BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

OLHARES SOBRE O ESTADO DO TOCANTINS: ECONOMIA, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

Yolanda Vieira De Abreu (editora)


 


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Panorama comparativo entre a soja no Mato Grosso e Tocantins

RESUMO

A soja tornou-se um dos principais produtos agrícolas do país. Com o passar dos anos, a sua produção evoluiu em ritmo crescente, expandindo-se para vários Estados brasileiros. Neste trabalho, pretende-se analisar a competitividade da produção da soja entre Mato Grosso e Tocantins. Neste estudo, buscou-se determinar os desafios de crescer de modo competitivo atendendo ao mercado e identificando os fatores críticos. O presente trabalho foi elaborado através de pesquisa descritiva e quantitativa, utilizando-se das seguintes variáveis: produção, área colhida, produtividade, tecnologia e custo de produção. Essas foram utilizadas para analisar as características dos ciclos da soja nos seus aspectos produtivos e as concorrências nas regiões do Tocantins e Mato Grosso. Verificou-se que aumentou a quantidade de terras destinadas ao plantio no Tocantins, enquanto que a tecnologia cresce a taxa contida e poderá comprometer as safras futuras. Palavras-chave: competitividade, preço, produção, área colhida, produtividade, cadeia produtiva e custo de produção.

1. - O surgimento da soja no Brasil

1.1 Introdução

No Brasil a soja foi introduzida a partir de 1882, quando se iniciaram estudos de algumas variedades para ser plantadas no Estado da Bahia. A partir de 1908, a soja foi introduzida em São Paulo por imigrantes japoneses e, em 1914, oficialmente no Rio Grande do Sul (Embrapa, 2001). O grande impulso para a expansão da soja no Brasil se deu por volta das décadas de 60 e 70, com o aumento do preço no mercado internacional. Durante a primeira crise do petróleo em 1973, o governo brasileiro, ainda sob o efeito do milagre econômico, lançou o I e o II Plano Nacional de Desenvolvimento que mudou as bases da política industrial brasileira e enfatizou a modernização do setor agrícola e promoveu a abertura de novas fronteiras. O aumento do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970, despertou o interesse dos agricultores e do próprio governo. O Brasil tem vantagens competitivas que o beneficia, tais como: solo, clima e espaço em relação aos outros países produtores. Desde então, passou a investir em tecnologia para adaptação dessa cultura às condições brasileiras. O fenômeno da expansão da soja nos anos 70 ocorreu dentro de um contexto econômico, político e social que incentivou também o desenvolvimento de outras culturas. Esse período ficou conhecido pelo processo de modernização da agricultura brasileira e em relação à soja pelo desenvolvimento de novos processos e de várias cultivares. Tal progresso vem se mantendo, por três décadas, incentivado pelo interesse crescente da indústria de óleo e a ampliação da demanda mundial. No século XX, a soja foi responsável por profundas modificações no campo brasileiro. Com rápido crescimento de sua produção o Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores mundiais tanto de grãos quanto do farelo e do óleo. Para o BNDES (1998), a expansão da soja foi à principal responsável pela introdução do conceito de agronegócio no País. Tal fato ocorreu não só pelo volume físico e financeiro envolvido, mas também pela necessidade de desenvolvimento de uma visão empresarial de administração. A estratégia empresarial e administrativa envolvia o gerenciamento das atividades por parte dos produtores, fornecedores de insumos, processadores da matéria-prima e negociantes, de forma a manter e ampliar as vantagens competitivas em toda a cadeia produtiva desse produto. A expansão da cultura contribuiu para uma série de mudanças na história do país, em parte, responsável pela aceleração da mecanização das lavouras, pela modernização do sistema de transportes, pela expansão da fronteira agrícola, pela profissionalização e incremento do comércio internacional, dentre outras contribuições, conforme destacado em estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2002). O governo brasileiro preocupado com a dependência do país com relação ao trigo traçou uma política para que o Brasil fosse auto-suficiente nesse cereal. Assim a soja foi beneficiada pelas políticas publicas em vigor, visto que essa oleaginosa é freqüentemente usada como cultura de rotação com o trigo, usufruindo da estrutura corporativista montada em torno desse cereal. A soja foi priorizada pelo seu potencial no mercado internacional e a conjuntura favorável, deu estabilidade aos preços e incentivou o aumento da área cultivada. Em 1975 a produção brasileira de soja era realizada com cultivares e técnicas importadas dos Estados Unidos. Assim a soja só produzia bem, em escala comercial nos estados do Sul, onde as cultivares americanas encontrava condições semelhantes às de seu país de origem. (EMBRAPA, 2003). No Brasil a partir da década de noventa, a expansão da Soja, deu-se de forma expressiva com evolução da área colhida e do melhoramento genético e da técnica utilizadas no plantio. Isso devido aos avanços tecnológicos do processo de produção, pelo maior uso de insumos agrícolas e principalmente com a incorporação de novas áreas no cerrado brasileiro. Em 1990, as áreas de produção já eram expressivas, na parte central do país, associando em grande medida à expansão da lavoura do cerrado. Essa expansão foi incentivada pelas melhorias de infra-estrutura, além das condições do cerrado e do desenvolvimento de tecnologias que viabilizassem o cultivo da lavoura em um agro- sistema e por investimentos na infra-estrutura de transporte. Sendo a soja uma das principais commodities mundial seu preço no Brasil guarda relação direta os praticados na Bolsa de Chicago. Esse produto tem grande expressão na pauta de exportação brasileira sendo somente ultrapassado pelo de suco de laranja concentrado. (BNDES, 1998).

2. - O Preço da Soja Brasileira

O Preço da soja em grãos no Brasil guarda relação direta com o preço internacional e é praticado em estreita sintonia com a bolsa de Chicago. O preço que é pago ao produtor é baseado no preço internacional, descontado o valor referente ao frete e imposto, chamado de preço de internalização ou de paridade. (CONAB, 2003). Segundo Marques e Mello (1999) a formação do preço da soja dá-se de fora para dentro. Os preços se formariam em mercados internacionais e os produtores seriam bem informados e passariam a reivindicar internamente preços compatíveis com os praticados nos mercados externos. A Figura 2.1 mostra o histórico anual dos preços em valores reais da soja no Brasil no período de 1994 a 2006. Ao longo desse período, o preço médio apresenta oscilações, porém observa-se que o preço real médio no Brasil, declinou principalmente entre 1997 até 2000, saindo de R$ 39,59 por saca em 1997 de e R$ 31,66 por saca em 2000, uma queda de 7.18% ao ano. Em 2001 o preço da soja volta a crescer sendo cotado a R$ 35,56 por saca, e em 2002 aumenta para R$ 44,35 por saca, o que tornou-se o maior valor alcançado pela soja nos últimos 13 anos, o que é uma grande diferença com a relação ao verificado em 2000.

Observa-se (Fig. 2.1) que ocorreu uma queda mais acentuada nos preços a partir de 2004. Se analisar todo o período de 1994 a 2006, o preço médio histórico ficou em R$ 35,01 de forma que preço da soja em 2006 estava 32,53% abaixo do preço histórico médio dos últimos 12 anos. Esta queda poderá prejudicar os produtores e influenciar o plantio das próximas safras. O agravamento da crise agropecuária no Brasil em 2005 foi conseqüência de uma série de fatores como a da política cambial, a queda dos preços internacionais da soja, milho e trigo e a estiagem que atingiu as principais regiões produtoras do País, com quebra de safra e redução da produtividade. No período de 2004 a 2006 os preços internacionais apresentaram queda e ficaram abaixo da média histórica do período estudado (Fig. 2.1). A política cambial nesse período é apontada como sendo a principal causa dos prejuízos do setor agropecuário. Ocorre que os produtores adquiriram os insumos com o dólar mais elevado e, conseqüentemente, custos de produção elevados e baixa disponibilidade de recursos para custeio à taxa fixa de 8,75% ao ano.

3. - Produção, Área Colhida e Produtividade da Soja no Brasil

No Brasil a soja vem tendo sucessivos recordes na produção, o maior problema é com relação à estocagem e armazenamento que vem chegando ao limite, contando que a perda da soja na semeadura é em torno de 2% a 3% da produção, mesmo com a forte queda na produtividade fase as estiagens prolongadas. (IBGE, 2005). Observando os dados da figura 3.1 (abaixo), nota-se que a região Sul era o maior produtor nacional entre os anos de 1994 a 1998.

A partir de 1999 a região Centro-Oeste tornou-se o maior produtor, o crescimento da produção entre 1994 a 2005 foi bastante consistente a taxas de 182,87% ao ano. As outras regiões apresentaram crescimentos consistentes, mas a região que se destaca com um crescimento elevado em todo o período temporal é a região Norte que cresceu 1917,19% com média de 31,29% ao ano. O Nordeste apresentou no período de 1994 a 2005 um crescimento de 286,55% com média de 109,17%, maior que a da região Centro-Oeste. Já o Sudeste apresentou um crescimento de 85,65% com média de 10,04% ao ano, o Sul cresceu a uma taxa de 5,69% ao ano, afirmando a transferência relativa para áreas como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No Brasil os maiores Estados produtores são: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul, representando um conjunto de aproximadamente 80% da produção Nacional A soja apresentou produção no ano de 2005 de 51.182.050 toneladas, mantendo sua condição de principal lavoura de grãos do país, mas houve queda na produção nacional porque a expectativa era de mais de 63 milhões de toneladas, o que não se concretizou principalmente devido à estiagem em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e, em especial, no Rio Grande do Sul. Conforme a Tabela 3.1 a expansão da soja no Brasil no período de 1993 a 2005 apresentou crescimento de 126,56% na produção sendo em média 7,05% ao ano, a área colhida cresceu 115,78% com média de 6,62% ao ano, já o produtividade cresceu 4,99% com média 0,41% ao ano.

A produção de soja no Brasil em 1993 que era de 22,6 milhões de tonelada passou para 51,2 milhões de tonelada em 2005, a área colhida apresentava 10,6 milhões de hectares em 1993, para mais de 22,9 milhões de hectares em 2005, já o rendimento médio dessa cultura também apresentou significativos acréscimos, saindo de 2,124 kg/há em 1993 para 2,230 kg/há em 2005. Nota-se (fig. 3.1) que há um expressivo crescimento da evolução da soja, observa-se que de 1993 a 1996 houve uma oscilação na produção, crescendo 2,54%, a uma média de 0,21% ao ano. No entanto nos anos posteriores pode-se observar uma tendência crescente, apesar de indicar queda nos anos entre 2003 e 2005 equivalente a -1,42% com média de -0,12% ao ano. A área colhida também apresentou oscilação durante o período de 1993 a 1996 diminuiu 3,15% com média de decréscimo de 1,06% ao ano. De 1997 a 2000 ocorre uma oscilação, mas volta a crescer de 2001 a 2005. Comparando o período entre 2003 e 2005 onde a produção apresentou queda a área colhida apresentou um crescimento a taxas de 23,88% com média de 11.30% ao ano. Já a produtividade se mostrou crescente durante o período de 1993 a 1996, aumentando em 5,88%, uma média de 1,92% ao ano, mesmo crescendo continuadamente durante os períodos posteriores. Nota-se que entre os períodos de 1993 a 2001 ocorreu um crescimento consistente, tendo uma leve queda em 2002 voltando a crescer em 2003, no entanto, no período de 2003 a 2005 ocorreu uma queda na produtividade a taxa de 20,41% com média de 9.73% ao ano. Neste caso supõe-se que houve aumento da área plantada, Desta forma, o que nos mostra a fig. 3.2 é que o aumento da produção ocorreu com o aumento da quantidade de terras férteis destinada ao plantio da soja, insto é, expansão da fronteira agrícola e não com melhora da produtividade através de desenvolvimento tecnológico.


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