Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


A FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS: Desafios da formação na percepção dos discentes do curso de Pedagogia

Autores e infomación del artículo

Rafaela Júnia Dias Da Silva*

Tatiane Henrique Gonçalves De Oliveira**

Marcia Auxiliadora Fonseca***

Weslley Moreira Saraiva****

Universidade do Estado de Minas Gerais, Brasil

marciafonsecabio@hotmail.com

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo investigar a formação inicial do Pedagogo visto a importância da Educação Física para os alunos como também discutir os desafios encontrados frente às aulas de Educação Física identificando esses desafios a partir da percepção dos discentes do curso de Pedagogia. A abordagem metodológica que fundamentou esta pesquisa foi realizada a partir da pesquisa bibliográfica, desse modo, a partir da análise de materiais selecionados, estudados, pesquisa qualitativa, exploratória e entrevista estruturada com discentes com perguntas claras e objetivas analisaremos os dados e respostas tendo como base alguns teóricos que tratam da temática a fim de promover uma reflexão a respeito do tema. Da análise constatou-se que grande parte dos discentes sentem-se despreparados para ministrar de forma significativa as aulas de Educação Física, uma vez que acreditam que os conteúdos estudados em sua formação não são suficientes, concordam ainda que, quando essa disciplina é ministrada por um profissional especializado, mostra-se mais eficientes. Os resultados dessa pesquisa apontaram que a Educação Física favorece o desenvolvimento dos indivíduos em vários aspectos, porém os pedagogos não se sentem capacitados para ministrarem as aulas acreditando assim que o melhor caminho é a formação continuada para que assim esse profissional sinta-se preparado ao deparar com esses desafios que permeiam o cenário da educação.
Palavras Chave: Educação Física, Pedagogo, Importância da Educação Física, Desafios da formação.

RESUMEN
Esta investigación tiene como objetivo investigar el pedagogo de la formación inicial ya que la importancia de la educación física para los estudiantes, así como discutir los desafíos que enfrentan las clases de Educación Física que identifican estos retos desde la percepción de los estudiantes de la Facultad de Educación. El enfoque metodológico que financió esta investigación se llevó a cabo a partir de la literatura, por lo tanto, a partir del análisis de materiales seleccionados, estudiados, cualitativa, la investigación exploratoria y entrevistas estructuradas con los estudiantes con preguntas claras y objetivas analizan los datos y las respuestas basadas en algunos teóricos que tratan el tema con el fin de promover una reflexión sobre el tema. A partir del análisis se encontró que la mayoría de los estudiantes no se sienten preparados para entregar de manera significativa las clases de educación física, ya que creen que el contenido estudiado en su formación no son suficientes, además de acuerdo en que cuando este tema se da por un especialista, resulta más eficiente. Los resultados de esta investigación mostraron que la educación física favorece el desarrollo de las personas de muchas maneras, pero los profesores no se sienten capacitados para clases ministro creyendo así que la mejor manera es a la formación continua de manera que estos profesionales se sienten preparados para la cara estos desafíos que impregnan el escenario de la educación.
Palabras clave: educación física. Pedagogo. Importancia de la educación física. Desafíos de la formación.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Rafaela Júnia Dias Da Silva, Tatiane Henrique Gonçalves De Oliveira, Marcia Auxiliadora Fonseca y Weslley Moreira Saraiva (2017): “A formação inicial do pedagogo e a importância da educação física nas séries iniciais: Desafios da formação na percepção dos discentes do curso de Pedagogia”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (junio 2017). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2017/06/formacion-inicial-pedagogo.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1706formacion-inicial-pedagogo


1. INTRODUÇÃO
A pesquisa aqui proposta visa discutir a importância da Educação Física e os desafios da formação do Pedagogo frente às aulas de Educação Física nas séries iniciais. Diversos motivos nos levaram a delimitação da temática, sobretudo aqueles suscitados a partir de inquietações advinda das experiências vividas no cotidiano escolar e observações realizadas a partir das aulas de Educação Física ministradas pelo professor Weslley Moreira Saraiva.
Inicialmente, acreditamos ser importante destacar que o presente estudo não tem o intuito de julgar o Pedagogo e sua atuação docente, mas, contribuir para os avanços referentes a pesquisas sobre a possibilidade que emanam do campo da Educação Física, pois independentemente do profissional responsável por ministrar essas aulas, há conteúdos e valores que precisam e devem ser vivenciados, devido sua importância para o desenvolvimento integral dos indivíduos.
Ressaltamos a relevância da presente pesquisa sobremodo a tentar responder algumas indagações pessoais e acadêmicas referentes a alguns desafios encontrados pelos Pedagogos no âmbito escolar no que diz respeito à essa disciplina, trazendo assim algumas contribuições tanto para os educadores preocupados com a temática, como também, com o objetivo de impulsionar novas pesquisas no âmbito da formação do Pedagogo.
Dessa forma, tendo em vista os aspectos observados, escolhemos o tema por ser de grande significado para nossa formação acadêmica, pois percebemos que muitas vezes os conteúdos relacionados a essa disciplina acaba por ficar em segundo plano, ou em alguns casos são substituídas por atividades livres sem objetivos e orientação dos educadores por falta de conhecimento sobre a área a ser trabalhada.
Ao observar o diversificado campo de atuação e as múltiplas funções atribuídas ao Pedagogo suscita-se algumas inquietações. Tendo em vista a importância da Educação Física para o desenvolvimento do ser humano e ao considerar que nas séries iniciais as aulas de Educação Física podem ser ministradas por profissionais sem formação específica na área entende-se que este fato pode contribuir para a desvalorização da cultura corporal do movimento, como também para o desgaste do Pedagogo que não possui formação específica na área.
Faria (2013, p.5), nos aponta que:
A formação na graduação fica sobrecarregada com tanta amplitude de áreas para a atuação futura. Para chegar ao nível superior se espera do aluno o domínio de conhecimentos básicos das disciplinas citadas no artigo 5°, incisivo VI da nova Resolução. Mas ao sermos tentados em seguir esta linha reflexiva poderemos ser levados ao erro de oferecer “qualquer coisa” para a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Para uma formação consistente não basta ter conhecimentos prévios. (FARIA, 2013, P.5).
As discussões em torno da Educação Física nos anos inicias do Ensino Fundamental (EF), vêm se intensificando desde a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN- Lei n°9394/96) que define:
“[...] os componentes curriculares Educação Física e Artes poderão estar a cargo do professor de referência da turma, aquele com o qual os alunos permaneçam a maior parte do período escolar, ou de professores licenciados nos respectivos componentes.” (BRASIL, 2010, P.9)
As aulas de Educação Física (EF), nas séries iniciais são essenciais no desenvolvimento motor das crianças, uma fase onde é necessário que todas as habilidades motoras e físicas sejam trabalhadas com responsabilidade pelo professor. Nessa fase, a criança precisa ser estimulada e instruída a participar e executar com facilidade as atividades propostas.
Os conteúdos desta disciplina, assim como as outras existentes nos currículos, são específicos e não se pode deixar que atropelem, uma vez que, as habilidades motoras precisão ser desenvolvidas e trabalhadas de forma adequada e de maneira que haja aprendizagem por parte de todos os indivíduos.
De acordo com Mattos e Neira (2016) situações onde discriminavam que a criança aprende sozinha e se desenvolve por si própria deve ser repensado. O papel do professor é planejar, adequar e motivar os alunos nas atividades é de fundamental importância para a formação e aprendizagem destes.
Tais atribuições imputadas ao professor retratam a importância do seu papel no contexto escolar, portanto, indaga-se sobre os desafios na atuação do Pedagogo, uma vez que, durante a formação percebemos que existe um déficit no que diz respeito a alguns conteúdos mais consistentes e aprofundados em algumas disciplinas.
Na atual conjuntura social, a sociedade exige uma demanda muito ampla dos profissionais da educação, no entanto, frente a tantas exigências fica evidente que um indivíduo recém-formado não possui todas as habilidades desenvolvidas, uma vez que esse processo acontece paulatinamente. Nesse sentido pode-se perceber que os Pedagogos não estão aptos para atender a complexidade que envolve o ambiente escolar.
Portanto, torna-se fundamental discorrer sobre as múltiplas funções atribuídas ao Pedagogo levando em consideração a importância da EF para o desenvolvimento desses indivíduos. Visto sua importância, e com o propósito de oferecer ao aluno o que lhe é de direito, é necessário repensar e refletir sobre a aprendizagem e desenvolvimento do aluno que frequenta essas aulas. Dessa forma, torna-se fundamental que a formação desses profissionais seja repensada tendo em vista um melhor preparo e atuação, sobretudo nos cursos de Pedagogia oferecidos.
Conforme Libâneo (2004, p.221), o papel do Pedagogo é: “ Planejar, coordenar, gerir acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógicas-didáticas e curriculares da escola e da sala de aula, visando atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens dos alunos”.
Frente a estas análises e em concordância com Libâneo (2004), a percepção que se tem é que a formação do Pedagogo Escolar (PE), passa a ser entendida como um processo continuo de qualificação. Portanto, diante dessa realidade social experimentada pelos indivíduos, é fundamental que esses profissionais articulem seus conhecimentos da formação inicial com a realidade que permeia o cenário atual.
Nesse compasso, a busca de uma compreensão acerca dos desafios enfrentados pelos Pedagogos fez emergir a problemática norteadora desta pesquisa, tomando como referência as seguintes indagações, a formação inicial do Pedagogo promove saberes necessários para execução das aulas de Educação Física nas séries iniciais? Tal indagação nos leva ainda ao seguinte questionamento: Os alunos do curso de Pedagogia estão preparados para lecionar conteúdos significativos referentes a disciplina de Educação Física, e quais são seus maiores desafios.
Em um estudo do caso realizado por Almeida (2011), a autora analisa as aulas de Educação Física de uma professora Pedagoga e constata que, apesar das aulas se mostrarem interessantes, percebeu-se uma repetição no conteúdo didático abordado e apontando a formação continuada como alternativa para melhoria das aulas.
De tal forma, faz-se necessário repensar e refletir sobre a aprendizagem e desenvolvimento do aluno que frequenta as aulas de Educação Física, levando em consideração que essa disciplina deve ser vista de forma respeitosa e não apenas como passa tempo.
Como explica Brasil, a questão do papel do professor no processo ensino/aprendizagem, 1997:
O papel do professor nesse processo é, portanto, crucial, pois a ele cabe apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que os alunos compreendam o porquê e o para que do que aprendem, e assim desenvolvam expectativas positivas em relação à aprendizagem e sintam-se motivados para o trabalho escolar. Para tanto é preciso considerar que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses ou habilidades, nem aprendem da mesma maneira, o que muitas das vezes exige uma atenção especial por parte do professor a um outro aluno, para que todos possam se interagir no processo de aprender. A partir do reconhecimento das diferenças e do desenvolvimento individual, será possível conduzir um ensino pautado em aprendizados que sirvam a novos aprendizados. (BRASIL,1997, p.69).

Perante tais considerações é importante entender que a EF é de extrema importância para o desenvolvimento integral dos indivíduos. Partindo desse ponto de vista, as aulas devem ser ministradas de forma de que o aluno seja o centro da ação, sendo de extrema importância que a mesma ofereça aprendizagem e desenvolvimento dos sujeitos de forma integral.
A prática pedagógica do professor, seja ele professor regente ou o professor especifico da disciplina de Educação Física, é um fator decisivo para tornar a aula interessante, uma vez que as atividades realizadas por eles devem visar o desenvolvimento da criança em vários aspectos.
Nesse sentido, feitas as considerações iniciais, o objetivo geral dessa pesquisa é promover uma reflexão sobre a atuação do Pedagogo e as exigências atribuídas a esses profissionais frente as aulas de Educação Física.
Desse modo, objetivamos ainda:

  1. Analisar a importância da Educação Física nas séries iniciais;
  2. Identificar os desafios através da percepção dos discentes do curso de Pedagogia.
  3. Analisar as principais dificuldades enfrentadas pelo Pedagogo frente ás aulas de Educação Física;

Nesse contexto, os objetivos visam fortalecer a reflexão sobre a prática da formação continuada buscando assim a superação das dificuldades encontradas no âmbito da aprendizagem. Por consequência, acreditamos que a reflexão sobre a prática do Pedagogo é necessária para que a mesma possa ser repensada e modificada quando necessário, para que assim, o profissional possa alcançar os objetivos previstos.
Assim, perante tais considerações, o presente trabalho torna-se relevante em razão da eficácia das aulas de Educação Física para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Nas palavras de Chaves, (2004): “ através da atividade física nas aulas de Educação Física é que a criança desenvolve os aspectos psicomotores, afetivos e cognitivos, e também através dela a criança adquire habilidades especificas, servindo estas, para os outros anos da vida. ’’

   2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para o embasamento teórico desta discussão abordaremos o conceito de Educação Física, aspectos teóricos relacionados a sua importância para o desenvolvimento dos indivíduos e alguns desafios encontrados na atuação do Pedagogo diante da aplicabilidade das aulas.
Tarefa difícil é estabelecer um conceito definitivo para Educação Física, visto a complexidade e diversidade de conteúdo, além do mais, tal prática altera-se ao longo do tempo, bem como, sofre influências de acordo com o período na qual está inserida.
2.1 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
No que diz respeito à Educação Física no Ensino Fundamental I, a Resolução n.07, de 14 de dezembro de 2010 reafirma no Art. 15 a obrigatoriedade dessa disciplina como:
Componente obrigatório do Ensino Fundamental, integrada a proposta político pedagógica da escola, sendo sua prática facultativa  ao aluno apenas nas circunstâncias previstas no  3° do art. 26 da Lei n°9.394/96 (BRASIL, 2010, P.5).
Conforme a Resolução n. 07/2010, a Educação Física é uma disciplina obrigatória e deve estar presente na proposta pedagógica fazendo assim parte das matrizes curriculares do Ensino Fundamental I, sendo sua oferta obrigatória pela escola e facultativa aos alunos, apenas nos casos previstos na LDB n.9394/1996.
Hess e Toledo (2011), diz que, mesmo modificando positivamente o status da Educação Física na escola, a LDB:
[...] não garantiu a especificação da presença das aulas de Educação Física em todas as etapas da Educação Básica, nem que os profissionais que ministrassem essas aulas tivessem uma formação específica. Coma já ocorrido com muitas leis no país, elas são promulgadas e nem sempre efetivadas, devido a vontade política dos órgãos responsáveis para a sua implementação e estrutura (HESS, TOLEDO, 2011, p.4).
A Educação Física na escola é entendida como uma área que trata da cultura corporal e que tem como meta introduzir e integrar o aluno nessa esfera, com um dos objetivos de propiciar a formação de um cidadão autônomo. Nesse contexto o aluno estará sendo capacitado para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas, ginásticas e de todo tipo de atividade para o seu desenvolvimento em busca de bem-estar e crescimento saudável (BETTI, 1991; FREIRE; SCAGLIA, 2003).
Portanto, nota-se a importância e necessidade das aulas de Educação Física dentro da escola, a qual deve ser vista e reconhecida por estar cumprindo a lei.
A Educação Física é o espaço escolar que permite ao aluno experimentar os movimentos, e por meio dessa experimentação, permite que o mesmo desenvolva um conhecimento corporal e uma consciência dos motivos que os levam a prática desses movimentos ( MARTINELLI et al, 2006).
De acordo com o inciso II do art. 30 da Resolução n. 07/2010, as escolas devem assumir o compromisso de ofertar a Educação Física nos primeiros níveis de Ensino Fundamental I (EF), assegurando sua articulação com as:
Diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia (BRASIL, 2010, p.8).
Desse modo, pode-se perceber que esta resolução ressalta a importância da Educação Física nas séries iniciais sendo ela fundamental para o desenvolvimento da expressão corporal desses indivíduos. Todavia, a Educação Física precisa estar envolvida no cotidiano escolar, como também nos programas e atividades desenvolvidas pela escola, tendo igualdade de apreciação assim como todas as outras disciplinas.
De acordo com a LDB, o ensino da Educação Física está relacionada ao processo de desenvolvimento corporal e ao desenvolvimento intelectual, de forma integrada em que mente e corpo são unidades indissociáveis na formação do ser humano. Por este motivo, a “educação física, integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação básica [...]” (BRASIL, 1996, P.12).
Ainda conforme a LDB n. 9394/1996, o trabalho pedagógico realizado através da disciplina de Educação Física pode influenciar o desempenho cognitivo e motor do ser humano. Portanto, a Resolução n. 04/2010 não só reafirma o papel da Educação Física escolar como um meio de promover o desenvolvimento integral do estudante, como ressalta que essa integração acontece a partir da aproximação desta área de conhecimento com os outros diversos ambientes, uma vez que a Educação Física não se restringe a único espaço.
Porém, vale ressaltar que, não basta ter um ambiente propício para que os conteúdos dessa disciplina sejam desenvolvidos, ou até mesmo diversos materiais, antes, faz se necessário que o professor desenvolva conteúdos que venha abranger todas as necessidades de seus alunos. Uma vez que, além da formação acadêmica, os mesmos, devem desenvolver atividades que contemplem o aluno de forma integral.
Além do mais, é importante lembrar que ao término das séries iniciais, a experiência vivida neste período servirá como base parar a construção de novos conhecimentos e, portanto, trará benefícios que serão de extrema importância para seu desenvolvimento até a fase adulta.
Segundo Costa et. al. (2007) a Educação Física como disciplina escolar sofreu ao longo dos anos inúmeras modificações, tais modificações, obviamente, estão atreladas ao próprio papel e função desempenhada pela escola nos diferentes contextos e períodos.
Para o coletivo de autores apud Souza (2007) a Educação Física é entendida como uma disciplina do currículo, cujo objetivo de estudo é a expressão corporal como linguagem.
De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998), a Educação Física no ensino fundamental para alunos com idade entre 7-14 anos, sugerem que o aluno possa conhecer e entender o desenvolvimento de seu corpo nos diferentes domínios, com ênfase na qualidade de vida atuando de forma crítica nas relações sociais.
Nesse sentido:
[...] o trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas concepções socioculturais de corpo e movimento, a natureza 50 do trabalho desenvolvido nessa área se relaciona intimamente com a compreensão que se tem desses dois conceitos (BRASIL, 1998, p.28).
Para Bracht (1997, p.18) “[...] diferentemente das outras disciplinas que tratam especificamente de um saber conceitual, a Educação Física possui um duplo caráter ‘a) ser um saber que traduz num fazer, num realizar corporal; b) ser um saber sobre esse realizar corporal”.
Neira (2000, p.94), enfatiza que a Educação Física na escola precisa fazer o aluno entender e conhecer o seu corpo como um todo, não só como um conjunto de ossos e músculos a serem treinados, mas como um indivíduo que se expressa através do movimento, sentimento e atuações no mundo.
Nessa perspectiva, cabe ao professor enquanto mediador do conhecimento observar as particularidades, e características de cada aluno, buscando meios e estratégias para envolve-los buscando assim o desenvolvimento de habilidades das quais serão oportunizadas dentro da escola, tendo em vista conteúdos específicos da disciplina.
Para isso o planejamento das atividades deve refletir em aulas prazerosas, informativas e contextualizadas, envolvendo os conteúdos essenciais para as práticas, como jogos, danças, lutas, ginásticas, brincadeiras e atividades rítmicas (PAULA et. al., 2006).
Sendo assim, é necessário planejar e refletir sobre os conteúdos trabalhados nesta disciplina uma vez que, as atividades planejadas devem ser trabalhadas de forma respeitosa com intuito a garantir o desenvolvimento e aprendizagem destes indivíduos levando em consideração as contribuições da Educação Física para a vida dos educandos.
2.1.1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SUA IMPORTÂNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A aprendizagem e o desenvolvimento dos indivíduos estão inter-relacionados desde que a criança passa a ter contato com o mundo. Silva e Krug (2008) expressam a importância da Educação Física na Educação Básica quando apresentam:
A Educação Física Escolar como disciplina pedagógica e componente curricular, possui um compromisso com a educação e formação integral do aluno, desempenhando um papel fundamental na escola com finalidade de contribuir para a experimentação da cultura do movimento humano e suas variantes do se – movimentar, de acordo com as necessidades, possibilidades e interesses, pois a escola enquanto instituição autônoma determinará os objetivos a serem alcançados e, portanto a disciplina de Educação Física faz parte do contexto (p.70).
O desenvolvimento do ser humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento. No caso específico da EF, cabe ao profissional utilizar as ferramentas valiosas que o mesmo possui para que assim possa provocar estímulos que levem a esse desenvolvimento de forma adequada e prazerosa.
A partir das situações propostas pelo educador, a criança passa a utilizar a imaginação que “é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, que não está presente nos animais nem na criança muito pequena” (Rego, 1995, p.81).
Os alunos dos Anos Iniciais do EF se encontram em uma fase em que o movimento é a base de todas as suas ações e descobertas.
Para Krebs (1997, apud Sawizki (1998, PP.48):
Na faixa etária em que se encontram as crianças das séries iniciais, seus atos e ações estão embasados no movimento corporal. O seu perfil motor é o da permanente descoberta. Nessa fase intensificam-se também as atividades sociais e as relações com outros grupos. Ingressando na escola, a criança necessita construir um novo grupo social, conquistar novas amizades e desenvolver várias habilidades motoras ao mesmo tempo.
No entanto concordando com os autores, a partir da participação nas aulas de Educação Física, o aluno terá maior contato com atividades em grupo, o que será de extrema importância para sua formação física e psicológica, uma vez que através dos movimentos e ações a criança pode expressar a sua forma de ver o mundo de um modo particular.
Neira (2003, p.114) apresenta:
O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se aprimorando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, experimentando sempre novas maneiras de utilizar o corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais.
Entende-se, portanto, que o educador deve intervir e estimular o aluno a progredir em seus conhecimentos e habilidades. Nesse caso, através de propostas desafiadoras o mesmo pode incentivá-los a buscar soluções, porém, vale ressaltar que isto não significa que o professor trabalhe de forma autoritária e isolada. É necessário que haja um trabalho em conjunto, onde ambos possam construir o seu próprio conhecimento, proporcionando a eles uma educação que possibilite por meios de estratégias estabelecidas novos conceitos e reelaboração dos significados que são transmitidos ao indivíduo pelo seu meio sociocultural.
Galahue e Ozmun (2005) apud PEREIRA (2009, p.34) ressaltam que as crianças entre 06 e 10 anos sentem uma grande necessidade de se mover e apresentam grandes predisposição para vivenciar os movimentos.
Concordamos com os autores, a criança que frequenta os Anos Iniciais pode alcançar sucesso nas tarefas intelectuais por meio das sugestões e atividades propostas pelo professor.
No que se refere a importância do movimento corporal, Gallardo (1998, p.94) apresenta:
O movimento corporal ou movimento humano, tema da Educação Física, não é qualquer movimento. Ele está inserido em um contexto educativo (de capacitação e de formação), apresentando um determinado significado para o professor e para o aluno. Por isso mesmo, no planejamento, no acompanhamento e na avaliação desse trabalho, o professor deve ficar atento aos aspectos reflexivos e de tomada de consciência presentes nas atividades, a fim de que estas não se tornem um fim em si mesmas.
Porém, para que isso ocorra segundo Sawitzki (1998) é necessário que ela seja introduzida no âmbito dos movimentos corporais como sujeito participante do processo educativo, pois assim ele poderá incorporar os conteúdos aprendidos e usufruí-los de maneira que as possibilite até mesmo resolver os problemas do cotidiano.
De acordo com Le Bouch (1988), a Educação Física é tão importante quantos as demais áreas educativas, pois procura desabrochar no indivíduo suas aptidões e aquisições de habilidades e capacidades. Está sempre recebeu um papel secundário dentro da Educação, mas as pesquisas científicas apontam que é impossível educar integralmente sem levar em cnta o ato motor.
O grande desafio da Educação Física, hoje em dia, é proporcionar ao estudante o conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão, respeitando suas experiências anteriores e dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de conhecimento (GONÇALVES, 1997).
Toledo (1999) apud Magalhães, Kobal e Godoy (2207, p.2), ao refletir sobre a finalidade da Educação Física na escola, salienta que:
É necessário que contribua com a pluralidade cultural, permitindo que os alunos desfrutem das diversidades de seu país e mundo; solucionem problemas de ordem corporal, em diferentes contextos; conheçam a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal, conquistem seu direito de cidadania ao reivindicarem espaços e projetos adequados para atividades corporais de lazer; bem como reconheçam as condições apropriadas de trabalho, que não prejudiquem sua saúde.

A EF pode ser considerada como um instrumento de fundamental importância para que o aluno compreenda seu corpo como uma construção social, histórica e principalmente cultural.
Freire (1989) apud Darido (2008, p. 7) apresenta uma proposta que possibilita a integração da Educação Física nos Anos Iniciais, em que o movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo.
A EF é vista como um instrumento facilitador do desenvolvimento cognitivo, a qual contribui para a aprendizagem dos conteúdos das diversas áreas do conhecimento, porém, cabe ao docente considerar os conhecimentos prévios dos indivíduos para que assim, a partir da realidade de cada sujeito, o professor possa desenvolver atividades que valorizem a cultura de cada um.
Picolo (1993) apud Grespan (2002, p. 42) enfatiza que:
Na primeira infância, a atividade mental é a mais rápida e através da exploração de movimentos variados que se pode aperfeiçoar o sucesso da criança em tarefas intelectuais. É o autoconhecimento que vai levá-la à capacidade de lidar com os problemas e isso consegue nas propostas motoras que fazem com que a criança conheça suas potencialidades.
Dessa forma faz-se necessário reforçar a importância da Educação Física na escola, assim como as contribuições dela quando ministrada da forma correta, uma vez que amplas são as possibilidades de trabalho com a cultura corporal de movimento.
Grespan (2002, p.84) configura ainda que:
A Educação Física deve dar oportunidades a todos os alunos para que se desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando o aprimoramento como seres humanos numa perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem, que busca o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da participação social e da afirmação de valores e princípios democráticos, abrindo espaço para discussões sobre aspectos éticos e sociais.

De acordo com o que foi dito anteriormente, entende-se que o professor deve se manter atualizado e apto a oferecer a seus alunos atividades adequadas a sua faixa etária como também aquelas que estejam de acordo com suas necessidades. Pois, o trabalho desenvolvido pelo professor interfere diretamente na vida desses indivíduos. Portanto, ao trabalhar com o conteúdo correto a criança poderá ter um melhor desempenho em suas condições motoras, nesse sentido, cabe ao professor avaliar e desenvolver conteúdos adequados para esse público.
Piccolo (1993, p. 13) diz que:                         
O principal papel do professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação. Assim, poderá se pensar numa Educação Física comprometida com a formação integral do indivíduo. Dessa forma pode-se enfatizar o papel relevante que a Educação Física tem no processo educativo. O que, na verdade, ameaça a existência dessa disciplina nas Escolas é a sua falta de identidade. Ela sofre consequências por não ter seu corpo teórico próprio, isto é, a informação acumulada é vasta e extremamente desintegrada por tratar-se de uma área multidisciplinar.
A criança, por meio da observação, imitação, experimentação, instruções recebidas, vivências de diversas experiências físicas e culturais vai construindo e assimilando conteúdos referentes ao mundo que a cerca.
A escola, de acordo com Rocha (2009), é o local responsável pela construção e divulgação do conhecimento, promovendo o processo de ensino-aprendizagem e, durante as aulas, o professor cria oportunidades para que o aluno compreenda, de forma prazerosa, essas informações, ampliando suas habilidades e modos que possibilitem a criticidade e o desenvolvimento de suas capacidades.
Em relação à função do professor, Mattos (2006, p.59) destaca:
O professor bem subsidiado possui uma clara noção do seu papel político como formador de cidadãos que constituem em sujeitos do processo de aprendizagem. Dessa forma, o educador não deverá limitar sua formação aos saberes específicos dos conteúdos, mas conhecer de forma ampla as questões pedagógicas e o processo de aprendizagem do ser humano para elaborar e adequar situações de ensino com especial atenção aos níveis de conhecimentos reais dos seus alunos, prevendo objetivos concretos e exequíveis.
Entretanto, entendendo que a criança tem como uma das principais características uma ampla variedade de movimentos, compreendemos como é de fundamental importância tratar das especificidades do campo do conhecimento da Educação Física, desse modo, é necessário que as escolas ofereçam aulas que venha possibilitar um rico repertório motor para esses indivíduos.
Segundo De Marco (1995, p.77), “ a Educação Física pode ser considerada como sendo um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a autoestima e a autoconfiança valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais. ”
Portanto faz-se necessário que seu projeto educativo ultrapasse a fragmentação, reconhecendo a singularidade e a potencialidade das crianças num espaço escolar lúdico, criativo e que promova a interação entre as mesmas.
Segundo Chave, Lima e Girotto (2012), para um processo educacional no qual o educador tenha como objetivo um ensino de qualidade, são necessários estudos e práticas pedagógicas focalizadas na formação e no aperfeiçoamento das funções psicológicas superiores, ou seja, as qualidades especificamente humanas. Todavia, entende-se que a mediação docente neste processo é de extrema importância para a formação dessas funções psíquicas.
Ainda convém lembrar que cabe ao docente o desenvolvimento de atividades prazerosas, proporcionando as crianças oportunidades para interagir com o meio onde estão inseridas, com os objetos, pessoas e situações que estão presentes na sociedade, visto que esse repertório de atividades permite às crianças a apropriação do meio físico e permite ainda que expressem sentimentos, emoções e pensamentos.
Outro fator existente está relacionado a reflexão docente pois, o educador através dos métodos de ensino pode explorar diversos aspectos da aprendizagem, incorporando questionamentos, regras, transformando e ampliando o nível de conhecimento das crianças por meio da inclusão de novas atividades nas práticas pedagógicas.
A partir dos estudos realizados por Freire (1999) o papel do adulto que interage com a criança no contexto escolar é de extrema importância, para que se possa atingir a tão almejada qualidade do ensino.
A implementação de uma proposta pedagógica pautada nessa concepção exige que o educador tenha uma intenção educativa planejando sua função de mediadora das aprendizagens das crianças, de lançar desafios com base na avaliação de todo processo educativo (FREIRE, 1999, p. 77).
No entanto, durante as atividades, além dos benefícios físicos, como a resistência e a coordenação motora, os exercícios contribuem diretamente na parte psicológica, já que é uma forma de distração, onde o aluno acaba estando inserido num ambiente externo e agradável.
De acordo com Wiggers (2012), os processos educativos são atribuição do professor necessitando de mediações, por isso cabe a ele a função de trabalhar em suas mais diferentes formas, por isso ele é o propulsor da aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Nicolau (2003), afirma que o professor tem um papel fundamental nos processos e situações de aprendizagem, pois quando realiza ações planejadas e mediadas contribui de forma direta para que a criança explore seu ambiente e cresça em termos de aspecto simbólico e além do mais, colabora para a solução de problemas.
Em face desse contexto, faz-se imprescindível citar que a EF não deve ser vista apenas como uma disciplina composta por suas práticas de movimento, mas deve ser entendida como, uma série de conceitos e práticas que contemple o ser humano em suas diversas dimensões, proporcionando o que se chama de educação integral.
De acordo com Novaes (2010, p.1):
A Educação Física é entendida hoje como um processo educacional das condutas motoras, através das atividades físicas que envolvem jogo, esportes, recreação, e tudo que de maneira geral esteja presente na cultura corporal do movimento, sendo este movimento o seu objeto de estudo.
Para Betti, 2001, Freire, Scaglia, 2003, a Educação Física escolar (EFE), é entendida como uma área que trata da cultura corporal e que tem como meta introduzir e integrar o aluno nessa esfera, para propiciar a formação de um cidadão autônomo. Nesse sentido o aluno estará sendo capacitado para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas, ginasticas e de outros tipos de atividades para o seu desenvolvimento em busca de bem-estar saudável.
Para Bracht, (1997, p.18), [...] diferentemente das outras disciplinas que tratam especificamente de um saber conceitual, a Educação Física possui um duplo caráter’’

  1. Ser um saber que se traduz no faze, num realizar corporal; b) ser um saber sobre esse realizar corporal’’

Araújo e Rocha 2007, ‘’considera a Educação Física como, uma disciplina que propõe atividades e exercícios práticos, que buscam movimentar o físico, estruturando o ensino global do aluno como ser humano. ’’
Para Daólio, 1993, ‘’ a Educação Física como, componente curricular pode ser entendida como uma prática cultural, com uma tradição respaldada em certos valores. Ela ocorre historicamente em um certo cenário, com um certo enredo, que demanda uma certa expectativa’’.
A Educação Física é um segmento da educação que utiliza as atividades físicas, orientadas por processos didáticos e pedagógicos, com finalidade do desenvolvimento integral do home, consciente de si mesmo e do mundo que o cerca (DARIDO,1990).
A EF é uma área de conhecimento essencial para a transformação do ser humano, pois seu trabalho se efetiva embasado nos conhecimentos biológicos, pedagógicos, e psicológicos, a fim de propiciar uma melhor compreensão do ser humano (RODRIGUES,1986).
Para Betti, (1997, p.12):
A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar o cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das novas formas da cultura corporal – o esporte espetáculo dos meios de comunicação, as atividades de academia, as práticas alternativas, etc.
A EF, enquanto disciplina escolar, enfrenta diversos desafios para atingir seus objetivos. Por sua vez, as aulas de Educação Física nas séries iniciais é um fator importante para o desenvolvimento motor das diversas habilidades motoras e físicas.
Para Libâneo (2008 p.21) “ Pedagogia é, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa correta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana.
O pedagogo de certa forma é um especialista em educação, certamente sua função é produzir e também difundir conhecimentos no campo educacional. Entretanto faz-se necessário que esse profissional seja capaz de atuar em diversas áreas educativas, compreendendo a educação como um fenômeno social e cultural.
Segundo Ghiraldelli (1991, p.23), “A palavra Pedagogia está ligada ao ato de condução do saber. E, de fato, a pedagogia, até hoje, a preocupação com os meios, com as formas e maneiras de levar o indivíduo ao conhecimento. ”
Na concepção de Libâneo (2008), O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa diretamente ou indiretamente ligada à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modo de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica.
2.2 A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PEDAGOGIA
É de fundamental importância refletir sobre a formação inicial e continuada dos professores e futuros professores, em favor de uma prática que beneficie o desenvolvimento da reflexão e da consciência crítica em relação ao trabalho pedagógico que será realizado. Esse exercício deve ser contínuo e processual tanto para os acadêmicos, quanto para os professores formadores do curso de pedagogia, com a finalidade de que se constitua como espaço de discussão sobre aspectos específicos da profissionalização docente, pois “ o seu desenvolvimento profissional reflete necessariamente o seu tipo de profissionalidade ” (FORMOSINHO, 2002, p. 41).
As diretrizes do curso de Pedagogia, estabelecidas na resolução CNE/CP n. 1/2006, com fundamentos nos Pareceres CNE/CP n. 05/2005 e 3/2006, são normas nacional aplicável à:
(...) formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, nos cursos de ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando:
I – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento E avaliação de tarefas próprias do setor da educação;
II – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares.
III – produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares ( BRASIL, Resolução CNE/CP n° 1/2006, art. 4°).
Dessa forma torna-se necessário que o pedagogo tenha uma formação que o permita, pedagógico-didaticamente, desenvolver conhecimentos sólidos e eficazes, capazes de garantir aprendizagens minimamente satisfatórias quanto às áreas de conhecimento. Percebendo a importância de cada uma das disciplinas que cursa em sua formação profissional, de forma que lhe promova a base teórica e instrumentalização para atuar.
É preciso trabalhar conteúdos com os professores e futuros professores? Sim, pois o professor é transmissor do saber socialmente acumulado. É preciso trabalhar atitudes? Sim, pois elas definem a disposição das pessoas para o aprendizado. Mas também é preciso trabalhar a ideologia, pois ela situa o professor em discussões mais abrangentes que influenciam a sal a de aula (SZTAJN, 1997, p. 202).
Sendo assim é imprescindível que haja uma articulação entre o que o pedagogo deverá trabalhar e qual a melhor maneira, mas para que isso ocorra é essencial que no seu processo de formação, o curso dê condições mínimas e necessárias para que se desenvolvam bons saberes e aprendizados. Uma vez que as demandas e exigências em torno desse profissional é bem ampla.
De acordo com Pimenta (1996):
Diferentemente das demais ciências da educação, a pedagogia é a ciência da prática. (...) ela não se constrói como discurso sobre a educação, mas a partir da prática dos educadores tomada como referência para a construção de saberes, no confronto com os saberes teóricos. (...) O objeto/problema da pedagogia é a educação enquanto prática social. Daí seu caráter específico que a diferencia das demais (ciências da educação), que é o de uma ciência prática – parte da prática a ela se dirige. A problemática educativa e sua superação constituem o ponto central de referência para a investigação.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o curso de pedagogia estimule os docentes a terem uma boa prática em relação ao aprendizado de seus alunos. Porém cabe ao curso oferecer meios para que esse profissional se sinta preparado para atender as demandas necessárias que exigem da profissão.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A escolha pelo tema para a realização desse artigo “A formação Inicial do pedagogo e a importância da Educação Física nas séries iniciais”, teve como intuito analisar e compreender a partir da pesquisa bibliográfica e entrevista realizada com os discentes do curso de Pedagogia a importância da Educação Física e os desafios encontrados pelos discentes na aplicabilidade de sua aula.
Após a elaboração dessa pesquisa, acreditamos que conseguimos alcançar o nosso principal objetivo, que era discutir a formação inicial do Pedagogo e a importância da Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental. Acreditamos que discutir sobre a formação inicial do Pedagogo e a importância da Educação Física é de fundamental importância pois, a Educação Física contribui para o desenvolvimento dos indivíduos em vários aspectos e partir desse processo o mesmo se apropria e desenvolve várias habilidades.
A Educação Física, enquanto uma disciplina presente no currículo da escola, adquire um papel importantíssimo, ela pode oferecer experiências que resultam no desenvolvimento integral do aluno, além de desenvolver habilidades motoras e a socialização, o que acaba por contribuir para o trabalho do corpo harmoniosamente nos seus aspectos físicos, cognitivos e psicossocial. Nesse sentido, a partir das relações e experiências concretas oportunizadas nas aulas de Educação Física o aluno passa a elaborar significados a partir daquela realidade.
 Entendemos que não é possível apontar a real importância da Educação Física somente através dos conteúdos abordados nesta pesquisa, porém de acordo com os dados levantados, a falta de embasamento teórico acaba por desvalorizar como disciplina. Nesse contexto tendo em vista que a ação do corpo atrelada ao processo educativo pode trazer benefícios para o desenvolvimento psicomotor dos educandos, nota-se que o professor que busca desenvolver em sala de aula atividades que envolvam essa ação, estará contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento das crianças e consequentemente viabilizando a melhoria da aprendizagem dos alunos.
 Por esse motivo, defendemos que o professor precisa estar disposto a investir na sua formação continuada, tendo em vista a importância da Educação Física na prática pedagógica, pois além de desenvolver no indivíduo a socialização e a autonomia, os conteúdos desenvolvidos nesta aula permitem que eles desenvolvam diferentes aprendizagens.
Por outro lado, apesar da constatação deste estudo sobre a importância da disciplina para o desenvolvimento dos alunos, constatamos a participação e a opinião dos discentes entrevistados, que a educação Física escolar muitas vezes acaba perdendo o seu significado, pois, na maioria dos casos os professores acabam por reproduzir as atividades que deveriam ser aplicadas e geralmente as mesmas não geram reflexões posteriores.
Outro ponto pertinente que merece ser destacado é que não basta apenas que os professores reproduzam tais conteúdos, é necessário que a disciplina seja vista com o seu devido valor e que a partir de então os alunos reflitam e construam seus próprios conhecimentos tendo como base a teoria relacionada a pratica.
Por esse motivo, tendo em vista a especificidade do trabalho realizado pelo professor de Educação Física e os benefícios trazidos a vida dos alunos, defendemos que o professor precisa reconhecer a importância dessa disciplina para o desenvolvimento humano buscando assim desenvolver práticas que reconheçam a Educação Física como promotora de diferentes aprendizagens.
Desse modo, levando em consideração tudo o que foi dito anteriormente, espera-se que este trabalho colabore para novos estudos no intuito de reforçar a importância da Educação Física para o desenvolvimento desses indivíduos que se encontram nas series iniciais do Ensino Fundamental. Afinal, nós enquanto educadores das séries iniciais básica podemos contribuir para superar visões reducionistas da Educação Física, visto que estas aulas podem trazer diversos benefícios aos alunos.

REFERÊNCIAS

 ALMEIDA, Ana Paula Guimarães. A Educação Física no ensino básico de uma escola municipal de Belo Horizonte: experiência de uma “professora referência”. Anais do XVII COMBRACE / IV CONICE 2011. Porto Alegre, RS, Set. 2011. Acesso em: 27 Abr. 2016.

ARAÚJO, A. de A.; ROCHA, L.C. A atuação dos professores de educação física na escola. 2007. Disponível em: <repositório.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1¹4719/1/MD_EDUMTE_VII_2012_15.pdf> Acesso em: 19 Mai 2016.

BRACHT, Valter. Educação Física: conhecimento e especificidade. In: Salvador, Eustáquia;VAGO, Tarcísio M. trilhas e partilhas: educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte, 1997.

BRASIL. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/ Secretaria de Educação Fundamental, 1997

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n°7 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica. Dez. 2010.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 5, 13.12.2005. Brasília, 2005.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF: 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB n. 7, de 14 de dezembro de 2010b. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº7 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica. Dez. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf> Acesso em: 18 Ma. 2016.

CHAVES, W, M (2004) - A Psicomotricidade na Prevenção das Dificuldades de Aprendizagem SP. 2004

CHAVES, Marta; LIMA, Elieuza Aparecida de; GIROTTO, Cyntia Graziella G. Simões. Intervenções pedagógicas e realizações humanizadoras com professores e crianças. In: CHAVES, Marta (Org.). Intervenções pedagógicas e educação infantil. 56. ed. Maringá: Eduem, 2012. p. 37-51.

COSTA, L; JESUS, M.A.B; SILVA, M.C. A Educação Física no Currículo da Educação de Jovens e Adultos: Análise dos Documentos Curriculares. Monografia (Especialização), Florianópolis/SC, 2007.

DAÓLIO, J.A. Educação Física escolar: uma abordagem cultural. In: PICCOLO, V.L.D., org. Educação Física escolar: ser ou não ter? Campinas, UNICAMP, 1993.

DARIDO, C.S. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras: Topázio, 1990.

DARIDO, C.S. et alii. A Educação Física, a formação do cidadão e os Parâmetros Curriculares. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 15(1);17-32, jan/jun.2001.

DE MARCO, Ademir (org.). Pensando a educação motora. São Paulo: Papirus, 1995.

FARIA, Bruno Alves. Professor ou especialista? O Pedagogo e a sua busca identitária. Democratizar, Rio de Janeiro, Vol. VII, n.1, Jan. /Jul. 2013

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1996

FREIRE DA SILVA, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. São Paulo: Scipione,1997.
FREIRE, Adriani. Formação de educadores em serviço: construindo sujeitos, produzindo singularidades. In: KRAMER, Sonia et al. Infância e educação infantil. 11. ed. Campinas, SP: Papirus, 1999. p. 77-100.

FREIRE, J.B; SCAGLIA, A.J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipion,2003.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 30. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007

GALLARDO, Jorge Sergio Pérez; OLIVEIRA, Amauri A. Bássoli de; ARAVENA, César Jaime Oliva, Didática de Educação Física: a criança em movimento: jogo, prazer e transformação. São Paulo: FTD, 1998.

GRESPAN, Marcia Regina. A Educação Física Escolar no Processo Educacional: Educação Física no Ensino Fundamental – Primeiro Ciclo. São Paulo: Papirus, 2002.
HESS, Cássia Maria; TOLEDO, Eliana de. As implicações das leis na atuação dos professores nas aulas de Educação Física no início do ensino fundamental. Anais do XVII COMBRACE / IV CONICE 2011. Porto Alegre, RS, Set. 2011..

LIBÂNEO, José C. Organização e gestão da escola: teoria e prática.5 ed. Revista e ampliada. Goiânia: Alternativa, 2004.

LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e Pedagogo para quê? São Paulo-Cortez, 2008.
MAGALHÃES, J.S., KOBAL, M.C., GODOY, R.P. Educação física na educação infantil: uma parceria necessária. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, nº 3, p. 43-52, 2007.

MAGALHÃES, Joana S.; KOBAL, Marilia Correa; GODOY, R. P. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Vol.6, n.3,2007. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/fileadmin/Editora/REMEF/Remef_6.3/Artigo_04.pdf>  Acesso em: 19 Mai. 2016.

MARTINELLI, Camila Rodrigues et al. Educação Física no ensino Médio: motivos que levam as alunas a não gostarem de participar das aulas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 5, n. 2, p.13-19, 2006.

MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação Física Infantil: construindo o movimento na escola. 6. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2006.

MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia, Educação Física Infantil: construindo o movimento na escola, São Paulo: Phorte, 6ª Ed. 2006.
MEDEIROS, I.R.P.M. Formação docente. Momento. (V.12), p.103-111, dez, Rio Grande. 1999
NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte, 2008.NOVOA, Antonio. As organizações escolares em análise. Lisboa: Dom Quixote, 1995.

NEIRA, Marcos Garcia, Educação física: desenvolvendo competências, São Paulo: Phorte, 2003NOVAES, Marcus Pereira. A educação física e a mídia esportiva. Revista ALTERJOR, Ano 01 – Volume 01 Edição 01 – janeiro-dezembro de 2010. Disponível:<http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5375/1/2012_AlynnyMouraBorges.pdf> Acesso em: 18 Mai 2016.

NICOLAU, Marieta Lúcia Machado. Reflexões sobre as várias dimensões de atuação do professor de educação infantil na estimulação da aquisição da leitura escrita pelas crianças. In: NICOLAU, Marieta Lúcia Machado; DIAS, Marina Célia Moraes. Oficinas de sonho e realidade na formação do educador da infância. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003. p. 207-230.
OLIVEIRA, A. L. Nova Didática.4.ed.Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: FENAME, 1978.

PAULA, C. H. de; et. al. Importância do Papel do professor de Educação Física. Revista Científica de Faminas / Muriaé, v. 2, n. 1, p. 202, 2006.
PICCOLO, Vilma L. Nista. Educação Física Escolar: Ser... ou não ter?. Campinas, SP: Unicamp, 1993.

PIMENTA, S. G. Formação de professores: saberes da docência e identidade do professor. Revista da Faculdade de Educação de São Paulo. V.22(n.2), p.72-89, jul/dez de 1996.

ROCHA, Y.F.O. Piaget na sala de aula: uma abordagem lúdica. Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI. Publicado em 07 de março de 2009.
RODRIGUES N. Por uma nova escola, o transitório e o permanente na educação. São Paulo. Cortez,1986.

ROSA NETO, Francisco. (2002) Manual da Avaliação Motora. Porto Alegre: Artemed.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SAWITZKI, Rosalvo Luis. Educação Física nas séries iniciais: um espaço educativo. Ijuí: Unijuí, 1998.


Recibido: 27/03/2017 Aceptado: 14/06/2017 Publicado: Junio de 2017

Nota Importante a Leer:

Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.
Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.
Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.
El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.
Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.
Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.
Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor, escriba a lisette@eumed.net.
Este artículo es editado por Servicios Académicos Intercontinentales S.L. B-93417426.