ESCOLAS COMUNITÁRIAS
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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ESCOLAS COMUNITÁRIAS

 

            Os movimentos comunitários são de suma importância para o desenvolvimento de muitas sociedades onde, com certeza, as desigualdades sociais são constantes, ou onde essas desigualdades talvez não sejam tão exacerbadas, mas sempre é preciso a cooperação geral na demanda de objetivos comuns - o bem-estar de todos. Sempre é fundamental a conjugação de forças para dinamizar o desenvolvimento de todas as partes particulares de maneira harmônica, pois, desta forma, a evolução da atividade econômica e política caminha de maneira igualitária, minorando os diferenciais que geralmente ocorrem no desenrolar das atividades produtivas da sociedade. É desta forma que posicionam os socialistas utópicos, conceituados por muitos que não acreditam na eficácia desta atividade como processo de equidade social e dizem ser um sonho muito difícil de realizar, todavia, não é proibido sonhar.

            O trabalho comunitário deveria ser próprio de países socialistas ou comunistas, entretanto, estas nações já têm por princípio, a prática destas atividades e fazem no seu dia-a-dia. Contudo, os países capitalistas, onde as desigualdades são constantes, já tem em seu corpo alguns ideais de cooperativismo, tendo em vista que as saídas para as crises já não estão somente nos princípios econômicos e nos acordos políticos de patrões e empregados, mas nos apoios aos movimentos comunitários que tem dado bons resultados nas nações sub-desenvolvidas, como paliativos às dificuldades que os povos pobres enfrentam nos tempos modernos. Este trabalho tem por outro lado, deixado de lado as usurpações praticadas pelos monopólios internacionais, fazendo aumentar absurdamente seus lucros e por tabela, sua acumulação e concentração em detrimento da igualdade internacional entre os povos.

            A independência dos países pobres jamais será conseguida se não existirem os movimentos comunitários que objetivem conscientizar as comunidades a suprirem seus problemas por si próprios e é só desta forma que, com o tempo é que os governantes desses países ou Estados, ou Municípios serão representantes realmente identificados com as Entidades de base, tais como a Igreja, os Sindicatos, as Associações de bairros, ou qualquer forma de conglomeração popular. São parcos, mas se tem conseguido alguns resultados nestes trabalhos associativistas praticados por países periféricos e para tais atividades, existem fundos internacionais que objetivam ajudar neste tipo de trabalho praticado em quase todos os países capitalistas que enfrentam problemas de crise crônica ou parcial, pois até mesmo países desenvolvidos já adotam as práticas de mutirões e/ou trabalhos comunitários.

            Um dos problemas mais comuns é a educação e é neste ponto que as Igrejas tem batido constantemente no intuito de minorar esta questão, porque nada é mais sublime do que o nível de escolaridade do ser humano, contudo, o ensino em todos os níveis tem se constituído hoje em dia, uma excelente fonte de renda para aqueles que só pensam em fortuna ou almejam aumentar cada vez mais a sua riqueza. Pois, com o ensino pago, muitas e muitas famílias ficam fora das escolas com um custo social muito alto para a sociedade como um todo. Mas, o que fazer neste caso? Um primeiro pensamento é deixar seus filhos sem estudar e jogá-los imediatamente no mercado de trabalho com remuneração de uma mão-de-obra desqualificada. E, uma segunda idéia, de algum utopista, é a de criar as escolas comunitárias, onde a comunidade se encarrega de coordenar este tipo de educação participativa.

            As escolas comunitárias são importantes por dois motivos fundamentais, tais como: a) supre parcialmente a questão do ensino nas comunidades carentes e b) conscientiza as comunidades de sua participação no processo educacional. Supre a questão do ensino parcialmente, porque é dever do Estado proporcionar educação para todos, entretanto, se as condições do Estado não ajudam a que todos tenham acesso ao ensino do primeiro e segundo graus, esse processo de associação já ajuda. E, em segundo lugar, o processo de conscientização comunitário está em primeiro plano, tendo em vista que os direitos e deveres do cidadão devem ser conhecidos por todos indiferentemente de raça, classe social e religião, pois numa estrutura oligopolista, não há interesse para que o cidadão conheça seus direitos e viva sempre subjulgado aos homens do poder, porta-vozes dos trustes internacionais.

            Mas, não devamos esquecer que as escolas comunitárias são criatividades brasileiras, contudo, as formações no Brasil, deveram-se aos estudantes pobres que não tinham como estudar nas grandes capitais, porque no interior não existiam as faculdades da época, mas, apenas, e muito precário o primeiro grau, objetivamente, o primário, é que surgiram as escolas comunitárias, mais especificamente, "a Campanha Nacional de Escolas Comunitárias". "A Campanha Nacional de Escolas Comunitárias" nasceu em 29 de julho de 1943, pois imbuído dos bons propósitos de ajudar aos estudantes carentes de regiões pobres, é que surgiu o "Colégio Castro Alves" em Recife, Pernambuco. A partir de então, ficam criadas Secções Estaduais e Setores locais de coordenação e funcionamento de Entidades de ensino que visem dinamizar educação  os carentes da região sem nenhum fim lucrativo aos seus diretores locais, ou não.

            Para melhor entender a filosofia da "Campanha Nacional de Escolas Comunitárias", Lúcio Melo em seu "O Estatuto Comentado" reporta que "Como todos os grandes movimentos que assumem, posteriormente, grande repercussão e conseguem empolgar as atenções e vencer obstáculos, a Campanha Nacional de Escolas da comunidade teve suas origens na pretensão aparentemente e indiscutivelmente absurda de proporcionar estudos ginasiais e secundários a rapazes pobres impossibilitados materialmente de freqüentar colégios públicos ou particulares nos quais pudessem realizar esses estudos. E o que se dizia digno de nota nesse utópico empreendimento era que os autores da idéia não passavam de moços paupérrimos, que mal podiam atender as próprias necessidades econômicas, exercendo um deles, para se poder manter, o desclassificado emprego de porteiro da Casa dos Estudantes, organização por igual constituída de reduzidos meios financeiros...".

            Observa-se nesta nota de Lúcio Melo um pessimismo muito grande, na possibilidade de se criar associações que atendam às necessidades de seus componentes e os demais membros da sociedade. Na verdade, é difícil um trabalho comunitário hoje em dia e, em especial, a quarenta (40) anos atras, mas, não era impossível, como aconteceu com esse grupo de jovens que habitavam em Recife. Todavia, foi este utopismo que levou a criação da CNEC (Campanha Nacional de Escola Comunitária) e que hoje conta com um número muito grande de escolas espalhadas por todo o Brasil. É claro que muitas passam por dificuldades financeiras, mas, depende da organização da comunidade, a condução da organização de ensino que está sob a orientação do Setor Local e não de alguma empresa mantenedora, ou mesmo sob a tutela do governo, entretanto, o único mandante nesta entidade é a comunidade.

            Em outra parte Lúcio Melo justifica seu erro ao colocar que "Tudo, pois indicava que não iria passar de entusiasmo passageiro o plano surgido e que apresentava mais impossibilidades que facilidades para se levado a efeito. Apesar dos contra-tempos antolhados e das dificuldades sempre supervenientes, uma força de vontade indômita se fazia presente na realização da empresa que, a muito custo e a muito sacrifício, passou a impor-se e a afirmar-se, conseguindo, afinal mostrar-se, realidade triunfante, galgando, em poucos anos de audaciosas investidas, contando apenas com o ânimo forte dos seus elementos entre os quais se destacava e se tornou afinal seu verdadeiro campeão o jovem Felipe Tiago Gomes um amplo e vitorioso lugar ao sol". Com isto as Escolas Comunitárias triunfaram e cabe aos comunitários de hoje segurarem esta grande obra que a sociedade nunca deve deixar cair por capricho de qualquer desculpa, pois o povo unido jamais será vencido.

            O problema da educação nos países sub-desenvolvidos é grave pelo número de analfabetos existentes, pela desqualificação da mão-de-obra industrial, agrícola e de serviços e, sobretudo, pela baixa taxa de investimentos em capital humano, pois isto incentiva a formação de bolsões de miséria em bairros pobres e até mesmo o surgimento de curtiços e favelas. Todavia, cabe ao povo, organizar-se em comunidades educacionais para tentarem minorar este estado de coisas, proporcionando à população pobre, pelo menos condições de sair do analfabetismo e já com este intróito, poder-se caminhar com seus próprios pés. A educação comunitária deve ser abraçada por todos os comunitários, pois como se sabe é um dever do Estado oferecer educação básica para todos, contudo se não possível, os movimentos cooperativos devem assumir esta tarefa que deve ter a participação de todos os habitantes.

            Caso idêntico aconteceu em Campina Grande, no Estado da Paraíba, em 1973, quando um grupo de leaders comunitários uniram-se em defesa da educação do Bairro da Liberdade e no dia catorze(14) de setembro do corrente ano, no salão do Centro Social da Sociedade de Amigos do Bairro da Liberdade, reuniram-se a própria Sociedade de Amigos do Bairro, o Clube de Mães, o Clube de Jovens, a Sociedade Vicentina e Membros da Comunidade e criaram o Instituto Comunitário que começou a funcionar nas dependências da Igreja das Graças. Seu primeiro Diretor provisório foi Petrus Aloisius Antunius Kleine que tinha a tarefa de adaptar o Centro Social de Nossa Senhora das Graças à Administração do ensino primeiro grau e de elaborar e encaminhar os documentos necessários à obtenção da licença de funcionamento junto aos órgãos superiores, para em seguida participar da Campanha Nacional de Escolas Comunitárias.

            Como se ver, muitas e muitas pessoas precisam de alfabetizar-se, isto tanto no que respeita às crianças, quanto aos adultos e as comunidades podem assumir este tipo de atuação frente às comunidades carentes de bairros pobres. São inúmeras Associações de Bairro, Sindicatos, Movimentos de Base, Associações de Pais e Mães, Clube de Jovens que poderiam trabalhar no sentido de reivindicar das autoridades apoio para desenvolver tal tarefa de fundamental importância na organização social do ser humano. Propõe-se, desta forma, que o povo se mobilize na busca de soluções aos problemas sociais que também dependem da organização do povo. Igualmente ao caso da Campanha Nacional de Escolas Comunitárias, poderiam se formar Associações de diversas modalidades que objetivassem dinamizar as comunidades, no intuito de resgatar tantos marginais que poderiam participar de uma sociedade menos injusta.

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