ANÁLISE DOS ASPECTOS DE REPRESENTAÇÃO, AUTO-REAPRESENTAÇÃO, NARRATIVIDADE E MARGINALIDADE NA CRÔNICA BRASILEIRA

Cleber José De Oliveira

4.3 – Rupturas e continuidades entre o narrador moderno e o pós-moderno

Vimos anteriormente que a sociedade pós-moderna, diferentemente da moderna, se caracteriza pela fragmentação das narrativas e pelo descentramento do narrador (Cf. SANTIAGO, 2002). Esse pensar, sobre a sociedade atual e suas produções literárias, é compartilhado também por outros teóricos como Bosi, vejamos o quê o mesmo diz sobre isso:

As narrativas deste fim de milênio parecem ter cortado as amarras que a pudessem atar a qualquer ideal de unidade, quer ético-político, quer mesmo estético, no sentido moderno de construtivo de um objeto artístico. Muitos dos seus textos encenam o teatro da dispersão pós-moderna e suas tendências centrífugas: atomizam-se motivos, misturam-se estilos e as sensibilidades mais agudas expõem ao leitor a consciência da própria desintegração, em face desse quadro, impensável sem a aceleração dos processos modernizantes do capitalismo e da indústria cultural (BOSI 2000, p. 488)

        Esgotada a análise, notemos como se manifestam, dentro das crônicas analisadas, o narrador pós-moderno evidenciado por Santiago em oposição ao narrador clássico de Benjamim. Observemos as características encontradas:

 

 

O narrador em ‘O padeiro’

 

O narrador em ‘Provocações’

 

*Narra a partir de experiências  vividas, próprias;
*Prioriza a experiência proporcionada   por uma ação  autêntica;
*Narraria mergulhado nas próprias experiências;
*Demonstra, às vezes, um envolvimento, uma empatia  com a personagem;
*Existi uma pretensão de transmitir um ensinamento,seja social, cultural, ético-moral. Com isso, se colocaria
como alguém que sabe dar conselhos;
*Utiliza a linguagem para tecer uma ação “verídica”, vivida por ele.

 
*Narra a partir da observação das experiências vividas pelo outro;
      *Apresenta um movimento de
 rechaço e distanciamento em   
 relação  ao narrador clássico         
  caracterizado por Benjamim;
*Prioriza a experiência proporcionada           por um olhar lançado;
*Narrador que olha para se informar e daí então escreve para informar seu leitor;
 *O que transmite um saber decorrente da observação de uma vivência alheia;
*Puro ficcionista, pois entende que  o “real” e o “autêntico” são construções de linguagem.

 

        
            O quadro nos permite observar a presença de características diferentes entre os narradores, em uma e outra crônica. É possível identificar alguns aspectos do narrador clássico na crônica de Braga (este produziu crônicas entre as décadas de 50 e 80); e do narrador pós-moderno na crônica de Veríssimo produzida anos 90. Isso nos leva a pensar que o movimento de transição da vida moderna para a vida pós-moderna provocou mudanças nas relações de comunicação (Cf. BAKHTIN, 1992).
            Daí, portanto, pode-se dizer, então, que a crônica brasileira mudou. Essa mudança,se deu principalmente em relação à sua estrutura e ao seu suporte, ficou mais dinâmica e ainda mais híbrida. Tudo para se adaptar as múltiplas linguagens decorrentes da vida contemporânea.

Volver al índice

Enciclopedia Virtual
Tienda
Libros Recomendados


1647 - Investigaciones socioambientales, educativas y humanísticas para el medio rural
Por: Miguel Ángel Sámano Rentería y Ramón Rivera Espinosa. (Coordinadores)

Este libro es producto del trabajo desarrollado por un grupo interdisciplinario de investigadores integrantes del Instituto de Investigaciones Socioambientales, Educativas y Humanísticas para el Medio Rural (IISEHMER).
Libro gratis
Congresos

15 al 28 de febrero
III Congreso Virtual Internacional sobre

Desafíos de las empresas del siglo XXI

15 al 29 de marzo
III Congreso Virtual Internacional sobre

La Educación en el siglo XXI

Enlaces Rápidos

Fundación Inca Garcilaso
Enciclopedia y Biblioteca virtual sobre economía
Universidad de Málaga