Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Luziana da Silva Sousa


 

Capítulo II

 Potencialidades turísticas no meio rural da Paraíba

Totalizando 223 unidades, os municípios paraibanos constituem verdadeiros centros de excelência para o desenvolvimento do turismo ecológico e rural. As diferentes paisagens morfoclimáticas e fitogeográficas do Estado, distribuídas por quatro Mesorregiões Geográficas – Litoral, Agreste, Cariri, e Sertão - mantêm sua individualidade no conjunto, seja pelos atrativos cênico-naturais, seja pelos seus valores histórico-culturais.

Para SEABRA (2002), não obstante o inestimável valor turístico das localidades interioranas existe um incentivo à prática do turismo convencional e predatório, concentrado na orla litorânea do Estado, sobretudo nas praias situadas na Grande João Pessoa.

Por outro lado, os municípios do Brejo e Sertão paraibanos associam seu lado rústico através de atrativos naturais, como as áreas às esculturas do relevo que pontilham as superfícies pediplanadas sertanejas cobertas pela caatinga. Nesses lugares, as paisagens naturais mesclam-se com os arranjos sócio-econômicos e culturais reproduzidos a nível estadual e local, através dos engenhos, das senzalas, das plantações de cana, das moradias dos trabalhadores, com também através das edificações relacionadas às atividades administrativas, religiosas e culturais. (MOREIRA, 1999).

Enquanto no Brejo vislumbram-se as paisagens alpestres das Serras Paraibanas; no Sertão, o por do sol é único, acompanhado de fundo musical regional, representado pelo chacoalhar dos guizos do gado pé-duro, e o forte cheiro de café no fim da tarde.

A Paraíba possui lugares onde a natureza se mostra abundante e com singular exuberância. Não é apenas o Estado onde o sol nasce primeiro, mas também, um misto de tradição, riqueza natural e recantos convidativos à paz, romantismo e esporte. Para os paraibanos, os passeios representam uma oportunidade de se familiarizar com a sua própria casa. Já para os turistas, a rota significa uma forma de vivenciar algo novo e inesquecível.

Apresenta uma diversidade muito grande, não só em paisagens naturais como na forma de organização espacial. A variedade da paisagem natural resulta de um relevo diversificado, de uma cobertura vegetal bastante diferenciada e de um clima que varia de quente úmido ao semi-árido (quente-seco), além de uma rede hidrográfica composta de rios perenes e temporários. (MORAIS, www.pbtur.com.br).

Pôr do sol em Cajazeiras

fonte: www.pbtur.com.br

O turismo em áreas rurais é uma forma de lazer fundamentada na paisagem natural, no patrimônio cultural e histórico e no desenvolvimento social das regiões interioranas. Em virtude do seu caráter natural, social, cultural, ecológico e paisagístico, o turismo rural insere-se numa perspectiva de desenvolvimento – preservação ambiental.

A Paraíba é um estado eminentemente agrícola, com muitos elementos e recursos naturais que podem ser mais explorados com fins de atividades turísticas e/ou de experimentações, visto que neste entorno há “festas juninas”, “o Parque dos Dinossauros”, ”hotéis fazenda”, “sítios arqueológicos”, “trilhas”, “festas folclóricas”, além da possibilidade de outras alternativas para implementação turística com a utilização dos recursos naturais.

A Paraíba guarda encantos naturais de singular beleza. O Estado se descortina para o lazer desde o seu litoral com praias paradisíacas, passando pelo Agreste e Brejo, Cariri e Curimataú até o Sertão. Em qualquer dessas regiões é possível encontrar recantos deslumbrantes e as delícias de uma culinária regional com tempero inigualável.

Em várias partes do Estado os sítios arqueológicos enobrecem a paisagem de mata típica, rica em cactos e mandacarus. No Brejo, proliferam as trilhas que levam a lugares de singular beleza como a Cachoeira do Roncador e os engenhos de Areia. Do Agreste ao Sertão, as serras erguem-se imponentes como quem se oferece à descoberta. São lugares adornados pelas plantas nativas, que resistem à seca para chegar à primavera oferecendo flores raras como as orquídeas. (SEABRA, 2002)

Os atrativos naturais da Paraíba estão por toda parte, opções de lazer não faltam. Conhecer a Paraíba ecológica, do litoral ao sertão, a prática de esportes radicais e de aventuras é favorecida por lugares pitorescos e pela geografia do Estado. A Paraíba rural é deslumbrante: as tradições, o artesanato, e a culinária paraibana são inigualáveis. Este Estado possui belezas naturais impressionantes e um conjunto arquitetônico que fala de sua grande história.

A Paraíba dispõe, aproximadamente, de 140 km de costa, onde praias naturais e urbanizadas intercalam-se de norte a sul representando uma das orlas mais bonitas e mais preservadas em todo o Brasil.

Com relação à arquitetura, a Paraíba é um estado com identidade cultural definida e detém um expressivo patrimônio, que se distingue dos demais estados da federação por guardar verdadeiros tesouros da cultura brasileira. Além de riquíssimo, o patrimônio cultural da Paraíba destaca-se pelos singulares exemplos de valor histórico, artístico, paisagístico, arqueológico, paleontológico e científico, categorias que a Constituição Federal estabelece para os bens materiais. (MORAIS, www.pbtur.com.br).

A cultura paraibana mostra-se estrelada através de diversas manifestações. Além dos ciclos natalino, junino e carnavalesco, considerados fortes em suas tradições, podemos afirmar que as festas religiosas estão espalhadas em todos os recantos do Estado, confirmando a fé e a devoção do povo paraibano. Um outro evento cultural bastante enfatizado no Estado é a vaquejada, com um calendário anual que contempla a maioria dos municípios. (SEABRA, 2002)

Como principais cidades, além da capital João Pessoa, destacam-se: Campina Grande, na região da Borborema; Guarabira e Areia, na região do Brejo; Patos, no Vale do Espinharas; Souza e Cajazeiras, no alto Sertão; entre outras, cada qual com suas características singulares e peculiares, capazes de ofertar momentos de lazer, conhecimento e descontração aos visitantes.

No agreste paraibano, além de Campina Grande, conhecida por suas tradicionais festas, como “O Maior São João do Mundo”, “Congresso de Violeiros”, “Vaquejada”, “Micarande”, “Encontro para a Nova Consciência”, “Festival de Inverno”, encontramos também outros municípios com grandes potencialidades turísticas. No município de Ingá, por exemplo, encontram-se as Itacoatiaras (Pedras de Ingá), cujas inscrições pré-históricas tem sido objetos de diversas pesquisas científicas e de inúmeras lendas.

Pedras de Itacoatiara no município de Ingá

Fonte: www.pbtur.com.br

O turismo nas áreas rurais abrange não somente o campo, mas também abre seu espaço no litoral. Especialmente em João Pessoa, é bastante visível a prática dessa modalidade turística.

O litoral sul é um grande exemplo, além das belezas de

suas praias desertas e paradisíacas, também oferecem uma opção de turismo rural, com visitações a fazendas, passeios em carro de boi e a cavalo, degustação de frutas típicas e de produtos naturais, como mel e doces regionais.

Comunidade Flor D'agua

Fonte: www.onorte.com.br

Neste ambiente, antes essencialmente sol e praia, agora integra um roteiro de visita a cachaçarias artesanais, com direito à degustação de cachaças, de licores e de frutas regionais. Pode-se tomar banhos de argila e, após percorrer trilhas na mata, mergulhar em piscinas de vertentes naturais.

Na Paraíba, projetos voltados para o planejamento do turismo no Brejo são estudados e executados, incentivando o ecoturismo e o turismo rural, através do uso das reservas florestais e da revitalização dos engenhos de cachaça e de rapadura.

A região do Brejo da Paraíba possui diversos locais para a prática turismo rural sustentável que vem conquistando cada vez mais adeptos entre pessoas de todas as idades, amantes da natureza que se instalam em qualquer local onde a natureza revele todo seu prodígio e exuberância. Um dos principais atrativos do Brejo é a escalada da Pedra da Boca, que fica no município de Araruna.

Pedra da Boca no município de Araruna

Fonte: www.pbtur.com.br

O lugar transformou-se em ponto habitual de encontro de artistas, alpinistas e adeptos dos mais diversos esportes radicais. A área de camping dispõe de infra-estrutura básica para a permanência dos visitantes, a exemplo de água potável e hospedaria com quartos coletivos. As refeições podem ser feitas nos restaurantes simples, porém aconchegantes, instalados nas proximidades da pedra. (CORREIO DA BAHIA, 2002)

Outro ponto igualmente visitado na região do Brejo é a Cachoeira do Roncador, em Pirpirituba, um paraíso no estado da Paraíba, apreciado pelas suas águas mornas. São locais apreciados, principalmente para se acampar.

Cachoeira do Roncador no município de Pirpirituba

Fonte: www.conquistaturismo.com.br

Conhecer engenhos existentes desde o período colonial e casarões construídos pelos ricos produtores de café pode revelar traços da história do Brasil. Para visitá-los, é necessário dirigir-se a Bananeiras e Areia, situados na região do Brejo. Localidades repletas de moendas seculares e alambiques para o feitio da cachaça. No centro, os casarões do final do século passado oferecem um cenário singular.

Município de Areia

Fonte: www.pbtur.com.br

Para tanto, considerada uma das regiões mais secas do Brasil, os Cariris Paraibanos localizam-se na Mesorregião da Borborema, no trópico semi-árido do Estado da Paraíba. Fragilizada ambientalmente e socialmente, apresentando baixas densidades demográficas e elevados índices de emigração, essa área, todavia comporta um potencial turístico ecológico e cultural elevado.

Tal área, situada no centro-sul do estado da Paraíba, integrava no século passado o Sistema Gado-Algodão (SILVA e LIMA, 1982), destacando-se os criatórios extensivos e a cultura do algodão arbóreo. A economia regional floresceu e tornou-se respeitada com esses dois produtos responsáveis, à época, pelo padrão médio elevado do homem sertanejo e registrado nas habitações rústicas e confortáveis encontradas tanto no meio urbano como na zona rural. Atualmente, a criação de bode é o maior responsável pela sustentação econômica do Cariri. Do algodão, restam poucas culturas, timidamente renascendo, guarnecidas pelas edificações rurais e urbanas dos tempos de outrora.

A região do Cariri Paraibano possui um total de 29 municípios, dos quais cerca de 12 são apontados como possuidores de elevado potencial turístico. Entre estes estão os municípios de Boqueirão, Cabaceiras, Gurjão, São João do Cariri, São José dos Cordeiros, Congo, Coxixola e Monteiro. Entretanto, para a implantação de um projeto turístico de base sustentável é necessário inventariar e mapear os principais atrativos naturais e culturais que darão suporte a um Projeto Piloto de Turismo Integrado de Base Social. (SEABRA, 2002)

Constituem recursos turísticos do Cariri as formações geomorfológicas, os sítios arqueológicos, a vegetação xerófila e a cultura do homem sertanejo. Nos sítios arqueológicos são encontradas inscrições e figuras rupestres da Tradição Agreste e Itacoatiara, além de artefatos produzidos pelos grupos indígenas primitivos, como panelas, cachimbos, machados, flechas e lanças (SEABRA, 2002). As manifestações folclóricas e os festejos religiosos são marcas do Cariri, como também a musicalidade da população local, traduzida no autêntico forró pé-de-serra e nas festas juninas. Também estão presentes na cultura popular os artigos de couro, de barro e tear que, juntamente com os doces caseiros e queijos, são comercializados pela população de menor renda.

A Muralha dos Gigantes, em São João do Cariri, é uma elevação de rochas graníticas e metamórficas que se prolonga desde a divisa com o Rio Grande do Norte até as proximidades de Pernambuco, cortando a Paraíba de norte a sul, por mais de cem quilômetros. Neste local foi encontrado um rico acervo arqueológico, cujos desenhos e inscrições retratam a os primórdios da história do homem do Cariri.

Ecoturismo na Caatinga, município de São João do Cariri

Fonte: www.turismosertanejo.com.br

A base social do Projeto Turístico deve ser fortalecida através da participação efetiva da comunidade local, desde sua fase inicial. No Circuito Turístico do Bode e do Algodão a elevação do padrão de vida da população local deve ser incentivada a partir da geração de pequenos negócios, porque fazem parte dos roteiros os pequenos sítios policultores, as fazendas e a zona urbana, onde o turista poderá descansar nas hospedarias familiares pertencentes à população residente.

O Lajedo de Pai Mateus, localizado em Cabaceiras, tem aumentado seu ritmo turístico utilizando sua paisagem natural repleta de cactos, bromélias e canyons. Possui ainda inscrições rupestres feitas por índios que habitaram a região há três mil anos. Rios e lagos que contornam formações rochosas, onde está a Pedra do Capacete, é ideal para caminhadas e escaladas radicais. (PARAÍBA, www.paraiba.pb.gov.br).

Lajedo de Pai Mateus no município de Cabaceiras

Fonte: www.paraiba.pb.gov.br

O modelo de turismo praia-sol já apresenta claros sinais de exaustão, principalmente porque o principal produto turístico, a paisagem litorânea, está sendo destruído pelos empreendimentos turísticos e casas de veraneio. Vale lembrar que o turismo é uma atividade cíclica: apresenta um início, um meio e um fim (GALLERO, 2000). Sendo que o fim do turismo tradicional torna-se tanto mais próximo quanto maior for a velocidade de destruição do patrimônio natural e cultural.

Quando se trata do litoral brasileiro, o patrimônio turístico está sendo destruído de maneira acelerada e irresponsável. A velocidade dos empreendimentos transforma as paisagens naturais, o próprio produto turístico, em lugar não turístico, onde o turista torna-se refém de uma estrutura fechada intra-muros, sem nenhuma identidade com o lugar. (SEABRA, 2002).

Tudo leva a crer que a praia é um caso com pouca solução, pois com alto índice de poluição e de saturação dos recursos naturais, a atividade turística tende a decrescer com o passar dos tempos. Por isso, antes que seja tarde, deve-se lançar um olhar para o interior - o domínio dos Sertões.

O Sertão Paraibano possui um potencial turístico de valor inestimável, fundamentado nos patrimônios natural, cultural, arqueológico e nos festejos juninos e religiosos.

Pegadas em Souza

Fonte: www.paraiba.pb.gov.br

O Sertão Paraibano limita-se ao Norte com o Rio Grande do Norte, ao Sul com Pernambuco, a Leste com a Mesorregião da Borborema e a Oeste com o Estado do Ceará. São municípios sertanejos as cidades de Catolé do Rocha, Cajazeiras, Sousa, Patos, Piancó, Itaporanga, Teixeira, totalizando 83 municípios. Apresenta um bom potencial hídrico, sendo drenada pelas bacias dos rios Piancó, Piranhas e Peixe, de grande importância para região por serem perenizados em quase todo o seu percurso. (PARAÍBA, www.paraiba.pb.gov.br)

É nesse ambiente de terra rachada e vegetação acinzentada que vive o sertanejo típico. Vestindo indumentária de couro e alpercatas nos pés, o rude homem da caatinga é um elemento sempre presente. Por suas características exóticas e peculiares, tanto no que diz respeito à paisagem natural, assim como nos seus aspectos culturais, no sertão paraibano são encontradas muitas das maiores atrações turísticas do Nordeste. (SEABRA, 2001)

De base fundamentalmente social, o turismo rural nos sertões tem um perfil agroecoturístico e cultural, possibilitando ao turista vivenciar experiências participativas em meio à paisagem sertaneja, deleitando-se com as apresentações folclóricas e culturais. Além do mais, o turista é acomodado em pequenas unidades hoteleiras familiares, nos pequenos centros urbanos e no campo, onde os hábitos simples de vida são elementos a mais na paisagem, proporcionando descanso, lazer e crescimento pessoal ao visitante.


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