Turismo e desenvolvimento local sustentável na Paraíba

Luziana da Silva Sousa


 

Turismo rural

Entender o que é turismo rural implica, antes de tudo, conhecer a diversificação geomorfológica do espaço rural da localidade e da cultura do homem do campo. Além disso, é preciso ligar a atividade ao fenômeno turismo, assim como os conceitos de ócio, lazer e viagem dispersos dentro de um cenário rural. (SILVA, 1999).

O turismo rural constitui-se em uma atividade que une a exploração econômica a outras funções como a valorização do ambiente rural e da cultura local que, não raras vezes, são alguns de seus atrativos principais. Em uma conceituação mais ampla, pode-se afirmar que o turismo rural consiste de atividades de lazer realizadas neste ambiente. Este conceito genérico pode englobar, entre outras, as modalidades do turismo ecológico, o de aventura, o cultural, o de negócios, o destinado para jovens, o social, o de saúde e o turismo esportivo (SILVA, VILARINHO e DALE, 1998).

Na segunda metade do século XX, a “indústria do turismo”, como é comumente denominado, registrou um crescimento significativo como fenômeno social e fator de desenvolvimento econômico nas áreas receptoras. A busca pelo lazer e o ócio reflete, de um lado, os ganhos adquiridos pela classe trabalhadora (aumento de salários, jornadas de trabalho reduzidas, férias remuneradas, incentivos profissionais, etc.) e os avanços dos meios de transporte e comunicação, que possibilitam uma maior mobilidade da população. Por outro lado, à medida que se desenvolviam as megametrópoles que concentravam grande parte da produção material, particularmente no auge do desenvolvimento industrial centralizado, a cidade passa a ser vista como um sinônimo de trabalho e estresse, ao passo que a viagem e o lazer emergem como formas de se livrar das neuroses urbanas e do cotidiano (RODRIGUES, 1997).

O meio rural brasileiro foi passando por profundas transformações no decorrer dos anos, seja no que diz respeito a aspectos ocupacionais, seja na interpretação de sua noção ou significado contemporâneo (SILVA, 1999). Como exemplos dessas mudanças são mencionadas as novas funções atribuídas ao meio rural (turismo, lazer, etc.), alterando não somente a paisagem, como também as relações e significados sociais no espaço agrário.

O crescente mercado de atividades não agrícolas no meio rural é responsável cada vez mais pela ocupação econômica do campo, introduzindo novas estratégias familiares de reprodução.

Diante da crescente preocupação ambiental e a necessidade de um contato mais íntimo com a natureza, com comunidades tradicionais e seus costumes e valores, novas formas alternativas de turismo (turismo rural, agro turismo, turismo verde, ecoturismo), vêm ganhando espaço. Sendo identificado como um propulsor do desenvolvimento endógeno (local), essas novas iniciativas estão balizadas numa demanda mais personalizada, menos dispendiosa, mais cultural e ecológica, que levam em consideração a sustentabilidade e as identidades locais. Essas modalidades de turismo se distinguem do turismo convencional devido, fundamentalmente, a sua dimensão e a forma de apropriação do espaço rural, pautada numa valorização positiva das formas de sociabilidade e da vida no campo, com a integração da população local. (TEIXEIRA, 1997).

Atualmente, o turismo vem se desenvolvendo principalmente em áreas verdes, pois as pessoas procuram fugir de seu cotidiano agitado dentro dos grandes centros urbanos, procurando lugares tranqüilos e que permitam contato com a natureza. Considerando essa demanda, o turismo rural é uma das modalidades que vem crescendo, pois permite que o visitante vivencie um pouco o dia-dia no campo, a harmonia entre a flora e fauna, participando das atividades realizadas naturalmente pelos camponeses. E ao mesmo tempo, surge como uma alternativa de renda para os proprietários rurais, agricultores familiares e camponeses, diversificando as atividades que já realizam, fomentando a chamada “pluriatividade”, já que as atividades não agrícolas cada vez mais constituem formas alternativas e/ou complementares de geração de renda dos produtores rurais no meio rural. (CAMPANHOLA e SILVA, 1999).

Nesse sentido, o turismo rural vem sendo muito importante para a manutenção das famílias no campo, pois articulada às atividades agrícolas, gera um significativo retorno econômico, além de fomentar a valorização da cultura camponesa e os ensinamentos da vida no campo. No meio rural brasileiro, segundo Campanhola e Silva, a principal modalidade de turismo rural é o agroturismo, que esses autores definem como

atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às atividades agrícolas. Exemplos: fazenda hotel, pesque-pague, fazenda de caça, pousada, restaurante típico, vendas diretas do produtor, artesanato, industrialização caseira e outras atividades de lazer ligadas à vida cotidiana dos moradores do campo. (CAMPANHOLA e SILVA, 1999: 145).

É de grande relevância observar que a exploração do turismo rural deve ter sempre o caráter de complementaridade. A atividade agrícola realizada nas propriedades não deve ser abandonada, além de ser mais um atrativo para o turista que pode participar ativamente do trabalho na agricultura e ficar sabendo que os alimentos consumidos nas refeições provêem do estabelecimento visitado é ainda mais estimulante. E também é fundamental esclarecer sobre a sazonalidade que pode existir na atividade turística. Não podendo ser o turismo rural atividade exclusiva dos pequenos proprietários.

A atividade turística é composta de diversas segmentações que levam em consideração vários aspectos como motivações da demanda, potencial de uma localidade, faixa etária, classes sociais, paisagem, espaço geográfico, etc. Entre essas segmentações, há uma que se destaca diante do problema estabelecido, pela sua natureza rural e por ter como atrativo o ambiente campestre e suas atividades tradicionais. Denominado de Turismo Rural, este é a atividade turística realizada no meio rural, comprometida com a produção agrícola e com o desenvolvimento local, onde sua demanda é bastante específica (ZIMMERMANN, 1996).

Muito se confunde com a terminologia Turismo no Espaço Rural, por isso, Campanhola e Silva (2000:148) esclarecem que este é “relacionado a qualquer atividade de lazer e turismo que seja realizada em áreas rurais”, que podem ser desde a promoção de eventos como shows e congressos a outras atividades onde sua implantação dependa diretamente das áreas naturais, como ecoturismo, turismo de aventura, etc. O Turismo Rural, para vetor de desenvolvimento agrícola, deve ser, dentre estas, a atividade abordada no combate ao êxodo rural, visto sua relevância e necessidade de preocupação com a comunidade local, para um melhor manejo e andamento da prática.


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