Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Luziana da Silva Sousa


 

O aproveitamento dos recursos naturais para o turismo rural

Atualmente, a questão ambiental é um dos temas que mais tem chamado à atenção das pessoas, devido à valorização que se tem dado à qualidade de vida. Os recursos naturais, outrora abundantes, atualmente tão escassos, fazem os fatos falarem por si mesmos. Os animais em extinção, águas poluídas, lixo atômico, buraco na camada de ozônio identificam que a qualidade de vida é cada vez pior, enquanto mais tecnologias são desenvolvidas com este fim, atendendo prioritariamente aos interesses do capitalismo.

O meio ambiente alerta a todo o momento, que há a necessidade em se projetar políticas e adequar iniciativas em direção à conservação da vida no planeta. Por isso, o caminho para o desenvolvimento sustentável é acima de tudo uma decisão política que se estabelece em longo prazo.

Nos países de industrialização recente como o Brasil, as questões ambientais relacionadas à degradação da natureza são delicadas. Cego por desenvolvimento dependente e imitativo, o país tem sido pouco criativo tanto para evitar o desperdício como para aperfeiçoar o aproveitamento de seus próprios recursos. Algumas regiões brasileiras têm buscado alternativas para garantir o desenvolvimento de forma sustentável, apresentando um conceito inteiramente novo, na opinião de Camargo (1999), em que sua prática ainda é controvertida e discutível.

Para Ribeiro (2001), juntar turismo e meio ambiente é ousado, pois não existem definições universais nem metodologias que permitam medir o jogo de forças entre um dos fenômenos mais importantes da sociedade moderna e o meio ambiente. As relações são, portanto, antigas. O potencial natural de uma região sempre se constitui em um dos principais atrativos para a atividade turística. Por outro lado, o próprio turismo representa uma ameaça constante ao meio ambiente.

Para Pires (2001), a alternativa para minimizar a questão da degradação ambiental, provocada pelo modelo econômico até hoje adotado, é a opção do desenvolvimento sustentável, que visa à reflexão sobre padrões atuais de consumo e utilização de recursos naturais renováveis e não renováveis. Contemplando o turismo sob este enfoque, Pires (2001, p.46) conclui chegar-se ao chamado turismo sustentável, que tem como objetivo o “atendimento das necessidades de lazer dos turistas e a necessidade de desenvolvimento das localidades visitadas, sem que isso comprometa o meio ambiente no qual se dá à visitação”.

Com a valorização crescente dos recursos naturais e da paisagem, decorrente de movimentos e acordos internacionais, como a ECO-92 e a Agenda 21, o ambiente rural deixou de ser apenas o local de produção agropecuária para adquirir outras funções. Estas últimas se referem à prática de esportes, canoagem, saltos, escaladas, trilhas, pesca, etc., a contemplação da paisagem e da flora e fauna silvestre, e a instalação de camping, spas, hotéis-fazenda, restaurantes típicos, e outros (CAMPANHOLA e SILVA, 2000).

Segundo Campanhola e Silva (2000), o turismo em área rural pode se constituir num vetor de desenvolvimento local, contanto que seja controlado por processos regionais, que considerem as comunidades locais se apropriando dos benefícios gerados, por conseqüência. Um dos pontos importantes a considerar neste contexto refere-se ao aproveitamento das especificidades de cada local ou território e o total aproveitamento das potencialidades e oportunidades.

Nessa nova perspectiva, o turismo tradicional que traz capital de fora para explorar os negócios no meio rural, baseado na importação de programas e recursos, não é uma estratégia apropriada para promover o desenvolvimento local (SILVA, 2000). Para muitos autores há de se considerar o potencial da comunidade local e as diversidades geográficas, culturais e ambientais das áreas rurais.

Em certos casos, o desenvolvimento do turismo pode constituir-se em um meio de frear o êxodo rural. Esse desenvolvimento não pode ter um único fim em si, mas constituir-se num instrumento para realizar objetivos maiores, de ordem econômica e social. Seu valor fundamental está em criar condições para alcançar a cidadania no meio rural e evitar as migrações, na conservação da paisagem ambiental e na oferta de espaços livres para o lazer das populações urbanas.

Para o sucesso do turismo rural, deve se levar em conta que somente haverá condições de sustentabilidade caso haja harmonia e equilíbrio na interação entre os seguintes fatores: resultado econômico, mínimo impacto ambiental e cultural, satisfação do turista e da comunidade local. As questões que envolvem o meio rural, embora fortemente ligadas às urbanas, têm sido colocadas num segundo plano (CABRAL, 2003).


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