Rodrigo Lages Pessoa*
Heriberto Wagner Amanajás Pena**
DEVRY_FACI, Brasil
professorheriberto@gmail.comResumo
  A pesquisa aborda a  funcionalidade dos portos informais no contexto urbano de cidades amazônicas,  ressaltando os aspectos da acessibilidade e  da formação do espaço urbano, delimitando a relevância da função portuária em  sua área de influência para escoamento da produção econômica e transporte de  passageiros. A pesquisa trabalhou afim de explorar situações portuárias  nos aspectos de funcionalidade e suas áreas de influência nas cidades como  forma de identificação dos problemas, de afirmação do porto informal como  fundamental para a economia regional e melhor compreensão da realidade socioeconômica  amazônica. Os elementos norteadores são: a caracterização do problema, a  justificativa e hipótese, os objetivos a que se destina alcançar e a  metodologia baseada em aspectos necessários para compreensão da proposta  inicial da dissertação, do trabalho de pesquisa afim de atingir os resultados  esperados.
  Palavras-Chave: Portos, Hidrovias, Urbano, Amazônia e Escoamento Portuário.
Resumen
  La  investigación se ocupa de la funcionalidad de los puertos informales en el  contexto urbano de las ciudades amazónicas, destacando los aspectos de la  accesibilidad y la formación del espacio urbano, la definición de la función de  puerto de referencia en su área de influencia para el flujo de la producción  económica y el transporte de pasajeros. El trabajo de investigación con el fin  de explorar situaciones en aspectos de funcionalidad del puerto y sus zonas de  influencia en las ciudades como una forma de identificar los problemas, la  afirmación de puerto informal como una clave para la economía regional y una  mejor comprensión de la realidad socioeconómica del Amazonas. Los elementos de  guía son: la caracterización del problema, la justificación y la hipótesis, los  objetivos que se ha diseñado para alcanzar y metodología basada en los aspectos  necesarios para la comprensión de la propuesta inicial de la tesis, trabajos de  investigación con el fin de lograr los resultados esperados.
  Palabras clave:  Puertos; cursos de agua; urbana; Amazon y flujo del puerto.
Abstract
  The research deals with the functionality of informal  ports in the urban context of Amazonian cities, highlighting aspects of  accessibility and the formation of urban space, delimiting the relevance of the  port function in its area of influence for the flow of economic production  and passenger transportation. The research worked to explore port situations in  aspects of functionality and its areas of influence in the cities as a way of  identifying problems, affirming the informal port as fundamental to the  regional economy and a better understanding of the Amazonian socioeconomic  reality. The guiding elements are: the characterization of the problem, the  justification and hypothesis, the objectives to be achieved and the methodology  based on aspects necessary to understand the initial proposal of the dissertation,  the research work in order to achieve the expected results.
  Keywords: Ports; Waterways; Urban; Amazon and Port Drainage.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Rodrigo Lages Pessoa y Heriberto Wagner Amanajás Pena (2017): “A funcionalidade dos portos informais no contexto urbano de cidades da Amazônia”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (marzo 2017). En línea:
 https://www.eumed.net/rev/caribe/2017/03/portos.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1703portos
De acordo com Rial (2006) o equipamento  urbano portuário apresenta uma característica peculiar, pois ao mesmo tempo em  que funciona como infraestrutura local é parte integrante das redes de  distribuição e produção, portanto a funcionalidade do porto precisa ser  apreciada de forma mais abrangente, uma vez que sua estrutura física, além de  servir ao comércio interno, oferecendo condições à circulação de mercadorias,  precisa apresentar infraestrutura básica de equipamentos para atender as  demandas do comércio local. A ausência destes elementos básicos prejudica,  sobremaneira, a relação existente entre porto e cidade, visto que deixa de  atender a uma parcela da população que utiliza esta infraestrutura portuária.
     Pode-se afirmar que  estudos cujos resultados possibilitem elaboração de projetos portuários  adequados às necessidades locais e regionais dos usuários, numa perspectiva de  que o porto como equipamento interfere diretamente na acessibilidade ao sistema  hidroviário, são desejáveis para o direcionamento de políticas públicas de  infraestruturas portuárias, de modo a contribuir para o desenvolvimento global  da economia e o bem-estar social.
     Na  Amazônia observa-se com frequência em seus portos o deslocamento de passageiros  ocorrendo simultaneamente ao píer1 , que são destinados às cargas, infringindo as determinações legais  e de segurança, que recomendam espaços diferenciados para cargas e passageiros.  Além disso, os terminais fluviais apresentam localização nem sempre adequadas  ao espaço urbano, comprometendo a mobilidade intraurbana com perda da qualidade  de serviço de transporte e ainda, excluindo da população de baixos salários que  geralmente, situa-se em áreas distantes dos grandes centros de oferta de  serviços sociais básicos e de empregos.
     Nesta perspectiva a pesquisa propõe-se  investigar a funcionalidade e a área de influência de portos fluviais no  aspecto da acessibilidade e formação de espaço urbano, tendo como casos em  estudo portos das cidades de Belém e Santarém no Pará e Manaus no Amazonas. A  partir dos resultados desses estudos, foram recomendadas ações de melhoria das  situações, para subsidiar intervenções do poder público nos portos da região.  Os locais de investigação foram os portos ao longo dos rios da Amazônia: Porto  brilhante – Belém-PA (Rio Guamá), Porto Praça Tiradentes – Santarém-PA (Rio  Tapajós) e Porto Manaus Moderna – Manaus-AM (Rio Negro).
     No contexto desta  problemática, o trabalho se orienta pelas seguintes questões: qual a  funcionalidade dos portos fluviais informais nos aspectos da acessibilidade e  da formação do espaço urbano?  E como  esta funcionalidade é importante na sua área de influência para o escoamento da  produção econômica e para o transporte de passageiros?
     A hipótese proposta  na presente pesquisa considera que o processo desenvolvimento e evolução dos  espaços urbanos, notadamente aqueles localizados no entorno dos portos  apresenta relação direta com desenvolvimento local no que se relaciona aos  aspectos socioeconômicos. Em termos gerais este artigo busca caracterizar  a funcionalidade e a área de influência dos portos informais no aspecto da  acessibilidade e formação de espaços urbanos.
     Especificamente pretende-se apresentar os  aspectos referenciais da relação porto e cidade, funcionalidades e áreas de  influências em uma região e discutir o método de análise da relação  porto-cidade e sua área de influência.
2. PROCESSO HISTÓRICO DE FORMAÇÃO DE PORTOS E SUA RELAÇÃO COM A CIDADE
Este capítulo apresenta os pressupostos teóricos que mediam a compreensão sobre o conceito de porto na sua relação com a cidade. Descreve o processo histórico de formação de portos enfocando os aspectos da constituição de portos no Brasil bem como sua funcionalidade no que abrange processos sociais, ambientais e econômicos. Apresenta ainda, os instrumentos legais e a estrutura política que possibilitam a escolha de localidades propícias à constituição de Portos. Existem também Portos, denominados aqui de informais, que se enquadram em características bem distintas das que foram aqui mencionadas, visto que, eles são ocupados, dentre outras maneiras, de forma desorganizada, sem planejamento e com condições precárias para este tipo de leiaute de projeto
2.1 FORMAÇÃO HISTÓRICA: ORGANIZAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA PORTUÁRIO
O surgimento de portos  as margens de rios está diretamente relacionado com a ocupação territorial. De  acordo com Mariana Rial (2008, p.69) a história do Brasil marcada pela ligação  com Portugal no período colonial propiciou a geração de inúmeras vilas, que  facilitavam as estratégias comerciais e defesa do território. Priorizaram-se as  margens da Costa brasileira. Este processo de ocupação foi cada vez mais  intensificando a circulação de pessoas, de mercadorias e consequentemente a  necessidade da criação de novos portos em regiões que possibilitassem atender a  movimentação de pessoas e de mercadorias por meio de rios e marés.
     No período  colonial, de acordo com Goularti Filho (2007, p.456) as estruturas portuárias  limitavam-se aos pequenos trapiches e ancoradouros que eram tidos na sociedade  da época como naturais e serviam de plataforma de embarque e desembarque às  embarcações. Nessa época as pessoas se reuniam em vilas que ao longo da  história transformaram-se em cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, e  representavam as mais importantes vilas, no sentido comercial, e detinham  também os portos com maior fluxo de mercadorias e de pessoas em direção a  Portugal.
     Seguindo  a linha histórica aponta-se o ano de 1903, que trouxe o propósito de melhorar a  estrutura portuária com o Decreto nº.4.859, estabelecendo regime especial para  execução de obras nos portos, autorizando a arrecadação por meio da Caixa  Especial dos Portos, com taxas de 2% sobre as importações e 1% sobre as  exportações. Tais recursos da Caixa seriam depositados numa conta no Tesouro  Nacional, destinados a pagamento de despesas com a fiscalização, os estudos  técnicos, obras de melhoramentos, os juros e as amortizações de empréstimos  (LISBOA, 1922). Nessa perspectiva analisa-se quanto maior o fluxo de  mercadorias, maior a capacidade de arrecadação do porto na época.
2.2 ASPECTOS CONCEITUAIS DO PORTO: A MUDANÇA DE PAPEL DO PORTO NO DECORRER DA HISTÓRIA.
O  conceito tradicional de porto diz sobre um lugar reentrante na costa do mar ou  junto à foz de um rio onde embarcações podem fundear para embarcar passageiros  e realizar operações de carregamento e descarregamento de mercadorias. O porto  é também, um conjunto formado por cais, armazéns e terminais de transporte, em  princípio suficiente para que os produtos que por ele trafegam possam fluir. O  porto, além de ser considerado um elemento da cadeia logística de circulação, é  ainda infraestrutura local, ou seja, construção do espaço urbano em todas as  suas escalas de expansão. 
     A  partir da segunda metade do século XIX, com que se convencionou chamar de  segunda revolução industrial, em que se amplificam estas relações e consequentemente,  modifica-se tanto o funcionamento do porto como sua relação com acidade (RIAL,  2008, p.42).
     A  função logística de um porto está diretamente relacionada ao grau de  intensidade e qualidade dos serviços prestados, é uma estrutura físico-espacial  ligada a rede urbana em todas as suas escalas. A definição serve para  explicitar a relação direta existente entre a infraestrutura portuária e as  cidades que as abrigam, com as relações de comércio e transporte de mercadorias  deles dependentes.
     Neste  sentido, o desenvolvimento das atividades portuárias muda de acordo com as  alternâncias nas relações de comércio acompanhadas das transformações  comerciais entre as sociedades, impulsionados pelo desenvolvimento das  tecnologias de transporte e informação. A transformação de áreas portuárias  devem produzir uma melhoria no ambiente da cidade e uma harmoniosa articulação  funcional da cidade do porto (PAVON, 2003, p.17).
Nas discussões políticas podem parecer mais claro esse entendimento, pois a maioria das intervenções visa o melhoramento das partes do porto e de sua área de entorno, porém terá sempre uma visão mais ampla. Deve-se atentar, portanto, para alguns fatores que estejam relacionados com sua foreland, ou seja, os espaços além do cais do porto, e interligados a outros portos regionais, para além do perímetro da cidade, do aglomerado ou da metrópole (IACP, 2007, p.24) como melhor ilustrado na Figura 1.
Atualmente,  não existe na literatura uma definição padrão para o conceito de hinterland.  Não obstante a isso, alguns autores  conceituam hinterland, como:  RODRIGUES  (1998) para o qual a  hinterland é considerada como a área no  entorno da região portuária, onde encontra-se o maior fluxo de mercadorias. No  entanto, o conceito de hinterland não restringe apenas ao fluxo de mercadorias  no entorno da região portuária.  
     Conforme  o citado autor, foreland é definida como o litoral marítimo do porto, de onde  convergem os fluxos de capitais e mercadorias advindas da hiterland portuária.
     A  figura ilustrativa 1, apresenta a hinterland e foreland dos portos  “B”, “C” e “D”. A zona de influência, zona de  impacto econômico ou hinterland, está representada na área “A”, é nesta região  que ocorre o maior fluxo de mercadorias que depende diretamente da rede  logística, do tipo de mercadoria e dos consumidores, ademais da intermodalidade  de transportes. O escoamento desta mercadoria ou fluxo de capitais é propiciado  pela foreland, representado na figura acima pela área que converge do porto  “D”, ou seja, é o espaço de projeção do porto, onde este mantém suas relações  econômicas com suas áreas de influência.
     Devido à recentere estruturação do sistema capitalista global,  esses espaços (linha  de costa) têm mais importância a estabelecer-se como principais  centrosna articulação de redes produtivas recentemente globalizado,  precisamente os portos na articulação de redes de produção-distribuição prolongados, redefine as relaçõesentre o local e o global, ao mesmo  tempo originam espaços de exclusão de largura.
     As autoridades portuárias devem se concentrarem geral sobre o  desenvolvimento da área portuária local e desempenhar um papel de menor  importância no desenvolvimento do interior do porto, enquanto os operadores, expedidores,  transitários, donos de embarcações e  ferroviários sempre estiveram envolvidos na conexão de porta-interior. A crescente importância das redes  intermodais hinterland para a posição  competitiva dos portos, exortou as autoridades portuáriaspara se tornar ativono  interior, modelo analítico com uma abordagem de controle para obter  uma estratégia de expansão do porto ideal, equilibrando custos de investimento  dos custos portuários, evitando o congestionamento para seus usuários. 
O  processo de desenvolvimento de containers e o desenvolvimento de redes de transporte intermodal têm provocado crescente  competição no setor portuário e vêm, no mundo inteiro, interferindo nas zonas  de influência dos portos (hinterlands). Essas hinterlands estão  deixando de ser cativas de um determinado porto para serem de múltipla  influência extensiva à dois ou mais portos
     Uma definição mais geral ilustra a  relação cidade-porto, baseando-se do tamanho da cidade (pequena, média e  grande) com o tráfego do porto (pequeno, médio e grande), conforme Soares (2009 apud OLIVEIRA, 2011, p.9-10),  apresenta na Figura 2.
Segundo  Cunha, Vieira e Rego (2007, p.21) no decorrer da história, as cidades  portuárias revezam em ciclos de maior e menor integração com seus portos, num  momento vivem deles mesmos, mas em outro sobrevivem a eles. Alguns trabalhos estudam  a relação portuária e citam que muitos portos e cidades procuram desenvolver  políticas integradas com o uso do solo, vias de acesso, de forma estratégica a  “reintegrá-las” de forma isolada, em diferentes conceitos como, por exemplo,  reaproximação, reintegração e reconversão, visualizado no quadro 2, (SOARES,  2009 apud OLIVEIRA, 2011, p.11).
     As  atividades portuárias, além de ser meio de alavancar a balança comercial do  Brasil (importação e/ou exportação), são objeto de desenvolvimento dos  municípios portuários, através da pesca, ecoturismo e das atividades de  produtores rurais, desde que as ações sejam planejadas sem danos à natureza com  caráter compensatório (MARONE et al,  2006, p.19).
     A  cidade e o porto são relações econômicas e sociais em que se criam demandas  para a utilização do espaço e uma zona de conflito para autoridades urbanas e  portuárias. Estudar esta relação é levantar questões de cada estrutura ou  indivíduo envolvido, para que sejam trabalhadas de forma integrada, buscando  sempre minimizar quaisquer problemas e conflitos que venham a surgir.
2.3 FORMAÇÃO PORTUÁRIA NO BRASIL
No  Brasil do século XX, era observada inserção de um comportamento competitivo do  país na economia mundial com ênfase na reorganização dos espaços produtivos,  para novas relações comerciais. O sistema portuário veio a ser parte do  conjunto de mudanças implementadas nos governos deste período, com criação de  novas normas que organizasse melhor, as operações portuárias das cidades  brasileiras.
     A  primeira normatização jurídica direcionada aos portos brasileiros foi  instituída com o advento do Decreto n.447 de 1846, que aprovava, através de um  regulamento da Capitania dos Portos, sobre a utilização do porto sem concessão  ou prazo para explorá-lo no qual a responsabilidade era destinada a quem  administrasse o porto para assim criar interesses de investidores estrangeiros.  Posteriormente foi elaborado o Decreto n.1.746 de 1869, para tratar da  autorização à conceder a utilização dos portos por 90 anos à iniciativa  privada, que trouxe como garantia juros de 12% a.a. Em seguida no ano de 1886,  com a Lei n.3.314, foi reduzido esse o prazo de concessão para 70 anos e os  juros caíram para 6%a.a.
     Anos  mais tarde, foi publicado o Decreto 4.859 de 1903, que estabelecia primeiramente  sob a autoridade do governo, a responsabilidade das obras portuárias, podendo  após este período conceder a responsabilidade à iniciativa privada pelo período  de 10 anos. 
     Finalmente  em 1907, houve a modificação do regimento anterior com o Decreto 6.368, em que  ficava convencionada a criação de um departamento que seria responsável pela  centralização das atividades relacionadas à melhoria, conservação e gestão dos  portos, a exemplo disso podemos citar que obras somente poderiam ser iniciadas  na medida em que o Governo Federal aprovasse os planos e orçamentos.
   Com o processo de industrialização, o país  passou por muitas transformações no cenário econômico e político. Nessa época  as mudanças do papel do Estado na economia o fizeram assumir novas formas de  crescimento.
   O desenvolvimento dos portos era vislumbrado  na perspectiva do Projeto Nacional de Industrialização que estava sobre o  controle do Estado. Uma série de mudanças institucionais ocorreu, dentre as  quais houve a criação do Departamento Nacional de Portos e Navegação, que foi  alterado em 1943 para Departamento Nacional de Rio e Canais, e transformado em  autarquia no ano de 1963 passando a se chamar Departamento Nacional de Portos e  Vias Navegáveis, já em 1975 mudou-se para Portobrás.
     Do  ponto de vista jurídico ressalta-se a criação de dois regimes portuários, o  primeiro regulamentado pelo Decreto 24.599 de 1934 e o segundo pelo Decreto  749, de 1969. Destaca-se ainda, a criação de sete planos específicos para  portos nacionais. O primeiro dispositivo assume grande importância, dando  início ao novo regime portuário, com a revogação dos dispositivos legais de  concessão de 1869 e 1886.  O regime em  questão foi pautado pela concessão dos portos aos estados e empresas privadas  para implementação de melhorias e exploração por um período não superior a 70  anos.
     No  referir aos planos específicos, dois planos de desenvolvimento foram elaborados  durante o governo de Getúlio Vargas pelos técnicos do Departamento  Administrativo do Serviço Público. Em 1943, foi aprovado um plano especial para  um período de cinco anos e destinou 20,17% dos recursos ao Ministério da Viação  e Obras Públicas. O Plano de Obras e Equipamentos executado por um período de  dois anos destinou 57,11% dos recursos ao aludido órgão.
     Durante  o governo Dutra, em meados de 1946 a 1950, foi criado o DASP (Departamento  Administrativo), o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) que  regulamentou 57% das despesas previstos destinados ao setor de transporte, mas  somente 5,82% foram dispensados aos portos. Todavia este plano não foi cumprido  de forma integral, e em 1952 foi abandonado.
     O  Plano de Metas, elaborado no Governo de Juscelino Kubitscheck em 1956 a 1961,  consolidou as bases da industrialização brasileira e modificou totalmente a  estrutura, criando uma oferta maior que a demanda, à vista disso tinha como  escopo implantar uma indústria de bens de produção.  
     Ao  compará-lo a planos anteriores (Plano Especial, Planos de Obras e Equipamentos  e Plano Salte), o Plano de Metas carreou a crescente participação Estatal em  decorrência do aumento das demandas sociais do setor privado de realizar  investimentos que eram exorbitantes, ao passo que os planos citados  anteriormente, por não conterem com a participação de órgãos responsáveis pelo  cumprimento suas prioridades, foram considerados restritos e inexequíveis.
     Neste  sentido em 1946, com base nas recomendações II Congresso de Engenharia e  Industrial, realizado no Rio de Janeiro, foram apresentadas várias medidas para  vias navegáveis e para os portos como a elaboração em 1947 do Plano de  Reaparelhamento e Ampliação dos Portos organizados, de acordo com Goularti  Filho (2007, p.469) em sua pesquisa, inaugurou o primeiro Plano Nacional para  Portos Brasileiros.
     Ainda  no governo de Juscelino Kubitscheck o Plano de Reaparelhamento dos Portos foi  revisado, pois sua execução havia sido postergada em decorrência da falta de  recursos: “Para Juscelino, os portos brasileiros não estavam organizados e  administrados como atividades econômicas. Faltava um órgão central que coordenasse  e orientasse as atividades de acordo com critérios econômicos e técnicos”  (GOULARTI FILHO, 2007, p. 470).
     Decorridos  dez anos da elaboração do Plano de Metas a realidade portuária brasileira não  havia sofrido significativas modificações, para solucionar o problema da falta  de recursos foi enviado ao Congresso Nacional em 1956, um projeto de lei para  instituir o Fundo Portuário Nacional (FPN). Os recursos auferidos ao FPN contribuíram  para elaboração do plano portuário.
Com a criação do Fundo Portuário Nacional, modificou-se, sensivelmente, o programa de trabalho do governo no setor portuário, tornando possível não somente a elaboração de um Plano Geral de melhoramento das respectivas instalações, mas, também a adoção de uma política de investimentos, com o objetivo de tirar o máximo proveito das instalações existentes e, bem assim, a transformação dos portos em organismos econômicos, capazes, portanto, de atender as exigências sempre crescentes da navegação (GOULARTI FILHO, 2007, p. 471)
Além  do plano portuário, ficou estabelecido que todo o porto deveria desenvolver seu  próprio plano de reaparelhamento portuário particular. Em 1960, ocorreu a  aprovação do Plano Portuário Nacional por Juscelino Kubitscheck que previa  investimentos que seriam utilizados na melhoria, expansão, construção e estudos  relacionados aos portos.
     No  governo João Goulart, com a renúncia de Jânio Quadros em 1962, até então  Vice-Presidente da República, assume a presidência denunciando ao Congresso  Nacional que durante o período de 1956 a 1961, ocorreu um incremento  relativamente mais intenso das rodovias quando comparados a outros setores como  dos portos.
   O Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e  Social executado em 1963 a 1965, no governo João Goulart previa para os portos:  a reestruturação dos serviços do Departamento Nacional de Portos e Vias  Navegáveis, capacitação dos administradores portuários, maior ênfase à questão  do congestionamento, gerando investimentos em infraestrutura para granéis.
     A  criação do Grupo Executivo para Integração das Políticas de Transporte(GEIPOT)  em 1965, período da ditadura militar ocorreu um aumento considerável de planos  específicos para os vários modais de transporte, nesta época foi produzido o  primeiro grande plano portuário nacional que foi organizado pelo Departamento  Nacional de Vias Navegáveis em parceria com GEIPOT que foi denominado de Plano  Diretor Portuário do Brasil (1975-1984).
     Em  meados de 1974, para manter o mesmo nível de crescimento do período do “milagre  econômico” foi elaborado o II Plano Nacional de Desenvolvimento (IIPND), que  previa um crescimento para setor de transporte, notadamente para ferrovias e  para a navegação. Durante o período de execução do IIPND ocorreu à extinção do  Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis que foi transformado em  PORTOBRÁS (Empresas de Portos Brasil S.A), que segundo o seu estatuto, tinha  como objetivo a gestão e a exploração dos portos brasileiros.
     No  período republicano de 1985, época da redemocratização do país foi elaborado um  novo plano de desenvolvimento que ficou conhecido como I PND-NR   (I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova  República). De acordo com o diagnostico elaborado por este plano o setor de  transporte concentrava seus recursos nos setores: rodoviário, ferroviários e  nos corredores de exportação, em detrimento dos demais modais de transporte.
     Durante  o período da nova república também foi elaborado em paralelo ao I PND-NR, o  Plano de Desenvolvimento Portuário (1987-1986), o último plano global portuário  brasileiro. Somado a isso, foi elaborado um plano para o setor de transportes  denominado PRODEST (Programa de Desenvolvimento do Setor de Transporte) que  realizou diagnóstico dos portos nacionais.
     Contudo  por volta ano de 1990, a administração dos portos era realizada pela PORTOBRÁS,  por Companhias de Docas, por concessionários privados e estaduais, podendo-se  dizer em função da administração centralizada, a União detinha o controle,  sobre a maioria dos portos (TOVAR; FERREIRA, 2006, p.211).
     Devido  essa centralização portuária, as operações nestes portos tornaram-se onerosas e  consequentemente o comércio internacional e as exportações, reduziam o poder de  competição dos produtos brasileiros no mercado. Isto ocorria devido monopólio  dos sindicatos, a ineficiência das Companhias de Docas na prestação de serviços  portuários e a estrutura inadequada do sistema aduaneiro, principais fatores de  encarecimento dos custos portuários. 
     Nesse  período, surge a necessidade para o país de melhoria na reestruturação da  atividade portuária. Segundo Oliveira (1994 p.23) a campanha pela modernização  dos portos neste momento tornou-se tema básico para reativação da economia  brasileira, tendo praticamente envolvido todos os principais segmentos em  questão, trazendo novas discussões com contribuições para este equacionamento.
     A nova  lei dos portos, aprovada por meio de Medida Provisória, se mostra complexa,  ainda que pretenda aumentar a concorrência, pois ainda não define, por exemplo,  sobre tarifas à serem cobradas a cada caso. Os pontos positivos se encontram  nas concessões da lei para implantação de terminais e empreendimentos, contudo  não há um regulamento que delimite estes projetos empresariais que são  definidos por decreto presidencial ou editais de licitação.
   A Lei nº.12.815/13, em seu Capítulo V, trata  da administração do porto organizado e na Seção I inicia com as competências  que devem ser observadas pelo licitante: cumprir o desafio dos menores preços  ofertados aos clientes, visto que o governo instituiu ao licitante, oferecer melhor  eficiência, menos tarifa e maior movimentação de carga, pois haverá que  observar as peculiaridades de características físicas das embarcações, cargas  de naturezas variadas e também as especificidades únicas de cada porto, esses  portos devem ser contemplados nos editais de licitação, com isto o desafio  técnico está previsto para a ANTAQ, responsável pela elaboração dos editais.
     Há  também outros pontos como a definição dos atributos enunciados de cada porto  organizado por haver na nova lei duas categorias de portos: os públicos, que  estão observando o grupo de portos organizados, e os portos privados, os quais  a lei delimita como aqueles fora dos padrões de portos organizados, com  instalações independentes por iniciativa privada e autorizado pelas autoridades,  para isto alerta:
[os aspectos que oneram] as operações portuárias são: acessos terrestres aos portos; elevada burocracia; tarifas portuárias elevadas, cobradas pelos donos dos navios (armadores) do importador/exportador; e necessidade de ampliação de berços de atracações de dragagens, para (...) navios gigantes que começaram a vir para o Brasil, [com isso a expansão dos terminais privados/portos informais facilitando] abrir a possibilidade desses terminais prestarem serviço público, sem licitação, irá gerar competição injusta entre desiguais: de um lado, os operadores nos portos públicos, com uma série de restrições e encargos provenientes dos processos licitatórios e regras da Antaq e com necessidade de ganhos de escala para reduzir custos e tarifas cobradas dos armadores; do outro lado, os terminais privados, sem restrições, com baixos encargos e poucas obrigações. (VALENTE, 2013, p.1)
Os  portos como geradores de renda, têm importante significado para o  desenvolvimento, entrada e saída de divisas, e possuem importância diretamente  ligada a intermodalidade de cargas no país e ao fortalecimento do setor de  logística no mercado nacional. Apesar de todas as dificuldades que os portos  enfrentam, com infraestrutura de portos inadequados, burocracias e altas  tarifas, sua movimentação financeira é incontestável e será melhorada  efetivamente à medida que partirem das autoridades providências para alterar  este quadro visando a implementação de moderna tecnologia capaz de tornar menos  oneroso e portanto mais rentável suas operações.
     2.3.1 Aspectos  Funcionais do Porto.
     O  porto corresponde, basicamente às funções que ele exerce, quais sejam a oferta  de condições de acesso, de abrigo ou mesmo se estão instalados em águas  tranquilas ou profundas, e de preferência possuir infraestrutura adequada para  movimentação de cargas e passageiros até as embarcações. Além das condições de  acolhimento aos navios, um porto deve dispor de instalações para o manuseio,  armazenamento de trânsito e internalização e/ou exportação das mercadorias.
     Somado a isso, os portos  possuem grande importância no desenvolvimento de sua hinterland. De acordo com Ferrari, Parola e Gattorna (2011, p.382),  a hinterland é a área no entorno da  região portuária, onde encontra-se o maior fluxo de mercadorias. Portanto, tem  grande importância e funcionalidade para desenvolvimento local e regional.
     Desse  modo, tanto a funcionalidade como o projeto de arranjo físico de um porto,  ambas podem exercer impactos no espaço urbano e a forma como ele opera e sua  infraestrutura tem um papel preponderante no funcionamento dos serviços urbanos  e do comércio do entorno. Quanto ao aspecto físico, deverá apresentar águas  abrigadas, com profundidade suficiente para embarcações, áreas e acesso  terrestre para servirem de mercadoria e permitirem a transferência entre  transportes (MONGE; DEL OLMO apud AMORIM, 2000, p.605).
     O  Porto é uma área abrigada, localizada à beira de um oceano, mar ou rio,  destinado ao atracamento de barcos e navios. Necessita de pessoal e serviços  necessários ao carregamento e descarregamento de carga e armazenagem de estoque  temporário, tais serviços devem conter instalações que servirão para o  movimento de pessoas e carga ao redor do setor portuário. 
     Para a função da localizaçãoexistem dois tipos de portos:  o marítimo e o fluvial, o primeiro localizado à beira de um oceano ou mar como  os portos de Santos, Rio de Janeiro. Osegundo localiza-se à beira de um rio ou  estuário, que significa transição entre rio e mar, muitas vezes são implantadas  marinas portos pequenos para recreação como em alguns portos das cidades em  estudo: Belém, Santarém e Manaus.
     Todavia, deve ser observado situações importantes para  instalação de um porto como:
A conexão entre carga e passageiro e o canal navegável,  consiste no porto ou terminal hidroviário fluvial. O elemento principal é o  cais, ele deve ser intermodal com ligação direta com outros modos de transporte  de massa terrestre, como as rodovias,modo que fomenta a tendência atual de  situar o porto junto às fontes produtoras, consumidoras ou armazenadoras,  reduzindo o mínimo de transporte pelos modais terrestres, em prol de manter a  longevidade, sem problema de expansão e ampliação.
     Além  das instalações, outra preocupação é o cais de acostagem, além dos terminais hidroviários  oferecerem serviços em   suas retroáreas, que envolvem, por exemplo, bilheterias,  sanitários, administração  do terminal, dentre   outros.  Nos cais de acostagem, podem-se usar os cais  flutuantes, como nos casos da Amazônia que são compostos de um flutuante que  acompanha as variações de níveis d´água (cheias e vazantes dos seus rios ou  marés) onde são realizadas as operações de movimentações de cargas e  passageiros. 
     Desse  modo, podem também ser chamados de portos mistos, com soluções mais  simplificadas, com os estaqueamentos de madeira em que trapiches de estacas de  madeira ou metálicas são utilizados para embarcadouros, além das monobóias e  quadro de boias.
     Há vários casos de  terminais fluviais informais que  funcionam com o uso de pranchas de madeira  a partir de um cais fixo. 
     Conforme  a pesquisa de campo, e dados secundários da NORMAM-11, da Marinha do Brasil,  não é somente em termos de localização que o terminal fluvial de passageiros e cargas deve contemplar, mas  também os seguintes aspectos:
2.3.2 Modelo de Acessibilidade em Portos.
Nos  aspectos de projeto, para a análise da acessibilidade à infraestrutura  portuária, uma fonte de informação importante para este trabalho consistiu das  normas vigentes sobre a acessibilidade de passageiros no sistema de transporte  aquaviário, que é a Norma Brasileira de Acessibilidade ao Transporte Aquaviário–(ABNT  NBR 15450).A norma define os critérios e parâmetros técnicos a serem observados  nos terminais, de acordo com os preceitos da acessibilidade universal ou  desenho Universal, segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos,  conhecido como (ANTP). 
     A  partir da NBR 15450 é possível realizar a análise das deficiências encontradas  nos terminais em estudo, caracterizando-as física, técnica e operacionalmente  quanto aos dispositivos de acessos às embarcações (rampas, plataformas  flutuantes, entre outros), além de sistemas de proteção, como guarda-corpo  (Figura 3). Os terminais hidroviários  apresentam duas interfaces que são: terminal-embarcação  e terminal-cidade, o primeiro  significa a espera de passageiros ou cargas até o embarque de maneira  acessível, o segundo significa o espaço entre a via pública e as bilheterias.
São notórias as  deficiências de projeto e a não integração do sistema hidroviário com os demais  modos de transporte, na maioria dos terminais  hidroviários de passageiros existentes no Brasil. 
     O dimensionamento e as  características básicas do terminal de passageiro hidroviário dependem  da linha, do tempo de viagem, da demanda atual e futura, dos movimentos de pico  e fluxos médios, das características socioeconômicas dos usuários e da  localização dentro das cidades. A função principal de um terminal hidroviário de  passageiros é promover maior eficiência dos sistemas de transporte através de uma integração dos seus subsistemas  e da melhor organização do sistema de  operação das linhas de transporte, proporcionando, melhor atendimento das necessidades de transporte dos  passageiros. 
     Os tipos de  embarcações mais utilizadas nesses portos informais na região amazônica são dos  barcos pesqueiros e das canoas com motor, descritos nos critérios de embarcação  miúda, como qualquer embarcação ou dispositivo flutuante que tenha comprimento  inferior ou igual a cinco metros; ou com comprimento total inferior a oito  metros e que apresentem as seguintes características: convés aberto ou convés  fechado, mas sem cabine habitável e sem propulsão mecânica fixa e que, caso  utilizem polpa, este exceda 30 HP (horse-power)conforme  a NORMAM-11, pela Marinha do Brasil.
     O projeto de um  terminal deve ser elaborado a partir de um conjunto de circulações, definido  com bastante rigor, a fim de dar atenção especial à localização de acessos e  saídas, que deverão ser compatíveis com a  circulação pública de pedestres e veículos que o acessem. O usuário do  terminal hidroviário, ao chegar, deverá dirigir-se aos guichês de compra de bilhetes sem dificuldade e sem conflito de  correntes de tráfego.
     Ao ser desembarcado, deverá ser encaminhado à saída de forma direta e rápida,  dirigindo-se a qualquer outro meio de  transporte sem exposição ao perigo ou a cruzamentos que possam prejudicá-los. Para  as áreas construídas de um terminal hidroviário de passageiros pode-se  determinar a existência de dois setores de  atividades, conforme observado no Quadro 3.
Para cada um destes setores existem instalações e equipamentos urbanos mínimos necessários, para a operação do terminal de passageiros. Logo, em seguida, são relacionados os serviços públicos mínimos necessários que um terminal hidroviário de passageiros deva possuir, especificados no Quadro 4.
Contudo, a maioria dos terminais fluviais em atividade na região amazônica, ainda é desenvolvida de forma informal, sem garantia da qualidade do serviço bem como periodicidade, eficiência, conforto e segurança.
Os locais da investigação foram os portos informais das cidades de Belém, Santarém no estado do Pará e Manaus no estado do Amazonas, localizados na Região Norte do Brasil. Os critérios de escolha dos portos foram: aqueles que possuem movimentação de passageiros e carga, situados em cidades importantes em localização e próximos a portos organizados, com certa importância econômica e sem intervenção direta da administração pública, por serem informais. Seus endereços e horários de funcionamento são:
Os  horários são determinados devido a necessidade das embarcações no uso dos portos,  pois algumas delas chegam ou saem por vezes de madrugada e na maioria das vezes  conforme o horário mais propício das marés.
     A  pesquisa também realizou levantamento em documentos oficiais e em fontes  secundárias. Para o caráter quantitativo, estabeleceu-se a aplicação de  questionários (APÊNDICE A), afim de coletar dados junto aos usuários em  trânsito e no entorno das vias públicas, próximo aos portos selecionados das  cidades sob estudo. 
     A  análise dos dados após a aplicação do questionário ao grupo específico é  seguida de ordenação e classificação das respostas pelas categorias de dados  coletados e relaciona dados obtidos com o objetivo de caracterizar a  funcionalidade, delimitando a área de influência dos portos informais.
     Dos  questionários, com perguntas direcionadas, foram obtidos dados socioeconômicos,  padrões de viagens e a opinião dos usuários sobre o porto em questão. As  informações obtidas foram geridas pelo software Sistema de Informação Geográfica (SIG), para criação de mapas, o que  possibilitou espacialmente observar o deslocamento de pessoas e cargas pelos  rios, delimitando-se as possíveis áreas de influência.
     Finalmente,  com a sistematização, obtivemos informações e o esboço de um quadro geral da  situação, possibilitando obter respostas para as questões como a: caracterização  da funcionalidade e a área de influência dos portos informais pesquisados.
     A  finalidade de contribuição geral e os resultados obtidos deste trabalho podem  levantar importantes questões sobre o papel dos portos no processo de  desenvolvimento econômico e social dos espaços urbanos amazônicos e fornecer  dados afim de subsidiar políticas de melhorias da infraestrutura urbana e  portuária.
A análise dos  resultados tem por objetivo demonstrar a importância da funcionalidade dos  portos estudados no contexto urbano, caracterizando-os como portos regionais,  além de explicitar a relação existente entre tempo e espaço, pois, quanto maior  o tempo de viagem maior o raio de influência dentro da região.
     Consequentemente, o  estudo visa elucidar que os motivos de acesso aos portos são múltiplos e  influenciados pelo tempo e sua influência sobre o desenho do espaço, em  consonância ao que menciona Lefebvre (1991) quando valoriza as dinâmicas  sociais no processo de formação do espaço.
     Milton Santos  (1992)complementa a compreensão do estudo, ao relacionar fixo e fluxo, denota  que o espaço é composto de fixos (infraestrutura) e de fluxos que dependem das  conjunturas sociais, econômicas e culturais.Para o autor a economia mundial é  governada pelos que detêm os meios de circulação (fluxos).
     Nesse  sentido, podemos analisar a influência do desenho espacial em relação aos  deslocamentos, por meio dos mapas que veremos no capítulo seguinte.
Conforme, dados do (IBGE, 2013), o rio Amazonas é o principal rio da bacia  amazônica, possui a maior vazão já medida no mundo e o terceiro em extensão navegável, com 5.500 km, da sua  nascente no lago Lauri ou Lauricocha, nos lagos dos Andes no Peru, a 4.000 metros (m) de altitude, onde nasce  o rio Maranõn, até a sua foz, no Oceano Atlântico. Tipicamente de  planície, tem uma declividade mínima de 20 milímetros  por km. Entra em terras brasileiras, a partir de Tabatinga, a 60 m de altitude e rumo ao oceano atlântico, a 3.100 km de  distância. 
     No  Brasil, desde a década de 1990, o transporte hidroviário teve um aumento na  demanda para este modo de transporte, alavancando a economia brasileira, em  decorrência da grande extensão dos rios navegáveis, respondendo então por quase  75% do comércio internacional. Isso ocorre devido o transporte fluvial ser considerado  menos oneroso, oferecendo menor impacto ao meio ambiente em que  se desenvolve.
     A  regulação dessa modalidade de transporte no Brasil, em nível federal é atualmente  realizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Referida  instituição tem como competência implementar políticas elaboradas pelo  Ministério dos Transportes e pelo conselho Nacional de Integração de Políticas  de Transporte, além de fiscalizar e supervisionar as atividades de prestação de  serviços aquaviários e de exploração de produtos por meio da infraestrutura  portuária.
     Dentre  suas atribuições, incluem também aquelas empresas que pretendem atuar nesta  atividade, elabora o plano trimestral e gerencia sobre navegação interior  mantendo a informação atualizada dos dados relativos ao universo de operadores  autorizados e não autorizados.
     Contudo,  ainda é uma modalidade pouco utilizada, mas na Amazônia muitas cidades dependem  quase que exclusivamente desta modalidade.   A rede navegável no interior da  bacia Amazônica possui cerca de 18.300 km, que corresponde a 66 % do total do País, e se distribui através do seu  principal eixo, o sistema  Amazonas-Solimões. 
     A maior rede  hidrográfica é também a responsável por grande parte dos problemas operacionais existentes em função da ausência de  infraestrutura, provocando a insegurança para usuários deste sistema  hidroviário. Assim, torna-se pertinente que um  terminal hidroviário apresente um layout bem elaborado, a fim de atender às  necessidades dos usuários e de minimizar os problemas de operação.
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* Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UNAMA). Graduado em Arquitetura e Urbanismo (UNAMA). Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Ideal ? FACI DEVRY, Arquiteto no Primeiro Comando Aéreo Regional da Força Aérea Brasileira e sócio-Diretor da RL Consultoria Urbana. Experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Projetos Arquitetônicos, com foco em mobilidade urbana e acessibilidade; comercial e hospitalar, execução e fiscalização de obras civis, militares. ambientação, arquitetura de interiores, publicação em capa de revista de decoração de interiores da revista C&D de ?O Liberal? (2012). Pesquisador na linha de mobilidade e acessibilidade urbana, com trabalhos publicados nas instituições: UFPA e UNAMA, em (2012) e apresentados em anais nacionais e internacionais, propondo estratégias de ação, para utilização do modo de transporte por bicicleta, a pé e de transporte fluvial (2013), tudo para melhoramento da qualidade de vida da população da região amazônica.
** Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Dieretoria de Planejamento
1 Base de ancoragem de veículos aquáticos.
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