Comportamento & Moral

Luiz Gonzaga de Sousa
 

 

O SINCRETISMO

O sincretismo em qualquer comunidade aparece pela formação que lhe é estabelecida, não por governos, ou conjunto de leis, mas por ensinamentos de antepassados que legaram algum tipo de veneração à divindade, ou divindades que dizem ajudar em todos os momentos de sua vida. No princípio da vida humana, tal como repassa a história, os seres pensantes procuravam descobrir a causa de algo que lhe acontecia, daí a formação de divindades tipo adorar a lua, o sol, as estrelas, com o tempo, o processo de incorporação espiritual e conselhos que elas enviariam. Com o processo evolutivo, apareceram as festas com batuques, cujos espíritos tiveram o nome dado como equivalência aos santos da Igreja católica, acompanhada pelos rituais dos nativos da África que se disseminaram pelo mundo inteiro como a umbanda, ou camdoblé.

O sincretismo religioso se dá pela congregação de seitas diversas, participando de um mesmo credo, como se pode dizer da Igreja católica, quando mudou de cristianismo para catolicismo, adaptando ao modo de pensar e viver cristão, todo tipo de dogma e crenças populares que existiam na época. O cristianismo ficou como protagonista, mas em verdade, o que predominava, eram os ritos populares que homenageavam os reis, os potentados daquela época, que perduram até nos dias de hoje, dizendo-se seguidores de Cristo, coisa que se sabe, não ser o correto. O Cristo quando dizem que ele esteve aqui no planeta, usou de simplicidade excessiva, ao ponto de confundir a auto purificação individual com uma aceitação pura e simples para se conseguir o reino dos céus, quando se conhece o estado de purificação do espírito, como foi o caso de JESUS.

A multiplicação de grupos religiosos é muito grande, devido a necessidade de se ter respostas aos problemas que a vida oferece, como oportunidade de compreender o caminho da retidão, poder se libertar das inferioridades e maledicências que ainda maltratam os sentimentos humanos. Quando as pessoas não têm condições de ultrapassar as suas dificuldades com perseverança, com humildade e paciência, elas demandam os caminhos do magnetismo psicológico para se esconder diante de tudo aquilo que é próprio seu, transferindo para a luminosidade de Deus, a culpa de tudo. Como a mente humana é muito complicada e envolve mistérios que a ciência não conseguiu ainda desvendar, as aptidões humanas se agregam aos rituais que lhes chamam a atenção, como forma de esquecer as mágoas e angústias que lhes atormentam, como forma de fugir do seu passado.

Pelos escritos que chegaram até hoje, tem-se notícia de que JESUS nunca usou rituais em seu trabalho, ao levar a todos a mensagem da paz, a maneira correta de viver e a posição de cada um, frente os afazeres de seu cotidiano, tendo em vista que todos são iguais diante do Pai, mas são diferentes entre si. JESUS nunca teve a preocupação de criar grupos para fundar algo sob a sua liderança, Ele sempre trabalhou com objetivo de informar àqueles que O ouviam para o verdadeiro caminho da verdade e da vida, quando disse: daí a César o que é de César. Nem o cristianismo, em o catolicismo foi criado por Jesus o CRISTO, mas por todos aqueles que ficaram depois de sua morte (desencarne), sem os devidos esclarecimentos da real proposta do que Esse grande líder desejava deixar frente, a todos que viviam, e vivem neste enclave.

Ao voltar um pouco no tempo, verifica-se que desde MOISÉS o sincretismo já era patente, porque todo tipo de festança e adoração era a tônica maior de sua época, ao considerar que, segundo a história, quando Ele desceu de cima do monte Sinai, a festa rolava, nas mais diversas venerações, cuja revolta foi patente. Adoração a bezerro de ouro, danças típicas, luxúria livre, bebedeira de vinhos ou coisa igual, foi o que MOISÉS presenciou naquele momento de muita graça, ao receber da espiritualidade maior, alguns ensinamentos para viver uma vida cheia de encanto e felicidade. Naquele tempo, os rituais eram muito mais fortes e constantes, tendo em vista que as revelações mediúnicas alimentavam todo tipo de veneração e apego às coisas materiais, que era o objetivo maior daquele que queria crescer e viver no luxo, e na faustosidade de seu tempo.

JESUS, quando caminhou diante dos homens, não condenou as festas tradicionais do povo de sua época, mas sempre colocou a diferença existente entre os momentos de animação, passa tempo e as festas de veneração ao Deus que é o Pai de todos, que habitam este planeta de provas e expiações. JESUS era simples e direto, não buscava ninguém para curar, nem quem estivesse precisando e precisasse compreender o seu “eu” para a sua cura, que O procurasse e aí Ele tinha o grande prazer em servir, mas sempre orientando para o caminho da verdade e da vida, sem vasculhar vida de ninguém. O grande mestre foi o exemplo dos exemplos que o mundo presenciou em todos os tempos, porque provou a sua superioridade, o seu desapego da materialidade e deixou para todos um seguimento que ninguém deveria confundir com sincretismo religioso.

A pureza e a simplicidade dos seguidores do CRISTO levantou a ira dos poderosos daquele tempo e se encetou um clima de perseguição e mortandade excessiva a todos aqueles que se diziam seguidores de JESUS, homem que veio pregar a paz e a justiça para todos, mesmo os que não tiveram a oportunidade de conhecê-la. No século IV, todo tipo de ritual popular foi acrescido ao movimento cristão, como forma de estender mais o número daqueles que seguiam as pregações dos cristãos, que necessitavam sair da clandestinidade e passar a ser seguido por um número maior de pessoas. Com o Edito de Milão no ano de 313, concede-se a liberdade plena aos cristãos, quando em uma convocação do Concílio de Roma (Cyrilo-430) criou a Igreja Católica, como o próprio nome diz, Igreja Universal, que congrega a todos indistintamente de qualquer tipo de atividade mística que pratique, ou tenha praticado.

Foi a partir desse século que os rituais, os dogmas, as festas populares, a virgindade de Maria, a idéia de que JESUS seria Deus, a compreensão de céu e inferno e alguns outros pensamentos foram incorporados ao cristianismo, tendo em vista que tudo isto já fazia parte da vida daquele povo. O povo da antiguidade era muito místico, envolvendo festividades que utilizavam divindades nos seus rituais e invocação de espíritos em um processo de veneração e trabalhos que tinham o objetivo de desencarnar irmãos, ou arruinar as suas vidas. Estes tipos de atividade não se iniciaram com os africanos umbandistas e quibandistas, no entanto, em épocas bastante antigas já existiam estas atividades que eram comuns nos reinados e comunidades de faraós, como os curandeiros, os adivinhos, os bruxos e alguns outros tipos mais.

Tudo isto vem acompanhando ao longo da história, a evolução do ser humano que não tem se encontrado com o verdadeiro caminho que deveria seguir para conseguir a sua pureza espiritual, pois uma das formas naturais e intuitivas é tentar se apegar a tudo que o cerca para ter a sua paz de espírito. O sincretismo entra aí neste processo de juntar um pensamento com outras formas de perceber a sua trajetória de limpeza perispiritual e consequentemente encontrar o éden que Jesus prometeu a todos que trilhassem pelo caminho da luz, da paz e do amor ao próximo. Nesta complexidade de pensamento fica muito difícil de entender o que fazer aqui neste planeta que precisa se desmaterializar e caminhar pela senda correta da compreensão da vida que é ter a todos como irmãos se ajudando e amando, para que todos cresçam em conjunto.

O cristianismo dos tempos de JESUS sempre mostrou a todos uma vida sem mistificações, sem venerações em vão, não adorando deuses, mas buscando em um só criador os verdadeiros ensinamentos da verdade pura e cristalina, sem mistérios, sem subterfúgios e sem enigma para as coisas verdadeiras. JESUS quando pregava à humanidade nunca incitou a violência, nunca conclamou a todos os seus seguidores, para que se revoltassem contra os orgulhosos e vaidosos, nunca levantou a massa contra o poder daqui da terra, mas mostrou que precisa dele para entender a vida. Nas andanças do trabalho de purificação do espírito, JESUS usava sempre a simplicidade, a abnegação, a paciência e a perseverança na caminhada, cujo objetivo principal é conhecer o caminho do amor, perdão, da compreensão e do entendimento aos demais.

São raros os grupos que trabalham o problema da religiosidade, que não tenham alguma relação com as imagens, quais sejam Católicas, ou representando algo que dizem superior ou puro para eles, como os Druidas que veneravam as matas, e alguns outros que adoram duendes, gnomos, ou qualquer outra santidade sua. Quando não se tem certeza de que o Criador do mundo é uno, busca-se em outras formas de pensamento a tentativa de desejar compreender o que significa realmente o Pai de todas as coisas, que os católicos atribuem a JESUS, quando Ele mesmo disse que não O seria. O encontro com Deus se dá justamente pela libertação das formas de pensar que Ele não é uma multiplicidade de Deuses, cuja idéia é ver em tudo, que aos seus olhos se mostre perfeito e puro, ser o Deus que tanto se almeja para conseguir a paz de espírito e a felicidade eterna.

Hoje, século XX e quase início do século XXI, o espiritismo vem desmistificar os grupos religiosos que ainda perduram nos ensinamentos cristãos pautados no sincretismo, na utilização de pretos velhos, ciganos, índios, gnomos, duendes e toda uma série de sensitivo mediúnico que não condiz com tal doutrina. Toda esta prática não deve ser abominada pelo espiritismo, mas tê-la com a certeza de que todos necessitam de ajuda, no sentido do aprendizado, para o seu auto progresso e compreensão de sua atividade, perante todos aqueles que não têm certeza de sua missão aqui na terra. Sem dúvida, esses irmãos prestam grande trabalho diante todos aqueles que almejam satisfazer as suas necessidades imediatas, esquecendo que o trabalho espiritual deve ser para a humanidade envolvendo o amor, a felicidade e a paz indistintamente para todos.

Inegavelmente, muitos irmãos não compreendem o desenvolver dos trabalhos espirituais, tais como estão estabelecidos, pois o seu nível não percebe a grandeza de uma vida de luz e de encanto, portanto, fazem o bem, mas aos seus modos, talvez num nível atrasado pela suas próprias condições de primários no processo evolutivo. O trabalho do espiritismo é esclarecer a estes irmãos as suas condições, a sua relação com os demais, como evoluir e como conviver dentro de um clima de insegurança entre aqueles que necessitam de experiência para se acordar para a vida. Não é todo mundo que tem condições de entender os princípios espirituais, como algo de regeneração, de limpeza perispiritual e de progresso na compreensão da vida, portanto, a experiência ainda é o ponto fundamental para que possa aprender como se libertar para a vida eterna.

Em suma, a experiência espiritual liberta a todos do sincretismo que a maioria da população do mundo ainda guarda dentro de si, como uma fuga de seus problemas psicológicos, muitas vezes retardando a caminhada que os livros revelam, mas o coração não sente a maneira exata de como se libertar. O sincretismo faz parte do sentimento que começa a brotar na mente daqueles que almejam acreditar em alguma coisa, cujos simbolismos da crença humana inicia o processo de abalar o psiquê, para que a experiência possa participar da transformação das impurezas do ser humano. O espiritismo não tem sincretismo, no entanto, deve ajudar aqueles que vêem nas imagens alguma semelhança com o mundo espiritual que vive do mesmo jeito do material, só que em planos diferentes, sempre na mesma convergência de encontrar a pureza do espírito.


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