Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


A AMAZÔNIA BRASILEIRA TEM “SEDE” E “FOME” DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Autores e infomación del artículo

Fernanda Rodrigues Morais de Oliveira

Analista em C & T do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

fmorais@inpa.gov.br

RESUMO: O atual modelo de desenvolvimento tornou-se insustentável, pela crueldade com os mais pobres e pela voracidade com os recursos da natureza. Neste contexto, a C&T deve apresentar alternativas para um aproveitamento inteligente dos recursos naturais, com qualidade de vida para o homem e para o planeta. Surgem, então, a Amazônia brasileira, com as possibilidades econômicas que advêm de seu rico patrimônio natural, e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA com a missão de desempenhar um papel estratégico relacionado ao bem estar da sociedade e ao desenvolvimento dessa importante região. Sendo assim, é relevante refletir sobre a percepção dos pesquisadores do INPA sobre a importância da C&T para o desenvolvimento da Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia, INPA, Desenvolvimento, Ciência & Tecnologia.

The brazilian Amazon has "seat" e "hunger" Science & Technology.

ABSTRACT: The current development model has become unsustainable, the cruelty to the poor and the voracity with nature's resources. In this context, S & T must present alternatives for smart use of natural resources, quality of life for humans and the planet. Arise, then, the Brazilian Amazon, with the economic possibilities that come from its rich natural heritage, and the National Institute of Amazonian Research - INPA with a mission to play a strategic role related to the welfare of society and the development of this important region . Therefore, it is important to reflect on the perception of INPA researchers about the importance of S & T for the development of the Amazon.

Keywords: Amazon; INPA; Development; Science & Technology.

La Amazonia brasileña tiene "asientos" e "hambre" Ciencia & Tecnología.

RESUMEN: El actual modelo de desarrollo se ha vuelto insostenible, la crueldad a los pobres y la voracidad con recursos de la naturaleza. En este contexto, S & T debe presentar alternativas para el uso inteligente de los recursos naturales, la calidad de vida de los seres humanos y el planeta. Levántate, pues, la Amazonía brasileña, con las posibilidades económicas que provienen de su rico patrimonio natural, y el Instituto Nacional de Investigaciones de la Amazonia - INPA con la misión de desempeñar un papel estratégico en relación con el bienestar de la sociedad y el desarrollo de esta importante región . Por lo tanto, es importante reflexionar sobre la percepción de los investigadores INPA sobre la importancia de S & T para el desarrollo de la Amazonía.

Palabras clave:
Amazon; INPA; Desarrollo; Ciencia & Tecnología.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Fernanda Rodrigues Morais de Oliveira (2015): “A Amazônia brasileira tem “sede” e “fome” de ciência & tecnologia”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (agosto 2015). En línea: https://www.eumed.net/rev/caribe/2015/08/inpa.html


INTRODUÇÃO

O atual modelo de desenvolvimento, de todos os modos, encontra-se em franco processo de saturação. Quer seja por sua crueldade com os povos mais pobres, quer seja por sua voracidade por recursos da natureza. Ambos os aspectos tornaram-no insustentável.

Os reclamos da nova sociedade são por um novo enfoque para o desenvolvimento que considere os aspectos ambientais, sociais, políticos e econômicos. Esse padrão de desenvolvimento não apenas vem socorrer o planeta que agoniza, mas também a sociedade que aspira a uma vida com um crescente grau de conforto e qualidade.
No entanto, não se pode falar em desenvolvimento se este não estiver atrelado a uma estreita ligação com a Ciência e a Tecnologia, pois os mesmos são vias de mão dupla que se fundem, ao longo da história humana. A cada avanço, a cada conquista significativa, sobretudo, a cada invenção, corresponde uma reviravolta na vida do homem, em todos os sentidos. Nesse contexto, é aceitável a seguinte percepção de LASTRES (2000):
‘Identifica-se consensualmente a informação, o conhecimento e as tecnologias de informação, como elementos fundamentais da dinâmica da nova ordem mundial. Da mesma forma, dentre as características mais importantes do novo padrão de acumulação, em primeiro lugar nota-se sempre a absoluta relevância (além da crescente complexidade) dos conhecimentos científicos e tecnológicos desenvolvidos e utilizados. O acesso a tais conhecimentos, assim como a capacidade de apreendê-los, acumulá-los,  usá-los, são vistos como definindo o grau de competitividade e desenvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e indivíduos.”

Então, o papel da Ciência & Tecnologia também precisa ser redimensionado. Antes, a serviço principalmente da economia, terá de servir, sobretudo, ao homem em sua relação com a Natureza.

Neste contexto, a C&T assume o papel de motor do desenvolvimento das nações, uma vez que só a informação, o conhecimento, a tecnologia podem oferecer alternativas para um aproveitamento inteligente dos recursos naturais, oferecendo uma qualidade de vida melhor tanto para o homem quanto para o planeta.

No plano internacional, as potências que detêm a tecnologia disputam o controle dos estoques da natureza que restam.   Para Berta Becker (2007), em pleno século XXI, há três grandes eldorados naturais no mundo contemporâneo: a Antártida, que é um espaço dividido entre as grandes potências; os fundos marinhos, riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaços não regulamentados juridicamente; e a Amazônia, região que está sob a soberania de estados nacionais, entre eles o Brasil.
A Amazônia, então, nessa condição, passou a ser foco da atenção internacional - como é recorrente em sua história – principalmente, no que diz respeito à sua biodiversidade e às possibilidades econômicas que advêm de seu rico patrimônio natural, uma vez que se trata da maior reserva florestal e hidrológica do mundo.
Para o Brasil, que possui a maior porção desse grande eldorado, sempre foi um desafio a ocupação, a integração e o desenvolvimento de tão vasto território. Por isso, uma proposta da UNESCO de que fosse criado o Instituto Internacional da Hiléia Amazônica – IILHA, na década de 50, foi entendida pelo Estado brasileiro como mais uma tentativa de internacionalização da Amazônia, à qual o presidente Getúlio Vargas respondeu com o decreto de 9 de outubro de 1952, formalizando a proposta do CNPq de criação do INPA, o qual somente foi implementado no ano de 1954.
O INPA é uma das unidades de pesquisa que compõem o Sistema Federal de Ciência e Tecnologia do Brasil. Na Amazônia brasileira, também atuam mais duas outras unidades pertencentes a esse Sistema: o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
“[...] Foi criado com a finalidade de realizar o estudo científico do meio físico e das condições de vida da região amazônica, tendo em vista o bem estar humano e os reclamos da cultura, da economia e da segurança nacional. Sua missão é gerar e disseminar conhecimentos e tecnologia, e capacitar recursos humanos para o desenvolvimento da Amazônia.” (Disponivel em: www.inpa.gov.br. Acesso em 04/10/2011)
Entretanto, cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, pela quantidade de recursos humanos e financeiros que administra e pela missão que recebeu, uma vez que foi concebido como uma resposta à pressão externa, ainda que tímida, por uma internacionalização da Amazônia, desde sua origem, desempenhar um papel estratégico na Amazônia brasileira relacionado não só ao bem estar de sua sociedade, mas também à sua cultura e à sua economia.
Logo, nos dias atuais, refletir, sobretudo, sobre a importância da C& Tpara o desenvolvimento da Amazônia, significa identificar a percepção dos pesquisadores do INPA sobre o papel da C&T como caminho para o desenvolvimento sob o prisma da sustentabilidade.
O TRATO CIENTÍFICO DAS QUESTÕES REGIONAIS
Por meio de uma pesquisa realizada em 2012, aplicada a uma amostra de 50 pesquisadores do INPA, com base em uma população-alvo de 198 (cento e noventa e oito) pesquisadores, foi aferida a percepção dos mesmos quanto às duas principais circunstâncias associadas ao trato científico das questões regionais. A distribuição das respostas citadas está no gráfico a seguir.

Para OLIVEIRA (2014), pelas respostas constata-se que os pesquisadores percebem, de maneira contundente, em patamar de 83%, que as questões regionais devem ser tratadas cientificamente, pois 42% responderam que é uma “necessidade para o desenvolvimento da Amazônia” e 41% que se trata de “um compromisso do pesquisador com a sociedade”. Frente a tal questão, esses agentes parecem estar tão convencidos que o fato de “demandar tempo” e “não ter espaço para publicação em revista de prestigio” foram indicadas por apenas 9% e 7% dos respondentes, respectivamente.
OS PRINCIPAIS ENTRAVES PARA A REALIZAÇÃO DE PESQUISAS NA AMAZÔNIA
Nessa mesma pesquisa, os pesquisadores foram questionados sobre a sua percepção quanto aos três principais entraves para a produção científica na Amazônia. A distribuição das respostas citadas está no gráfico a seguir.
Pelas respostas, conclui-se que os pesquisadores do INPA têm uma percepção harmoniosamente distribuída em relação a esses entraves: 18% apontam “escassez de pesquisadores”; 16% indicam “escassez de pessoal de apoio qualificado”; 18% apontam “escassez de investimentos”; 12%, “falta de vontade política”; outros 12%%, “excesso de burocracia”; e, 20% apontam a falta de integração entre os responsáveis pelas pesquisas (14% referente a “pouca sinergia entre os pesquisadores” e 6% referente à “falta de cooperação entre as instituições”).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se os pesquisadores têm tal convicção sobre a necessidade de fundamento científico para o desenvolvimento da Amazônia e se eles reconhecem que têm compromisso com a sociedade, há de se perguntar...  Por que o desenvolvimento da Amazônia parece ocorrer sem o suporte da Ciência e Tecnologia? De maneira geral, o que se constata na Amazônia é o voraz padrão explorador dos recursos naturais, ou o primitivismo das dinâmicas produtivas utilizadas...
Mas os dados coletados pelas respostas desses agentes também evidenciam a consistente clareza com a qual eles percebem os entraves para a produção científica na Amazônia. Ainda que com alguma diferença entre os percentuais, de maneira geral, pode-se inferir que as questões apontadas possuem relevo similar. Em tradução para outros termos e organizando-as, sob uma lógica cognitivamente sistematizada, as respostas apontam para a ausência de visão e agenda estratégica por parte do Estado brasileiro (vontade política), falta de governança para as agendas e ações dos que fazem pesquisas na região (pouca sinergia entre pesquisadores e falta de cooperação institucional), escassez de recursos humanos qualificados em pesquisa (escassez de pesquisadores), escassez de recursos humanos qualificados em gestão (escassez de pessoal de apoio qualificado), deficiência na infraestrutura (escassez de investimentos) e complexidade legal que permeia a ação do pesquisador e das instituições (excesso de burocracia).
Portanto, esses pesquisadores percebem a necessidade e a importância social e regional de seu trabalho, admitem que o desenvolvimento da região necessita de fundamento científico e tecnológico, conhecem bem os entraves para a produção científica na Amazônia... O que falta, então? De acordo com ALBUQUERQUE e NETO (2005):
“O que mantém os sistemas “vivos” e evoluindo são as motivações geradas pelas necessidades ou insatisfações das pessoas e das organizações, ou ainda, pelas possibilidades identificadas pelos observadores, que interagem com os seus ambientes”.

Certamente, o INPA e seus pesquisadores precisam aguçar a própria insatisfação quanto a essa situação e assumir a liderança na luta por fortalecer o diálogo com a sociedade como um todo, proporcionando espaços de discussão entre pesquisadores, sociedade civil organizada, setor produtivo, setor público estadual, municipal e parceiros internacionais, a fim de minimizar esses entraves e impulsionar uma proposta de desenvolvimento verdadeiramente para a Amazônia.
Nesse exercício de “ouvir-se” e “ouvir” a sociedade a que servem, o INPA e os seus pesquisadores poderão identificar possibilidades e necessidades reais para a construção de uma agenda científica forte que possa estar em consonância com as demandas regionais vigentes.  

REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE , Linaldo Cavalcanti de. NETO, Ivan Rocha. Ciência, tecnologia e regionalização: descentralização, inovação e tecnologias sociais. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
BECKER, Bertha K. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.
FENZL, Nobert, MACHADO, José Alberto da Costa.  A Sustentabilidade dos Sistemas Complexos: conceitos básicos para uma ciência do desenvolvimento sustentável – aspectos teóricos e práticos. Belém: Editora NUMA, 2009

OLIVEIRA, Fernanda Rodrigues Morais de. O INPA é realmente importante para a Amazônia?: uma análise a partir da percepção de pesquisadores e tecnologistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. Manaus: Edição do Autor, 2014.
LASTRES, Helena Maria Martins. Ciência e Tecnologia na Era do Conhecimento: um óbvio papel estratégico? Centro de Gestão Estratégica, 2000. Acesso em 18/08/20011.


Recibido: 25/06/2015 Aceptado: 13/08/2015 Publicado: Agosto de 2015

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