BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales


INFRA-ESTRUTURAS EM ENERGIA E TRANSPORTES E CRESCIMENTO ECONÔMICO NA CHINA

Elias Marco Khalil Jabbour



Esta página muestra parte del texto pero sin formato.

Puede bajarse el libro completo en PDF comprimido ZIP (209 páginas, 1.40 Mb) pulsando aquí

 

 

I.1.3.4 – Desenvolvimento do oeste: questão estratégica e mercado potencial

O desenvolvimento do oeste da China é questão estratégica para a consolidação do poder do PCCh e a manutenção da estabilidade social via aumento do consumo das massas camponesas residentes no país e, conseqüentemente, no oeste.

Tais desigualdades têm raiz e são herança das épocas anteriores à proclamação da República Popular da China (1949), marcadas, sobretudo durante o século XIX, pela utilização das franjas litorâneas por parte dos imperialismos inglês e japonês para o embarque de matérias-primas provenientes do interior e pelas incipientes instalações de indústrias manufatureiras de Xangai e Guangzhou, que ajudaram a demarcar a linha da desigualdade facilmente perceptível entre um litoral rico e um interior pobre 34.

Durante o período maoísta, ao lado do caráter desenvolvimentista, empregado no sentido de reduzir tais desigualdades, o jogo geopolítico, fator objetivo, colaborou para a diminuição das desigualdades regionais: como sabemos, a República Popular da China teve assento garantido na ONU apenas no ano de 1971, o que a fez viver por 22 anos num isolamento diplomático, agravado em 1962 pelo rompimento com a URSS. Isso levou as autoridades chinesas a transferirem as unidades industriais chinesas para o interior a fim de diminuir a vulnerabilidade do país a ataques do exterior. E nesta idéia estava incutida a necessidade de “auto-suficiência” regional, reproduzindo, ao nível das províncias, a ideologia das comunas, segundo a qual, no mesmo locus teria lugar a terra, a indústria, a escola, a creche, o hospital etc. A tabela abaixo sintetiza a prioridade dada durante o período maoísta ao desenvolvimento do centro-oeste do país.

A mudança dessa política de privilégio à questão regional (leia-se auto-suficiência) – privilégio este que não teve nada de equivocado, como muitos autores preferem colocar – teve, assim como a maioria dos processos na China, uma forma gradual, na medida em que o eixo do desenvolvimento passou a ter seu centro de gravidade no delta do Rio das Pérolas (fronteira entre Hong-Kong e a província chinesa de Guangdong) e no fato de as ZEE’s gozarem de incentivos fiscais para sua instalação; porém, o oeste do país ainda se desenvolvia (1978 a 1992) a taxas não menores que as verificadas no leste do país, potencialmente por conta do aumento dos rendimentos agrícolas e da transferência de renda de populações interioranas trabalhando nas ZEE’s às suas zonas de origem.

No que concerne ao aumento das diferenças entre o litoral e o interior da China na década de 90, podemos identificar no fim das duplas políticas cambial e tributária a raiz de tal mudança, pois ainda os IDE’s continuaram a buscar as regiões litorâneas do país, apesar de em 1992 a abertura ter sido levada a 30 províncias que foram autorizadas a formular suas próprias políticas de abertura; entre elas mais de 2.000 zonas abertas 35.

Apesar do aumento das disparidades regionais na citada década, a Região Autônoma de etnia uigur do Xinjiang, por exemplo – fronteiriça com Rússia, Índia, Cazaquistão, Tadiquistão, Mongólia, Afeganistão e Paquistão –, em 22 anos, conheceu progresso vertiginoso com o aperfeiçoamento de sua infra-estrutura a partir do desenvolvimento tecnológico, possibilitando-lhe otimizar a descoberta e conseqüente extração de petróleo e gás natural (estima-se que 25% das reservas em petróleo e gás da China encontram-se ali e que suas reservas de gás são suficientes para abastecer Xangai por 30 anos). Enormes somas foram investidas pelo governo central em 23 rodovias, sendo 11 delas interprovinciais, somando 33.020 km de estradas abertas, com 25.200 deles construídas nos últimos 22 anos 36.

Atualmente, Xinjiang possui 6 cidades abertas, que contam com 113 empresas investidoras oriundas de Hong-Kong e 14 de Taiwan. Essa região autônoma mantém relações comerciais com 73 países do mundo, e seus produtos mecânicos gozam de enorme prestígio no mercado internacional e são essenciais para a reestruturação energética de substituição do petróleo por gás natural – fonte de energia limpa e barata.

Sob o ponto de vista da teoria, podemos visualizar um anteparo a essa política, que Deng Xiaoping reiteradamente classificou como “deixar que algumas regiões cresçam primeiro, para depois alcançar o crescimento comum”. No campo da especulação, o fato de as províncias litorâneas estarem com alto índice de liquidez leva, a partir de uma política estatal voltada ao desenvolvimento do oeste, a gerir políticas de transferência de renda e tributos para as regiões mais pobres do país.

E é nesse contexto de complementaridade regional que esse país aposta nas próximas décadas: o litoral rico do ponto de vista financeiro e comercial é pobre em recursos energéticos, já o oeste é rico em recursos energéticos – ele detém 52% das fontes energéticas do país, incluindo aí o 2º maior potencial hidrelétrico do mundo (o 1º é o Brasil), situado no curso baixo do rio Yang-tsé (onde está em construção a Usina de Três Gargantas). Tal linha tem, entre outros pilares, a dinamização dos recursos de cada província que, cada uma à sua maneira, ajude no fomento ao desenvolvimento do centro dinâmico da economia chinesa ao mesmo tempo em que se desenvolva, abrindo “portas” da China para Ásia Central, Oriente Médio, Ásia Menor e Europa 37.


Grupo EUMEDNET de la Universidad de Málaga Mensajes cristianos

Venta, Reparación y Liberación de Teléfonos Móviles
Enciclopedia Virtual
Biblioteca Virtual
Servicios