MUSEUS, TURISMO E TERRITÓRIO

MUSEUS, TURISMO E TERRITÓRIO

Paulo Carvalho
Universidade de Coimbra

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MUSEUS E TURISMO.
DOIS CASOS DE ESTUDO (CALDAS DA RAINHA E ÓBIDOS) NA REGIÃO OESTE

Pedro Serra
Paulo Carvalho

Resumo
            A presente proposta de reflexão pretende, em primeiro lugar, relacionar os conceitos de museologia e de turismo, através de uma análise crítica da bibliografia referencial neste domínio, enfatizando as circunstâncias que se prendem quer com a prática turística, quer com a experiência museológica, assim como com as atividades em que ambas as áreas se envolvem. Num segundo momento desta reflexão, pretende-se investigar a realidade museológica da Região Oeste de Portugal, enfatizando como casos de estudo os concelhos de Óbidos e Caldas da Rainha (Museus da Rede de Museus e Galerias de Óbidos; Museu de José Malhoa e Museu de Cerâmica, respetivamente), com os objetivos de verificar como estas instituições se assumem perante os visitantes e como se relacionam com a atividade turística.

Palavras-chave: Museus, Turismo, Região Oeste, Caldas da Rainha, Óbidos.

1. Os museus: amplitude de ação e relações com o território e a sociedade
Os estatutos do Conselho Internacional de Museus (ICOM), definem no seu artigo 3º, seção 1, o museu 1 do seguinte modo: “A museum is a non-profit, permanent institution in the service of society and its development, open to the public, which acquires, conserves, researches, communicates and exhibits the tangible and intangible heritage of humanity and its environment for the purposes of education, study and enjoyment.
            A conceção moderna de museu (e a prática museológica) reflete uma profunda renovação e, nos últimos anos, a emergência de uma componente mais dinâmica centrada na projeção dos museus no espaço exterior (com a valorização das paisagens e dos patrimónios) e no maior envolvimento da sociedade com os museus (Carvalho, 2003).
Com efeito, a evolução dos museus ao longo do tempo é indissociável de fatores como, por exemplo, as tecnologias de comunicação e informação, as alterações económicas e sociais e as suas implicações ao nível da utilização do tempo livre, e as orientações e prioridades subjacentes às políticas de promoção do desenvolvimento dos territórios e das populações e, em particular, as políticas culturais. Novos tempos foram trazendo novas peças, novos patrimónios, novos públicos-alvo e novas técnicas de museologia, como por exemplo a catalogação e o fornecimento de informação acerca das peças, as técnicas de iluminação ou os guias-áudio em vez dos simples panfletos. O núcleo da actividade do museu sempre se manteve praticamente inalterado. Este continua hoje a centrar-se em primeira instância no património e na respetiva interpretação e preservação, acumulando com um conjunto de funções de educação e de lazer, que assumindo uma posição secundária, são também de importância fulcral para a atividade do museu.
            Ao referir que o museu centra as suas atividades no património e na sua interpretação, estamos na verdade a falar das funções do museu. Neste âmbito, devemos referir não só a supracitada função de interpretação do património, que prevê a sua correta utilização, preservação e conservação, medindo até que ponto este pode ser utilizado para outros fins (no fundo a interpretação pretende dar sentido ao uso do património e definir a forma como se deve processar a sua preservação), mas também indicar as funções de educação que o museu oferece, nomeadamente por intermédio da transmissão de conhecimentos ao visitante, quer através da visita, quer por outros meios; e ainda as funções de lazer que atualmente também se encaixam nos museus, visto que estes cada vez mais se assumem como espaços propensos a esta prática ao possibilitarem ao visitante uma experiência agradável e confortável que ele hipoteticamente quererá repetir, mas também por lhe proporcionarem um afastamento efetivo em relação à sua rotina diária laboral e familiar.
            Assim, e de acordo com Castro (2007), o museu age como um agente transmissor de cultura e conhecimento, mas também como um mediador de experiências visuais e expositivas, numa ótica em que proporciona serviços de lazer que vão ao encontro das necessidades de engrandecimento cultural e intelectual dos turistas actuais.
            No entanto, não se verificou uma linearidade das funções do museu ao longo dos anos. São inúmeros os fatores que influenciaram e condicionaram a sua atividade, gestão e expressão ideológica. De entre eles contam-se a alteração de regimes políticos, os contextos e conjunturas económicas e socioculturais internacionais e até mesmo a disponibilização de recursos para a atividade do museu, nomeadamente para a aquisição de novas peças para as coleções. A única função que se mantém desde a génese dos museus é a da preservação e salvaguarda patrimonial, independentemente da forma como o museu se relacionasse com visitantes.
Em Portugal, a evolução dos regimes políticos condicionou as práticas museológicas. A condicionante mais óbvia e que é transversal a todos os regimes políticos é a contenção orçamental que muitas vezes estrangulou a aquisição de novas obras e artefactos patrimoniais para o museu. Encontramos inúmeros exemplos destes casos em Lira (1999), sendo que aqui é manifesto o papel decisivo do director do museu na classificação do património por grau de importância, visto que, se nem todas as peças pretendidas podem ser compradas, cabe ao director decidir quais são aquelas mais relevantes.
Os museus portugueses cedo iniciaram a sua função educativa, nomeadamente através da transmissão de valores culturais e ideológicos. Durante o período do Estado Novo, os museus transmitiam aos visitantes aquilo que era defendido pelo regime político, disseminando as doutrinas do autoritarismo. Com o final deste regime os museus foram adaptando a sua atividade de acordo com as políticas em vigor. Na atualidade, verificamos que as políticas aplicadas aos museus são conjugadas com as necessidades do setor turístico, sendo que os museus são vistos como um recurso para esta prática. Este facto deve-se não só às políticas nacionais e à viragem para o setor do turismo que se tem verificado nos últimos anos em Portugal, mas também ao panorama internacional, não só nos contextos políticos e económicos, mas também em contextos relacionados com a cultura e a evolução social.
A sociedade, enquanto cultura, vê-se refletida nos museus, pois o património neles exposto não é mais que um conjunto de representações identitárias de um grupo que se expressa culturalmente. Assim os museus expressam a evolução da produção cultural das sociedades, ao mesmo tempo que permitem retrospetivas do passado.
De entre os desafios que a museologia atual enfrenta, é de destacar o que envolve o património e a questão da sua musealização. Lira (2002) defende que é o museu que deve exercer o papel de preservação dos valores patrimoniais imateriais que estão em risco de desaparecimento, devido sobretudo ao facto de não possuírem um suporte físico visível e correrem o risco de cair no esquecimento. Com efeito é necessário intervir com urgência sobre estes recursos, identificando e executando as medidas necessárias para salvaguarda desse património e a sua sustentabilidade. Por outro lado, esta necessidade de preservar ao máximo os fatores de cultura, acarreta um novo problema, que é o da definição do que é o património museografável.
Teoricamente, todo o património pode ser significativo para a cultura de um povo e por isso pode ser musealizado. No entanto, se se considerar toda a obra humana como significativa para a musealização, corre-se o risco de uma banalização do património e a classificação de bens e objectos como património cultural deixa de ter relevância. Há que averiguar a importância e o sentido da preservação do património, antes de o musealizar. Uma das formas de controlar a musealização do património é fazer uma especialização temática do museu, de acordo com as circunstâncias que se revelarem mais adequadas para cada caso específico (Lira, 1999).
As evoluções sociais das últimas décadas levaram a alterações no panorama turístico mundial, começando pela mutação das motivações do turista e pela maior busca de bens culturais. Enquanto espaços plenos de cultura, os museus cedo se assumem como espaços e destinos turísticos. Face às potencialidades que possuíam, os museus começaram lentamente a ponderar outros factores que não apenas a tradicional gestão patrimonial dos seus recursos, tendo encetado algumas estratégias de promoção e publicitação como forma de conseguir uma maior atração de visitantes.
A tendência atual aponta para que os museus tenham de assumir uma posição competitiva relativamente a outros destinos e produtos turísticos para se conseguirem manter em destaque nas motivações e desejos do turista contemporâneo. A museologia moderna consagra esta abertura ao público e visa a transformação dos museus num produto turístico competitivo, enquanto gerador de experiências culturais enriquecedoras e transmissores de conteúdos de forma lúdica e eficiente (Lira, 2002). Utilizando como exemplo os guias-áudio, verifica-se que estes possibilitam ao turista uma muito maior independência durante a sua visita, e uma maior interatividade com a exposição, visto que é o mesmo que escolhe o que quer ver e ouvir.
A classificação dos museus como espaços propícios para atividades de lazer possibilitou que outras vertentes fossem exploradas no museu. A criação de exposições temporárias leva a que os visitantes tenham um constante interesse na atividade do museu; a instalação de espaços de cafetaria perto de museus, nomeadamente em áreas ajardinadas, também é um fator que facilita a deslocação de novos visitantes ao museu. Os turistas atuais anseiam por novidades, querem conhecer algo que ainda não tenha sido objeto de experiência anterior, como tal, é importante que o museu consiga ir constantemente renovando o seu leque de ofertas, não se fixando numa exposição permanente única. No fundo, a administração do museu passa a ser semelhante à gestão de uma empresa, visto que o objetivo é manter a “quota de mercado” e continuar a receber visitantes. A utilização de técnicas de marketing para a promoção do museu é frequente na criação de uma imagem identificadora da instituição e também na promoção de eventos e exposições que ocorrem no seio do museu. Depois, o museu, para além de interpretar o património, preocupa-se também com a experiência do visitante, visando proporcionar-lhe um momento agradável de lazer e enriquecimento cultural. No caso de o visitante gostar da visita, muito provavelmente, vai comentar com amigos e familiares e incitá-los a que eles próprios façam também uma visita, difundindo uma imagem positiva do museu.
Em suma, o museu é uma instituição complexa, cuja administração exige a conjugação de uma multiplicidade de fatores, sendo necessário conjugar as coleções com o espaço ocupado pelo museu e este com a envolvente territorial; depois importa também considerar o panorama turístico da instituição, definir políticas de relacionamento com os visitantes, facultar-lhes meios que tornem a visita mais agradável. Enfim, o museu assume-se cada vez mais como um produto turístico cultural preferencial, assumindo um destaque significativo nas escolhas dos turistas, não só por possibilitar um contacto cultural, mas também por ser um espaço agradável e de lazer.

2. Os museus e o turismo cultural
Apesar de entre museus e turismo existir uma considerável interdependência, visto que estes são já de forma recorrente aproveitados como espaços para a prática do turismo, existem no entanto algumas em que eles divergem de modo acentuado.
O museu é habitualmente visto como um espaço social de cultura, onde se efectua uma interacção entre o visitante e a instituição, no sentido de promover o seu enriquecimento intelectual. No museu são preservadas recordações do passado, o legado que ficou das gerações anteriores, tendo uma função de preservação da memória. Este simbolismo de que o museu é uma arca de recordações impenetrável acaba por proporcionar um sentimento de segurança ao visitante, que sabe que o património ali exposto não corre o risco de se perder (Castro, 2007).
No âmbito do turismo cultural, o património cultural ocupa uma posição de destaque na medida em que é em torno dele que grande parte da atividade turística se desenrola. Sob o vetor de análise do turismo, o património deve ser explorado para a obtenção de lucro, sob a forma das mais diversas atividades e situações. Assim, a relação entre turismo e património deve ser bem ponderada, na medida em que nem sempre o desenvolvimento turístico é compatível com a conservação patrimonial. Porém, acontece que em muitos locais são os recursos financeiros obtidos da exploração turística do património que viabilizam orçamentos de preservação e salvaguarda deste mesmo ou de outro património cultural (Russo e Van de Borg, 2002, cit. por Gonçalves, 2006), o que afinal demonstra que é possível que turismo e património se relacionem de forma sustentável.
Desta forma, museus e turismo olham o património de diferentes ângulos: os primeiros procuram levar a cabo a sua preservação e conservação por meio de processos e estudos interpretativos, assim como lhe atribuem um papel no serviço educativo do museu e na atividade genérica de lazer que é a visita ao museu; ao passo que o segundo tem uma visão mais exploradora deste recurso, e visa a criação de valor económico através da utilização destes recursos, sendo que a sustentabilidade deste aproveitamento será maior ou menor, consoante estejam orientadas as práticas turísticas no contexto em questão e de acordo com as políticas de salvaguarda e valorização patrimonial adoptadas.
Por outro lado, o museu para além das funções de exposição e educação e transmissão de conhecimentos tem ainda o objectivo de conseguir um cada vez maior número de visitantes e permitir práticas cada vez mais inovadoras. A disponibilização do espaço museológico para outras atividades que não as típicas de um museu tradicional (exposições), revela que o museu não está fechado sobre si próprio, mas aberto à sociedade e à comunidade envolvente, denunciando ainda uma aposta numa vertente mais turística, pois com a utilização do espaço museológico para a recreação e o lazer, o museu engrandece o leque de atividades de lazer que faz sentido realizar nas suas instalações (Vitagliano, 2003).
A aproximação dos museus ao turismo levou a que estes passassem a ser geridos como empresas, utilizando técnicas para diversos fins, mas sobretudo tendo em vista a captação de mais visitantes. Assim, de entre os planos e programas aplicáveis aos museus, podem ser referidos alguns aspetos (Gammon, 2003):
1. O museu na elaboração das suas exposições temporárias e permanentes tem de ter em conta o equilíbrio entre a significação do museu, a faixa temporal em que a exposição vai ser apresentada, a ideia central e o design da própria exposição e a sua integração no contexto do museu e a resposta às expetativas dos visitantes.
2. É importante que seja definida uma imagem atrativa do museu que corresponda àquilo que ele significa (não faz sentido apresentar uma imagem de modernidade num museu tradicional com exposições de arte sacra medieval).
3. É relevante definir segmentos temporais estratégicos para a realização da exposição. Esta definição deve ter em conta o perfil do visitante e os momentos/períodos que este privilegia para a incursão numa exposição museológica.
4. A exposição e a visita devem estar orientadas de tal forma que o visitante não se sinta perdido, pois este gosta de escolher o seu roteiro, mas também gosta de ter ao seu dispor informação adequada sobre as opções que pode fazer durante a visita.
5. A visita a um museu é um processo social, pelo que raramente um indivíduo vai sozinho a um museu. Por isso a exposição deve estar preparada para o fornecimento de informação a grupos, mas de forma individualizada e não generalizada, pois a massificação é hoje considerada pelo turista como um fator pouco positivo.
6. A acessibilidade é um fator relevante no contexto da exposição e mesmo do próprio museu. Este deve ser acessível a todos os tipos de público e deve facultar instrumentos de apoio ao contacto com o património aos diferentes públicos com distintas características. Um deficiente motor precisa de ter acessos, rampas, por exemplo, e espaço para efectuar as manobras com a cadeira de rodas; um deficiente visual precisa de placas informativas em Braille para conseguir ter acesso às legendas das peças expostas, devendo também ser abertas algumas exceções no que diz respeito ao contacto direto com o património, pelo que podem ser disponibilizadas algumas peças para o manuseamento por parte deste segmento de visitantes. Noutro âmbito, o museu deve ser acessível aos públicos estrangeiros que o visitam: deve disponibilizar recursos que permitam uma visita mais personalizada e segmentada. Exemplos disso são a criação de panfletos multilingues, de guias áudio que permitam a opção de escolha linguística, entre outros.
Este conjunto de notas supracitado resume as preocupações que os museus atualmente têm com os visitantes, verificando-se aproximações claras à forma como a atividade turística se processa.
A integração de museus em redes e roteiros turísticos traz benefícios quer para o turismo em geral, quer para o museu em particular (Lira, 2002), pois a articulação entre os nós da rede fará com que quer os turistas visitem mais do que um dos locais interligados por reconhecerem uma imagem comum (caso haja uma identidade uniforme) ou uma temática semelhante na apresentação dos vários produtos.
O museu proporciona no contexto da visita cultural um afastamento efetivo em relação ao tempo da atualidade. Os artefactos expostos remetem o visitante para outros tempos e outros espaços que não aqueles em que o visitante se encontra ou aqueles que está acostumado a frequentar. Por isso mesmo verificamos que este é um espaço de lazer não só pela envolvente cultural extremamente intensa, como também pelo repouso e refúgio da vida quotidiana que pode ser por ele proporcionado. O visitante de um museu é também um turista cultural, uma vez que procura contactar com outras culturas, conhecer outros povos e tradições, para enriquecer a sua própria cultura pessoal. Grande parte destes turistas planeia autonomamente as suas deslocações, tendo um total controlo sobre a administração do seu tempo livre, e de certa forma, fugindo à massificação da oferta turística. Neste contexto, verifica-se também que as viagens realizadas por múltiplas motivações ao invés de uma única são também uma realidade cada vez mais comum. Ainda assim, as motivações que se relacionam com o contacto com outras culturas e com o consumo de produtos turísticos relacionados com o lazer mantêm uma posição de destaque na atualidade.
Assim, os museus podem desempenhar um papel muito importante no âmbito do contacto com outras culturas, tão desejado pelos turistas culturais, na medida em que incluem a súmula de tudo o que a cultura que é visitada significa, analisada segundo diferentes perspetivas. O museu deve então alargar o âmbito da sua ação de forma a enquadrar toda a procura de bens culturais a que eventualmente possa dar resposta neste contexto.
Em conclusão, é possível verificar que a utilização dos museus nos produtos turísticos ou a sua constituição como produto turístico por si só revela a importância que estas instituições assumem no panorama turístico global. Os museus por serem instituições com funções específicas no âmbito da preservação patrimonial e no serviço educativo à comunidade têm uma relação forte com a dimensão da sustentabilidade. O turismo, por seu lado, ainda deixa uma pegada demasiado grande em locais onde exerce a sua atividade, começando em alguns casos a caminhar no sentido da sustentabilidade. Em suma, a relação entre o turismo e a museologia trouxe mutações em ambas as partes, sendo que são mais notórias s mudanças nos museus, que se adaptaram para receber a atividade turística. O turismo, ao assumir os museus como um dos seus produtos modera a sua atividade e utiliza o património mais racionalmente. Devido à interpretação do património, em muitos locais vão sendo tomadas medidas para delimitar a atividade turística e assim tornar o turismo mais sustentável.

3. Os museus da Região Oeste de Portugal: os exemplos de Caldas da Rainha e Óbidos
3.1 A Região Oeste
Com os casos de estudo pretendemos realizar um retrato do panorama museológico e turístico atual da Região Oeste de Portugal, designadamente no que diz respeito aos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos (figura 1) por aqui se situarem três das mais importantes instituições museológicas regionais, a saber: o Museu José Malhoa, o Museu de Cerâmica e a Rede de Museus e Galerias de Óbidos. Estes apresentam duas formas de administração museológica: a municipal e a nacional, referente à Rede Portuguesa de Museus, sob a tutela do Instituto dos Museus e da Conservação. A título de comparação serão ainda considerados alguns museus municipais da região.
A Região Oeste, com os municípios de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Óbidos, Nazaré, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, está inserida num triângulo entre Lisboa, Santarém e Leiria, fazendo fronteira a ocidente com o Oceano Atlântico. Contabilizava, em 2001 2, 338 711 habitantes (mais 7.7% do que em 1991) e relativamente aos setores de atividade dominantes na região, verifica-se que a agricultura ainda tem uma presença marcante 3 (9,2%, em 2001, apesar do decréscimo deste sector no período de 1991-2001). No entanto, o setor terciário 4 é o mais importante (ocupando 54.1% da população empregada, em 2001) e o que tem crescido de forma mais significativa nos últimos anos, facto este relacionado em boa parte com o desenvolvimento do turismo, como tem acontecido em outras áreas rurais do país.
No âmbito administrativo, estes 12 concelhos são governados pelos seus próprios executivos autárquicos. Porém, no sentido de fomentar a cooperação intermunicipal e de criar uma estrutura capaz de gerir o desenvolvimento regional, incluindo o planeamento e a gestão de projectos, foi criada em 1987 a Associação de Municípios do Oeste (AMO). Em 2008, com a entrada em vigor do Novo Regime Jurídico do Associativismo Municipal (Lei nº 45/2008, de 27 de Agosto), a Associação de Municípios do Oeste transformou-se em Comunidade Intermunicipal, passando a denominar-se Comunidade Intermunicipal do Oeste5 (ou CIM Oeste). Ao nível do turismo, a CIM Oeste contribui para a concretização de orientações e projectos estratégicos, com o propósito de “aumentar a sua atractividade turística, respeitando a cultura e a riqueza nas vertentes rural/histórica”, sendo que visa a execução de algumas medidas, tais como: “Promover a elaboração de um Plano de Marketing Operacional para a Implementação de uma estratégia de produtos de turismo adequada às reais potencialidades da Região”; “valorização dos principais produtos da Região”; “criação de produtos turísticos específicos e sua comunicação em torno das potencialidades da Região (golfe, termalismo, talassoterapia, turismo ativo; touring; turismo rural e imobiliário)”, entre outras – de acordo com a informação disponível no sítio online da CIM OESTE.
Na vertente cultural, o Oeste encontra-se muito ligado ao vinho. No Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT; 2007), a gastronomia e os vinhos são um dos fatores distintivos do Oeste enquanto polo de desenvolvimento turístico, sendo que a estes se somam o golfe, o turismo cultural e o turismo balnear como produtos estratégicos para o crescimento deste sector. No plano do turismo cultural, são no PENT (2007) citados apenas os monumentos do Oeste, como os castelos, as igrejas e os mosteiros. No entanto, neste âmbito, o Oeste tem bastantes mais produtos, sendo que os jardins e parques, os museus, os solares dos séculos XVII e XVIII, as quintas e ainda alguns produtos ao nível da arqueologia são produtos plenos de potencialidades de desenvolvimento.
Ainda de acordo com o Plano Estratégico Nacional do Turismo (2007), o Oeste beneficia grandemente com a sua relativa proximidade de Lisboa. O facto de este ser um destino turístico maduro e com alguma relevância a nível internacional faz com que um grande fluxo de turistas possa visitar também o Oeste ao visitar Lisboa. Este facto é potenciado essencialmente pelo chamado cross-selling, que consiste em cruzar estes dois destinos na hora da sua publicitação, mostrando o Oeste a quem visita Lisboa e vice-versa.
Em suma, verifica-se que o Oeste é uma região plena de potencialidades, de tal forma que foi contemplado no PENT (2007) como um dos cinco polos de desenvolvimento estratégico. O património, o ambiente rural e as praias tornam esta região um destino privilegiado para a prática de turismo balnear, enoturismo (associado à gastronomia), ecoturismo, turismo em espaço rural e turismo cultural. A proximidade de Lisboa significa vantagens para o Oeste, uma vez que as boas acessibilidades existentes permitem uma rápida deslocação entre estes dois pontos, trazendo até ao Oeste uma grande variedade de visitantes.

3.2 Os museus de Óbidos e Caldas da Rainha: políticas, organização e atividades
No que diz respeito às políticas museológicas, verifica-se que os museus do Oeste estão organizados segundo diferentes modelos, sendo o mais comum o do museu municipal. Ainda assim não se verifica uma constância nas formas de administração destes museus, existindo diferenças significativas de município para município. Na generalidade dos museus da Região Oeste não se verifica um conjunto de estratégias de administração museológica que tenha em vista a dinamização destas instituições, sendo que estas normalmente têm objetivos pouco ambiciosos no que diz respeito ao número de visitantes e uma dedicação mais forte ao serviço educativo e relação com a comunidade. Podemos contrapor por exemplo os museus municipais de Óbidos e do Bombarral. Este último encontra-se num edifício histórico para o concelho, o Palácio Gorjão, situado no centro da vila, e apresenta um conjunto de coleções repartidas por sete salas temáticas: Arqueologia, Escultura, Sala Júlio César Machado (literatura), Sala Jorge Almeida Monteiro (escultura e gravação em placas de metal), Etnografia, Medalhística, e Epigrafia e Heráldica. Pelas caraterísticas da sua exposição permanente e pelas condições do espaço que ocupa, este museu possui um enorme potencial de desenvolvimento, no entanto, falta-lhe alguma dinâmica para se conseguir afirmar no panorama museológico regional. De entre as falhas principais, é de salientar a quase inexistência de exposições temporárias, faltando portanto ao museu o fator novidade que atrai muitos visitantes a museus. Por outro lado, o Museu Municipal de Óbidos difere em muitas situações neste aspeto, uma vez que, em primeiro lugar, não é o único museu autárquico do concelho, uma vez que se encontra integrado na Rede de Museus e Galerias de Óbidos; em segundo lugar, o serviço educativo deste museu está constantemente a desenvolver projetos novos e a interagir com a comunidade, nomeadamente através da criação de atividades dedicadas sobretudo às crianças, visando o contacto das mesmas com a arte; depois, o Museu Municipal de Óbidos situa-se na Praça de Santa Maria, no centro da vila de Óbidos, uma localidade que se afirma como um destino turístico com bastante procura, tendo atingido um estado de maturidade, e devido a este fator, o mais provável é que o museu tenha mais procura, se mais visitantes se deslocam à vila.
A organização em rede da museologia de Óbidos visa uma articulação mais aproximada entre as instituições que abrange. É com este objetivo que a Rede de Museus e Galerias de Óbidos atua desde 2004, data da sua criação, funcionando como um organismo centralizador, pois é superior à administração de cada um dos museus e possibilita uma maior interação deles entre si. Esta instituição trata da coordenação de atividades, programas e calendarização de ações nos museus no seu conjunto e contribui grandemente para uma visão integrada da cultura e do património do concelho. No sentido de manter uma imagem uniforme da museologia em Óbidos, esta rede tem ainda a cargo a promoção e publicitação de exposições e eventos que acontecem nos museus, sendo que em última instância é a Óbidos Patrimonium (E.M.), a empresa responsável pela gestão do património municipal, dos eventos e do turismo em geral, administradora portanto da teia museológica municipal, que gere a promoção de eventos e exposições nos museus, depois de ter sido definido o objetivo da exposição pela Rede de Museus e Galerias de Óbidos. Os meios mais utilizados para promoção das atividades em museus são, para além da exibição de cartazes e posters na vila, press releases, conferências de imprensa, a newsletter e a mailing list da rede.
A Rede de Museus e Galerias de Óbidos é ainda responsável pela coordenação da Rede de Investigação, Inovação e Conhecimento, um conjunto de projetos executados em colaboração com várias universidades do país e que inicialmente tinha como objetivo a criação de condições para a candidatura de Óbidos a património mundial, mas que acaba por ultrapassar esse propósito, visando atualmente possibilitar um conhecimento mais aprofundado sobre Óbidos e o seu território em várias áreas do saber.
Por esta ser uma rede que envolve várias instituições museológicas importa referir algumas instituições que a compõem. Para além do supracitado Museu Municipal de Óbidos (figura 2), referir-se-á também a Galeria NovaOgiva, um espaço de crescente importância no panorama turístico obidense. No entanto, é necessário fornecer ainda alguns detalhes sobre o Museu Municipal e sobre o edifício onde este se situa. O solar da Praça de Santa Maria, antiga habitação de Eduardo Malta (pintor obidense) acolhe o Museu Municipal de Óbidos, dispondo de uma exposição permanente de arte sacra e arte antiga dos séculos XIV a XVIII. É composto por diversas salas, com peças de arte diversas desde pinturas a esculturas e estátuas e até vestígios arquitetónicos. Neste museu encontram-se peças de diversas correntes artísticas, do tardo-gótico ao barroco, passando pelo maneirismo; e de vários pintores famosos, como a célebre Josefa d’Óbidos, Belchior de Matos, André Reinoso e Diogo Teixeira. Resta só acrescentar um último pormenor, referente às instalações do museu: desde a sua criação, em 1970 até janeiro de 2004, o Museu Municipal de Óbidos esteve alojado num outro edifício que não o atual, um local que já havia servido de Paços do Concelho e onde neste momento se situa o Museu e Casa de Abílio Mattos e Silva.
Referindo uma outra instituição museológica, é digna de destaque a Galeria NovaOgiva, o espaço da Rede de Museus e Galerias de Óbidos dedicado à arte contemporânea. Esta Galeria foi inicialmente criada em 1970, pelo escultor José Aurélio, tendo tido pouco mais de três anos de atividade. Cerca de trinta anos depois o município de Óbidos decidiu recuperar o conceito da galeria e reativá-la, de tal maneira que hoje este é um espaço utilizado para manifestações artísticas contemporâneas, dispostas em exposições temporárias. O espaço divide-se essencialmente por dois pisos, sendo que entre eles, durante a subida se encontram alguns pequenos espaços onde podem ser colocadas peças e obras de arte. A galeria, apesar de se encontrar num edifício antigo, adaptado para aquela função, consegue ter um aspeto moderno, devido à sensação da existência de um grande espaço amplo, separado por pequenos conjuntos de pilares e paredes que criam divisões entre os espaços. Outro dos aspectos interessantes do espaço é que a escada assemelha-se a uma varanda, permitindo uma visão de algumas partes da exposição no piso inferior.
O objetivo da Rede de Museus e Galerias de Óbidos é completar um ciclo com o património municipal. Já existem numerosas instituições museológicas interligadas na rede, no entanto e segundo uma fonte da Rede de Museus e Galerias de Óbidos e tendo em conta o património obidense, ainda falta um espaço de arqueologia, bem como um que trate o papel das Rainhas em Óbidos. O Museu das Guerras Peninsulares, planeado há muito, encontra-se em fase de financiamento, segundo essa mesma fonte. Talvez a criação de um Museu do Chocolate não fosse também errada, já que esta iguaria atrai milhares de visitantes durante o Festival Internacional de Chocolate, existindo assim algum potencial de exploração.
No concelho de Caldas da Rainha as políticas museológicas são diversas das de Óbidos: encontram-se de um lado os museus municipais, que são administrados pela autarquia, e possuem o seu próprio serviço educativo junto com as escolas do concelho, as suas próprias exposições temporárias e eventos variados; e do outro lado as instituições caldenses da Rede Portuguesa de Museus, o Museu de Cerâmica e o Museu José Malhoa (figura 3), que também não são parcos na sua vertente educacional, trabalhando com escolas intra e extraconcelhias, nomeadamente a Escola Básica e Secundária de Fernão do Pó, localizada no Bombarral. Por se encontrarem a uma escala superior, estes museus têm mais visibilidade e, regra geral, recebem bastantes visitantes, dependendo das épocas do ano, conforme se verá mais adiante.
O Museu de José Malhoa resultou de um processo de cerca de 10 anos tendo em vista a sua criação, o qual foi orientado essencialmente por António Montês, o grande responsável pela instalação desta instituição, uma vez que desde cedo iniciou as diligências necessárias para a concretização do projeto, tendo trabalhado tanto a nível local, como estatal, contatando mesmo com José Malhoa, no sentido de obter o seu aval para a construção de um museu em honra da sua obra. A morte de Malhoa em 1933 como que apressou o andamento do museu, tendo-se fixado a data do aniversário do pintor no ano seguinte (18 de Abril de 1934) para a abertura do museu, ainda que em instalações provisórias. As doações ao museu foram-se sucedendo, tendo começado ainda antes da sua abertura e perdurado até já bem depois de ter ocupado as suas instalações definitivas, em 1940. Conseguiu-se uma notável e valiosa coleção de arte referente sobretudo ao período do naturalismo português, na qual a pintura de José Malhoa ocupa, obviamente, uma posição de destaque. Esta coleção foi crescendo de tal forma, devido sobretudo às referenciadas doações, que foi necessário em 1950 proceder a reformas de ampliação do museu. No ano seguinte reabriu e foi abrindo a pouco e pouco novas salas com exposições diversas, incluindo uma sala de exposições temporárias e uma outra, aberta em 1964 na cave do museu, com uma seção de cerâmica, para dar algum destaque à cerâmica caldense. No que diz respeito aos aspetos arquitetónicos do museu, afere-se que este possui um claustro central, em torno do qual se situam as salas e corredores de exposição que estão organizados de tal forma que permitem que a exposição seja visitada continuamente em torno do centro do museu, passando por todas as salas.
Sem contar com a sala de cerâmica do Museu de José Malhoa, que abriu em 1964, esta arte não teve representação museológica de grande expressividade na região até ao momento em que se verificou a abertura do Museu de Cerâmica (1983), depois de largamente discutida a importância de um museu que apresentasse e que fosse especializado na preservação e interpretação do património cerâmico nacional, que até então ainda não possuía um espaço a si dedicado. Por ter sido a terra onde Rafael Bordalo Pinheiro viveu parte da sua vida e por ter sido o local onde este, o criador do Zé Povinho, instalou a sua fábrica de faianças, Caldas da Rainha revelou ser um local propício para a instalação de um Museu de Cerâmica. Foi nesse sentido que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha atuou ao elaborar o Programa para a Instalação de um Museu Nacional de Cerâmica em Caldas da Rainha, o qual procurava justificar a criação de um museu de cerâmica com a inexistência de algo semelhante no país, aliado ao facto de o património cerâmico nacional se encontrar fragmentado por diversos museus nacionais, não tendo o devido destaque em nenhum deles, e ainda com o facto de que existia um grande espólio cerâmico em armazém, a degradar-se e por interpretar, que merecia ser dignificado e integrado numa exposição museológica. O museu acabou por ser instalado na Quinta do Visconde de Sacavém, um local bastante adequado à sua função atual, uma vez que consiste num conjunto arquitetónico do final do século XIX, que inclui um palacete, onde hoje está abrigada a exposição permanente, e também um conjunto de anexos utilizados para exposições temporárias e atividades lúdicas e educativas, além de possuir um belo espaço ajardinado onde figuram diversas peças de arte cerâmica e escultórica como, por exemplo, painéis de azulejos e estátuas. O palacete por si só é um monumento interessante, cuja fachada se encontra amplamente decorada com cerâmica, desde painéis de azulejos com as mais variadas representações, a esculturas de cerâmica em forma de gárgulas. O interior segue a mesma linha decorativa, sendo que o azulejo encontra uma posição de destaque, havendo lugar ainda para algumas esculturas. O museu está organizado em diferentes salas que abrigam diferentes coleções, separadas por autores, fábricas de produção, por matéria-prima utilizada no fabrico das peças, de entre outras.
Além disso, por se terem unido esforços nesse sentido, desde 2003 que os museus caldenses, não só os do Instituto dos Museus e da Conservação – Museu de José Malhoa e Museu de Cerâmica – mas também os museus tutelados pela autarquia, sob a administração do Centro de Artes – compreendendo portanto o Atelier-Museu António Duarte, o Atelier-Museu João Fragoso e o Museu Barata Feyo – e ainda o Museu do Hospital das Caldas, tutelado pelo Ministério da Saúde, se encontram interligados por uma Rede Local de Museus, estabelecendo parcerias entre os vários museus e cooperação aos mais diversos níveis, como por exemplo o intercâmbio de técnicos de restauro especializados em determinado tipo de peças entre os museus. Aumentando ainda mais as interligações entre os museus caldenses, desde 2007 que o Museu de Cerâmica e o de José Malhoa passaram a partilhar a mesma direção, sendo por isso instituições muito próximas. Funcionando como uma rede, utilizam técnicas para a sua promoção, nomeadamente através da publicitação de atividades de uma instituição na outra e vice-versa, através da disponibilização ao público de um bilhete único a um preço vantajoso que permita a entrada nos dois museus, permitindo assim o cross-selling entre os visitantes destes museus.
Para além de escolas e outros museus da região, estas instituições relacionam-se com outras estruturas e organismos municipais e supramunicipais. Tomando o caso da Rede de Museus e Galerias de Óbidos como exemplo, verifica-se que existe um conjunto de protocolos de cooperação para os mais diversos fins, desde o Museu do Teatro, ao Teatro Nacional D. Maria II e o Teatro Nacional S. Carlos que estabeleceram um protocolo de cooperação para apoiar a instalação do Museu e Casa Abílio Mattos e Silva. O Museu Paroquial de Óbidos coopera com a Paróquia e com a Misericórdia de Óbidos, no sentido de conseguir manter mostras constantes de arte sacra e património religioso. O Museu Municipal de Óbidos está também envolvido num projeto chamado “Museu Sem Fronteiras”, o qual visa que se estabeleçam relações entre museus europeus, ao nível da arte barroca.
A questão das exposições temporárias também é muito importante para os museus, porque por um lado podem expor peças diferentes da coleção permanente durante um espaço de tempo limitado, e por outro porque introduzem novidade no museu. A novidade é um dos fatores mais procurados pelos visitantes, visto que procuram constantemente vivenciar experiências diversas e contactar com factores de cultura que até então lhes eram desconhecidos. Verifica-se, portanto, que estes apresentam frequentemente exposições temporárias, sobretudo de autores contemporâneos, nas Caldas da Rainha e na Galeria NovaOgiva e de peças mais antigas e, por vezes, relacionadas com património religioso, nos restantes museus de Óbidos.
Apesar de a exposição e as contingências que com ela se prendem ocuparem uma posição central no seio das preocupações dos museus, visto que as exposições incluem o património destas instituições no seu conjunto e portanto há uma série de situações que têm de ser geridas neste contexto, nomeadamente no que diz respeito à preservação do património, o museu dedica-se também a outras vertentes, procedendo a uma abertura efetiva à comunidade. O serviço educativo é o melhor exemplo da forma como os museus acolhem a sociedade e se afirmam como instituições vivas e plenas de dinamismo. A atividade dos museus na atualidade procura muito mais interagir com os visitantes e fornecer-lhes uma experiência agradável. Esta vertente educacional do museu subdivide-se em diversas atividades, como visitas guiadas, ações de apoio a públicos infantis, juvenis e adultos, sessões de formação e desenvolvimento, entre outras, sendo que, regra geral, destinam-se a públicos específicos mais ou menos definidos.
A concretização das mesmas para o público infanto-juvenil pode resultar, mais especificamente, em ateliês diversos de pintura, escultura, cerâmica, lançamentos e apresentações de livros infantis no museu, apresentação de teatros (de marionetas, por exemplo) e de filmes, realização de jogos que visem a interação com a arte, exposições temporárias de trabalhos escolares relacionados com o museu nesta instituição, de entre uma multiplicidade de outras atividades possíveis. No entanto, são de destacar algumas iniciativas desenvolvidas pelos museus, de entre elas, as que são desenvolvidas pela pintora Romarina Passos junto das crianças do concelho de Óbidos, com programas como “Pensar Colorido” e “No Atelier do Pintor Um Tesouro Escondido”, que visam possibilitar um contacto mais aproximado das crianças com a arte exposta nos museus obidenses.
Neste mesmo âmbito, o museu disponibiliza também atividades para adultos, a começar pelas visitas guiadas com explicações mais completas e culturais (à partida não será necessário explicar a arte com o vocabulário adequado a crianças); comemorações de efemérides e datas importantes, como o Dia Internacional dos Museus, o aniversário do nascimento de José Malhoa, ou a data de criação do museu, por exemplo; lançamentos de livros; recitais de poesia e canto; sessões literárias, colóquios, debates e conferências; workshops de pintura e escultura… enfim a quantidade de atividades que podem decorrer no museu é potencialmente infinita.
No que diz respeito à organização de eventos no seio das instituições, ao compartilhar com estudantes (universitários ou do secundário) a organização de pequenos eventos no museu, este possibilita que aqueles tenham uma breve experiência e vejam resultado de algo que realmente executaram, sendo que, em alguns casos, poderá também ser uma experiência rumo ao mercado de trabalho, permitindo também que a juventude participe, se envolva e se reveja naquilo que o museu procura significar. Pode-se citar por exemplo o evento “Noite dos Museus” que decorreu no Museu de José Malhoa e consistiu na mostra de pequenos filmes realizados pelos alunos da Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha numa sala do museu. Este evento demonstra o envolvimento do museu na comunidade desde o início do projecto, uma vez que os trabalhos procuravam mostrar um olhar renovado sobre várias obras de José Malhoa e foram elaborados em colaboração com a instituição. Este evento também teve a participação do Museu de Cerâmica, que acolheu nos seus jardins um conjunto de concertos dedicados a uma faixa etária mais jovem, além de disponibilizar uma exposição temporária com obras de estudantes da região.
Acerca da publicitação das atividades desenvolvidas nos museus, sabe-se que o tema já foi abordado aquando da explanação das competências a Rede de Museus e Galerias de Óbidos, no entanto importa recuperá-lo uma vez que ficou por referir um factor muito importante na atualidade, que é a presença dos museus na Internet. O facto de um museu possuir um site onde forneça algumas informações sobre o local onde se situa, as coleções que abriga, a forma como se processam as visitas, com horários de abertura, preços dos bilhetes, entre outras, facilita muito a visita ao museu, uma vez que o visitante fica com uma ideia daquilo que vai encontrar quando lá chegar. Os museus e galerias de Óbidos são apresentados, ainda que com poucos detalhes no sítio online do município e referem-se os dados relativos a horários de funcionamento e morada da instituição. Os Museus de José Malhoa e de Cerâmica têm uma página no site do Instituto dos Museus e da Conservação onde é fornecida alguma informação importante sobre os museus e as colecções, além de que também estão presentes os horários, preços de bilhetes e também um mapa com a localização do museu na plataforma Google Maps, permitindo portanto a delineação de trajetos para chegar aos museus. O Museu de José Malhoa possui além desta página um sítio dedicado (http://mjm.imc-ip.pt/) onde é fornecida mais informação sobre o museu, inclusivamente acerca do serviço educativo e das exposições temporárias. Para além disto, importa referir o facto de os Museus de José Malhoa e de Cerâmica, por pertencerem à Rede Portuguesa de Museus, estarem também presentes na plataforma matriznet, uma base de dados online onde é possível encontrar informação e imagens relativas às peças em exposição e em arquivo nos museus.
As questões relativas à acessibilidade também têm sido alvo das preocupações dos museus, sendo que existe a necessidade de criar estruturas que permitam a deslocação de visitantes com incapacidades/necessidades especiais nos edifícios dos museus. No Museu de José Malhoa já se sucedeu um projeto que visava proporcionar aos visitantes invisuais uma maior autonomia durante a exposição. Foram disponibilizados desdobráveis em Braille com a planta, a história e outras informações sobre o museu. Para os visitantes com dificuldades auditivas profundas, foram criados filmes com linguagem gestual que falavam destes mesmos assuntos. No entanto, em museus como o de Cerâmica e os da Rede de Museus e Galerias de Óbidos em que os edifícios foram adaptados para a instalação daquelas instituições, verifica-se que o problema das acessibilidades é, em alguns aspetos, intransponível. No entanto existe sempre algo que pode ser feito, e nesse sentido, foi experimentado um projecto na Galeria NovaOgiva para invisuais, que, por ter resultado bem, trouxe algum conhecimento sobre como implantar projectos de mobilidade e acessibilidade em museus instalados em edifícios históricos.
Como forma de orientar o visitante no interior do museu, e sobretudo durante a visita, estas instituições disponibilizam panfletos informativos onde é possível encontrar detalhes sobre o museu, a sua história, o edifício que ocupa, as coleções que expõe, disponibilizando por vezes também uma planta geral do edifício que demonstre a disposição das salas. Para o mesmo efeito e para fornecer mais informações sobre os museus, existem também roteiros que, mais do que orientar o visitante na visita, fornecem-lhe detalhes importantes sobre os artistas e as peças em exposição, bem como sobre a história escondida por detrás delas. Como forma de fornecer um conjunto integrado de informação ao turista, a Rede de Museus e Galerias de Óbidos dispõe de um conjunto de folhetos informativos e roteiros sobre os vários museus que a compõem, estando atualmente a trabalhar num folheto ou pequeno roteiro que forneça informação generalizada sobre todos os museus da rede.
Relativamente à ação de programas comunitários de apoio, pode-se referir que em relação à Rede de Museus e Galerias de Óbidos, os apoios comunitários apenas abrangeram a instalação do Museu e Casa de Abílio Mattos e Silva, tendo sido financiado parcialmente pelo Quadro Comunitário de Apoio II. O Museu de José Malhoa sofreu recentemente obras de requalificação, tendo encerrado para o efeito entre junho de 2006 e dezembro de 2008, dispondo apenas de um núcleo provisório instalado no Museu do ciclismo, também em Caldas da Rainha. As obras do Museu de José Malhoa terão ultrapassado os dois milhões de euros, tendo esses sido financiados parcialmente pelo Programa Operacional da Cultura.

3.3 Dados estatísticos de visitantes aos museus de Caldas da Rainha
A questão dos visitantes é atualmente de grande relevo para os museus, uma vez que estes procuram satisfazer as necessidades de contacto cultural e de lazer dos primeiros. A primeira leitura que se pode fazer dos dados estatísticos de qualquer museu é que se o número de visitas aumentar, significa que existe um feedback positivo da comunidade e dos turistas em geral em relação ao trabalho do museu.
No âmbito nacional, importa analisar alguns dados estatísticos de forma a verificar como se tem processado a evolução da oferta de museus em Portugal, a procura dos museus por parte dos visitantes e a atividade turística em contexto museológico.
De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), é evidente uma tendência para o aumento do número de museus 6 em Portugal. Mais concretamente, o número de museus em 2002 era de 246 e em 2007 de 292, o que evidencia um crescimento médio de 9 instituições por ano. É de destacar ainda o decréscimo que aconteceu em 2004, ano em que o número de instituições abertas foi de 258, menos duas que no ano anterior. O ano que registou o maior crescimento foi 2005, pois abriram 27 novos museus ou similares. Posteriormente, verificou-se um crescimento mais moderado, 6 em 2006 e apenas um em 2007, sendo este último número resultante do facto de os monumentos musealizados terem sido excluídos ou reclassificados para efeitos estatísticos.
No que diz respeito ao número de visitantes 7, podemos constatar que no período 2002-2004 não se verificou uma variação expressiva deste indicador. Em 2003 registou-se uma diminuição do número de visitantes (de -0,24 milhões), e a partir deste ano até 2006 é evidente um incremento das visitas aos museus. Em 2004, visitaram os museus portugueses cerca de 9 milhões de pessoas. O ano de 2006 corresponde ao maior número de visitantes, perfazendo um total de 10,32 milhões, mais 0,6 milhões do que no ano anterior. Em 2007 os números voltaram a descer, talvez por motivo da já referida exclusão e/ou reclassificação dos monumentos musealizados, tendo-se situado nos 9,97 milhões de visitantes.
Não é possível estabelecer uma relação direta entre o número de visitantes recebidos e o número de museus. No entanto verificam-se algumas semelhanças entre estes dados, pelo que, com o aumento da oferta museológica, aumentou também a procura destes produtos.
Em relação aos casos de estudo, apenas serão tratados os dados estatísticos relativos aos visitantes do Museu de Cerâmica e do Museu de José Malhoa, para se poder fazer uma comparação efetiva entre estes dois museus nacionais. Os quadros I e II (em anexo) apresentam os valores estatísticos referentes aos dois museus, organizados por anos e por meses, encontrando-se os valores dispostos por cores, sendo que os números de cor verde mais escuro correspondem aos meses com maior número de visitantes, os de cor vermelho mais vivo correspondem aos meses com valores de visitantes mais reduzidos, ao passo que os vários tons de amarelo correspondem aos meses com valores intermédios. Assim, verifica-se que os meses de maio a agosto são os meses com maior expressividade de visitantes em ambos os museus, sendo que o mês com mais visitantes recebidos nos dois museus é o mês de maio, com uma média de 2.831 visitantes no Museu de José Malhoa e de 2.278 visitantes no Museu de Cerâmica. O mês menos relevante em matéria de visitantes recebidos é para o Museu de José Malhoa o mês de dezembro, que tem uma média de 662 visitantes, e para o Museu de Cerâmica o mês de Janeiro com 516 visitantes em média. No entanto, verifica-se que os meses de Inverno são meses com menor quantidade de visitantes recebidos, com destaque para os meses de dezembro e janeiro.
O melhor mês do Museu José Malhoa foi junho de 1997, com um valor de 5.028 visitantes, ao passo que o pior mês foi dezembro de 2007, com apenas 153 visitantes. No Museu de Cerâmica o pior mês foi dezembro de 1996, mês em que a instituição não recebeu um único visitante, enquanto o melhor mês foi maio de 2006, com um total de 6.991 visitantes. Este valor anormalmente elevado de visitantes deve-se aos eventos realizados no museu no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus, que trouxe até a esta instituição cerca de dois mil visitantes num único dia. É também devido ao valor elevado de visitantes registados neste mês que se verificou o pico de visitantes em 2006 neste museu (figura I, em anexo).
A justificação para os valores bastante reduzidos do número de visitantes no Museu José Malhoa no período compreendido entre junho de 2006 e dezembro de 2008 prende-se com o facto de este museu ter encerrado para obras de requalificação, tendo passado a funcionar provisoriamente em instalações no Museu do Ciclismo. Com a reabertura da exposição no edifício do museu, os valores das estatísticas voltaram a atingir os valores de antes do seu encerramento para obras, prevendo-se que este ano o valor de visitantes supere mais uma vez os 20.000, uma vez que em apenas cinco meses (janeiro a maio de 2009) o número de visitantes ultrapassa já os 10.000.
A figura I, em anexo, contém informação sobre os totais anuais de visitantes acolhidos em cada museu (Museu de José Malhoa e Museu de Cerâmica), sendo possível verificar que na generalidade o Museu de José Malhoa recebe mais visitantes que o Museu de Cerâmica. Contudo, no período em que o primeiro esteve instalado provisoriamente no edifício do Museu do Ciclismo, o segundo obteve melhores resultados. Com a reabertura do edifício do Museu de José Malhoa, a situação parece estar a inverter-se novamente.

4. Conclusão
            Com esta reflexão pretendemos relacionar os conceitos de museologia e turismo, analisando as circunstâncias ligadas à prática turística no seu conjunto. A principal conclusão é de que turismo e museologia são hoje conceitos interdependentes em diversas áreas, existindo no entanto diferenças substanciais entre estas práticas, assim como alguns riscos, nomeadamente ao nível da sustentabilidade. O turismo, como sector em constante desenvolvimento, atua de diversas formas, procurando novas atividades, destinos e mercados, assumindo-se como polo de desenvolvimento local e regional.
O estabelecimento do museu como um produto turístico preferencial, na medida em que concentra a cultura de um povo, visa a assunção deste espaço como privilegiado para a prática de atividades de cultura e lazer. No panorama actual em que o turista cultural pretende conhecer mais e experienciar mais, o museu pode desempenhar um papel decisivo no que diz respeito à transmissão de conhecimentos e sensações, ao proporcionar um contacto mais ou menos directo com o património cultural.
            Aplicando ao território a análise das estruturas museológicas e da sua relação com o turismo, realizámos um estudo comparativo acerca dos museus da Região Oeste de Portugal, principalmente em Caldas da Rainha e Óbidos (Museus da Rede de Museus e Galerias de Óbidos, Museu de José Malhoa e Museu de Cerâmica), e verificámos de que forma se processa na sua generalidade a atividade dos museus, não só relativamente à organização da exposição e à protecção do património, mas também relativamente ao envolvimento da instituição com a comunidade, nomeadamente através do serviço educativo concretizado em atividades específicas para crianças, jovens e adultos, através de eventos pontuais que se realizam no seio do museu e que contribuem para o desaparecimento da imagem do museu como uma instituição fechada e que só serve para exposição de património.
            Assim, estes museus conseguem impor-se como espaços privilegiados para a prática do lazer, uma vez que possuem todas as potencialidades para proporcionar um afastamento efetivo do indivíduo em relação à sua rotina diária, trazendo-o a um ambiente educativo e de recreação que pode eventualmente vir a tornar a sua experiência marcante, sendo que o visitante, ao contactar com a arte e a cultura exposta, para além de ganhar novos conhecimentos, é remetido para outras realidades temporais às quais pertencem as peças em exposição, participando portanto em atividades lúdicas e de lazer.
           
Bibliografia e fontes
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– 24 Fevereiro 1934: “Mais ofertas têm chegado para o novo Museu “José Malhoa”.
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– 19 Maio 1934: “Em volta da inauguração do Museu José Malhoa na nossa cidade”; “A última grande alegria de Malhoa”.
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– 14 Julho 1934: “Três obras de Malhoa oferecidas ao nosso museu”.
– 28 Julho 1934: “Os artistas de todo o país continuam a oferecer para o museu”.
– 10 Novembro 1934: “O Nosso Museu será instalado dentro de 2 anos em edifício próprio”.
– 8 Dezembro 1934: “As dádivas do Dr. Teixeira Gomes entregues ao Museu Malhoa”.
– 27 Maio 1983: “Criado oficialmente Museu de Cerâmica”.
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– 2 Maio 2003: “Eduardo Constantino expõe “Variações em Vermelho” ”; “Criação da Rede Local de Museus assinala Dia Internacional”.
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– 24 Fevereiro 2006: “Uma viagem pelo Museu Municipal de Óbidos”.
– 17 Março 2006: “Dia Internacional da Mulher comemorado no Museu de Cerâmica”.
– 26 Maio 2006: “Duas mil pessoas comemoraram o Dia Internacional no Museu de Cerâmica”; “Filmes de animação no Museu Malhoa”; “Museu Malhoa celebra o Dia Internacional dos Museus”.
– 2 Junho 2006: “Apresentação de livro de glosas no Museu Malhoa”.
– 23 Junho 2006: “António Torrado apresenta o seu livro “O Mistério das Romãs” nas Caldas”.
– 7 Julho 2006: “Requalificação do Museu Malhoa ultrapassa os dois milhões de euros”.
– 28 Julho 2006: “A minha segunda casa…” de Cecília de Sousa no Museu de Cerâmica”.
– 25 Agosto 2006: “Bordalo Pinheiro inspira actividades culturais no Museu de Óbidos”.
– 24 Novembro 2006: “Seis autores caldenses em exposição no Museu de Cerâmica”.
– 8 Dezembro 2006: “Presépio de Armando Correia para conhecer no Museu de Cerâmica”.
– 22 Dezembro 2006: “A cidadania defendida por Agostinho da Silva”.
– 27 Abril 2007: “Câmara das Caldas compromete-se a comparticipar obras de ampliação do Museu de Cerâmica”.
– 6 Julho 2007: “Museu expõe escultura de D. Leonor”; “Museu de Cerâmica cativa miúdos e graúdos”.
Jornal das Caldas, vários artigos:
– 1 Junho 2005: “Comemorações no Museu de Cerâmica”.
– 20 Julho 2005: “Pianista Sequeira Costa encheu Museu José Malhoa”.
– 24 Agosto 200: “Ministra da Cultura inaugura exposição no Museu José Malhoa”.
– 21 Setembro 2005: “Museu da Cerâmica – Serviço Educativo”.
– 29 Agosto 2007: “Bichos do Bordalo à solta nos Jardins do Museu da Cerâmica”.
Tribuna do Oeste:
– 6 Abril 2001: “Este Museu tem de fazer a ligação à comunidade”.
. Folhetos
Museu de Cerâmica, Caldas da Rainha, IPM, 2001.
Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha, IPM, 2003
. Entrevistas
Entrevista realizada por Pedro Serra a Miguel Silvestre, técnico da Rede de Museus e Galerias de Óbidos em 2009/04/18.

1              A museologia é a ciência que estuda os museus. Trata as questões relativas à sua administração, manutenção e preocupa-se com as coleções e exposições dos museus, sublinhando a necessidade de preservação dos recursos patrimoniais. No panorama da museologia atual a administração do museu depara-se também com a programação de atividades de serviço educativo e eventos em que este possa estar envolvido.

2             Em 2011, foram contabilizados 362540 habitantes (mais 7.04% em relação a 2001). Caldas da Rainha e Óbidos apresentavam 51729 e 11772 habitantes, respetivamente, o que perfaz 17.5% do total da população residente do Oeste.

3             O referido setor representava 6.2% dos ativos com emprego em 2011.

4             Segundo os dados definitivos dos Censos 2011, esse indicador subiu para 66.7%.

5             Apesar da Lei 75/2013, de 12 de setembro, manteve-se a composição geográfica desta Comunidade.

6             O indicador utilizado pelo INE inclui “museus, jardins zoológicos, botânicos e aquários”.

7             O indicador utilizado pelo INE inclui os visitantes de “museus, jardins zoológicos, botânicos e aquários”.