ENERGIA, ECONOMIA, ROTAS TECNOLÓGICAS. TEXTOS SELECIONADOS
Yolanda Vieira de Abreu y otros
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Ao contrário da lenha dita comercial, ou seja, aquela que transita legalmente no circuito fiscal, largamente utilizada na indústria e setor comércio/serviços, a lenha consumida nos domicílios, principalmente rural, carece totalmente de uma contabilidade confiável. Assim sendo, sua estimativa deve ser realizada de forma indireta, a partir de informações relacionadas com o objeto do trabalho, levantadas de preferência por algum órgão ou instituição que divulgue dados estatísticos confiáveis. Neste caso, os dados são da POF/IBGE – Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, usualmente utilizados para a composição oficial dos índices econômicos e sociais. Essa pesquisa realizada por amostragem, aproximadamente a cada seis anos, faz um levantamento nacional minucioso das despesas mensais médias das famílias urbanas e rurais. Infelizmente, a lenha não é um item levantado nessa pesquisa. Entretanto, o gás doméstico comparece como um item dessas despesas e através do seu preço regional é possível transformá-lo em unidade física e, portanto, passível de uso na estimativa da energia necessária para cocção nos domicílios.
8.2.1. Hipóteses adotadas
A hipótese básica adotada nos cálculos é a de que o consumo de lenha residencial se dá apenas para cocção e apenas nos domicílios rurais e sua utilização se dá em concorrência direta com o gás doméstico, no caso o GLP – Gás Liquefeito de Petróleo, distribuído em botijões de 13 kg. O consumo de lenha para aquecimento (ambiental e água) é estimado a partir dessa lenha para cocção e será explanado adiante. As informações sobre o consumo de gás doméstico (GLP) são obtidas da POF 2002 e POF 2008. As demais hipóteses assumidas são as seguintes:
• A necessidade de energia útil, aquela efetivamente utilizada, independentemente da fonte energética, para cocção por domicílio é igual, tanto para residências urbanas, quanto para as rurais, na respectiva região brasileira, em 2002.
• O cálculo dessa energia útil por domicílio é obtido a partir do consumo de GLP em residências urbanas, em fogões com a eficiência de 30% e a fonte de informação é a POF 2002. O motivo da não utilização da POF 2008 para o cálculo da energia útil urbana é devido ao fato de uma grande mudança de hábitos urbanos referentes à alimentação observada no período 2002/2008, mudança essa não observada no meio rural.
• A necessidade de energia útil para cocção, por domicílio rural, no caso igual à urbana, é suprida pelo GLP e pela lenha. A eficiência do fogão à GLP, igual à urbana, é de 30% e a do fogão à lenha é assumida com sendo de 8%.
• A necessidade mensal da lenha para cocção (em kg/domicílio) como fonte de energia é, portanto, obtida como uma necessidade complementar ao gás doméstico nas residências rurais. Entretanto, um fato foi amplamente observado nas pesquisas do IEE/USP (op. cit.): a utilização dessa lenha é realizada de forma extremamente perdulária, isto é, o fogão a lenha praticamente fica em stand by durante o dia todo e intensificado seu uso no horário das refeições. Além disso, sua utilização é também para aquecimento de água para banho e em alguns lugares para aquecimento ambiental. Por estes motivos, o consumo médio mensal total da lenha nos domicílios rurais foi estimado como sendo de três vezes o valor obtido para a cocção.