INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

INTRODUÇÃO A EPISTEMOLOGIA DA CIENCIA

Christian José Quintana Pinedo(CV)
Karyn Siebert Pinedo (CV)

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2.1.2 Qual o paralelo entre a ciência antiga e a moderna?

Suponho que a diferença que pode haver entre a ciência do passado e a de hoje é talvez a diferente maneira de encarar a interação entre o observador e a coisa observada. O pressuposto básico do método de observação consagrado no passado, e ainda vigente até hoje em certos círculos científicos de orientação filosófica materialista, é a independência entre sujeito e objeto, isto é, que o pesquisador não influi no resultado da experiência. Entretanto, já se admite hoje, na moderna física quantística, o princípio da incerteza, enunciado por Heisenberg, que afirma que:

“ não podemos definir com exatidão as propriedades de um fenômeno pois é impossível afastar a interação do objeto com o observador”.

Para compreendermos isto, é necessário levar em consideração a concepção Ubaldista de que o nosso Universo se individua por unidades trinas em que a substância universal se apresenta sob três aspectos: matéria, energia e pensamento. Sob o ponto de vista estático o Universo é um organismo, um vir-a-ser no aspecto dinâmico e um organismo de princípios e leis no seu aspecto conceptual. O Universo está em transformação contínua, passando por evolução de uma fase a outra: da matéria a energia e desta ao pensamento.

Estas três fases representam diferentes níveis evolutivos da substância, constituindo assim um sistema hierarquizado em que a fase pensamento supera a fase energia e esta a fase matéria. Cada uma destas três fases da substância é marcada por uma dimensão própria que estabelece os seus limites. Assim a matéria tem como sua dimensão o espaço, a energia, o tempo e o pensamento, a consciência. Existe uma hierarquia entre os três termos: espaço, tempo e consciência.

A consciência supera o tempo (podemos pensar em termos de passado, presente e futuro) e este supera o espaço (pelo movimento); explica-se assim como a dimensão superior influi e domina a inferior, e não ao contrário. Tudo é individuado no Universo, sendo que cada individuação é trina e, em conseqüência, os três aspectos da substância estão soldados numa mesma unidade orgânica indissolúvel.

Estas individualidades se reagrupam em unidades maiores para compensar e equilibrar o processo separatista da individualização, constituindo assim um todo orgânico unitário que se reduz a um monismo universal que abarca tudo o que existe. Sob uma visão monista é, pois, um absurdo tentar isolar um determinado aspecto da substância, para evitar sua interação com outro aspecto dessa mesma substância, já que estes aspectos fazem parte de um organismo único e indivisível. Assim se vê com clareza, numa visão cosmológica, a impossibilidade de separar o observador da coisa observada.