Contribuciones a las Ciencias Sociales
Noviembre 2013

O SABER SOCRÁTICO E PLATÔNICO



Roberto Carlos Amanajas Pena (CV)
Maria do Livramento Amanajas Pena
robertoamanajas@yahoo.com.br
UNIP
SENAC

Resumo
O artigo explana como ocorre à questão do critério construtivo do conhecimento, é claro que, o procedimento ocorre de modo gradual, ou seja, o comportamento do saber é edificado mediante o delicado processo analítico que envolve as teses necessárias para permitir compreender até que ponto as idéias são reagentes do mundo sensível. Nesse ponto tudo que, está voltado para área do cognitivo real infere na ação do mundo em sua sensibilidade. Mas, por se tratar de uma lógica analítica, persiste o lado racional da coisa-em-si. Buscar um entendimento pautado está dentro das limitações do pensar humano, tendo como base as análises do saber de Sócrates e sua psicologia, dentre das quais sua introspecção atua como espelho para alma, olhar para dentro de si próprio e construir por meio da auto-analise fundamentação e propriedades de linguagem lógica para o seio social. Em Platão esta atribuição também sofre, por meio do saber, um estagio evolutivo da coisas-em-si, demonstrada em sua interfase em que o critério para chegar a uma posição sobre a ciência, é preciso sair do mundo sensível e alcançar por via do raciocínio elucidações sólida para sancionar a idéia que é predominante em cima do objeto, a percepção da realidade é apenas um elo construtivo por via do sujeito, este sim, detém toda a capacidade de integrar as representações oriundas pela consciência. Está relacionada os estágios que a mente humana constrói com base na interpretação de mundo, para depois então avaliar o conteúdo no que se refere ao entendimento humano. Esta inicial busca interagir com os conceitos de que, dependem os entendimentos contemporâneos e realçam novos modelos de interpretações. Porquanto, a teoria do conhecimento na via socrática busca sua essência que o saber construído seja um aprofundamento na questão analítica do conhecer, por sua vez, alcança o nível mais elevado da epísteme, para tornar racional aquilo que se pensa. Platão utiliza as causas ressaltadas desprovidas do sensível, para ele é preciso tentar um sincronismo entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Platão relata que deixarmos as aparências das coisas para então entrar definitivamente para o mundo das idéias, ou seja, é preciso que o homem atravesse um labirinto de estágios do conhecer, e estes estão sobre graus de nivelamento. Para Platão o processo de conhecer está vinculado não só no realismo, mas definitivamente na área do sujeito pensante ou idealismo. Isso reabre a questão preestabelecida nos mitos, que Platão conserva junto a sua teoria como um alicerce para a situação de transpor o que pensamos numa realidade imaginativa. Porém, deve-se a influencia do seu pensar pelos mistérios da doutrina órfica, uma vez que, esta trata da imortalidade da alma uma excelência dos pensamentos na questão interpretativa da exegese, retorna ao mito para descreve uma situação que, o homem e mortal segundo a sua existência, mas para os órficos está condicionada a eternidade, pois, segue-se a dualidade que impõem não para existência, mas sim, pela separação da alma do corpo. Neste sentido, Platão cima da tese dos órficos concretiza sua teoria de dualidade sinônima e racional, é claro que com o surgimento da filosofia havia uma tendência para explicar a lógica dos fatos, o que fez Platão investigar que o conhecimento humano, ocorre também por estágios, assim como, ao estado de potencia existencial do ser.

Palavras – Chave: Teoria, Conhecimento, Raciocínio, Lógica, Epísteme.

Abstract
The article explains how the issue of discretion occurs constructive knowledge, of course, the procedure occurs gradually, this is, the behavior of knowledge is built upon the delicate analytical process that involves theses necessary to enable understanding of the extent to which ideas are reagents of the sensible world. At this point everything is geared toward the area of ​​cognitive infers the real - world action in their sensitivity. But, because it is a logical analytical persists the rational side of the thing - in-itself. Search is guided by an understanding within the limitations of human thinking, based on the analysis of knowledge of Socrates and his psychology, among which his insight acts as a mirror to the soul, look inside yourself and build through self - analysis reasoning and logical language for properties within the social. In Plato this assignment also suffers through knowledge, an internship evolutionary things-in-themselves, in their interphase demonstrated that the criteria to reach a position on the science, you must exit the sensible world and achieve through solid reasoning for clarifications sanction the idea that is prevalent on the object , the perception of reality is only one link constructive by the subject , but this holds all the ability to integrate the representations derived by consciousness . It relates stages the human mind constructs based on interpretation of the world, then then rate the content with regard to human understanding. This initial search interact with the concepts that depend contemporary understandings and interpretations highlight new models. Because, the theory of knowledge via the Socratic quest essence that knowledge is constructed in a deepening analytic question of knowing, in turn, reaches the highest level of episteme, to make rational what you think. Plato uses the causes highlighted devoid of sensible, for it is necessary to try a synchronism between the sensible world and the intelligible world. Plato reports that let the appearances of things to come then definitely for the world of ideas, this is, it is necessary that man go through a maze of stages of knowing, and these are about degrees of leveling. For Plato the process of knowing is linked not only realism, but definitely in the area of the thinking subject or idealism. This reopens the question pre-established myths, Plato preserved along his theory as a foundation for the situation to transpose what we think of an imaginative reality. However, due to the influence of his thinking by the mysteries of the Orphic doctrine, since this is the immortality of the soul an excellence of thoughts on the issue interpretative exegesis, returns to the myth describes a situation that mortal man and second their existence, but for eternity Orphic is conditional because it follows the duality that does not require for existence, but by the separation of soul and body. In this sense, the thesis of Plato up Orphic realizes his theory of duality synonymous and rational, it is clear that with the emergence of philosophy had a tendency to explain the logic of facts, which made Plato investigate human knowledge, it also occurs in stages, as well as the state of existential power of being.

Key - Words: Theory, Knowledge, Reasoning, Logic, Episteme.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Amanajas Pena, R. y Amanajas Pena, M.: "O saber socrático e platônico", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Noviembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/socrates-platon.html
  1. INTRODUÇÃO

          A natureza própria do homem é achar sentido para sua vida, o homem é atirado ao mundo em que vive, para ser aceito e com permissão para viver, depende de um plano de vida, a partir do momento que recorda das lembranças e acontecimentos gradualmente vivenciais, recorre para última instância que o acompanha desde o nascimento até sua maioridade, ou seja, recorre à sua própria: consciência. A consciência faz com que, os atributos relacionados com o sensível virem propósitos de verificação filosófica, ao passo que, o conhecer ainda é uma dúvida para o entendimento humano, uma incógnita que será evidenciada, a partir, do momento em que, foram extraídos todos os equívocos e erros que advêm do sensível, isto é, o homem precisa viver esta sensação para conjuminar na sua consciência um entendimento na esfera racional. E a pergunta final é o porquê das coisas que dissociam na esfera do pensamento? Afirma Bergson:

“A filosofia pertence a tarefa de estudar a vida da alma em todas as suas manifestações. Exercitando-se na observação interior, o filosofo deveria descer até o fundo de si mesmo, depois, retornando a superfície, seguir o movimento gradual pelo qual a consciência se distende, se estende, prepara-se para evoluir no espaço. Assistindo a esta materialização progressiva, espiando as maneiras pelas quais a consciência se exterioriza, ele obteria, ao menos, uma intuição vaga do que pode ser a inserção do espírito na matéria, a relação entre o corpo e a alma. Seria apenas, sem duvida, um primeiro clarão, nada mais. Mas este foco de luz nos dirigiria por entre os inumeráveis fatos de que dispõem a psicologia e a patologia. Estes fatos, por sua vez, corrigindo e completando o que a experiência interna poderia ter de defeituoso ou insuficiente, retificariam o método de observação interior. Assim entre as idas e vindas pelos dois centros de observação, um interior, outro exterior, obteríamos uma solução cada vez mais aproximada do problema – jamais perfeita, como pretendem ser freqüentemente as soluções do metafísico, mas sempre aperfeiçoável, como a dos cientistas. É verdade que a do interior teria vindo o primeiro impulso, a visão interior teríamos pedido o principal esclarecimento; e esta é a razão pela qual o problema permaneceria o que ele deve ser, o problema da filosofia.”
     
          Neste sentido, pontuaremos a observação que deu início a perturbação humana. O que é o homem? Para onde vamos? Qual o sentido da nossa existência? Para responder em cima dessas perguntas é preciso trabalhar a consciência humana, desencadeada com a tese socrática: a problemática humana, sua psique e a questão do conhecimento. No segundo momento ao estender este saber, pontuaremos sobre o conceito da teoria inata de Platão. Assim como, a racionalidade de seu avanço na teoria do conhecimento.
          Para ponderar esses critérios, primeiramente, absorve-se o que mundo nos proporciona com seu estado de potência, ou seja, a idéia de construção vem a partir de uma noção da representação que existe das coisas-em-si. A dialética utilizada por Platão em sua linha de pensamento torna o processo ascendente e descendente que fundamenta sua teoria na razão.
Para melhor fixar as possibilidades do conhecer, a educação platônica filtra através de um processo ao qual, determina a indissocialização da filosofia, isto é, a filosofia nasce com um propósito, trabalhar as esferas política, social e econômica. Quando se trata da evolução do saber, torna quase que perfeita aos olhos da consciência. Neste sentido, temos a filosofia como parte estruturante dos dogmas da realidade de onde provém a racionalidade humana. 
Por isso, o critério da introspecção é de essencial valor na filosofia tanto socrática quanto platônica, analisar o eu pertinente é um critério a ser evoluído desde a criação pelo logos, o eu de Platão contempla o ser na esfera metafísica e sensível, mas constrói sua identidade na racionalização da vida. Contudo, para o estudo exposto, comentaremos na interpretação tanto socrática como platônica exatamente a base nos diálogos platônicos e alguns referencias que visam fortalecer o âmbito em questão.   

  1. SÓCRATES: O HOMEM SE DESCOBRE ATRAVÉS DO CONHECIMENTO.

         Em linhas gerais, a dialética de Sócrates para o conhecimento se estende no diálogo de Teeteto, Sócrates tem vários ofícios de estabelecer uma passagem para o conhecimento. Vejamos o que Sócrates pensa sobre esta vertente – “Sócrates — Em primeiro lugar, na hipótese de ter-se o conhecimento de uma coisa e, não obstante, não conhecer essa coisa, não por ignorância, mas em virtude do próprio conhecimento. Depois, pensar que essa coisa seja outra e que esta última seja aquela. Não será o cúmulo do absurdo ter presente na alma o conhecimento, nada conhecer e ignorar tudo? Seguindo esse mesmo raciocínio, nada impediria admitir que a ignorância condiciona conhecer alguma coisa, e a cegueira, perceber algo, uma vez que o conhecimento pode levar alguém a não saber” 1. Ou seja, estabelece uma distinção óbvia sobre o conhecer e não-saber, o que caracteriza Sócrates para o saber é a certeza mediante o não-saber, e o que importa para Sócrates e a discussão que gera a incerteza ou a dúvida do não-saber e que provoca no intimo do homem um uma ausência da profunda de sapiência de saber alguma coisa-em-si.
          Sócrates considerou que o erro provém do próprio homem individual que não entende as colocações auferidas pelo conjunto de idéias construtivas na sociedade, com isso, este homem causa transtorno à vida coletiva, não participa das idéias que sociedade convém para si mesma, o que seria a inicial da especulação socrática. Primeiro passo para sua teoria do conhecimento é indagar o que seria o conhecer, mas, não o conhecer imediato da coisa-em-si, mas, o conhecer profundo das questões que trafegam por vias cotidianas, e que faz o amadurecer da mente, ou seja, Sócrates buscava que o homem helênico, atendesse a expectativa das demais competências que flutuavam na sua consciência racional, porém, o que lhe dava sentido era a busca dessa sapiência de saber.
          A sociedade grega medita na maturidade do homem, este ser cosmopolita é fruto do bem estar social que reina no templo grego, mas, precisa entender que o corpo é uma prisão para alma, logo, o conhecimento puro torna a alma vivenciada de si mesma, ou seja, para Sócrates a alma pura se transforma em um conhecimento puro, movido pela virtude e sede de perfeição, logo, este saber procura aliar-se ao bem de quem é o sujeito da consciência e alcança um extremo máximo de saber em quanto membro de um clã social. A psicologia socrática faz o homem repensar em sua opinião a respeito do mundo prático, identificar sua morada no entendimento utilitário mediante uma nova areté construída com base na interpretação da linguagem e nas premissas das palavras.  
          Sócrates pensa por excelência no aprimoramento do saber construído pelo seu interlocutor, para depois medir a ação diante do saber dos homens, não tenta persuadir com sua oratória, mas, por via do diálogo alcança alicerces para a explicação racional, corrige os pontos desfavoráveis e só então inseri uma resposta prematura para o discurso que ocorre no diálogo, compartilha todos os momentos da lógica no discurso para consolidar uma certeza objetiva, desse modo, o racionalismo socrático trabalha com intuito de não destruir o que está feito, mas aperfeiçoar o pensamento, na reconstrução moral do homem, ou seja, reconstruir o pensamento do seu interlocutor, sendo assim,  a ética socrática adormece em cima do conhecimento. Assim comenta no Teeteto XXXVI:

“Sócrates — Falam em ter conhecimento.
Teeteto — Isso mesmo.
Sócrates — Façamos uma pequena modificação para dizer que é posse de conhecimento.
Teeteto — Em que te parece que uma definição difere da outra?
Sócrates — Talvez não haja diferença, porém ouve primeiro o que eu penso, para depois criticarmos juntos a expressão.
Teeteto — Pois não, se eu for capaz de tanto.” 

  1. O CONHECIMENTO INATO ASSEGURADO POR SÓCRATES.

         
Sócrates é um profundo investigador da psique do ser humano, em função disto, Sócrates identificou um discurso elementar para o caso do conhecimento, em sua analogia tenta resolver um complexo de identidades que ocorre com o saber.  A exegese que o pensamento socrático revela e que, a condição para o conhecimento era um processo de construir o conhecimento puro, algo separado do corpo, empregado por meio da racionalidade como critério de entendimento. Sócrates comenta essa disparidade de obter um conhecimento puro, a partir de uma minúcia de explicações por parte com quem está dialogando, ou seja, um conhecimento voltado para explicar a excelência das esferas do saber que podem atingir longitudes ilimitadas ao homem, conseqüentemente então nas palavras de Agostinho: o corpo é o cárcere da alma. Neste sentido, a partir desse momento a nossa alma inteligível que está presa ao corpo, sanciona ass obrigações que escoam para o nosso corpo. Enquanto, o corpo tiver ânsia de desejos, o conhecimento puro terá as mesmas ânsias de libertação, que por um instrumento de uso da dialética este saber pode efervescer a ponto de conquistar por vias do reminiscência a tese da idéias inatas, no seu discurso segundo ao qual comenta Platão no Fédon:
        
“Não será outra coisa, Sócrates, respondeu. Se, em verdade, segundo penso, antes de nascer já tínhamos tal conhecimento e o perdemos ao nascer, e depois, aplicando nossos sentidos a esses objetos, voltamos a adquirir o conhecimento que já possuíramos num tempo anterior: o que denominamos aprender não será a recuperação de um conhecimento muito nosso? E não estaremos empregando a expressão correta, se dermos a esse processo o nome de reminiscência?
Perfeitamente. Pois já se nos revelou como possível, ao percebemos alguma coisa, pela vista ou pelo ouvido, ou por qualquer outro sentido, pensar em outra de que nos havíamos esquecido, mas que se associa com a primeira por parecer-se com ela ou por lhe ser dessemelhante.  Desse modo, como disse, uma das duas há de ser, por força: ou nascemos com tal conhecimento e o conservamos durante toda a vida, ou então as pessoas das quais dizemos que aprendem posteriormente, o que fazem é recordar, vindo a ser o conhecimento reminiscência.”2

É notório que a reminiscência socrática conduz por aspectos que a nossa própria mente indaga, não só as idéias que participam umas das outras, mas de uma idéia preexistente, de algo que persista no âmago de nossa memória, ou seja, percorrer este mundo da introspecção e relatar sua identidade é recorrer para um melhor entendimento interior. A reminiscência é o caminho de transição que liga o conhecimento e o corpo, pois, a concretização do ser está intimamente ligada à interpretação de sua reminiscência, ou seja, se alma é a condição para o fim último do homem, então lhe foi atribuída muito antes de ligar ao corpo.

“Mas o argumento relativo ao conhecimento e à reminiscência se baseia num princípio digno de aceitação, pois foi asseverado que nossa alma existe antes mesmo de ingressar no corpo, como o exige tua relação com a essência daquilo que denominamos O que é. Ora, essa proposição, conforme estou convencido, foi por mim adotada com argumentos muito sólidos. Daí, ver me forçado, ao que parece, a não permitir que nem eu, nem ninguém afirme que a alma é harmonia.”3  
       
O caminho que Platão utiliza nos seus diálogos, recorda a reminiscência das pessoas ou coisas, pois, utiliza a figura de Sócrates para ativar sua reminiscência e dar vida por meio dos diálogos concretizados, mesmo sendo práticos que torna a lembrança do proponente em questão, ou seja, o próprio Sócrates. Esta vertente liga as idéias regidas no passado, por meio do método do seu diálogo, Sócrates não visa hesitar em que há uma questão em aberto entre o conhecimento das coisas e a reminiscência das idéias.
As reminiscências são momentos que algures na vida para as idéias que se congregam umas com as outras e permutam de sentido a todo o momento, filtrando o próprio saber das coisas, e com isso, geram novos conceitos e       pensamentos, que o conhecimento é construído tanto na base sensível quanto nas idéias, eminente de sua própria condição de agir quanto na prática inteligível de pensar.
Sócrates ao comentar que o conhecimento é uma reminiscência, uma lembrança, que a almas, teria viajado por lugares ainda obscuros à mente do homem, e que nos teríamos uma vez vislumbrado o saber puro, que este espírito emerge para o entendimento do que possa ser o entendimento do belo, da justiça, Sócrates visualiza que mesmo antes do homem ser concretizado pela via do entendimento, poderia ser abstrato por via do espírito, é claro que há um estudo pertinente para achar tal definição, e que, o pensamento de Sócrates não vislumbra uma hipótese absoluta sobre o assunto em questão. Porém sua contribuição foi de extrema importância para chegar ao entendimento racional. Comenta no Fédro XX.

“Pois já se nos revelou como possível, ao percebemos alguma coisa, pela vista ou pelo ouvido, ou por qualquer outro sentido, pensar em outra de que nos havíamos esquecido, mas que se associa com a primeira por parecer-se com ela ou por lhe ser dessemelhante. Desse modo, como disse, uma das duas há de ser, por força: ou nascemos com tal conhecimento e o conservamos durante toda a vida, ou então as pessoas das quais dizemos que aprendem posteriormente, o que fazem é recordar, vindo a ser o conhecimento reminiscência.”
 

  1. SÓCRATES: A VIRTUDE LEVA AO CONHECIMENTO.

A razão reorganiza as nossas idéias unicamente, não cria novos saberes, não conduz para essa vertente, ou seja, não leva ao conhecimento, somente organiza os trabalhos que nossa mente confirma com o propósito de levar para uma evidencia concreta detalhada. Assim Sócrates vislumbra que o inicio do conhecimento e a vontade de lembrar ocorrida por fatos que marcaram nossa vida e que estão revividos a cada momento da própria reminiscência.  Como afirma Descartes no discurso do método as quatro regras básicas para organizar as idéias:

“O primeiro era de nunca aceitar alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal, ou seja, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção e de nada mais incluírem eu juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito, que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele. O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas forem possíveis e necessárias, a fim de melhor resolve-las. O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, com que por degraus, até o conhecimento dos mais compostos e presumindo até mesmo uma ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de elaborar em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse certeza de nada omitir”. 4     

 O que leva a construção das idéias é o estimulo que a alma recebe por via da experiência, que faz gerar na consciência do individuo o próprio saber das coisas vivenciais, fato que leva ao despertar da memória, leva diretamente ao ato positivo dialogado no momento, extraí o necessário para definir uma condição usual. No diálogo com Mênon, cujo tema é a virtude Sócrates tem uma resposta ao conhecimento e separa a própria questão do senso comum como do senso crítico.

“Mênon – Mas não é difícil dizer Sócrates. Em primeiro lugar, se queres que eu diga qual é a virtude do homem, é fácil dizer que é esta virtude do homem: ser capaz de gerir as coisas da cidade, e, no exercício desta gestão, fazer bem aos amigos e mal aos inimigos, e guarda-se ele próprio de sofrer coisas parecida.  Se queres que eu diga qual é a virtude da mulher, não é difícil explicar que é preciso a ela bem administrar a casa, cuidando da manutenção de seu interior e sendo obediente ao marido. E diferente é a virtude da criança, tanto a de uma menina quanto a de um menino, e a do ancião, seja a de um homem livre, seja a de um homem escravo. E há muitíssimas outras virtudes, de modo que não é uma dificuldade em dizer, sobre a virtude, o que ela é. Pois a virtude é, para cada um de nós, com relação a cada trabalho, conforme cada ação e cada idade; e da mesma forma, creio, Sócrates também o vicio.”5

Sócrates busca alcançar um entendimento evolutivo por parte de seus interlocutores, Sócrates compreendia que, como conseqüência do aprendizado que o conhecimento construía por meio do diálogo corrigir definitivamente sua presunção de saber alguma coisa e, superar a primazia medida que seus interlocutores compreendiam sobre o saber: construção aos valores morais no homem. Mas, estes deviam ter a sapiência do critério analítico a ser desenvolvido. Ao que responde Sócrates à reposta de Mênon:

“Sócrates – Uma sorte bem grande parece que tive, Mênon, se, procurando uma só virtude, encontrei um exame delas pousado junto a ti. Entretanto, Mênon, o propósito dessa imagem, essa sobre o enxame,  se, perguntando eu, sobre o ser da abelha, o que ele é, dissesses que elas são muitas e assumem toda variedade de formas, o que me responderias se te perguntasse: “dizem serem elas muitas e de toda variedade de formas e diferentes umas das outras quanto ao serem elas abelhas? Ou quanto a isso elas não diferem nada, mas sim quanto a outra coisa, por exemplo quanto à beleza, ou ao tamanho, ou quanto a qualquer outra coisa desse tipo? Dize: que responderias, sendo interrogado assim?
Mênon – Eu, de minha parte, diria que, quanto a serem abelhas, não diferem nada umas das outras.
Sócrates – Se então eu dissesse depois disso: “nesse caso, dize-me isso aqui, Mênon: aquilo quanto a que elas nada diferem, mas quanto a que são todas o mesmo,  que afirmas ser isso?” Poderias sem duvida, dizer-me alguma coisa?
Mênon – Sim, poderia.
Sócrates – Ora, é assim também no que se refere às virtudes. Embora sejam muitas e assumam toda variedade de formas, têm todas um caráter único, que é o mesmo, graças ao qual são virtudes, para o qual, tendo voltado seu olhar, a alguém que está respondendo é perfeitamente possível, penso, fazer ver, a quem lhe fez a pergunta, o que vem a ser a virtude. Ou não entende o que digo?
Mênon – Acho que entendo sim. Contudo, ainda não apreendo, como quero pelo menos, aquilo que é perguntado.”6

            Esta ação parte de uma vivência positivista dando idéia para o resultado final no sentido que o individuo busca. O texto acima retrata que o desempenho alcançado por Mênon, possui uma conseqüência ligada ao senso comum do termo, porém, Sócrates retorna a questão inicial do problema: a virtude. Com isso, Sócrates faz alusão a esse tipo de pensamento que só é adequado para o senso comum, uma vez que, a sapiência é um amadurecimento da questão trabalhada, ou melhor, do assunto em diálogo.        
            Para Sócrates o seu método analítico de interpretação condiz exatamente na maiêutica e a ironia. No que persiste este método do conhecimento? Persiste em alcançar um estágio de entendimento em grau avançado, ou seja, um nível de saber construído com base na linguagem e a lógica para discernir do senso comum, em linhas gerais o processo identifica o próprio interlocutor como autor da reflexiva analise para construção do saber ou conhecimento. Este método visa proporciona ao interlocutor uma real participação no entendimento da pólis, pois, esta o transforma em método indutivo nas vias da exegese do diálogo. A maiêutica é a forma de conquista do homem para liberta-se do próprio não-saber, pois, a cada interfase se constrói uma nova perspectiva no diálogo.

“Sócrates — São dores de parto, meu caro Teeteto. Não estás vazio; algo em tua alma deseja
vir à luz.
Teeteto — Isso não sei, Sócrates; só disse o que sinto.
Sócrates — E nunca ouviste falar, meu gracejador, que eu sou filho de uma parteira famosa
e imponente, Fanerete?
Teeteto — Sim, já ouvi.
Sócrates — Então, já te contaram também que eu exerço essa mesma arte?
Teeteto — Isso, nunca.
Sócrates — Pois fica sabendo que é verdade; porém não me traias; ninguém sabe que eu
conheço semelhante arte, e por não o saberem, em suas referências à minha pessoa não
aludem a esse ponto; dizem apenas que eu sou o homem mais esquisito, do mundo e que
lanço confusão no espírito dos outros. A esse respeito já ouviste dizerem alguma coisa?”
Teeteto — Ouvi.

          A teoria socrática do conhecimento estimula o próprio individuo para a noção de pesquisa, aborda os conceitos de desenvolvimento do diálogo que faz com que o individuo reflita a base de sua insuficiência do assunto, logo, como base na contradição recai no contratempo de sua ignorância, provocando assim, um novo sentido para sua ação. A dialética dos termos heraclianos promovem que o homem esteja sempre em nível volúvel ao saber, ou seja, em estado de mudança. Este estágio de potencia que opera nos conceitos socráticos libera um desejo de criar e opera o conhecimento por via do próprio individuo. Neste sentido, a maiêutica gera esta característica de prover uma instancia de desequilíbrio do homem por meio da introspecção, quebra-se com isso, uma esfera do saber e uma barreira de entendimento absoluto, característica fundamental na filosofia socrática. Comenta os autores: Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.:

“Sócrates atribuía sua vertente pela qual era impugnado pela a cólera que emergia da sociedade, assim, passou a militar o conhecimento sendo uma arma da consciência para libertar a moralidade do individuo preso as lacunas da vida. Sócrates ouvia os gritos do silêncio das pobres almas inertes ao tempo grego, contudo, sua moralidade permanecia inabalada, promovendo seus valores sociais uma diretriz para a vida tortuosa que a própria sociedade lhe propunha. Além disso, seus valores morais estavam intocáveis mediante a mediocridade da coletividade ateniense, a dialética então exercida por Sócrates detém uma reflexão de verdade, voltada para o conhecimento como bem ulterior da investigação de como o homem se voltava para a pólis, era a psicologia socrática como fluxo do entendimento do homem.”

  1. PLATÃO E SUA TESE A RESPEITO DA EDUCAÇÃO.

A teoria do conhecimento platônica é explicada nos vários diálogos que o autor se refere ao assunto, por essa linha de pensamento o conhecimento torna-se uma variável conquista real aplicada pelo homem que procura apreender diante do erro ao problema causado pela polis, ou seja, para os termos em questão a visão de Platão não se retrai apenas ao conhecer, tais atributos são destinados também para a política, justiça, ética, felicidade entre outros valores. Vale ressaltar que, para Platão, o conhecimento é algo que se constrói por meio da educação, ou melhor, por meio da Paidéia. Afirma Platão.

“- A presente discussão indica a existência dessa faculdade na alma e de um órgão pelo qual apreende; como um olho que não fosse possível voltar das trevas a luz, senão juntamente com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser desviado, juntamente com a alma toda, das coisas que se alteram, até ser capaz de suportar a contemplação do Ser e da parte mais brilhante do Ser. A isso chamamos o bem. Ou não?
­                        - Chamamos.
- A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta a esse órgão, não a de o fazer obter a visão, pois já a trem, mas, uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhe os meios para isso.
- Acho que sim.”7

          Entretanto, Platão aviva o saber que foi deixado por Sócrates através do seu método: maiêutica e ironia. Mas, Platão utiliza também de um método consistente para aplicação da sua teoria: a dialética. A dialética incide para um aprofundamento das questões fundamentais do conhecimento a devida separação que persiste na autonomia do mundo sensível e do inteligível. Platão adota critérios para disseminar o conhecimento como uma teoria no mundo das idéias e descarta as hipóteses para enfim filtrar uma tese atribuída ao mundo sensível, transformando-a no puro entendimento das coisas, mas precisa compartilhar sua tese a uma dualidade concomitante entre esses dois termos: mundo sensível e inteligível. Comenta Platão:

“- Compreendo, mas não o bastante – pois me parece que é uma tarefa cerrada, esse que falas - que queres determinar que é mais claro o conhecimento do ser e do inteligível adquirido pela ciência da dialética do que pelas chamadas ciências, cujos princípios são hipóteses; os que as estudam são forçados a fazê-lo, pelo pensamento, e não pelos sentidos; no entanto, pelo fato de as examinarem sem subir até ao princípio. Parece-me que chamas de entendimento, e não inteligência, o modo de pensar dos geómetras e dos outros cientistas, como se o entendimento fosse algo de intermédio entre a opinião e a inteligência.
- Apreendestes perfeitamente a questão – observei eu -. Pega agora as quatro operações da alma e aplica-as aos quatro segmentos: no mais elevado, a inteligência, no segundo, o entendimento,; ao terceira entrega a fé, e ao ultimo a suposição, e coloca-se por ordem, atribuído-lhes o mesmo grau de clareza que os seus respectivos objetivos tem de verdade.” 8         

  1. O CONHECIMENTO INATO DEFENDIDO POR PLATÃO

Platão abre juízo para compreender a teoria inteligível, a categoria para as idéias inatas, reveste o seu saber para distinguir o lado abstrato do pensamento por meio da reminiscência, e o lado prático do sensível por meio do real. A partir da idéia de alma remanescente, cria sua tese embasada no conhecimento que acompanha a essência da razão, desde o nascimento, já que possuímos este conhecimento, então, o que construímos na realidade são apenas concretizações refeitas de uma possível cópia do então conhecimento inato. A partir desta analise, o conhecimento constrói base de memória em cima da doutrina pitagórica e órfica, para que tenha suficiência de argumentação perante o sensível, explicar o irreal sempre foi sacrificante, pois, envolve circunstancias que só condiz ao pensamento, à alma e ao espírito. Como afirma Platão no Fédon:

“Ora, se realmente, na companhia do corpo não é possível obter o conhecimento puro do que quer que seja, de duas uma terá de ser: ou jamais conseguiremos adquirir esse conhecimento, ou só o faremos depois de mortos, pois só então a alma se recolherá em si mesma, separada do corpo, nunca antes disso. Ao que parece, enquanto vivermos, a única maneira de ficarmos mais perto do pensamento, é abstermo-nos o mais possível da companhia do corpo e de qualquer comunicação com ele, salvo e estritamente necessário, sem nos deixarmos saturar de sua natureza sem permitir que nos macule, até que a divindade nos venha libertar. Puros, assim, e livres da insanidade do corpo, com toda a probalidade nos uniremos a seres iguais a nós e reconheceremos por nós mesmos o que for estreme de impurezas. É nisso, provavelmente, que consiste a verdade. Não é permitido ao impuro entrar em contato com o puro.”9

      Platão alega que nossas lembranças atuam exatamente, de maneira a rememorar o que apreendemos na causa primeira, ou seja, que a vida através do conhecimento inteligível absorve uma tendência mais consistente que o próprio conhecimento empírico, desse modo, o que temos são alcances que a nossa mente proporcionou com alteração momentânea das coisas, ou seja, a mente humana trabalha por reflexão de pensamento. É notório pensar que este pensamento já existia na reminiscência das coisas, desse modo, a lembrança que um dia tivemos de conhecimento é evidenciado por fragmentos de vivência cotidiana, mas é claro o conhecimento opera no homem um parto definitivo para sua construção ético racional, atua diretamente no seu cognoscente, mas para que isso aconteça é preciso ter um ponto de origem, que seria a própria reminiscência.
A reminiscência adota uma atividade soberana de maneira que, interliga a razão aos seus componentes vivenciais, proporcionando sua plena forma que se apropria da razão para liberar sua autonomia de praticidade, isso transforma a razão em uma serva da reminiscência, então o que chamamos de conhecimento provém da reminiscência de alguma coisa que assimilamos em determinado período de nossa(s) vida(s), ou seja, das lembranças que ocasionam o conhecimento que foi construído num saber muito distante do sensível, a questão da consciência primeira, da consciência pura.

“E não poderemos declarar-nos também de acordo a respeito de mais outro ponto, que o conhecimento alcançado em certas condições tem o nome de reminiscência? Refiro-me ao seguinte: quando alguém vê ou ouve alguma coisa, ou a percebe de outra maneira, e não apenas adquire o conhecimento dessa coisa como lhe ocorre a idéia de outra que não é objeto do mesmo conhecimento, porém de outro, não teremos o direito de dizer que essa pessoa se recordou do que lhe veio ao pensamento?” 10

Se a consciência que almejamos construir depende do sensível para atingir um ciclo de alternadas de vidas passada, a reminiscência por sua é o inicio desta origem.  Se o conhecimento pode ser reconstruído com base num momento de reflexão de acontecimentos passados, devemos salientar que o motor propulsor da nossa mente e a realidade evidenciada, ou a primeira navegação. Ao passo que devemos aos pré-socráticos a noção de consciência racional, de pesquisa e de fatos evidenciais por meio investigativo.         
Isto ocorre primeiramente, ao sujeito pensante, para termos a real evidencia do fato deveremos confinar aos dotes racionais a nossa dúvida. Mas, se queremos aprofundar tanto a metodologia do raciocínio quanto a questão do espírito temos que mergulhar na essência das coisas, como se deve observar que, como o conhecimento é algo construído no interior do homem, deve-se ao ponto de partida o senso empírico por meio das ações objetivas, mas a unicidade de elevar ao conhecimento puro é por meio racional, que só é atingido pelo sujeito pensante, ou seja, na essência ideológica.
Este ponto separa o perceptível pelos sentidos e o que é idealizado pelo lado subjetivo, é fundamentado por Platão como observamos anteriormente, é claro que o impulso de reagir a este conceito de real está de acordo com a razão deixada por Platão. Segundo Marilena Chauí também comenta que Platão utiliza do mito para fundamentar sua teoria, necessariamente, voltamos a discutir o problema da reminiscência para ao conhecimento, relembrar com nostalgia, como uma agulha afundada no mar de sal, filtrada por sua dialética para constituir a idéia inteligível. Comenta Chauí:

“Em primeiro lugar, que Platão através de dois mitos – o da Caverna e o de Er -, recupera a antiga noção da alétheia (o não-esquecido), ainda que a transforme profundamente, como vimos. Para um pensamento que toma a verdade como evidência, o verdadeiro é a retidão do olhar espiritual, isto é, a correspondência entre a idéia e a sua representação intelectual. Somos co-autores do verdadeiro.
Em segundo lugar, que Platão precisa recorrer aos mitos para explicar por que, sem possuímos conhecimento verdadeiro, desejamos o conhecimento verdadeiro. Precisa explicar que, de algum modo, já estamos na posse de alguma noção (ainda que muito vaga) da verdade e que ela que empurra para dialética. Independentemente da discussão sobre o que Platão realmente pensava dos mitos que narrou, podemos dizer que possui função de afirmar que nascermos do verdadeiro e destinados e ele. Sem isto, a dialética seria uma técnica impossível, pois, não teria o que atualizar em nossa alma”. 11         

  1. PLATAO ESTABELECE NA DIALÉTICA A COMPOSIÇÃO DO CONHECIMENTO.

          Platão recorda, e utiliza a dialética ascendente para diferenciar passos na organização entre a inteligência e ao senso comum. Efetua uma disparidade conceitual ao analisar os dois mundos em questão, um é estabelecido pela consciência viva da razão e o outro é reconhecido pela aparência viva como sombra. Para que isso aconteça é necessário conhecer o irreal por meio da razão, o que não se pode é descartar o entendimento das coisas abstratas, que são utilizadas como coisa solidificada para o nosso conhecer.

“- Bastará pois – continuei eu – que, como anteriormente, chamemos ciência à primeira divisão, entendimento à segunda, fé à terceira, e suposição à quarta, e opinião às duas ultimas, inteligência às duas primeiras, sendo a opinião reativa à mutabilidade, e a inteligência à essência. E, assim como a essência está para mutabilidade, está a inteligência para a opinião, e como a inteligência está para a opinião, está a ciência para a fé e o entendimento para a suposição. Quanto à analogia das coisas em que se fundam estas distinções e à divisão em dois de cada uma delas, a da opinião e a do inteligível, deixemo-las ficar, ó Gláucon, para não nos enchermos de discussão muito mais intermináveis do que as que tivemos.”12        

          Por isso, Platão recorre ao mito para explicar momentos que a própria realidade produz. Platão visualizou que a realidade é estática ao pensamento, e que phisys só é alterada a partir do conhecimento humano colocado em prática.  Só poderia contar realmente com a natureza das coisas para auferir um estágio superior de entendimento, uma solidez, que é a via do entendimento puro, onde este corrigisse a partir dos objetos uma cadeia nobre de interpretação.
Platão faz alusão ao saber construído por meio da dialética, fazendo emergir a desejada ciência separado assim da opinião, ou seja, para Platão atingir a verdadeira episteme é preciso liberdade de consciência, deixar que a mente se aproprie do saber enquanto domínio de causa ultima e sólida para a razão que, absorve a realidade que lhe convém, ou melhor, é convencionada a partir da realidade que lhe é apresentada. O mundo da idéias para Platão e exatamente transpassar a idéia que está contida no âmago da consciência e adormecida no conhecimento inato, e alcançar o ser imutável e lógico da essência.
Platão tanto usa a metafísica para explicar que o conhecimento é construído pela ação primeira, ou seja, a causa inicial da sua teoria das ideias. Porém determina que a causa para o problema do conhecer humano, está em analisar o seu discurso cotidiano e deixar que a segunda navegação enfim se concretize esse ato repugnando de vez que o lado sensível, domine a mente do ser pelo vício.    
       

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em destarte, a teoria do conhecimento tratada em Sócrates veio reaver esta questão da disciplina como estímulo para o cognitivo do homem, ou seja, ainda é um mistério para o homem a tese do conhecimento, logo, o homem não está preparado para convergir sua capacidade de raciocínio em prosperidade coletiva, ou melhor, o homem possui a razão, mas, pouco desenvolve seu instinto racional. O individuo está fixado na sua cadeia primitiva do saber, priorizando mais as ocorrências físicas mundo material que a própria ocorrência do mundo ideal.
A teoria do conhecimento é um aspecto fundamental que pode ser determinada como entendimento gradual para o homem, desse modo, é estabelecida como critério das relações existentes no comportamento da mente, que exige de tal um avanço de juízo para investigação de nossa própria consciência a ser instigada, para que, possa atingir seu ápice integral de entendimento, tanto de consciência quanto de racionalidade. São duas questões diferentes no sentido amplo da etimologia, as palavras consciência e razão tratada de maneira interpretativa provêm definir que: a consciência é a parte que analisa as conclusões finais do conhecer; enquanto que o modo racional visualiza a organização e evidencia dos fatos concretizados.  
Sócrates por meio do seu método de esclarecimentos tanto lógico-racionais trabalha essa questão do conhecimento aliado ao seu interlocutor, ou seja, o destino para conhecê-lo não será a construção do indivíduo na sua prática social e sim na sua subjetividade, no seu raciocínio lógico, a prática social segue como conseqüência do conhecimento em função do aprendizado em reconhecer sua presunção de saber algo que não sabe, por isso, a célebre frase de Sócrates “só sei que nada sei”.
 Em Platão observa-se uma tendência mais ofensiva para despertar do conhecimento humano, desse modo, aplica-se um questionamento gradual em sua interfase, filtrando o saber contido nas idéias para encontrar hipóteses referentes à idéia central. A dialética platônica reverte o que chamamos o conhecimento construído por meio da reconstrução das idéias, e repousado no conhecimento das próprias idéias fixadas, mas não rejeitadas, extraindo o mais importante fragmento dessas idéias.
Platão recorre a Sócrates inserindo em sua teoria que concebe ao conhecimento um novo modelo visionário, com isso, nota-se que Platão aprimora a teoria do conhecimento socrática e aplica ao domínio da dialética, passando das esferas sensoriais, para chegar ao plano puro, ou conhecimento original. Contudo, esta sensibilidade cognitiva, desde a filosofia antiga vem sofrendo processo gradual de conhecimento. Contudo, é com a idade moderna que essas correntes sofrem acentuado nível sistemático e de interpretação. Como afirma Nicolai Hartmann “O homem é uma interseção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela liberdade humana. Os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real”.  
Comentar a passagem da filodoxia para a filosofia sempre exprime uma real condição para idéia, para a justiça, para beleza etc. Um conjunto das idéias que apresenta entre si, um mesmo significado, mas diferentes aspectos, proporciona a idéia principal referência da dialética para sair definitivamente do mundo das sombras e entrar nos conceitos inteligíveis do conhecimento racional.   Platão tenta harmonizar duas tendências do mundo antigo: A filosofia da escola eleática com Parmênides e a escola mobilista de Heráclito. Dividiu sua teoria racional para compreender os seres individuais e imutáveis, das sensações e ilusões para as essências e a eternidade.           

  1. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.: "A historicidade da verdade inserida no mundo", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21/
CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia. Dos pré-socráticos a Aristóteles. Volume I, editora brasiliense 1994.
DESCARTES. René. Discurso do Método. Tradução Ciro Mioranza. Editora escala 2006.
PLATAO. A República. Tradução Maria Helena da Rocha Teixeira 9ª edição. Fundação Calouste Gulbenkian. A edição utilizada foi a de J. Burnet 1949.
Tradução: Carlos Alberto Nunes Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia) Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/.   . Dialogo Platônico “Teeteto”

Tradução: Carlos Alberto Nunes. Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia) Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/. Diálogo Platônico “Fédon”

Vilhena Cabral, I., da Silva Cardoso, T. y Amanajas Pena, R.: "O racionalismo socrático", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Octubre 2012, www.eumed.net/rev/cccss/22/
REALE, Giovanni. Sócrates e os socráticos menores. In: História da Filosofia: filosofia pagã antiga, v. 1/Dario Antiseri: [tradução Ivo Storniolo]. – São Paulo: Paulus, 2003.

1 Teeteto pg.63

2 Fédon capitulo XX

3 Fédon XLI

4 DESCARTES. René.

5 Mênon pg. 23

6 Mênon pg. 23

7 República. 588 d pag. 320/321

8 República. 511 d pag. 313

9   Fédon XI

10 Teeto XVIII

11 CHAUÍ, Marilena. Pg. 199

12 REPÚBLICA, 534ª pg. 348