Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Luziana da Silva Sousa


 

As oportunidades oriundas do turismo para o pequeno produtor rural

As atividades agrícolas tradicionais já não respondem pela manutenção do nível de emprego no meio rural. Ressalta-se que, nas duas últimas décadas, o meio rural brasileiro vem registrando um aumento de atividades não agrícolas que até pouco tempo eram consideradas marginais, devido a pequena importância na geração de renda. Essas atividades passaram a integrar verdadeiras cadeias produtivas, envolvendo agroindústrias, serviços, comunicações, etc. Dentre essas pode-se destacar o turismo rural, como uma atividade indutora do crescimento de ocupações não agrícolas no meio rural (SILVA, BALSADI e DEL GROSSI,1999).

De acordo com SILVA (2001), a família rural típica não se reúne mais em torno da exploração agropecuária. O patrimônio familiar a ser preservado inclui as terras e, acima de tudo, a casa dos pais que se transforma numa espécie de base territorial, acolhendo os parentes próximos em algumas ocasiões festivas e tornando-se cada vez mais um ponto de refúgio nas crises, especialmente do desemprego, além de permanecer como alternativa de retorno para a velhice. Além disso, a gestão familiar inclui agora outros "negócios" não-agrícolas como parte de sua estratégia de sobrevivência (maioria dos casos) ou mesmo de acumulação. Em outras palavras, o centro das atividades da família deixou de ser a agricultura porque a família deixou de ser agrícola e se tornou pluriativa ou não-agrícola, embora permaneça residindo no campo.

Os agricultores familiares afiguram-se como protagonistas importantes da transição à economia sustentável, já que, ao mesmo tempo em que são produtores de alimentos e outros produtos agrícolas, eles desempenham a função de guardiões da paisagem e conservadores da biodiversidade. A agricultura familiar constitui assim a melhor forma de ocupação do território, respondendo a critérios sociais (geração de auto-emprego e renda a um custo inferior ao da geração de empregos urbanos) e ambientais. (SACHS, 2001)

Deve-se destacar, contudo, que no período recente a definição do que se entende por este "espaço rural" vêm sofrendo alterações, não só pelo crescimento da importância das atividades não agrícolas, que minaram a identidade do rural com a atividade agrícola, mas, também, pela associação crescente do meio rural com a qualidade de vida. Além disso, o ambiente rural também vem incorporando aspectos relacionados ao lazer e ao ludismo que, em grande medida, estão contribuindo para redefinição de percepções simbólicas da população de extração urbana. (SCHNEIDER e FIALHO, 2000).

O turismo aparece como um elemento novo no panorama econômico do mundo rural, sendo considerado, inclusive, como uma atividade econômica relevante na busca de melhorias nas condições de vida dos agricultores familiares, os quais diversificam suas formas de trabalho visando ampliar seus  níveis de renda.

Entre os fatores relacionados a esta transformação do meio rural estão: o aumento do tempo livre, devido às facilidades que o "mundo moderno" proporcionou através de avanços tecnológicos em diversas áreas; a ampliação e melhoria das estradas e dos meios de comunicação (especialmente as facilidades proporcionadas pelas telecomunicações) que ligam os centros urbanos ao meio rural, reduzindo o tempo dispendido na locomoção entre esses espaços; a expansão das residências "secundárias" e dos sítios de lazer ou até mesmo a criação de condomínios fechados em áreas rurais, considerados uma opção de segurança, conforto e qualidade de vida; o "estresse" e o crescente custo de vida urbano decorrente do crescimento intenso e desordenado das cidades, que faz com que a população busque ambientes mais "saudáveis" e, finalmente, para uma parcela específica da população (embora cada vez mais expressiva), a busca de um estilo de vida "exótico", buscando o isolamento e a proximidade com a natureza. (SCHNEIDER e FIALHO, 2000).

Para Silva (2001), as novas atividades demandam um número crescente de pessoas para dar sustentação à expansão das atividades turísticas no espaço rural, o que possibilita que os membros das famílias, liberados das atividades rotineiras da exploração agrícola, pudessem ocupar as vagas geradas na expansão do turismo rural.

Além de incrementar a renda na pequena propriedade rural, o turismo possibilita o resgate à cultura da vida no campo e a valorização dos produtos oriundos da pequena agricultura. Esse setor da economia tem o poder de sensibilizar os agricultores, técnicos, lideranças, estudantes e a comunidade quanto à atividade rentável na agricultura familiar.

Dentre o leque de opções de atividades não-agrícolas voltadas para o meio rural, o turismo e o artesanato têm mostrado possibilidades extraordinárias de diversificação produtiva e de agregação de renda para a família do agricultor e, o mais importante, dentro da propriedade, como reconhece SILVA (1999:32)

... as atividades associadas ao turismo rural – como por exemplo, a fazenda-hotel (aqui diferenciada do hotel-fazenda), o pesque-pague, a fazenda de caça, a pousada, o restaurante típico, as vendas diretas do produtor, o artesanato, a industrialização caseira e outras atividades de lazer associadas à recuperação de um estilo de vida dos moradores do campo – podem ser consideradas uma estratégia de diversificação produtiva das propriedades rurais no intuito de gerar rendas não-agrícolas para fazer frente à queda de rentabilidade dos seus negócios tradicionais. O importante é que são atividades internas à propriedade (on farm) que gerem ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade.

Daí, a importância do turismo para o meio rural e os pequenos proprietários rurais. O turismo aparece tanto como incremento da renda como também gerador de divisas. Os proprietários, além de abrirem suas propriedades para visitas e hospedagens, pode oferecer seus serviços para outras finalidades que estão ligadas ao turismo.


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