Comportamento & Moral

Luiz Gonzaga de Sousa
 

 

PAI: PRESENÇA DIVINA

Tudo na vida tem um significado muito importante para todos aqueles que buscam a razão do viver, em seus mais diversos sentidos que a caminhada possa mostrar, quer seja em momentos difíceis, como também nos grandes instantes em que se está progredindo na caminhada da evolução espiritual. Assim como se tem um líder nas comunidades, num estado, numa nação, da mesma forma os seres humanos, quando espíritos buscam um orientador ou aquele que vai se responsabilizar, em um determinado lapso de tempo, pelo seu estágio em um corpo físico. Neste pequeno trabalho, deseja-se remontar o significado de um pai, seu trabalho e sua participação na orientação de seus filhos, pois se sabe nos dias de hoje que essa relação não se dá por acaso, mas decorrente de toda uma conjugação de energias afins, é como se fosse um guia espiritual.

A participação do pai não surge a partir do nascimento de um filho, porém desde o primeiro encontro entre óvulo e espermatozóide, que deixa a esposa pronta para a geração de um rebento que coroa o casamento, tão cheio de paixões, de ciúmes, de possessão, e de felicidade material. O relacionamento entre esposo e esposa é de fundamental importância neste estágio em que a criança se encontra no ventre de sua mãe, alimentando-se do carinho dos protagonistas de sua trajetória, durante sua estada aqui no planeta terra, cujo resultado final será a pureza espiritual. Os nove meses de gestação são fundamentais para uma libertação dos problemas da vida anterior, pois momentos vindouros podem culminar em revoltas, ódios, raivas, ou em uma série de problemas que podem dificultar a nova trajetória do filhinho que chega.

Ao chegar a infância, a relação pai e filho, é de fundamental importância, tendo em vista que a orientação paterna direciona os destinos daquele que ainda não sabe se equilibrar, não sabe comer, não sabe andar, e é neste momento que ele aprende as primeiras palavras e o respeito aos pais e aos parentes. O pai nesta hora se apresenta como tutor, como o responsável por aquele espírito que precisa de um cicerone para mostrar os aposentos, para que na nova morada possa ficar a vontade e poder desfrutar bem dos momentos que vai estar como hospede de tal família. E aqueles que não tiveram seus pais presentes, nestes momentos? E aqueles que viram seus pais à distância, não puderam abraçá-lo, e beijá-lo ardentemente? São essas perguntas que deixam as pessoas inquietas, tentando uma resposta para os problemas da vida.

A infância vai desaparecendo e o pai mais próximo, não é aquele do afago, da conversa, do mostrar a vida que se apresenta a cada instante, como descoberta das amizades, dos prazeres da lida e de sua auto descoberta como ser humano e independente para a sua própria caminhada. No entanto, o pai se apresenta bêbado, brigando com a mãe, buscando mulheres fora do lar, incitando o ciúme sobre aquela que não se libertou de sua posição possessiva de dona única e inviolável de tal empreendimento, que é o esposo fiel pelas algemas de uma convenção social. Sem dúvida, o filho sofre os desajustes de dois irmãos incompreensivos, que se juntaram pelas impressões de suas inferioridades, e alimentação de uma carne que se locupleta com os momentos instintivos de um irmão que ainda não adquiriu libertação do mundo material.

Nos tempos de criança, iniciam-se os tempos de escola, são as descobertas das letras, os conhecimentos dos livros ou das historietas de animais, cujo pai deve estar sempre presente, como o instrutor primeiro, que conjuntamente com a mãe, ensinam ao filho o entender as primeiras palavras. Infelizmente, muitos pais não presenciam esta etapa na criança que necessita de muito apoio para sentir o que quer transmitir a junção das letras que querem passar alguma mensagem para alguém que ainda não entende a vida, tão complexa para um caminhar feliz e cheio de amor. Os momentos de escola são fundamentais para que o pai esteja presente na vida da criança, cuja desarmonia marido e mulher, não deixa que a criança possa sentir o significado das letras, que mostra a responsabilidade do futuro dirigente de sua própria vida.

No lar deve existir sempre uma conversa franca e sadia entre o pai e o filho ou filha para que as energias se cruzem e formem um clima de amenização entre as dificuldades que os dois poderão passar, devido ao filho assumir a sua própria individualidade e discordar dos posicionamentos do pai, que gera conflitos. Sem essa ligação muito forte entre pai e filho, os problemas que surgirão, trarão ao tutor, amigo e companheiro, a sua perda de autoridade no sentido popular, ferindo a honra do pai vaidoso, orgulhoso e ciumento com tudo que lhe toma como propriedade. Assim sendo, os conflitos no lar geram uma busca mais cedo de seu eu palingenésico, eclodindo mais rápido toda a sua inferioridade e maledicência, cujo mundo por ele agora habitado, não conseguiu implantar um aprendizado correto antes da erupção de seu interior infernal.

Muitos pais dão pouca importância aos momentos de infância ou não de seus filhos, com uma assistência muito precária, só estando ao seu lado, um ou dois minutos, não se sabe em que circunstância isto acontece e porque acontece, cujo filho seria a alegria maior de um casal que coroa seu enlace. O pai geralmente, quando não está no trabalho, tem seus momentos de laser nos bares com os amigos, ou nas esquinas batendo um papo com outros amigos, ou tentando conseguir uma namorada para dar evasão ao seu instinto de prazer sexual desmedido. O genitor amigo sempre se mantém distante daquele que veio ao mundo para ser orientado, ou até mesmo orientar aquele casal que se juntou pelo sentimento da carne, em uma provocação natural da inferioridade para o entendimento do verdadeiro caminho que tem que seguir.

Inegavelmente, o pai é um co-Criador não somente quando faz gerar um filho, mas quando continua este processo de burilamento do comportamento daquele ser que necessita de compreender o porque de tudo isto que o cerca, cujo momento se lhe apresenta como mistério e precisa desvendá-lo. Nisto há a semelhança com a divindade, tendo em vista a colocação que

a criação das coisas por parte de Deus é a melhor maneira. Ora, é melhor fazer uma coisa em vista de um fim do que fazê-la sem visar uma finalidade. Por conseguinte, Deus fez as coisas com vistas a uma meta,

como expressa Santo Tomás de AQUINO3 (1274). Aqui está se falando de um pai participativo, de um pai que verdadeiramente exerce a função de um pai criador, amigo e devotado a contribuir para a sua criação, dando amor, orientando, e se doando para o progresso de sua prole.

No entanto, alguns viajam para distante, passando anos e anos sem ver e acompanhar aquele que veio ao mundo receber os seus ensinamentos, não somente em termos de intelectualidade, mas os aprendizados de vida, da experiência e da imitação que os filhos geralmente fazem dos pais, no dia-a-dia de seu lar. Dias passam; meses passam; e o filho não ver, e nem sente a presença do pai. É somente a mãe quem procura mostrar as coordenadas do aprendizado infanto-juvenil ao trabalho que seria estritamente do pai, ao proporcionar carinho e afeto ao seu amor predileto. O pai é uma figura indispensável no desenvolvimento daquele que precisa compreender o caminho da verdade e da vida, dentro do princípio religioso, da moral e da busca do conhecer a verdade em qualquer sentido que se queira empregar para o aprendizado evolutivo do ser humano.

Com a falta da presença do pai no dia-a-dia do filho, aquele que não tem consistência espírito-religiosa, envereda-se facilmente pelos caminhos da perdição, tais como roubo, furto, bebidas, mau comportamento, e muitos outros desregramentos que dificultam o seu entrosamento no seio da sociedade. Esta maneira de ser atrai energias deletérias e inferiorizadas que, quando o pai tenta se aproximar daquele que seria seu sucessor não há mais condições e somente as leis do mundo vão tentar coibir os instintos desenfreados daqueles que não encontraram os ensinamentos na hora certa. Na verdade, o pai tem a sua parcela de culpa, todavia, a inferioridade do filho também tem contribuído para que a sua maneira de ser não tenha mudado o necessário para fazer parte daqueles que cumpriram a sua tarefa num clima de harmonia e amor ao próximo.

A presença do pai junto ao seu filho é algo sublime e de fundamental importância para o progresso espiritual dos dois que precisam se ajudar para conseguirem a sua libertação dentro do caminho do aprendizado tanto para a vida material como para a vida espiritual que é a meta de todos, aqui no planeta terra. Mesmo que não se tenha o acompanhamento do pai em todos os instantes da vida que passa, não é motivo para que se possa odiá-lo, detestá-lo e tratá-lo mal diante dos olhos de uma sociedade que não entende o porque de tal acontecimento. Já que o pai não compreendeu a sua atividade, compete ao filho reconhecer a sua função e tentar ajudá-lo nesta linha de progresso que o filho mais cedo ou mais tarde entendeu e pode por em prática para o entendimento de todos que não teve acesso a essa grande caminhada.

Em um lar o filho, a esposa e o esposo têm diversas funções, isto significa dizer, o filho ajuda ao pai ou a mãe. A mãe ajuda ao pai, ou ao filho, e todos tem o seu objetivo de aturar um ao outro, com a finalidade do aprendizado, cujo reconhecimento todos participem da iluminação que todos têm dentro de si. Não se justifica um pai desatencioso com o filho, receba com a mesma moeda suas ingratidões e desinformações de um proceder correto de um ser que teve a missão de iluminar um irmão carente que veio ser ajudado e não conseguiu o seu intento nesta labuta diária de sofrimento e dor. O pai é sempre pai e deve ser respeitado em todos os instantes desta vida que segue, mesmo dentro de um clima que o irmão maior dentro do lar não soube conduzir como deveria, tendo em vista que todos têm níveis diferentes de evolução aqui na terra.

O pai deveria ser a presença de Deus no lar, não como um ditador, uma figura temerosa, que impõe pavor, que assusta a todos os participantes daquele pequeno mundo, onde todos são membros de uma criação divina, tal como o Criador maior designou para que todos vivessem em paz dentro de sua construção. O dia a dia de cada um é construção desse grupo familiar, tanto para o lado do bem como para o lado do mal, como acontece com as famílias que estão desgarradas do verdadeiro caminho que têm que seguir, que é viver em paz, cheia de felicidade, de luz e de amor. Sem a semelhança com Deus não há condições de se construir o bem, ter uma família ajustada, cujos membros se doam para a evolução da humanidade como um todo na construção do paraíso celestial que todos têm que construir dentro de si e da família, para a felicidade de todos.

Sem dúvida, o pai deve ser o exemplo de trabalho, de abnegação, de paciência, de resignação e de ajuda ao filho que não compreende a sua atividade neste lar que adota como uma linha de aprendizado, mesmo que seja numa família pobre, sofrendo os mais diversos reverses de uma lida tribulada e cheia de contrastes. O perdão deve ser a tônica cotidiana em uma família que não soube conduzir o seu trabalho de exemplo como pai que deveria assumir uma postura de orientador para os problemas que a vida oferece a todos que não compreendem os problemas que aparecem na vida a cada instante. Em resumo, o pai é uma pessoa importante no lar. Deve ser respeitada em todos os instantes, desde a mais carrasca à mais branda e exemplar que possa parecer ao filho que não compreende uma linha de correção sem a dureza das lapadas, a ignorância da ira, e do ódio paternal.


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