Comportamento & Moral

Luiz Gonzaga de Sousa
 

 

OS CUSTOS DA SOBREVIVÊNCIA

(O ponto de vista espírita)

Os ensinamentos espíritas e da teoria da palingênese dizem que os seres humanos nascem com uma carga de problemas advindos de outras vidas, e que as múltiplas encarnações seqüenciais são oportunidades que se têm para que possam se libertar de tais encargos e poderem conseguir a sua libertação, conseqüentemente, sua pureza. Dentro de uma filosofia empresarial, a coisa se comporta quase do mesmo jeito, isto é, se uma empresa quer se implantar, ela incorre em alguns custos ou encargos iniciais chamados de fixos e no transcorrer da sobrevivência, dos variáveis. É neste sentido que se busca fazer uma comparação dos custos que uma empresa desprende, com relação à sobrevivência do ser humano aqui na terra, visto que ambos têm custos, pelos encargos assumidos e receitas, pelos ganhos que advém de tudo que praticou de bom.

Inicialmente, tem-se que uma empresa incorre em custos pela sua implantação e depois pela dinâmica de sua produção e venda, cujos custos podem ser fixos e variáveis, uns existentes mesmo que a produção não aconteça e outros que só acontecem dentro de um processo produtivo. Espiritualmente, tem-se a mesma designação, os custos fixos são as cargas do passado que já nascem com o homem, e os variáveis que vão adquirindo ao longo da sobrevivência aqui no planeta Terra, pois a doçura das fraquezas materiais impede diminuí-las. O objetivo neste planeta é justamente eliminar os custos desnecessários, para que as receitas superem todos os gastos imprescindíveis para quem está num planeta de provas e expiações, não podendo ser eliminados com tanta facilidade, porque são necessários.

Os custos fixos que um espírito encarnado traz são decorrentes de outras vidas que adquiriu pela inexperiência, ou por ter alimentado um egoísmo, orgulho, vaidade, inveja e muitas outras formas de custos que se fixam para a próxima encarnação, os conhecidos pecados originais dos católicos. Já os custos variáveis decorrem de tudo que acontece no dia-a-dia do ser humano, cuja soma vai para os estoques da próxima existência se não se conseguir se libertar em um tempo hábil, de tais tropeços que a oportunidade oferece para conseguir receitas. Como elementos dos custos variáveis, tem-se ganhos materiais fáceis, buscar ser o melhor, ser individualista, ser fiel ao determinismo de sua construção passada, sofrer de promoção e publicidades, e não aceitar os sacrifícios que a vida oferece.

Como se pode observar, os custos fixos existem sem o ser humano ter vivido ainda nesta nova fase, a sua nova etapa, todavia, deve-se deixar claro que, com o perpassar do tempo, os custos fixos médios começam a diminuir, indicando que as cargas do passado vão sendo eliminadas, dando forma aos custos variáveis médios, que têm uma fase de decrescimento, onde predominam os custos fixos e, em seguida, crescem, dando ênfase a participação dos custos variáveis médios, que é a sua tomada de consciência para maiores receitas. Neste sentido, o ser humano deve se conscientizar de sua participação no planeta Terra e tentar conhecer os custos de sua sobrevivência, para ter uma vida de equilíbrio entre os tropeços da vida, e as receitas que ela própria oferece.

Importante se faz notar, que os custos espirituais se comportam em condições de curto, e de longo prazos, tais como as empresas também participam de tal maneira de vida, cujos empresários verificam as participações relativas de cada componente para tomar decisões propícias ao seu progresso. Para um curto prazo, tem-se um período de tempo onde a percepção de suas inferioridades e maledicências é difícil de apreciar, para procurar remove-las por ganhos e superação dos custos variáveis que vão aparecer e alimentar os custos fixos. Já quanto ao longo prazo, tem-se um período de tempo, onde os custos fixos já não são perceptíveis, e a predominância é dos custos variáveis, pois o ser humano já tem certa percepção de vida, sem de maneira alguma, tomar consciência dos males que o alimenta com freqüência.

Nos primeiros momentos da vida, tem-se um período de tempo curto onde o ser humano não tem oportunidade de conhecer nada ao seu redor e se conhecer, são muito poucas coisas, que passam desapercebidas, dando para se extraírem conclusões de que proporcionem uma melhora qualquer ao indivíduo. Todavia, no longo prazo já se tem um período de tempo bem mais longo e porque não dizer longuíssimo, em ponto de poder fazer as mudanças necessárias para uma auto consciência, uma compreensão, e poder decidir sobre o melhor caminho a tomar. Assim sendo, o tempo é um fator importante na tomada de decisões do ser humano, pois com as experiências do que é bom e do que é ruim, o processo de escolha, buscando o caminho do bem, do amor, e da harmonia, sempre aparece no longo prazo, onde tudo muda, para melhor.

No transcorrer dos séculos, onde as pessoas tentam viver a sua vida, tal qual se apresenta no momento, quase sempre não sabem que tudo caminha dentro do princípio de equilíbrio, isto significa dizer, depara-se sempre com a igualdade entre os ganhos marginais e os desprendimentos marginais. Por ganhos marginais, entendem-se as benesses que se adquirem no processo de substituição das inferioridades pela humildade e resignação, entretanto, por desprendimentos marginais, os custos incrementais na libertação das maledicências envolvidas. Os ganhos deste processo devem ser cada vez maiores para que os desprendimentos agregativos sejam suplantados por um clima de prazer das coisas espirituais, e superioridade moral sobre todos que ainda se locupletam na ignorância do bem.

Todas as vezes que se desprende das coisas materiais, de inferioridades de um mundo de provas e expiações os ganhos maiores podem ser comparados com as economias de escala, que as empresas ganham por saber direcionar melhor todos os insumos e fatores dentro do processo organizacional administrativo. Assim mesmo, os seres humanos passam por esse tipo de raciocínio, de lucros e perdas, cuja ganância não ensina a perder para se aumentarem os seus lucros na eternidade que é a perfeição espiritual onde todos buscam, mas ninguém quer. Os lucros não devem servir de ganância para alimentar o orgulho e a vaidade, mas a humildade e paciência na compreensão aos que estão no nível primário e precisam de muita experiência para superar todos os percalços da vida em busca de uma melhora.

Uma das questões importantes na evolução humana é quanto aos ganhos externos que se podem ter, por exemplo: uma pessoa observa a maneira de ser de uma outra, e consciente ou inconscientemente procura imitar os passos bons que a outra pratica, fazendo diminuir os seus altos custos. É interessante como as pessoas copiam o modo de vida das outras, tanto quanto pelo seu lado bom, como pelo seu lado ruim, dependendo do seu nível espiritual, tal processo de absorção das coisas externas ao seu próprio eu. Isto decorre dos fatos de que as pessoas competem umas com as outras, com vistas a serem as melhores, as conscientes, as perfeitas, cuja maneira de ser, nada mais é do que receptáculo de algo que alguém já está fazendo, e o orgulho, a vaidade, a ganância são seus atributos mais tristes.

Sem dúvida, que todos os seres humanos devem buscar sempre o equilíbrio, tanto no curto, como no longo prazo, isto é, aquele ponto onde as receitas marginais devem ser iguais aos custos marginais, pois só assim se conseguirá a harmonia para conseguir a pureza tão almejada por todos. A competição, que é um extravaso do egoísmo e da ganância, deve ser eliminada pela cooperação entre todos aqueles que têm divergência frente ao padrão de verdade, que é a cósmica universal que num mundo de provas e expiações, não consegue entender. Num mundo de desigualdades, em todos os sentidos, não existem condições de conseguir a harmonia, ou equilíbrio que todas as ciências buscam para que prevaleça a cunha da verdade, nem que seja uma verdade relativa que é um primeiro passo para a absoluta.

Não se pode se lançar para resolver os problemas materiais do trabalho cotidiano, ou das dificuldades que o ser humano possui, tais como doenças incuráveis e outros mais, sem considerar que os espíritos existem, e estão no planeta participando de tudo que existe neste entorno. Do mesmo jeito que os seres humanos adoecem, os espíritos também passam pelas mesmas dificuldades até a ponto de uma orientação que faça compreender a sua posição de desencarnado, indo em busca de aprender o que é bom e salutar para o seu progresso interior. Os custos da sobrevivência são propícios àqueles que vivem em um corpo material, todavia, a espiritualidade pode sentir essa analogia para orientar aqueles que não querem compreender o verdadeiro caminho de retidão e iluminação, própria que todos têm que ter.

Os custos da sobrevivência estão mais especificamente ligados ao sacrifício de poder ultrapassar as vicissitudes da vida sem blasfemar, substituindo as maldades que ainda dormitam dentro de si, pelas virtudes que todos têm que adquirir, para conseguir a sua independência diante da pureza divina. Pelo aspecto da materialidade, pode-se dizer no entender de PAIVA5 (1996), que

considera também que a sociedade deve ser organizada de forma a que todos possam trabalhar e os que estão doentes ou impossibilitados ao labor recebam desta mesma sociedade os meios necessários à sua subsistência de maneira justa e digna.

Desta forma, devem-se levar em conta os custos da sobrevivência pelo prisma material e espiritual, ao especificar que os sacrifícios para ultrapassar as dificuldades da vida são grandes, com custos muito altos para quem não tem auto domínio.

Em cada momento da vida são dadas oportunidades para que se possam conseguir alguns ganhos frente à eternidade, que é o verdadeiro mundo dos espíritos, cujos sacrifícios provocam sofrimentos materiais, que ficam impregnados na mente dos encarnados, que ao desencarnar conservam todas aquelas dores. Como se sabe a matéria alimenta a matéria, culminando com os prazeres da terra, e abdicar esses momentos de euforia, de alegria e de satisfação envolve um sacrifício muito grande cuja matéria não resiste preferindo as futilidades de um mundo de muita dor e sofrimento. Esta é uma prova muito forte de que os custos pela sobrevivência são muito grandes, trazendo quase sempre endividamentos difíceis de serem resgatados em poucas encarnações, que continuam nas reincidências, aumentando muitas vezes todo tipo de revolta e dificuldades no evoluir.

A vida do ser humano, pelo exposto, assemelha-se bastante com a sobrevivência de uma empresa que cresce de acordo com as suas condições financeiras e comerciais, sempre tentando uma igualdade entre os custo marginais e as receitas marginais que são próprios de um sistema dinâmico. Com o esquecimento do metafísico, do extra normal, observa-se que a conduta do ser humano, porta-se da mesma maneira que uma empresa, uma nação, ou um estado, onde se ver estes problemas, mas não percebe as dificuldades daqueles que estão à frente. Em resumo, tentam se resolver os problemas do dia-a-dia material, olvidando que a espiritualidade participa igualmente do progresso que todos necessitam, para entender o relacionamento das pessoas para com as pessoas, das pessoas para com a natureza, e de tudo enfim.


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