BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

ENERGIA SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

Yolanda Vieira de Abreu y otros




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8.3.2 Terminologia

Para o entendimento mais adequado do conceito de GD, é inafastável a necessidade de se analisarem as origens dessa expressão nos dois idiomas de interesse: a língua inglesa — a de maior influência no mundo — e a língua portuguesa — a utilizada neste trabalho.

Conforme pode ser facilmente observado na literatura especializada da área em língua inglesa, a expressão distributed generation é também denominada on-site generation, dispersed generation, embedded generation, decentralized generation, decentralized energy, distributed energy e micropower, sendo que cada autor atribui a cada expressão o significado que julga mais adequado ao contexto relativo ao trabalho desenvolvido, não havendo consenso com relação a essa terminologia. Avaliando-se essas expressões do ponto de vista da língua inglesa , descortinam-se as semelhanças e as diferenças existentes na mensagem lingüística com elas envolvida.

A expressão on-site generation traz a idéia de uma geração local, que ocorre no local em que as pessoas trabalham ou exercem alguma atividade em particular, não indicando formalmente o consumo local da geração lá ocorrida nem permitindo considerar a possibilidade da existência de geração nas proximidades do local em que as pessoas necessitam da energia. Desse modo, on-site generation — ou geração in loco ou geração in situ — não é adequada para servir, nesse contexto, como expressão sinônima de distributed generation.

A expressão dispersed generation, utilizada na América do Norte, segundo El-Khattam e Salama (2004), por sua vez, traz a idéia de uma geração que foi espalhada, tornada dispersa, dispersada em todas as direções, até mesmo distribuída amplamente, porém sem a incorporação de critério de ordenação, dando a nítida impressão de fora de ordem, de desarrumação, e não de algo feito com planejamento e objetivos definidos. Ademais, alguns autores, como Willis e Scott (2000) utilizam dispersed generation como caso particular de distributed generation, não sendo, portanto, aquela adequada para, nesse contexto, servir como expressão sinônima desta. No Brasil, há autores que utilizam a expressão geração pulverizada para representar a mesma idéia da utilização dada por Willis e Scott (2000).

O local de utilização da expressão embedded generation encontra opiniões divergentes: segundo El-Khattam e Salama (2004), ela é utilizada em países da América do Sul; segundo Ackermann, Andersson e Söder (2001), ela é utilizada em países anglo-americanos. Não obstante essa divergência, essa expressão traz a idéia de uma geração incrustada, embutida, inserida por tempo indeterminado como parte integrante de algo. Considerando-se este algo a sociedade, falta ainda, à expressão, a indicação de localização da geração. Se este algo for o sistema elétrico tradicional, falta, à expressão, considerar a possibilidade da utilização da geração desconectada desse sistema. Então, embedded generation não é adequada para servir, nesse contexto, como expressão sinônima de distributed generation.

A expressão decentralized generation, utilizada na Europa e em alguns países asiáticos, segundo El-Khattam e Salama (2004), traz a idéia de oposição a centralized generation, designação feita à forma de geração dos sistemas elétricos tradicionais, já discutida anteriormente. Então, mesmo nos sistemas elétricos tradicionais, a expressão centralized generation deve ser utilizada com reserva, pois, de fato, a geração aqui referida não é centralized de modo absoluto, mas, sim, relativo. Com isso, pode-se constatar que, nos sistemas elétricos tradicionais, a geração é, de fato, simultânea e parcialmente centralized e decentralized. Considerando que a expressão distributed generation não pretende designar um tipo de geração que se contrapõe à geração tradicional, a expressão decentralized generation não é adequada para servir, nesse contexto, como expressão sinônima de distributed generation. Cabe aqui destacar, como exemplo, o texto da União Européia que utiliza a expressão decentralized generation e a correspondente sigla DG (5th Research Framework Programme of the European Union, 2002).

As expressões decentralized energy e distributed energy trazem o termo energy em substituição ao termo generation das expressões anteriores. Isso significa que elas invocam as idéias de energia descentralizada e de energia distribuída, bem diversas da idéia trazida por distributed generation porque, como é fácil constatar, não se pode utilizar energy como sinônimo de generation, conceitos tão distintos nessa área de especialidade. Desse modo, as expressões decentralized energy e distributed energy não são adequadas para servirem, nesse contexto, como expressões sinônimas de distributed generation.

A expressão micropower, utilizada por Dunn e Flavin (2000) e por Dunn (2000), traduzida para a língua portuguesa pela Editora Universidade Livre da Mata Atlântica (UMA) como microenergia, traz a idéia simples de uma quantidade muito pequena de potência ou energia elétrica, não avançando em aspectos como localização geográfica ou indicação de se tratar de geração ou de consumo. Então, micropower não é adequada para servir, nesse contexto, como expressão sinônima de distributed generation.

A expressão distributed generation (DG) é, na realidade, uma expressão simplificada, com supressões feitas na expressão mais completa distributed electric power generation. Haja vista que, nesse contexto, o termo electric é, de certa forma, redundante ao termo power, muito utilizado para designar electric power, a expressão completa fica reduzida para distributed power generation, que nomeou a obra de Willis e Scott (2000). Todavia, no contexto mais amplo dos sistemas elétricos de potência, esta última expressão ainda pode ser simplificada para distributed generation, pois o termo generation é amplamente conhecido, definido, aceito e consolidado, não havendo, com relação a ele, maiores apresentações e(ou) comentários a serem feitos. Resta, então, a análise do termo distributed. Particípio passado do verbo distribute, o termo distributed qualifica o termo generation, acrescentando-lhe a idéia do modo, de forma. Então, a expressão distributed generation traz a idéia de geração de energia elétrica que ocorre de forma distribuída, sendo que o contexto permite inferir que se trata de distribuição geográfica, espacial. Em razão disso tudo, a expressão mais adequada para a representação que se deseja é distributed generation.

Conforme foi dito anteriormente, é necessária a avaliação da expressão em tela em língua portuguesa. Considerando-se que algumas das palavras utilizadas nesta área estão presentes na fala e na escrita comum das pessoas, é necessário que se faça, aqui, a diferenciação adequada entre o léxico comum e o léxico especializado . Essa diferenciação facilitará a leitura deste texto, pois reduzirá as ambigüidades associadas ao uso conjunto dos dois léxicos citados anteriormente.

A expressão geração distribuída advém da expressão de língua inglesa distributed generation, traduzida literalmente. Segundo Houaiss (2001) e Ferreira (2004), o polissêmico verbo distribuir aceita as seguintes acepções, entre outras: (a) entregar uma parcela (de algo) a diversos receptores; (b) dispor espacialmente (algo) de acordo com determinado critério, princípio etc.; (c) repartir, dividir; (d) desferir, lançar em diversas direções; (e) enviar para diferentes direções; espalhar. Essas acepções remetem a duas idéias opostas de distribuição: uma tem o ponto de vista do receptor, daquele que recebe o que é distribuído, como seria o caso do assinante de um jornal que ele recebe em domicílio ou mesmo do consumidor residencial de energia elétrica — acepção (a); a outra tem o ponto de vista de se distribuir a origem, a fonte, do que é distribuído — acepção (b). As outras três acepções servem igualmente bem às duas idéias. Na idéia original da expressão distributed generation, o que se pretende distribuir é a fonte de energia elétrica, a geração, e não a energia elétrica. Logo, deve prevalecer aqui a segunda idéia apresentada.

Com base nessa argumentação, conclui-se que a tradução direta para a língua portuguesa da expressão original distributed generation é integralmente adequada à representação da mensagem lingüística por ela trazida: geração distribuída.

Entretanto, há textos em língua portuguesa em que se pode verificar a utilização da expressão geração distributiva, como, por exemplo, em Aldabó (2004) e em Rifkin (2003). Segundo Houaiss (2001) e Ferreira (2004), o verbete distributivo aceita, no caso, as seguintes acepções: (a) relativo a distribuição; (b) que indica distribuição; (c) que distribui. Conforme se pode observar, as duas primeiras acepções são suficientemente genéricas para não permitirem melhores conclusões quanto ao uso correto do verbete. A última acepção adere à idéia vinculada ao ponto de vista do receptor, já descrita, oposta ao que se pretende para a expressão original. Se a idéia a ser representada fosse de uma geração distributiva, que distribui, ela distribuiria energia, e, então, não seria necessária uma nova expressão para designar algo que os sistemas elétricos convencionais fazem desde a sua origem: distribuir energia elétrica de alguns pontos de geração a muitos pontos de consumo. A partir disso, conclui-se que não há respaldo lingüístico para a utilização da expressão geração distributiva em substituição à expressão original distributed generation. Desse modo, apesar de possuírem grafias bastante semelhantes, as expressões geração distributiva e geração distribuída não são, de fato, sinônimas, pois carregam mensagens lingüísticas diferentes, razão pela qual, neste trabalho, apenas será utilizada, doravante, a expressão geração distribuída.


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