Nascido no Espírito Santo, passou por Belo Horizonte, Recife e São Paulo, mas achou-se mesmo foi no Rio de Janeiro.
Carlos Drummond de Andrade, que também se “achou” no Rio disse uma vez que elementos típicos da crônica como sensualidade, ternura, tédio, poesia e humor podem ser “manipuláveis por qualquer um”. Mas, quando operados por um escritor como Rubem Braga, “formam um composto que até dispensa assinatura”. Rubem Braga é o cronista brasileiro por excelência; nos temas e na forma.
Realmente Rubem Braga é um caso único de autor que entrou para nossa história literária exclusivamente pela sua obra de cronista. Com uma visão entre lírica e irônica da vida, e um estilo admiravelmente dúctil e pessoal, logrou ele, como ninguém, dar nobreza literária ao gênero. Conferiu ele tanta nobreza ao gênero que este passou a ser tratado em condições quase iguais ao seu "irmão mais elevado", o conto. As crônicas de Rubem Braga são reconhecidas pela objetividade da linguagem. De maneira clara e espontânea, o escritor usava palavras simples e textos breves para fazer o leitor refletir sobre situações corriqueiras. Toda a sua produção é carregada de forte lirismo e relacionada ao compromisso inegociável com o transitório.
As temáticas trabalhadas por Rubem Braga cobrem o passado interiorano, em que conta como era a vida na cidade pequena do interior em comparação aos grandes centros onde morou; a luta contra a repressão getulista, em que rememora como eram as idas e vindas durante o Estado Novo e a luta pela liberdade política; a crítica social, em que fala sobre os conflitos entre os que nada têm e os mais privilegiados; a vida nas grandes cidades, obras em que expõem com bastante realidade a vida urbana do século XX.
É importante dizer: não foi Braga que inventou a crônica brasileira. Quando, em 1936, surge seu primeiro livro de crônicas, o gênero já tinha uma longa e fértil história nesse país. No entanto, na obra de todos os escritores citados acima, de José de Alencar a Antônio de Alcântara Machado, a produção de crônicas figura sempre como uma parcela de menor valor, como uma produção efêmera e secundária. Braga sempre escreveu de forma metalisguistica como nos mostra o trecho de sua crônica “A palavra”:
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito - como não imaginar que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta.
Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse, por acaso, ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa [...] (BRAGA, 1959)
Braga mostrou, pouco antes de sua morte, em sua coluna da Revista Nacional (1989), uma de suas facetas mais criticas sobre o ofício a que dedicou toda a vida, o de cronista:
Respondo que a crônica não é literatura, e sim subproduto da literatura, e que a crônica está fora do propósito do jornal. A crônica é subliteratura que o cronista usa para desabafar perante os leitores. O cronista é um desajustado emocional que desabafa com os leitores, sem dar a eles oportunidade para que rebatam qualquer afirmativa publicada. A única informação que a crônica transmite é a de que o respectivo autor sofre de neurose profunda e precisa desoprimir-se
En eumed.net: |
1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores) Este libro es producto del trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER). Libro gratis |
15 al 28 de febrero |
|
Desafíos de las empresas del siglo XXI | |
15 al 29 de marzo |
|
La Educación en el siglo XXI |