Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


A TEORIA RETÓRICA DO DISCURSO NA PRÁXIS: DESCONSTRUINDO UM DISCURSO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO

Autores e infomación del artículo

Adriana Stormoski Lara*

Maria Helena da Costa Bianchi*

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil

adrianaslara@hotmail.com

RESUMO
O presente artigo aborda a teoria retórica do discurso-TRD, e sua aplicação na análise discursiva de uma entrevista jornalística (reportagem) realizada pelo jornalista Yassini Hizazi ao prefeito da cidade de Foz do Iguaçu, Reni Pereira, em 26 de novembro de 2014. A TRD é uma teoria interdisciplinar que apresenta um conjunto teórico-metodológico cujo objetivo é descrever e analisar a configuração retórica de um discurso persuasivo. Como todo político emprega principalmente este tipo de discurso, buscou-se, na figura do supracitado prefeito, algum que tivesse uma marca de persuasão, pois o discurso político, por mais informal que seja, ainda que se aproxime a uma entrevista – onde há extrapolação de uma retórica que o transforma em um espetáculo de constrangimentos - terá um objetivo de persuasão. No caso observado, encontrado no Youtube, a persuasão vem em forma de ameaças proferidas pelo prefeito para com o jornalista. O estudo possibilitou a compreensão de como empregar a TRD apresentando os resultados.

Palavras-chave: Discurso, retórica, persuasão, argumentaçao, análise discursiva.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Adriana Stormoski Lara y Maria Helena da Costa Bianchi (2016): “A teoria retórica do discurso na práxis: desconstruindo um discurso político contemporâneo”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (julio 2016). En línea: https://www.eumed.net/rev/caribe/2016/07/discurso.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CARIBE-2016-07-discurso


INTRODUÇÃO

          Este artigo tem por objeto o discurso político contemporâneo a partir do paradigma proposto por Dittrich (2012) em sua Teoria Retórica do Discurso, doravante TRD. Partindo da premissa que sustenta a inexistência da descontextualização de qualquer discurso, objetivou-se analisar o discurso contemporâneo de um político brasileiro a nível municipal: o prefeito da cidade de Foz do Iguaçu, Sr. Reni Pereira. Realizando uma desconstrução do discurso buscar-se-á aproximá-lo ao modelo da TRD para diferenciar as partes que compõem tal discurso: persuasão, retorica e argumentação. Ademais, o objetivo principal é pôr em prática a teoria supracitada para demonstrar sua eficácia na análise discursiva de discursos atuais, relacionados à política.
          Decerto, há, dentro de um discurso, uma retórica que pode ser definida como retórica da ação, isto é, uma forma de persuasão contida no discurso, que, como sustenta Dittrich (2012, p. 112), ultrapassa o nível da crença para chegar, necessariamente, ao desenvolvimento de uma ação traduzindo a indispensabilidade de intervir em determinada realidade. E esta característica precisa ser encontrada e corroborada em um discurso de cunho político previamente escolhido. Desta forma, associando o postulado por Dittrich na ação que uma retórica provoca a partir de um discurso, escolheu-se para análise um discurso informal do Prefeito da cidade de Foz do Iguaçu, PR, proferido em 26 de novembro de 20141 durante um evento em que o jornalista Yassini Hizazi é ameaçado pelo político pertencente à chapa do Partido Socialista-Brasileiro (PSB), depois de ter-lhe questionado sobre sua impopularidade como prefeito.
          De que forma este tipo de discurso alcança um nível adequado de persuasão ou de ação? Se a retórica e a argumentação se imbricam em um discurso, qual é o papel da argumentação na retórica do mesmo? Todo discurso se apresenta como um campo de luta nas relações de poder que nele se produzem; portanto, possui um nível suficiente de persuasão, racionalização na elaboração dos períodos frásicos e outros aspectos inerentes aos campos da estética, raciocínio e retórica, como uma das formas de convencer ou dominar. A partir de uma pesquisa bibliográfica, se buscará responder às questões acima apresentadas.

02.  CONCEITOS DE DISCURSO, RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO SEGUNDO A TRD

          Quando se emprega o vocábulo “discurso” a que se faz alusão? Decerto, é uma palavra polissêmica e seu sentido depende do objeto ao qual esse discurso faz alusão. Assim, há diferentes tipos de “discursos”: político, literário, artístico, etc. Aqui, busca-se analisar um discurso político aplicando para isso a TRD, entendendo que, para concretizar tal ação, será preciso delimitá-lo e destacar algumas frases que deixem entrever o emprego da retórica e da argumentação. Como sustenta Osakabe (1999, p. 9), delimitação e natureza das expressões (frases) são duas tendências definidoras de qualquer discurso que, a diferença de um conjunto de frases, terá delimitado sine qua non, dois campos semânticos: o enunciado do locutor e a audiência (OSAKANE, 1999, p. 13).
          Este trabalho busca apresentar as bases da Teoria Retórica do Discurso (TDR) apresentando-a como uma teoria interdisciplinar e um conjunto teórico-metodológico que busca descrever e analisar a configuração retórica de um discurso persuasivo. É possível de se pensar em que um discurso político, por mais informal que este seja ou que se aproxime muito mais a uma entrevista onde há extrapolação de uma retórica que o transforma em um “espetáculo de constrangimentos”? Na busca de uma resposta explícita, será preciso em primeiro lugar, entender alguns conceitos que a TDR os cataloga como imprescindíveis para uma análise coerente de algum tipo de discurso.

2.1 O Discurso e a Retórica segundo a Teoria Retórica (TRD)
         
          A Teoria Retórica do Discurso (TRD) é uma proposta do Prof. Dr. Ivo Dittrich, da Universidade do Oeste do Paraná. Com ela, busca-se aproximar a análise discursiva dos conceitos de “persuasão”, “retórica” e “argumentação”, pois, segundo esta teoria, os argumentos e a configuração argumentativa de cada discurso se imbricam com outros aspectos do discurso, como a racionalização, estética e politica. Destarte, a TDR parte do princípio geral ao sustentar que a retórica de um discurso – independente de seu gênero textual – decorre da articulação de três dimensões argumentativas, que se complementam e integram, sem poder entendê-las por separado. Tais dimensões são: a racionalizadora, a política e a estética.
          A TDR trabalha a partir de asserções (afirmativas) que sustentem a tese central de um discurso, classificando, conforme Dittrich (2012, p. 113), os respectivos argumentos de acordo com seu proposito predominante:

  • Argumentos técnicos: dão consistência às afirmações inseridas na tese discursiva;
  • Argumentos sensibilizadores: buscam sensibilizar à audiência a fim de aceitar (ou não) a tese apresentada;
  • Argumentos legitimadores: denotam os valores éticos e legais subjacentes à tese apresentada.

          Os três argumentos supracitados representam a dimensão racionalizadora de um discurso persuasivo. Será que todos os discursos possuem algum grau de persuasão? É possível sustentar que sim, pois essa “característica” é inerente a qualquer discurso humano onde sempre está a puja pelo poder. Portanto, persuasão representa uma das formas com que a retórica fará uso através de qualquer discurso proferido (oral, gesticular, musical, escrito, visual) pelo ser humano.  É importante ressaltar que toda argumentação apresenta um paradoxo, segundo explica Plantin (2205): ao tempo em que refuta buscando derrubar os argumentos apontados, estabelece um contra-argumento apresentando outros a favor de outro ponto de vista. Na reportagem escolhida o contra-argumento do prefeito foi fugir da entrevista e ameaçar ao repórter, ademais de insultá-lo.
          Obviamente que essa forma de argumentar pertence a uma entrevista jornalística, visto que:
“é de praxe introduzir a matéria com uma apresentação do Entrevistado a fim de situar o público, ocasião em que já são selecionados aqueles aspectos que, possivelmente, serão explorados na Entrevista. Assim, formulam-se questões (...) que já partem de determinado pressuposto ético e o Entrevistado vê-se na iminência de consolidar determinada imagem, refazê-la ou, pelo menos, desfazê-la no caso em que a exposição pública já provocou alguns estragos” (DITTRICH, 2012, p. 279)

          Do exposto depreende-se que, na reportagem que se iniciava, entre o prefeito e o repórter, não houve a apresentação e a única questão usada como argumento por parte do repórter foi o ataque ao mesmo mostrando-lhe uma imagem “negativa” como gestor político. Este argumento provocou o contra-argumento do prefeito constituído apenas em duas formas visíveis e audíveis: sair de cena (fugir) da entrevista e ameaçar ao repórter, ademais de xingá-lo. Isso mostra que este político não conseguiu empregar uma retórica convincente e adequada.
          Destarte, a retórica é um vocábulo bastante empregado pelos indivíduos, em discursos que buscam justificar seu conteúdo. Escuta-se falar “a retórica do discurso tal”; “a sua retórica não me convenceu”; no entanto, sabe-se o que essa palavra representa? Segundo Meyer (1998, p. 27), “a retórica é a negociação da distância entre os homens a propósito de uma questão, de um problema”. Esse problema também poderá uni-los ou opô-los. Portanto, a retórica será uma alternativa discursiva necessária dentro de uma relação entre quem fala e a sua audiência, que, ademais de escutar, também poderá interagir e expressar a sua retórica.
          Logo, é possível de se pensar nela como uma equação onde os termos são negociação/problema e seu resultado será positivo (união dos termos) ou negativo (oposição dos mesmos). Dentro do campo retórico, a categoria de retórica da ação poderá ser de utilidade neste trabalho a fim de compreender o discurso apresentado (na forma de uma entrevista ou reportagem); já que esta categoria representa aquele discurso persuasivo que ultrapassa o nível da crença para chegar, necessariamente, ao desenvolvimento de uma ação; ou seja, aquele discurso que traduz a necessidade de explorar a imagem do entrevistado.
          O discurso, qualquer que seja seu conteúdo, sempre terá uma base contextual, um fim e um objetivo; e essa “base” está relacionada ao tipo de argumentação que se emprega nele. No caso escolhido, o discurso informal do prefeito pode ser colocado na categoria da entrevista jornalística que, conforme Dittrich (2012, p. 278) “assume natureza própria por situar-se em um universo de maior formalidade e com um direcionamento mais voltado para extrair informações ou posicionamentos...”. No entanto, a entrevista escolhida não apresenta um ambiente de formalidade, mas sim tem o propósito de obter o posicionamento do prefeito Reni Pereira a partir de uma articulação entre razão, estética e aspecto político promovida pelo jornalista.
          Decerto, a entrevista escolhida apresenta uma posição extrapolada do prefeito e também do jornalista convertendo-se assim em um “espetáculo de constrangimento”, conforme explica Dittrich (2012, p. 279). Para a TRD, há uma pirâmide metafórica onde se constrói o discurso, isto é, a pirâmide da produção discursiva, onde cada um de seus vértices representam três campos importantes: o orador, o argumento e o auditório. Entre orador e auditório há o exercício ad aeternuum de uma relação de poder, que através da retórica, busca conquistar, convencer, dominar, tanto de um lado quanto do outro. Esse campo pertence à dimensão da política.
          Outrossim, o orador precisa demonstrar conhecimento no que fala; isso pode ser definido como o saber. Neste campo, o conceito que representa esse saber entre orador e argumento é chamado de dimensão racionalizadora. Finalmente, entre o auditório e o argumento exposto pelo orador está o campo do fazer; isto é, da produção oral, gesticular. Aqui, o campo pertence à dimensão estética. A argumentação pertence ao campo do fazer porque pode ser definida como um processo discursivo que serve de fundamento para obter o assentimento do auditório, a partir de opiniões geralmente aceitas. O caso apresentado tem, como auditório, o próprio prefeito que, no momento inicial, ao escutar uma pergunta que lhe incomoda (um processo discursivo que ele não assente como importante), abandona a cena. O discurso do repórter foi:
- “O público, o povo está descontente com seu governo. Será que eles têm razão com esta questão ou ...o senhor ainda promete mais alguma coisa?”
          O prefeito, sorrindo ironicamente, abandona a cena, o que demonstra:

  • A argumentação do repórter não apresentou uma tese aceita pelo prefeito;
  • A retórica do repórter não foi atraente;
  • A dimensão argumentativa foi interpretada pelo interlocutor (prefeito) como sendo de natureza “agressiva”;
  • O argumento empregado pelo repórter não favoreceu à persuasão do entrevistado a fim de responder à pergunta e continuar assim como o “jogo” discursivo.

          Dentre os tópicos sustentados pela TRD como fundamentais para uma análise coerente de qualquer discurso, a argumentação é o primeiro da lista. Para Eemeren e Grootendorst (2004, p. 1), ela pode ser considerada como uma atividade verbal, social e racional, e seu objetivo principal e convencer um interlocutor a aceitar um ponto de vista proposto, através de um conjunto de frases (proposições) que refute, justifique ou modifique a asserção contida nesse ponto de vista. Portanto, “argumentar” representa, dentro de um discurso, o processo pelo qual será possível “convencer” ou “justificar” o que se diz, seja na oralidade ou na escrita e, por que não dizer, em qualquer outro tipo de discurso (visual, gesticular, musical, etc.).
          Decerto, para que as ações de convencer e justificar aconteçam dentro do processo discursivo, é preciso que quem discurse (orador) empregue alguns recursos da linguagem a fim de atrair, sensibilizar ou manter a atenção de sua audiência. Esses recursos são as metáforas, repetições, expressões idiomáticas, metonímias, contidas dentro do que se entende como retórica.
          Na reportagem escolhida, tanto a argumentação do repórter quanto do prefeito demonstram que seus argumentos (de ataque e defesa) são “diferentes”. Ademais, a retórica do repórter apresenta-se sem recursos da linguagem, apenas como um período frásico agressivo o que é “respondido” da mesma forma pelo prefeito que, retirando-se da cena grita um jargão usado pelos indivíduos brasileiros, sem distinção de classe social, nível educativo ou posição política: “vai tomar no...”.
          Empregando a ordem de raciocínio proposta pela TDR, percebe-se que os interlocutores, nesta reportagem, não aparecem como realização discursiva da instância proponente/propositária, visto que o discurso do repórter não foi persuasivo e, consequentemente, não se efetivou. O início dele apresenta uma asserção afirmativa (argumento técnico) que sustenta a tese central do discursante (o entrevistador): “o povo não está conforme com o desempenho do prefeito”.
          O argumento de “defesa” do entrevistado não será legitimador, uma vez que consistirá em um insulto. Em ambos os casos, falta argumento sensibilizador. A segunda frase proferida pelo prefeito Reni Pereira, havendo sido “perseguido” pelo repórter e o cameraman 2 foram duas ordens: “Da licença. saia daqui”. Elas representam o fraco argumento técnico de uma “autoridade” politica que representa, na teoria, ao povo quem a escolheu. Ademais, essas frases têm, como argumentos legitimadores, simplesmente a força do poder de autoridade. O discurso do prefeito se encerra com uma ameaça: “Meu, você vai se f... comigo”.
           Ainda que este breve, mas explícito “discurso” do prefeito Reni Pereira (2014) parecesse carente de algum grau de retórica, sabe-se que, em nenhum discurso, ela está ausente, visto que “o discurso sempre influencia aquele a quem é dirigido” (DITTRICH, 2012, p. 113).
          Temos, por um lado, o discurso persuasivo, entendido como um discurso consistente, atraente e confiável e coerente com as três categorias, a saber: argumentos técnicos; sensibilizadores e legitimadores. Desta forma, o discurso persuasivo terá natureza triple-argumentativa e poderá ser enquadrado como uma prática social situada na articulação entre a linguagem e a historia, constituindo efeitos de sentido e também de ação sobre e nas condições em que se produz (DITTRICH, 2012, p. 114). No caso aqui apresentado, o discurso persuasivo provocado pelo repórter – através do teor da única pergunta realizada - teve a reposta que ele buscava provocar: a alteração de humor e as ameaças do prefeito (marcadas como um evento histórico)  foi o resultado dessa prática social argumentativa e fato persuasivo para a população que a diário assiste ao vídeo no canal do Youtube.
          O discurso da entrevista jornalística apresentada pode ser entendido a partir do que Lage (apud DITTRICH, 2012, p. 280) explica: as entrevistas jornalísticas podem ser catalogadas dependendo das circunstâncias de sua realização: ocasionais, de confronto, coletivas e dialogadas. No caso da reportagem escolhida, a entrevista pode ser definida como sendo ocasional-confrontativa. Decerto, toda entrevista apresenta-se como um jogo de poder e de enfrentamento em que as partes buscam legitimar-se em seu direito sobre determinado tópico, mediante emprego da palavra, entendida aqui como parte constituinte de todo ato de fala, proposto dentro da teoria de John Austin; ademais de reivindicar o direito a manifestar seu próprio parecer a respeito de uma determinada questão. Na entrevista escolhida, a questão é uma suposta mal práxis governamental por parte do prefeito (retórica acusativa empregada pelo repórter) e a reivindicação grosseira e agressiva desta questão por parte de uma “autoridade” política que representa à comunidade iguaçuense.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          O emprego da TRD apresenta-se como uma forma eficaz de entender o discurso, analisar suas partes e diferenciar, dentro delas, o emprego da retórica, pois esta teoria parte do postulado que diz:

“a argumentação constitui o princípio fundamental da retórica de um discurso, buscando, assim assegurar que não se considerem retóricos outros meios “mascarados” de persuasão, tais como a sedução, a manipulação, o engodo, entre outras práticas menos transparentes” (DITTRICH, 2012, p. 114).

          Portanto, quando se fala em analisar um discurso, a TRD será um instrumento de importante valia para encontrar nele a marca argumentativa que é a base da retórica. Como explica a TDR, a argumentação, um processo discursivo, fundamenta as teses que são propostas para assentimento da audiência. Dentro desta argumentação, a dimensão argumentativa representa a natureza e o fim de um aspecto predominante do discurso e o argumento equivalerá a qualquer e todo recurso discursivo que favorece a persuasão. Ao empregar o modelo TRD na análise de uma entrevista jornalística entre o repórter Yassini Hizazi e o prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira (2012) surge à tona que nele, não houve um mecanismo coerente de ambas as partes em tornar esse discurso em algo persuasivo, buscando e obtendo-se a adesão do auditório (o prefeito).
          Motiva-se a aquém leia este trabalho, a aplicar a TRD para  alcançar um grau eficaz na interpretação e análise de um discurso, a partir da compreensão de que os argumentos são recursos linguísticos que poderão ajudar (ou não) para uma persuasão eficiente da audiência, pois eles são asserções cuja justificação se apóia nas razões evidentes empregadas pelo orador e aceitas pela audiência. Desta forma, todo argumento representa uma forma de raciocínio cujo objetivo principal é gerar a persuasão.
          Para a TRD, o argumento poder-se-á encaixar em três dimensões, a saber:

  • A racionalizadora: quando ele sustente e legitime uma tese, ademais de sensibilizar a audiência para seus efeitos. Nesta dimensão encontram-se o argumento ou afirmação evidente; a tese principal e as subsidiárias; os argumentos técnicos (fatos, dados, etc.); os sensibilizadores (rejeição ou aceitação); os legitimadores (fundamentos sociais, éticos, etc.) e a configuração argumentativa (articulação entre as teses subsidiárias na sustentação da tese principal);
  • A estética: mediante o emprego adequado de recursos da linguagem e do entorno semiótico que poderão convertê-lo em um discurso agradável, acessível e interessante, ou, ao contrário, fazer dele um discurso agressivo, ausente de interesse e desagradável (como o caso da entrevista jornalística apresentada). Aqui, o argumento precisará respeitar as fases de apresentação (modalidade oral ou escrita), configuração discursiva (precisão técnica de conceitos, adequação ao tema, objetivos) e emprego de recursos linguísticos (recursos lexicais, textuais e pragmáticos);
  • A política: sempre apresentando uma relação de poder com estratégias de ambos os lados a fim de obter objetivos como: convencer, dominar, submeter ou dissuadir. Nesta dimensão, o argumento precisará do credenciamento e reconhecimento dos papéis retóricos e das estratégias retóricas realizadas pela linguagem, de forma articulada entre orador e auditório.

          Embora alguns discursos possam se apresentar como um espetáculo da retórica e da argumentação, nem sempre acontecerá desta forma. No caso do discurso apresentado como modelo, neste trabalho, houve falência retórica e de argumentação. Desta forma, não teve êxito a reportagem porque o provável êxito na persuasão decorrerá da conjugação de aspectos racionalizadores, estéticos e políticos, faltantes nessa entrevista jornalística entre o prefeito Reni Pereira e o jornalista Hizazi.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARAUDEU, Patrick. Discurso político / Patrick Charaudeau ; tradução Fabiana Komesu e Dílson Ferreira da Cruz. -  1. ed., 1ª reimpressão. – São Paulo : Contexto, 2008.

OSAKABE, Haquira, 1939 – Argumentação e discurso politico / Haquira Osakabe. – 2ª ed. – São Paulo : Martins Fontes. 1999.

PECHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso. Paris : Dunod, 1969.

DITTRICH, José. O discurso de Lutero contra os camponeses: retórica da ação. In: ANTARES, vol. 4, nº 8, p. 111-124, jul./dez., 2012. Disponível em: < http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/article/viewFile/1407/1161>. Acesso em: 17 mar. 2016.

______. Por uma retórica do discurso: argumentação técnica, emotiva e representacional. In: Alfa 52, Nº1, p. 21-27. Disponível em:< http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/view/1465>. Acesso em 18 mar. 2016.

______. O Ethos na Entrevista Jornalística: Refazer e Desfazer uma Imagem. In: Caderno de Letras da UFF – Dossiê: Palavra e imagem nº 44, p. 277-293, 2012. Disponível em:< http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/44/dossie15.pdf>. Acesso 19 mar. 2016.

* Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Disciplina : Retórica e Democracia: A Argumentação nos discursos da fronteira
1 Disponível em:< https://youtu.be/VKIDDokBqMA>. Acesso em 10 mar. 2016.

2 Operador de máquina de filmar. Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/cameraman>. Acesso em 16 mar. 2016.


Recibido: 09/05/2016 Aceptado: 25/07/2016 Publicado: Julio de 2016

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