando o encontro de dois mundos distintos – o urbano e o rural;

e) É imprescindível às estratégias de desenvolvimento futuro, que permitam e promovam um crescimento qualitativo das termas, constituindo-as como destinos turísticos alternativos ao sol e mar.

Tese 2: “Esta articulação permite acrescentar valor às termas em Portugal”:

a) Tal articulação acrescentará valor às termas em Portugal, fornecendo produtos alternativos aos já existentes e fomentando a complementaridade e a coexistência de diferentes produtos;

b) Através da integração das termas nas comunidades em que se encontram inseridas, diversificando a oferta de serviços a menores custos, apoiando-se nos recursos locais e regionais, o que permitirá o incremento do desenvolvimento local;

c) Através da optimização dos recursos da região envolvente, como o património natural e patrimonial que, revalorizados, promoverão um crescimento qualitativo do turismo termal;

d) Alargando o conceito de estância termal e articulando serviços diferenciados que incluam quer a vertente curativa, quer a preventiva quer ainda a de bem-estar;

e) Aumentando a capacidade de atractividade das termas sustentada no crescimento qualitativo do turismo termal;

f) Valorizando as condições naturais e patrimoniais que devem ser efectivamente revalorizadas. Não utilizar tal riqueza é desperdiçar condições e recursos já existentes, mas igualmente necessários ao desenvolvimento local e regional;

g) Proporcionando modelos de desenvolvimento diferenciados e permitindo uma utilização flexível com liberdade de opção para os clientes;

h) Promovendo a revitalização dos territórios termais com qualidade, contemplando um plano de desenvolvimento alargado a toda a envolvente e potenciando os recursos históricos, paisagísticos, ambientais e culturais.

Tese 3: “Esta articulação permite viabilizar, do ponto de vista económico, as termas em Portugal”:

a) Através de uma gestão eficiente e de uma atitude empresarial de viabilidade económica, tendo em conta, as potencialidades das comunidades e do poder local, e dos equipamentos turísticos disponíveis ou a desenvolver;

b) Diminuindo a sazonalidade, verdadeira epidemia termal, uma vez que parece inconcebível que estâncias termais proporcionadoras de programas de bem-estar, de saúde e de lazer, se encontrem encerradas dois terços do ano, numa parte considerável das termas portuguesas;

c) Através da captação de fundos monetários consideráveis, uma vez que a revitalização termal se apresenta dispendiosa; tais financiamentos, mais facilitados nas estâncias termais geridas por grupos privados, permitem a diversificação da oferta e aumentam a capacidade de captação de públicos diferenciados.

Tese 4. “Esta articulação permite responder às exigências dos mercados emergentes das termas em Portugal”:

a) Através do reposicionamento das estâncias a um público plural e por uma redefinição dos segmentos de mercado;

b) Através da capacidade de servir em simultâneo duas clientelas distintas, e pela oferta de produtos alternativos, procurando sempre conciliar de uma forma harmoniosa o termalismo clássico com a visão mais moderna do mesmo;

c) Pela articulação e complementaridade de estruturas que contemplem o lado lúdico, preventivo e curativo. A vertente lúdica mais ligado às estruturas complementares e o preventivo e curativo mais ligado aos estabelecimentos termais propriamente ditos;

d) Tal articulação deve ter em consideração o tipo de termas em questão uma vez que nem todas revelam dimensões equivalentes, nem infra-estruturas consistentes, nem sequer um mercado que justifique a implementação de tal articulação.

Tese 5. “Este modelo de articulação entre o termalismo clássico e o termalismo lúdico respeita a complementaridade de conceitos”:

a) Permitindo uma complementaridade de conceitos bem como uma complementaridade do desenvolvimento regional e local;

b) Pela clara explicitação e regulamentação dos conceitos de termalismo clássico ou tradicional e de termalismo lúdico;

c) Pela coexistência de vários modelos de desenvolvimento;

d) Pela inclusão de mudança de hábitos de vida, que permitam a criação de alternativas geradoras de bem-estar, ultrapassando-se, assim, o sentido estrito de saúde;

e) Este modelo de articulação sustenta-se no conceito de preservação da saúde, do qual emergiu a necessidade de se criarem novas regras de utilização das termas, como espaços multifuncionais, respeitando sempre as potencialidades das suas águas minero-medicinais.

Tese 6. “Este modelo de articulação entre o termalismo clássico e o termalismo lúdico respeita a complementaridade regional/local”:

a) Através de uma gestão cuidadosa e devidamente planeada dos territórios envolventes, tendo sempre em conta as potencialidades turísticas das regiões em que as termas se inserem, bem como as suas valências;

b) Através do entendimento de que complementaridade regional significa rentabilização das diferentes sinergias dos concelhos envolventes das termas, de forma a criarem-se forças convergentes que captem turistas e termalistas, constituindo-se como espaços turísticos de excelência;

c) Pela optimização dos recursos disponíveis de tal forma que seja possível criar actividades adaptadas a espaços de lazer, e a motivações culturais e desportivas compatíveis com os territórios termais;

d) Pela valorização da riqueza patrimonial e ambiental da áreas envolventes, que devem ser valorizadas como riqueza local utilizável, de forma a contribuir para o desenvolvimento das termas e das regiões;

e) Pela aplicação de orientações específicas nas áreas do planeamento e ordenamento do território, no sentido de se clarificar o conceito de espaço termal e as formas de ocupação e arranjo das áreas envolventes.

Em síntese, a informação e reestruturação apontada pelos referidos peritos especializados assume-se como uma dinâmica de fundo, em que a complementaridade evidencia um sentido peculiar e sistémico, deambulando entre a integração e a diferenciação, numa tentativa de intervenção (re)construtiva, quer a nível interno, quer a nível externo das estâncias termais e que se procurou traduzir na figura II. A complementaridade assume-se como um conceito e uma linha de orientação fundamental neste modelo, porque transversal e sempre presente nos discursos dos peritos inquiridos.

A necessidade de complementaridade evidencia-se a dois níveis: o interno e o externo. Se a nível interno se pode equacionar uma complementaridade de objectivos e de estratégias, capaz de sustentar práticas de gestão direccionadas para a multifuncionalidade, diversidade e pluralidade de estruturas, ofertas, serviços, públicos e territórios, remete também, e por outro lado, para a coexistência da especialidade, singularidade e uniformidade de estruturas, de ofertas, de serviços, de públicos e de territórios. Nesta perspectiva, poder-se-á afirmar que as categorias designadas por complementaridade de objectivos e de estratégias realçam a dimensão económica e social de eficácia, podendo observar-se nos temas que integraram as teses (3) e (4).

Ao nível externo, a possibilidade da convivência entre os conceitos de termalismo – o lúdico e o clássico. Neste contexto, a complementaridade poderá reflectir-se no fortalecimento do sector turístico, desde que interligado com as comunidades e regiões, no qual estão implantadas as estâncias termais, e se assista a uma revalorização da identidade histórica e organizacional destas estruturas, pela sintonia entre gestores e decisores. As categorias designadas por complementaridade de modelos e de culturas reflectem as dimensões sistémica e política de eficácia, podendo observar-se nos temas que integraram as teses (1), (2), (5) e (6).

Figura II

Modelo de Reestruturação Termal

 

Fonte: Ramos, A., 2005: 367; Ramos, A., 2007

Por outro lado, os resultados da análise descritiva do Questionário TERGAL permitiram para corroborar e reforçar os resultados da análise qualitativa. Neste sentido, os resultados da análise do QVAT - Visão Actual do Termalismo, evidenciaram que, em termos gerais, a visão dos inquiridos face ao termalismo português se revela céptica, pese embora se vislumbre uma atitude favorável ao desenvolvimento, e às alterações futuras de modelos de gestão e organização termal, que assentem na diversidade e na complementaridade de serviços e estratégias. No gráfico II representam-se as pontuações médias do QVAT (escala global) e factores constituintes. Procurou-se salientar nas barras do gráfico as pontuações mais elevadas ao nível da Orientação da imagem termal (Factor 4) e mais reduzidas ao nível da Estruturação e condicionantes da oferta termal (Factor 2).

Gráfico II

Pontuações médias do QVAT e factores constituintes

Factor 1: Termalismo de atracção turística, saúde e bem-estar; Factor 2: Estruturação e condicionantes da oferta termal; Factor 3: Infra-estruturas e dinâmicas termais; Factor 4: Orientação da imagem termal.

 

Fonte: Ramos, A., 2005: 392

Não obstante a notória proximidade entre as pontuações médias dos 4 factores retidos do QVAT, pretendeu-se averiguar em que medida existem diferenças entre estes factores, avaliadores dos diferentes vectores que caracterizam o sector termal em Portugal. Os resultados dos testes T de Student para amostras emparelhadas evidenciaram que, segundo os inquiridos, actualmente a oferta considera como mais favorável o Termalismo de atracção turística, saúde e bem-estar, comparativamente à Estruturação e condicionantes da oferta termal e às Infra-estruturas e dinâmicas termais. Por outro lado, o Factor 4, Orientação da imagem termal, é perspectivado de modo mais favorável comparativamente ao Factor 1, Termalismo de atracção turística, saúde e bem-estar, ao Factor 2, Estruturação e condicionantes da oferta termal e ao Factor 3, Infra-estruturas e dinâmicas termais (diferenças entre as pontuações médias de, respectivamente, -0,124, -0,879 e -0,566).

Constatou-se, ainda, que comparativamente a este último factor (Factor 3, Infra-estruturas e dinâmicas termais) o Factor 2, Estruturação e condicionantes da oferta termal, é perspectivado de modo menos favorável (diferenças entre as pontuações médias de -0,312 valores da escala de medida). Neste sentido, parece poder inferir-se que, segundo os inquiridos, pior que as Infra-estruturas e dinâmicas termais se posicionam a Estruturação e condicionantes da oferta termal no termalismo português, o que traduz uma maior preocupação com motivos ligados ao suporte legal, à desadequação face aos novos mercados, à desactualização da imagem, a uma falta de identidade e, sobretudo, a uma ligação quase exclusiva à doença e reabilitação (ver quadro II).

Quadro II

Comparação das pontuações médias entre os factores constituintes do QVAT: testes t de Student para amostras emparelhadas

QVAT – Visão Actual do Termalismo

 

Diferenças emparelhadas

 

Médias

Desvios-padrão

t (102)

Factores constituintes:

Pares a comparar

 

 

 

 

 

 

 

 

Factor 1: Termalismo de atracção turística, saúde e bem-estar

Factor 1 – Factor 2

0,755

0,601

12,761**

Factor 2: Estruturação e condicionantes da oferta termal

Factor 1 – Factor 3

0,443

0,607

7,399**

Factor 3: Infra-estruturas e dinâmicas termais

Factor 1 – Factor 4

-0,124

0,605

-2,073*

Factor 4: Orientação da imagem termal

Factor 2 – Factor 3

-0,312

0,605

-5,235**

 

Factor 2 – Factor 4

-0,879

0,722

-12,353**

 

Factor 3 – Factor 4

-0,566

0,701

-8,203 **

 

 

 

 

 

Fonte: Ramos, A., 2005: 393

Relativamente aos resultados dos valores mínimo e máximo, das pontuações médias e dos desvios e erros-padrão do Questionário PAT - Posicionamento Adjectival do Termalismo, respeitantes à escala global e aos seus 4 factores (Factor 1: Dinâmica funcional e imagem; Factor 2: Identidade e percepção do sector termal; Factor 3: Orientações de gestão termal), salienta-se que a pontuação média mais baixa foi correspondente ao Factor 3, Orientações de gestão termal (3,561) e a pontuação média mais elevada ao Factor 2, Identidade e percepção do sector termal (4,146). A análise comparativa dos quatro factores do PAT revelou ainda a existência de diferenças estatisticamente significativas quando se comparou o Factor 1, Dinâmica funcional e imagem com o Factor 3, Orientações de gestão termal, tendo-se verificado uma opinião mais favorável no primeiro (a diferença entre as pontuações médias foi de 0,557, p < .001). Já quando se comparou o Factor 2, Identidade e percepção do sector termal, com o Factor 3, Orientações de gestão termal, foi possível constatar que é ao nível do primeiro que a oferta inquirida possui uma opinião mais favorável.

Assim, foi possível concluir-se que a oferta inquirida valorizou fundamentalmente os adjectivos que sustentam a problemática das dinâmicas e imagem termais (a renovar): integração na comunidade/restrição às termas; confiança/incerteza; animação/inactividade; convívio/isolamento; integração/segregação; imagem positiva/imagem negativa; visão organizacional/visão individual; qualidade/sobrevivência económica; bem como os termos que privilegiam a identidade do sector: melancolia/entusiasmo; solidão/sociabilização; tristeza/alegria; passado/futuro; estagnação/desenvolvimento; identidade negativa/identidade positiva; uniformização/diversificação; obsoletismo/modernidade; ausência de informação termal/actualização de informação termal.

Em termos globais, a análise descritiva do Questionário FET - Funcionamento das Estâncias Termais, respeitantes à escala global e aos seus 4 factores (Factor 1: Desajustamentos organizacionais e funcionais; Factor 2: Dimensões da obstrução termal; Factor 3: Ausência de ligação à comunidade envolvente), evidenciou que a oferta inquirida considera que as estâncias termais funcionam em termos intermédios, quanto ao grau desejável. Para a oferta inquirida, os principais obstáculos ao funcionamento das estâncias termais portuguesas concentraram-se fundamentalmente ao nível da estrutura organizacional (ex. reduzida capacidade de financiamentos, falta de competitividade, falta de investimentos, desajustamento da oferta, marketing inexistente, utilização centrada num público restrito, etc.), assim como ao nível da insípida integração e ligação às comunidades envolventes (ex. menor ligação ao poder local, minimização e subvalorização dos recursos das áreas envolventes, reduzida capacidade de desenvolvimento local).

Por outro lado, os participantes foram questionados sobre a necessidade de proceder a uma reestruturação do sector termal, sendo que a quase totalidade da amostra inquirida respondeu afirmativamente. Através da análise do quadro III, constata-se que a grande maioria dos participantes referiu que proceder à reestruturação do sector termal é muito urgente (42.4%) e urgente (41.4%). 15.1% alegou que a referida reestruturação é moderadamente urgente e apenas um participante indicou que é pouco urgente. Nenhum dos inquiridos referiu que a reestruturação não apresentava urgência. De salientar, a concordância dos mesmos com os dados obtidos através da análise de conteúdo das entrevistas efectuadas aos peritos no estudo piloto (Técnica Delphi), relativamente à necessidade de reestruturação baseada na articulação entre um modelo de termalismo clássico com um modelo de termalismo lúdico.

Quadro III

Distribuição da amostra em função da resposta à necessidade de reestruturação do sector termal: efectivos absolutos e relativos

 

Urgência de implementação da reestruturação do sector termal

 

Muito urgente

Urgente

Moderadamente urgente

Pouco urgente

Nada urgente

Total*

 

n

42

41

15

1

0

99

 

%

42.4

41.4

15.1

1.0

0.0

100.0

 

* Excluímos 4 casos de não resposta a esta variável, correspondente a 3.9 % de missing values.

Fonte: Ramos, A., 2005: 399

Os motivos de reestruturação da actividade termal indicados pela oferta foram avaliados pelo Questionário MAT - Motivos de Alteração do Termalismo, nos seus dois factores constituintes (Premissas propulsoras da revitalização termal e Factores de decadência termal). Embora reconhecendo a veracidade dos obstáculos colocados ao desenvolvimento termal, tais como os equipamentos obsoletos das estâncias termais, a acentuada precariedade e desactualização da actividade termal nos últimos anos e ainda, a desactualização da legislação sobre as termas, os inquiridos manifestaram uma maior concordância face às proposições associadas às premissas ou princípios revitalizadores do desenvolvimento termal, nomeadamente a necessidade de captar novas fontes de financiamento, de direccionar a oferta para a prevenção e para o lazer, de modernizar as estâncias termais, de dar resposta aos interesses da procura emergente, dependência de reestruturação e de um novo ciclo termal, bem como ainda de revitalização da identidade termal.

Uma vez constatada a necessidade de proceder à reestruturação da actividade termal, pretendeu-se igualmente saber em que moldes a oferta inquirida caracterizava a referida reestruturação. O Questionário RAT - Reestruturação da Actividade Termal e seus factores constituintes (Factor 1: Enfoque na vertente turística/Termoludismo; Factor 2: Medidas concretas para a reestruturação; Factor 3: Consequentes da reestruturação), permitiram obter essa informação. Assim, ao nível da caracterização da reestruturação do termalismo português, a oferta foi mais concordante no que respeita aos Consequentes da reestruturação (M = 4.297), seguindo-se o Enfoque na vertente turística/Termoludismo (M = 4.190) e, por último, as Medidas concretas para a reestruturação (M = 4.131). Não obstante, a comparação das pontuações médias entre os factores constituintes do QRAT traduzida no quadro IV, evidencia que a pontuação média auferida para o Factor 3, Consequentes da reestruturação, superou a pontuação auferida para o factor 1, Enfoque na vertente turística/Termoludismo e para o Factor 2, Medidas concretas para a reestruturação. Contudo, a oferta inquirida considerou que a reestruturação do sector termal português deverá passar tanto pelo Enfoque na vertente turística/Termoludismo (Factor 1) quanto por Medidas concretas para a reestruturação (Factor 2). Refira-se que o facto das pontuações médias terem sido elevadas, denota uma clara necessidade sentida e evidenciada na reestruturação termal.

Quadro IV

Comparação das pontuações médias entre os factores constituintes do QRAT: testes t de Student para amostras emparelhadas

QRAT – Reestruturação da Actividade Termal

 

Diferenças emparelhadas

 

Médias

Desvios-padrão

t (102)

Factores constituintes:

Pares a comparar

 

 

 

Factor 1: Enfoque na vertente turística/Termoludismo

Factor 1 - Factor 2

0,059

0,374

1,601, ns

Factor 2: Medidas concretas para a reestruturação

Factor 1 - Factor 3

-0,107

0,354

-3,073*

Factor 3: Consequentes da reestruturação

Factor 2 - Factor 3

-0,166

0,381

-4,426**

* p < .01 ** p < .001

ns: As diferenças não atingem o limiar de significação estatística convencionado p < .05

Fonte: Ramos, A., 2005: 403

Com o objectivo de analisar que outros programas termais eram salientados pelos participantes neste estudo, procedeu-se à análise descritiva dos programas, actividades e serviços contemplados pela oferta na reestruturação do sector termal. Esta informação foi recolhida pelo Questionário PAS - Programas, Actividades e Serviços (instrumento composto por uma escala de tipo Likert, com 5 opções de resposta, funcionando como uma checklist), cujos itens constituintes e respectivas estatísticas descritivas se apresentam no Gráfico III. Em termos gerais, a oferta inquirida considerou os programas, actividades e serviços sugeridos como importantes na reestruturação do sector termal português. Destacaram-se as pontuações mais elevadas ao nível de Programas de Boa forma física, Anti-Stress e Circuitos turísticos programados seguidos de Beleza e Estética, Emagrecimento e Anti-tabagismo. As pontuações mais baixas verificaram-se ao nível dos seguintes programas e serviços: Casinos, Comércio de Luxo, Salas de cinema, Concertos musicais e Salas de chá.

Gráfico III

Pontuações médias dos diferentes Programas, Actividades e Serviços a completar na reestruturação do sector termal avaliados pelo QPAS

 

Fonte: Ramos, A., 2005: 406

Para além dos vinte itens acima descritos, o Questionário PAS contemplava, ainda, 3 questões de produção aberta, referentes a outros programas culturais, lúdicos e desportivos. Pretendia-se que com estas questões os participantes incluíssem nos referidos programas diferentes tipos de actividades que considerassem propulsoras de uma maior atractividade às estâncias termais, bem como de uma maior diversidade de serviços colocados à disposição dos utentes. O gráfico IV representa as frequências relativas dos programas/actividades/serviços a implementar na reestruturação das estâncias termais em função do grau de imprescindibilidade referido pela oferta inquirida. Salienta-se, na referida figura, não só o grau de importância de cada uma das actividades no cômputo geral dos programas/actividades/serviços apresentados, como também a escolha em que cada um deles revelou primazia, ou maior grau de importância, por parte dos inquiridos.

Gráfico IV

Programas/Actividades/Serviços imprescindíveis na reestruturação das estâncias termais: Frequências relativas em função do grau de imprescindibilidade (1ª a 5ª ordem)

Fonte: Ramos, A. 2005: 410

Pretendeu-se, do mesmo modo, a expor as dificuldades previstas na reestruturação da actividade termal, avaliadas pelo Questionário DRT - Dificuldades à Reestruturação Termal e seus dois factores constituintes (Dificuldades na captação de novos públicos e Dificuldades de afirmação no mercado). Da análise dos resultados, concluiu-se que a oferta inquirida prevê que as dificuldades sejam maiores em termos de afirmação no mercado (i.e. Dificuldades burocráticas, Dificuldades no desenvolvimento de parcerias com a comunidade envolvente, Dificuldades de captação de investimentos, Dificuldades financeiras) comparativamente às sentidas na captação de novos públicos (i.e. Dificuldades jurídico-legais, Dificuldades na operacionalização de serviços diversificados, Dificuldades de afirmação da marca “termas” em Portugal, entre outras).

As oportunidades previstas à reestruturação da actividade termal, foram medidas pelo Questionário ORT - Oportunidades à Reestruturação Termal e seus dois factores constituintes: Oportunidades face às novas tendências de mercado e Mais valias para o termalismo. Concluiu-se assim, que a oferta inquirida prevê maiores oportunidades face às novas tendências de mercado (i.e. Oportunidades sócio-políticas, Oportunidades ligadas ao aparecimento de destinos turísticos alternativos, Oportunidades de afirmação das potencialidades termais, Oportunidades ligadas aos recursos naturais já existentes) comparativamente às mais valias que poderão trazer para o termalismo (i.e. Oportunidades de captação de investimentos, Oportunidades de investimentos ao nível do sector termal, Oportunidades estruturais – aproveitamento das infra-estruturas existentes).

A última secção do Questionário TERGAL foi dedicada à recolha de opiniões respeitantes à reestruturação das estâncias no que respeita à apologia a um mercado de elites, à adopção de uma classificação categorial, ao desenvolvimento da dimensão turística, à dimensão das estâncias em que se justifica o desenvolvimento da referida dimensão, à possibilidade de admissão conjunta de clientes subvencionados e de termalismo livre, às vertentes contempladas na revitalização termal e, para concluir, ao modelo de gestão das estâncias termais.

Neste contexto, a maioria da amostra considerou que a reestruturação também deveria apologizar a um mercado de elites (70.9% responderam afirmativamente, 26.2% responderam negativamente e 2,9% foram não-respostas); que a reestruturação beneficiaria com a adopção de uma classificação categorial das estâncias (68.9% responderam afirmativamente, 27.2% responderam negativamente e 3,9% foram não-respostas); que a dimensão turística deveria ser desenvolvida nas estâncias termais portuguesas (73.4% das respostas foram afirmativas, 26.6% foram negativas e 1,1% foram não-respostas); que admitir conjuntamente clientes subvencionados e de termalismo livre seria vantajoso (52.4% responderam que é vantajoso, 22.3% consideram moderadamente vantajoso, 20.4% alegaram ser muito vantajoso, 4.9% indicou que era pouco vantajosa e nenhum deles referiu que não apresentava vantagens); que a complementaridade entre as vertentes curativa e preventiva/lúdica seria a opção mais vantajosa (98% referiu que a complementaridade entre as vertentes curativa e preventiva/lúdica seria a opção mais vantajosa, apenas 2.0% indicaram a vertente curativa como aquela que deveria ser preferencialmente contemplada, e nenhum dos participantes indicou exclusivamente a opção pela vertente preventiva/lúdica); e que o modelo se deveria centrar-se numa visão estratégica do termalismo (97.0% responderam afirmativamente, apenas 3.0% referiram o modelo de gestão dependente das tendências (Trade) sócio-políticas e 3,9% foram não-respostas).

Por outro lado, para cada uma das variáveis caracterizadoras das estâncias termais (dimensão e localização geográfica), bem como dos seus colaboradores (sexo, idade, habilitações académicas, área de formação, função desempenhada, desempenho prévio de outras funções no sector termal e respectivo tempo de desempenho dessa função) procurou-se ainda investigar a sua influência ao nível das secções constituintes do Questionário TERGAL. Contudo, os resultados aí obtidos não alteraram nenhuma das conclusões anteriores.

“5. CONCLUSÃO”

Reconhecendo que o turismo termal se associa hoje a uma abrangência conceptual que ultrapassa o termalismo clássico e que é fundamental para a consolidação de projectos turísticos estruturantes, atractivos e sustentáveis, bem como a problemática da insuficiência termal portuguesa comparativamente com outras estâncias europeias, tornou-se imperioso avaliar o tipo de desenvolvimento que a oferta termal portuguesa, face ao contexto real, defende para o sector, de forma a criar as condições necessárias à introdução de programas inovadores, que satisfaçam e incrementem a procura turística. Neste contexto, a descrição do novo paradigma termal alemão e a sua associação a estratégias de mudança, percursoras de mais valias em termos de performance e de competitividade, constituiu um dos grandes pilares desta investigação. Este caso de referência contribuiu para demonstrar que as estâncias termais são hoje um mix de serviços oferecidos, onde se consegue conciliar a diversidade de programas com o classicismo da cura termal, através da integração dum conhecimento organizacional traduzido num desenvolvimento ímpar do sector.

Assim, numa perspectiva global, a oferta inquirida evidenciou um manifesto negativismo face ao contexto termal português da actualidade. Este negativismo, encontra-se bem patente nas percepções que os participantes manifestaram face aos seguintes factores:

a) Desactualização e obsoletismo do suporte legal, focalização excessiva na doença e falta de atenção aos novos mercados emergentes;

b) Desactualização do património arquitectónico, precariedade das infra-estruturas dos estabelecimentos termais, carência de unidades hoteleiras de qualidade e adaptadas às novas vertentes que o termalismo deve abarcar (curativa, preventiva e lúdica), subalternidade do termalismo português às subvenções da segurança social, bem como, à sazonalidade que tem caracterizado a época termal, necessidade do termalismo português se constituir como um destino turístico alternativo, necessidade das estâncias termais retomarem a imagem de prestígio e de prazer de outrora;

d) Preocupação face a um modelo de gestão fortemente centrado na tradição, estâncias moderadamente segregadas da comunidade envolvente, sobreviventes economicamente e necessitadas de progresso;

e) O marketing é apontado como inexistente ou inadequado, a ligação ao trade e turismo é reduzida, centralização num público restrito, escassas capacidades de financiamento e consequentes dificuldades de reestruturação e de competitividade, necessidade de ligação às comunidades locais.

Contudo e apesar da resistência de alguns obstáculos actuais, numa perspectiva global, ambos os resultados das análises qualitativa e quantitativa evidenciaram urgência em implementar um novo ciclo termal, em dar resposta aos interesses da procura emergente, em direccionar a oferta para a prevenção, lazer e bem-estar, bem como revitalizar e reestruturar a identidade termal, uma vez que o seu adiamento poderá implicar definitivamente um desvio do mercado potencial para outras ofertas com menores potencialidades. Das análises efectuadas, foi igualmente possível concluir que os responsáveis pela revitalização termal reconhecem a inevitável complementaridade, não só ao nível interno (complementaridade entre as vertentes terapêutica e lúdica, modernização das infra-estruturas e actualização de equipamentos), como também, a complementaridade ao nível externo (implementação de variadas actividades lúdico-desportivas e preservação e ordenamento dos espaços físicos), que enaltecem e apelam cada vez mais, para além da consolidação do capital saúde, à integração de programas no termalismo lúdico-turístico.

Este apelo à complementaridade bem evidenciada pela oferta termal consubstancia-se na figura do aquista/turista (complementaridade de conceitos); na apologia da alteração da imagem termal focalizada no conhecimento e divulgação das múltiplas potencialidades das estâncias e não na ignorância ou desconhecimento (complementaridade de culturas); no incremento do prestígio das estâncias termais junto da opinião pública e na diversificação do tipo de unidades hoteleiras, pela readaptação das infra-estruturas procurando evidenciar-se a sua vertente lúdico/turística (complementaridade de estratégias); na alteração da imagem focalizada na saúde e não na doença, na definição/clarificação de segmentos alvo e respectiva introdução de serviços ligados à vertente turística e ao turismo (complementaridade de modelos); bem como, na definição de um plano estratégico de investimento por parte das estâncias termais, que considere ainda a definição de uma imagem de marca que promova uma identidade específica a cada estância termal (complementaridade de objectivos).

“6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SÍTIOS ELECTRÓNICOS”

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Termas de Portugal

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