O TURISMO RURAL: INSTRUMENTO PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Luziana da Silva Sousa

 

O Turismo Rural e o Semi-Árido Brasileiro

É de domínio público a importância do setor turístico para a economia mundial, nacional, regional e municipal. Sabe-se também que o aperfeiçoamento do setor turístico deve-se há décadas de estudos voltados ao planejamento de sua estruturação. Pioneiros no setor, os europeus desenvolveram uma grande diversidade de segmentos, como o turismo de montanha, o turismo cultural, o turismo de eventos, o turismo de negócios, o agroturismo, o ecoturismo e todos eles voltados para a prática do turismo no meio rural.

Para que o turismo se desenvolva de forma integrada aos outros setores da economia, o seu planejamento deve conter estrutura sistêmica (Bem, 1997), possuindo conteúdo social, sem comprometimento da realidade paisagística e cultural local, garantindo a descentralização política e econômica dentro de um modelo de desenvolvimento auto-sustentável.

Turismo não é, necessariamente, apenas praia. Em um estado de vocação eminentemente agrária, não é de se estranhar que o turismo rural venha conquistando espaço entre as pessoas que querem - e muitas vezes precisam - se distanciar um pouco do estresse das grandes cidades. Uma grande oportunidade para quem deseja vivenciar a tradicional vida no campo. Não dentro de um hotel-fazenda, mas nas dependências de uma autêntica fazenda de gado ou de um secular engenho de cana-de-açúcar.

O semi-árido brasileiro tem demonstrado grandes valores culturais para a implantação desse segmento como forma de economia regional. Como o próprio nome sugere o semi-árido é uma região cujo clima se caracteriza pela quase aridez, Ou seja, meio caminho entre regiões férteis e as regiões de deserto. Mas o semi-árido do Nordeste brasileiro tem características muito especiais. Não apenas é um dos maiores do mundo, como é o semi-árido mais populoso do planeta. O Nordeste brasileiro que tem em seu contexto, situações climáticas e solos bastante diferenciados. Criar um modelo de convivência centrado na auto-sustentabilidade e garantindo emprego e renda para todos os sua população que moram no meio rural é de maior significado para a manutenção do povo nordestino nessas áreas.

O Semi-árido nordestino é especial, pois mesmo sendo o mais populoso do mundo, é também o que mais chove e o que mais tem água subterrânea, dispondo inclusive, de inúmeras áreas de grandes potencialidades produtivas, das quais o Banco do Nordeste já destacou li pólos de desenvolvimento capazes de se viabilizarem e espalharem ondas de otimismo capazes de mudar a face da região. As soluções tecnológicas seja no campo da agricultura irrigada, seja na exploração de plantas e animais adaptados ao clima da região, são muitas, estão testadas e comprovadas, podendo ser melhoradas através de pesquisas e democratizadas através da difusão tecnológica.

Vale salientar que o semi-árido brasileiro é único no planeta na medida em que é tropical e, totalmente, drenado para o Oceano Atlântico. Observe-se que dos 2/3 das terras áridas e semi-áridas do mundo, apenas, o semi-árido brasileiro é tropical e adjacente aos climas equatorial e tropical úmido. Todos os demais são subtropicais e temperados. Esta é, sem dúvida, uma grande diferença geoclimática a nível mundial. Tudo isso faz o semi-árido brasileiro tomar-se um atrativo especial para turistas empenhados em conhecer a cultura, a região e os valores nordestinos,

SEABRA (1997) relata que o turismo rural envolve alternativas econômicas para o semi-árido nordestino, com aquecimento da cadeia produtiva, tendo como base a descoberta e identificação dos atrativos turísticos, sem que haja descaracterização da paisagem sertaneja e nem a perda da identidade cultural do homem do campo. Outro aspecto importante é a revitalização do padrão arquitetônico urbano, a limpeza das cidades e a revalorização das feiras livres, onde o artesanato e a própria culinária local servirão como incentivo cultural e econômico.

Deste modo é idealizada uma nova modalidade de turismo alternativo de custos reduzidos, uma vez que os recursos turísticos já se encontram no local. Por outro lado, a mão-de-obra é formada pelo próprio homem sertanejo e sua família. Estes são os marcos conceituais que definem o turismo rural, uma modalidade de turismo que se caracteriza por ser uma atividade de lazer interativa com a paisagem interiorana, onde estão presentes o quadro natural, a cultura local e a participação integrada da comunidade residente.

De base fundamentalmente social, o turismo sertanejo tem um perfil agroturístico e cultural, possibilitando ao turista vivenciar experiências participativas em meio à paisagem sertaneja, deleitando-se com as apresentações folclóricas e culturais. Além do mais, o turista é acomodado em pequenas unidades hoteleiras familiares, nos pequenos centros urbanos e no campo, onde os hábitos simples de vida são um elemento a mais na paisagem, proporcionando descanso, lazer e crescimento pessoal ao visitante.

O cenário para o desenvolvimento desses recursos turísticos, como ressalta SEABRA (1997), deve resultar, necessariamente de um esforço conjunto entre os órgãos oficiais federais e estaduais, prefeituras, universidades, empresários, trade turístico e a mídia, cuja troca de experiências possibilitará o resgate da auto-estima do homem do sertão, bem como ascensão social através do incremento na produção econômica local.


Google
 
Web eumed.net

  Volver al índice de O TURISMO RURAL: INSTRUMENTO PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Volver a "Libros Gratis de Economía"

Volver a la "Enciclopedia y Biblioteca de Economía EMVI"