Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Luziana da Silva Sousa


 

Turismo rural como alternativa para o desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Entre muitas regiões do Brasil que se caracterizam pela riqueza do patrimônio cultural é necessário compreender a singularidade da Paraíba, pois é uma região viável para a consolidação de políticas e investimentos na preservação do patrimônio e na manutenção da identidade cultural. A globalização se consolidou em algumas cidades que ainda mantêm as tradições da cultura e a exuberância do meio ambiente.

Como podemos observar no mapa no Anexo 1, a Paraíba caracteriza-se por sua localização geográfica na porção oriental do nordeste brasileiro, estende-se de leste a oeste entre o Atlântico e a fronteira com o Estado do Ceará, ao sul com Pernambuco e ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte.

A Paraíba tem hoje nas mãos um imenso potencial ainda pouco explorado numa área de atividades que já demonstra grande importância econômica: o turismo. O clichê diz que o setor é uma vocação natural em todo o Estado, mas a verdade é que historicamente a sociedade sempre deu pouca importância ao seu desenvolvimento. Ainda assim, o turismo vem apresentando resultados importantes nos últimos anos, contribuindo para o crescimento da economia, o desenvolvimento regional e a geração de emprego e renda. (SEBRAE, 2006)

O Estado possui 223 municípios, que na sua maioria possui vocação turística nos critérios ou moldes da EMBRATUR, a partir de atrativos naturais, culturais, históricos, sem se falar naqueles que podem ser objetos de turismo de aventura, ecoturismo e até o agroturismo. Contribui, para tanto, a grande biodiversidade não somente de sua flora, mas também, da sua fauna que vai desde belíssimas praias e dunas litorâneas, passando pela mata atlântica, cerrados e campos, e diferentes e especificas paisagens semi-áridas (caatinga, seridó, etc.).

O impacto do turismo sobre a economia é inegável. Além do óbvio estímulo a atividades típicas do setor - como hotelaria, restaurantes, agências, feiras e eventos, operadores e toda a cadeia de mão-de-obra envolvida nesses negócios -, a movimentação de turistas pelo Estado estimula o consumo de uma série de outros produtos e serviços tipicamente regional.

De acordo com Lima (2004), existem possibilidades de ampliar e diversificar as atividades no meio rural paraibano, sobretudo com o turismo, atividade que vem se desenvolvendo bastante não apenas o turismo litorâneo, mas também o sertanejo, desde que se formulem políticas de desenvolvimento rural centradas nas potencialidades de cada localidade. Exemplificando, no Agreste do estado (onde está localizada a região do Brejo Paraibano, um dos maiores do Nordeste), a paisagem serrana e o clima ameno favorecem o desenvolvimento do turismo.

Dado ao seu caráter natural, cultural e paisagístico, o turismo rural insere-se na perspectiva desenvolvimento e preservação ambiental das áreas interioranas do da Paraíba. Seguindo no contra-fluxo do modelo economicamente concentrador que vigora no Estado, o turismo rural prioriza a capacidade de suporte dos sistemas naturais e, ao mesmo tempo, incentiva o desenvolvimento sustentável dos sistemas econômico - sociais.

Os municípios em que o processo de industrialização e modernização não se consolidou, apresentam espaços propícios para o desenvolvimento do turismo rural sustentável. Instituições como o SEBRAE e algumas Ongs têm contribuído com o desenvolvimento da ocupação ordenada da área rural, através de empreendimentos turísticos.

A Paraíba é uma região bem-sucedida em se tratando de turismo. Além de suas belas e atraentes praias, conta também com as belezas das áreas rurais, que abrange desde o próprio litoral até o semi-árido. O semi-árido paraibano demonstra grandes valores culturais para implantação desse segmento como alternativa para o desenvolvimento da economia regional. Como o próprio nome sugere, o semi-árido é uma região cujo clima se caracteriza pela quase aridez. Mas o semi-árido da Paraíba possui características especiais, pois possui em seu contexto, situações climáticas e solos bastante diferenciados.

O Estado é formado por municípios que promovem o turismo rural como forma de desenvolvimento econômico regional. Para se ter exemplos, o Agreste paraibano compreende os municípios de Campina Grande, Ingá, passando também pelo Brejo alcançando os municípios de Areia, Araruna, Bananeiras, Alagoa Grande entre outros tantos municípios que possuem, da mesma forma, um grande potencial turístico em suas áreas.

Campina Grande é uma das cidades mais desenvolvidas do nordeste, muito visitada por estar situada no Planalto da Borborema e pelas suas manifestações culturais, como a Micarande e o Maior São João do Mundo. Quem passa por Ingá sempre aprende um pouco mais, já que a cidade guarda sítios arqueológicos com inscrições rupestres considerados o mais antigo no Nordeste, o de Itacoatiaras.

Ainda, Areia é conhecida por seu Festival da Cachaça e Rapadura, por sua beleza natural e por suas construções históricas, cujos prédios são tombados pelo patrimônio histórico nacional. Araruna, por sua vez, têm vocação para o turismo esportivo, rural e ecológico, propiciando a prática dos esportes radicais além de apreciar as belas paisagens. O turista que passar por Alagoa Grande se depara com vários atrativos: prédios históricos, trilhas e cachoeiras entre outros.

Seguindo, rumo ao Cariri, região que mais se desenvolve no Estado, encontra-se o município de Cabaceiras onde encontram-se morros de granito, pequenos lagos e grandes blocos rochosos formando cavernas e outras formações geológicas como o Lajedo do Pai Mateus. A cidade de Boqueirão é outra situada no Cariri que está em ascensão turística. Dois hotéis foram reabertos recentemente, e a intenção dos governos estadual e municipal é transformar Boqueirão em atração turística. A cidade tem o artesanato das redes, tem o pôr-do-sol no açude Epitácio Pessoa e a culinária regional.

No Sertão da Paraíba, formado principalmente pelos municípios de Patos, Sousa, Cajazeiras, entre outros, traz em sua essência um local rústico de belas paisagens e importantes patrimônios históricos. O município de Sousa, assim como Ingá, guarda importantes sítios arqueológicos, dentre eles o Vale dos Dinossauros com pegadas pré-históricas de cerca de 130 milhões de anos.

Criar um modelo de convivência centrado na auto-sustentabilidade e garantindo emprego e renda para todos que moram no meio rural é de grande significado para a manutenção do povo nessas áreas.

O envolvimento da comunidade rural e de empresários que possuem terras, fazendas e produções agropecuárias, com o turismo, permitiu o aumento do fluxo de visitantes. Ao mesmo tempo, a consciência de que o meio ambiente precisa ser respeitado, tem despertado na sociedade o sentimento de preservação ambiental e de investimento em empreendimentos turísticos.

O turismo, com sua força econômica, não pode deixar de ser visto sob este novo prisma, o da sustentabilidade. O crescimento do setor no Estado desperta a necessidade de se conservar a natureza, onde não apenas aqueles que estão envolvidos no turismo se preocupam com o seu futuro, pois a cada dia muitos se envolvem com a questão e precisam conhecer um pouco mais o que essa atividade deve fazer para utilizar os recursos naturais e culturais de maneira sustentável. (CAMPOS, 2004)

De acordo com BARRETO (2000), percebe-se que as atividades em áreas rurais podem contribuir com a comunidade e com as políticas de preservação do patrimônio ambiental. A atividade turística no meio rural significa um meio para aumentar a renda da população rural, de forma harmônica, valorizando sua propriedade e o seu estilo de vida.

O turismo rural surge como uma alternativa de desenvolvimento local sustentável na Paraíba, por se tratar de um que setor procura trazer benefícios diversos para o Estado. O poder público municipal é o principal articulador do desenvolvimento local. Cabe a esfera local estabelecer políticas que promovam a melhoria e o bem estar social.

Quando se refere à atividade do turismo, esta premissa se torna ainda mais evidente, já que, para se alcançar resultados significativos e não se desalinhar com as medidas de nível hierárquico superior é necessário integrar as decisões locais às políticas nacionais. Segundo Dias (2003, p. 144) “o município só tem a ganhar quando capitaliza as políticas traçadas em nível nacional, incorporando-se rapidamente e procurando auferir os benefícios que advirão, tanto da promoção, como em financiamentos para a infra-estrutura, em particular”.

Obviamente, para desenvolver o turismo em nível local, há que se pensar, primeiramente em políticas públicas que promovam a organização do município, envolvendo ações de urbanização, melhoria da infra-estrutura, de saúde, saneamento básico e conservação do patrimônio histórico cultural e ambiental da comunidade, entre outras.

Ao apresentar alternativas econômicas para o interior paraibano, o turismo rural impulsiona a cadeia produtiva, tendo como base a descoberta e identificação dos atrativos turísticos, sem que haja descaracterização da paisagem sertaneja e nem a perda da identidade cultural do homem do sertão. Outro aspecto importante é a revitalização do padrão arquitetônico urbano, a limpeza das cidades e a revalorização das feiras livres, onde o artesanato e a culinária servirão como incentivo cultural e econômico. (SEABRA, 2002)

Deste modo é idealizada essa modalidade turística, pois os custos são reduzidos, uma vez que os recursos atrativos já se encontram no local, a mão-de-obra, por exemplo, é formada (basicamente) pelo próprio homem sertanejo e sua família.

Daí pode-se observar que o segmento ganha importância dentro do contexto econômico, pois os agricultores familiares têm a oportunidade de diversificação da renda e geração de novos postos de trabalho. Com a saturação das atividades tipicamente agrícolas, os proprietários rurais se depararam com a necessidade de se investir em novos meios de trabalho, descobrindo a importância econômica do turismo como proposta para incrementar sua renda e conservar o meio ambiente.

Deve-se levar em consideração que, para essa atividade ocorrer de maneira sustentável, ela deve apresentar algumas características, como: ser ecologicamente correta, ser economicamente viável, ser socialmente justa e ser verdadeiramente rural. A Paraíba, por sua vez, tem em sua essência a capacidade de desenvolver essa modalidade turística com êxito.

Entretanto, como afirma Dias (2003), do ponto de vista de quem proporciona o serviço, o turismo em áreas rurais pode potencialmente implicar em reapropriação social dos recursos naturais, assim como da gestão do serviço e apropriação dos benefícios. Também possibilita nova organização produtiva e social que permite melhorar a qualidade de vida da população e articular relações de cooperação e solidariedade humana. É aqui que se apresenta uma reconceituação da natureza e do aproveitamento dos recursos turísticos, bem como do papel que joga a população local no modelo, não somente como instrumento operacional dos serviços turísticos, mas como o objetivo do desenvolvimento.

Neste sentido, o turismo rural é algo mais que a publicidade de um cenário exótico, mas, sim, a oferta real de desenvolvimento sustentável para as populações locais e regionais, localizadas com escassas alternativas para outro tipo de atividade produtiva.

Tendo em vista que esta atividade não ocorre de forma isolada, é preciso a participação dos setores público, privado e da comunidade local, lembrando que para preparar uma propriedade para o turismo é necessário a combinação de vários atrativos, tais como: paisagem, atividades agropecuárias, cultura local, atividades de recreação e gastronomia.

Por isso, os projetos de turismo rural formam parte dessa grande busca social que se encaminha para modificação dos processos produtivos e das relações sociais que deterioram os patrimônios culturais e naturais, substituindo-as por outras diferentes com o objetivo de alcançar um crescimento econômico e social em harmonia com o manejo racional do meio ambiente rural, em cujo centro encontra-se o bem-estar da população. (DIAS, 2003:104)

Neste contexto, o turismo por constitui um setor da economia com elevado potencial para investimentos e grande capacidade de alocação de mão-de-obra, assume papel proeminente, integrado às estratégias governamentais de conservação de desenvolvimento local sustentável para a região.

Apesar de ser uma atividade relativamente nova no Estado, o turismo nas zonas rurais atrai a atenção dos setores públicos, privados e da própria comunidade para trabalhar de forma cooperativa oferecendo serviços de acordo com as expectativas dos turistas. (LIMA, 2004)

Como atividade que se desenvolve através de atrativos localizados, utiliza serviços e gera impostos, primordialmente para os municípios envolvidos. Nada mais adequado do que concentrar os processos de planejamento e gerenciamento nesses municípios, procurando envolver ao máximo a sua comunidade, vinculando-a aos programas e projetos a serem desenvolvidos.

Sendo assim, com a população local envolvida e participando das decisões que definirão o planejamento municipal, ela estará mais disposta a colaborar para que os resultados sejam mais eficientes, despertando a promoção do desenvolvimento local sustentável.

Dias (2003) ressalta ainda que para se atingir a sustentabilidade no turismo, seja ele rural ou não, é imprescindível a participação do Estado e a existência de planejamento. Por outro lado, não se pode conceber o turismo sem a participação de diferentes setores da economia. Em praticamente todas as situações que envolvem atividades turísticas, há a presença do setor público (Estado), do setor privado (empresas) e crescente participação do Terceiro Setor (entidades sem fins lucrativos).

Para atingir a sustentabilidade de um destino turístico, é necessário esforço integrado dos diversos atores do processo: residentes, turistas, governantes, empresários, operadores etc., que buscarão integrar os recursos naturais e culturais num processo de planejamento que estabeleça um desenvolvimento gradual e permanente, diferente daquele tradicional, que sacrifica o futuro, privilegiando os ganhos econômicos e financeiros imediatos e sobre uma base tecnológica prejudicial ao meio ambiente. Um planejamento comprometido com a preservação ambiental, viável economicamente e eqüitativo do ponto de vista social. (DIAS, 2003)

A Paraíba atualmente conta com projetos e programas que tratam desse tema com clareza. Tais programas procuram fomentar a atividade no Estado de forma que a região aumente seu grau desenvolvimento nas áreas que são menos favorecidas.

O SEBRAE, por exemplo, procura manter um programa de turismo, objetivando intensificar qualificação do profissional de turismo e a comercialização de produtos e serviços, fortalecendo a capacidade turística da região.

Relacionado com a agricultura familiar, o PRONAF turismo rural, sugere o fortalecimento da agricultura familiar aliada ao desenvolvimento do turismo dentro das propriedades rurais, procurando aumentar a renda dos agricultores e, principalmente, os assentados pela Reforma Agrária, gerando empregos em épocas de menor rendimento na agricultura.

Ainda nesse sentido, a REDE TRAF incentiva a prática dessa modalidade turística como forma de desenvolvimento rural sustentável, através do fortalecimento das atividades turísticas integradas a arranjos produtivos locais, provocando a geração e incremento de renda e trabalho no meio rural e conseqüente melhoria das condições de vida da população.

Pode-se falar também do ATRACAR, uma associação de turismo rural voltado para os cariris paraibanos, visando o crescimento dessa área, que sofre com a escassez de chuva e também a APETUR, a associação paraibana de turismo rural, sem fins lucrativos e que busca a intensificação do setor no Estado.

É importante, também, salientar que os programas de artesanato e pesca amadora percorrem todo o Estado fazendo dessas atividades, um meio de ganhar a vida ou incrementar a renda da população carente das zonas rurais.

Mesmo assim, como em toda atividade, o turismo rural possui aspectos tanto positivos quanto negativos, ou seja, ele proporciona benefícios, mas também pode causar conseqüências que trazem problemas para a população local. O turismo rural propicia a valorização do ambiente onde está sendo explorado por sua capacidade de destacar a cultura e a diversidade natural de uma região, proporcionando a conservação e manutenção do patrimônio histórico, cultural e natural.

Pode contribuir, neste sentido, para reorganização social e econômica local uma vez que proporciona benefícios diretos à população local que participa direta ou indiretamente das atividades relacionadas com o turismo.

Atividade em expansão na Paraíba e no país, o turismo rural aproveita e envolve os recursos da agricultura familiar gerando oportunidades de renda complementar ao trabalhador do campo. Com o objetivo de promover e agregar mais valores à agricultura familiar, por meio do desenvolvimento de novos produtos voltados a esse segmento turístico.

A expansão dessa atividade tem ganhado importância no cenário rural, por se tratar de um setor que procura preservar o meio ambiente, buscando a sustentabilidade econômica da região, tornando-se bastante viável para a comunidade envolvida direta ou indiretamente.

Neste sentido, alguns autores salientam que se a atividade turística não for planejada e fiscalizada pela população e pelo poder público local, ela pode acarretar impactos indesejados sobre o meio ambiente, sobre a economia e a sociedade local. Segundo Campanhola e Silva (1999), o aumento no fluxo de turistas em uma região que não está devidamente preparada para recebê-los pode causar danos ao meio ambiente como, por exemplo, no caso de uma pequena comunidade que não tenha rede de esgotos compatível com a população usuária (tanto a residente como os próprios visitantes). Neste caso, ocorre um aumento da poluição das águas pelo lançamento de dejetos nos rios, que em curto prazo pode, inclusive, provocar a redução das visitas de turistas em razão da degradação e da perda de atratividade.

O turismo rural em relação à comunidade local, se não planejado e ordenado, pode acarretar diversos tipos de danos e impactos. Em primeiro lugar, pode ocasionar a descaracterização da cultura local devido à modificação dos padrões de sociabilidade tradicionais decorrente da intensificação das relações mercantis e, sobretudo, pela ampliação dos horizontes sócio-culturais dos mais jovens, que em muitos casos acabam se recusando a seguir as práticas culturais paternas como o folclore, a língua, etc. (CAMPANHOLA e SILVA, 1999)

Em segundo lugar, é notório que o turismo rural é seletivo em relação às áreas onde ocorre sua expansão. Assim, enquanto que em localidade esta atividade pode dinamizar a economia, em outras, no entanto, pode conduzir à depressão e à crise, acentuando os desequilíbrios regionais que acabam contrariando o próprio sentido da iniciativa. (SILVA, 2001)

Uma outra conseqüência que pode ocorrer é o aumento do custo de vida das populações que residem de forma permanente no local, especialmente os preços das atividades de prestação de serviços e do acesso à moradia. Esses potenciais problemas podem causar fortes impactos sobre o ambiente local, embora possam ser contornados pela população local e pelo poder público através de intervenções conscientes e planejadas, devendo, portanto, ser recolhidas neste trabalho como indicação de cautela e não de desestímulo. (SILVA, 2001)

Para Campanhola e Silva (1998), outro impacto da expansão do turismo rural em regiões com predomínio de pequenos produtores diz respeito à valorização das terras. Em momentos de expansão, muitos agricultores aproveitam à alta dos preços fundiários para venderem suas propriedades e migrar para trabalhar nas cidades. Entretanto, em função da seletividade do mercado de trabalho urbano, em poucos anos esses mesmos retirantes são forçados a voltar para o local de origem, mas não mais na condição de proprietários. Esses ex-proprietários podem regressar as suas terras para se empregar nas chácaras de recreio ou sítios de lazer, em que foram transformadas as propriedades, na condição de caseiros, auxiliares, vigilantes, pedreiros, etc.

Cabe ainda um último comentário sobre as possibilidades e efeitos do turismo rural em situações em que a população local beneficia-se muito pouco de sua introdução. Neste caso, trata-se das iniciativas que visam desenvolver o turismo em áreas rurais, mas sem valorizar devidamente este ambiente. Pode haver casos em que localidades são transformadas e adequadas a interesses econômicos privados, em geral por agentes externos, que vêem o espaço rural e sua população como coadjuvantes desse processo. Esse tipo de iniciativa, com pouco ou nenhum benefício para a população rural, é típico de atividades turísticas que exploram certos patrimônios naturais como parques florestais, águas termais, e outros. Neste caso, muitas vezes os turistas se dirigem para um local específico de lazer, que normalmente é de curta duração (às vezes apenas um dia), não havendo interesse em usufruir ou patrocinar outras opções ou mesmo interagir com a comunidade local. (SILVA, 2001)

Entre as categorias sociais que freqüentemente são as mais atingidas pelas influências negativas que o turismo rural pode trazer está o dos pequenos produtores rurais. No geral, devido a problemas de escala e acesso a recursos para reconversão ou integração, muitos agricultores familiares acabam encontrando dificuldades para participar do negócio turístico.

É sabido que toda atividade comercial necessita, no início, de um investimento para poder participar do mercado criado pelo turismo. Mas os pequenos agricultores enfrentam obstáculos no acesso a programas de financiamento devido à falta de garantias para a tomada de crédito. Outro fator limitador tem sido a incapacidade de vislumbrar a criação ou adequação de uma atividade ao turismo devido a sua arraigada tradição de agricultor em tempo integral. (SEABRA, 2002)

Além disso, a passagem muito rápida de uma atividade à outra, também pode se tornar prejudicial, pois há casos em que os ingressantes na atividade turística abandonaram por completo a agricultura, o que implicou em aumento da dependência externa e no custo de vida familiar, sem mencionar a possibilidade de comprometer o abastecimento local de produtos agropecuários.

Entretanto, deve-se lançar um olhar especial para a prática dessa atividade, por ela ser um segmento de grande relevância para a economia local e até mesmo nacional. Ele constitui para o mundo rural uma nova oportunidade de valorizar seu patrimônio, suas paisagens, sua cultura, seus produtos. Pode-se pensar, portanto, que existe no espaço rural paraibano um imenso potencial de desenvolvimento turístico a ser explorado no plano econômico, em termos de desenvolvimento turístico, bem como para reequilibrar a vida social.


Google
 
Web eumed.net

Volver al índice de Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Volver a "Libros Gratis de Economía"

Volver a la "Enciclopedia y Biblioteca de Economía EMVI"