Artigos de Economia

Luiz Gonzaga de Sousa

 

VARIANTE DE FRANKEL: O CASO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados finais a que se chegou depois da manipulação pelo computador demonstraram um pouco, aquilo que já se previa diante das abstrações teóricas que foram simuladas, considerando-se o grande poder de agregação em que as indústrias estão submetidas, atreladas com os inelimináveis erros de especificação do modelo. Agregados a estes problemas estatísticos, constata-se que as variáveis coletadas precisam de um melhor tratamento, tendo em vista que existem muitas dificuldades na obtenção desses dados frente aos tipos de coleta e tratamento por parte destes órgãos, por diversos motivos. Fora estes problemas, podem-se extrair algumas conclusões de importância fundamental para a economia.

Em primeiro lugar, pode-se inferir um preponderante resultado que tem repercussão de importância à indústria, como é o caso da questão dos salários dos trabalhadores, pois dentro dos princípios neoclássicos, o salário é determinado pela produtividade marginal do trabalho, tendo como pressuposto fundamental que a quase renda deve ser igual a zero sobre a máquina marginal, que não foi usada para determinar o número serial desta máquina. Neste tipo de inferência, não se leva em consideração o poder dos conglomerados de trabalhadores que reivindicam melhoramentos de salários, sem a devida contra-partida de produtividade marginal, pois este ponto é‚ deveras importante para a economia.

Um segundo ponto que se deve levantar é quanto aos retornos existentes no sistema econômico que podem ser vistos do ponto de vista social e privado, esta colocação diz respeito à intensidade do trabalho, ou do capital no processo produtivo. Na hipótese da produtividade marginal privada do capital ser maior do que a produtividade marginal social, isto significa que muito trabalho está sendo usado no sentido social, para que a razão K/L possa declinar, porém com o emprego de mais mão-de-obra, decorrente de salário mais alto, relativo ao emprego do trabalho. Nisto constata-se uma certa exploração do capital sobre o trabalho pela sua disponibilidade que força o salário a cair.

Como uma terceira inferência e ainda com respeito aos retornos sociais e privados na economia, pode-se constatar o contrário ao caso anterior que se verificou uma abundância de mão-de-obra pelo desajuste entre o produto marginal privado do capital ser maior do que o produto marginal social. Desta feita, pode-se ter que a produtividade marginal privado do capital ser menor do que a produtividade marginal social, pois, com isto, o empresário decide aplicar pouco capital, devido fraco, ou nenhum retorno extra, resultante da expansão geral da razão K/L. Dentro deste princípio, não existem incentivos para a expansão da indústria, já que as economias geradas não compensam a um melhoramento da relação K/L.

Finalmente, pode-se chegar a alguns outros resultados finais de valiosíssimos contributos para a economia, quais sejam: primeiro, que se pode observar o aparecimento de ganhos para a indústria de maneira inexplicáveis pelos argumentos tradicionais, tais como, economias de escala, economias externas, economia do dimensionamento, etc, e, segundo, constata-se que com o transcorrer do tempo, a mão-de-obra trabalhadora direta oferece retornos ao setor industrial decorrentes do "learning by doing". Até mesmo no meio empirista se observa o surgimento de algo que nasce do "aprender fazendo", pois é, a experiência, a maneira maior do mundo mecanicista, cujo dia a dia é o grande professor que não exige nenhum pagamento em contra-partida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FERGUSON, C. E. The Neoclassical Theory of Production and Distribution. Estados Unidos da América, Cambridge University Press, 1972.

FRANKEL, Marvin. The Production Function: Allocation and Growth. American Economic Review, LII, 1962.

KMENTA, Jan. Elementos de Econometria. São Paulo, ATLAS S/A, 1978.

YAMANE, Taro. Estadistica. México, HARLA S/A, 1974.

KELEJIAN, Harry H. e OATES, Wallace E. Introdução à Econometria: Princípios e Aplicações. Rio de Janeiro, CAMPUS, 1978.

WANNACOTT, Ronald e WANNACOTT, Thomas H. Econometria. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos S/A, 1976.

JOHNSTON, J. Métodos Econométricos. São Paulo, ATLAS S/A, 1974.

APÊNDICE A

Código da Indústria Nome da Indústria 01 Minerais não Metálicos 02 Metalúrgica 03 Mecânica 04 Mat. Eletr. e de Comunicações 05 Material de Transportes 06 Madeira 07 Mobiliário 08 Papel e Papelão 09 Borracha 10 C., P. e Produtos Similares 11 Química 12 Prod. Farmacêuticos e Veterinários 13 Prod. de Perf., Sabões e Velas 14 Prod. de Material Plásticos 15 Têxtil 16 Vest., Calç. E Artefatos de Tecidos 17 Produtos Alimentares 18 Bebidas 19 Fumo 20 Editorial e Gráfica 21 Diversos 22 Extração Mineral Fonte: Fundação Brasileiro de Geografia e Estatística de 1980.

APÊNDICE C

Sigla do Estados Nome do Estado Ac Acre Al Alagoas Ap Amapá Am Amazonas Bh Bahia Ce Ceará ES Espírito Santo Go Goiás Ma Maranhão MG Mato Grosso Mg Mato Grosso do Sul Mi Minas Gerais Pe Pernambuco Pa Pará Pb Paraíba Pr Paraná Pi Piauí RN Rio Grande do Norte RJ Rio de Janeiro RS Rio Grande do Sul Ro Rondônia Rr Roraima SC Santa Catarina SP São Paulo Se Sergipe Obs: Estar-se usando siglas com objetivo de simplificar a estrutura analítica do trabalho.


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