Artigos de Economia

Luiz Gonzaga de Sousa

 

PODER DOS MONOPÓLIOS

GUERRA PREÇOS E EXTRA PREÇOS

A questão das barreiras à entrada envolve uma lista de variáveis muito grande, porém uma das primeiras dela é a guerra de preços e extra-preços, como proibição para que novos produtos não participem do mercado, tendo por conseqüência, uma monopolização mercadológica muito forte e discriminante. Este fato acontece onde o capitalismo tem um poder de mando muito grande, ditando as normas de atuação no mercado, executando uma cartelização industrial/comercial na economia livre, que já não rege as variáveis do sistema. A dinâmica dessas variáveis fica a mercê da ditadura dos trustes, em detrimento de uma condução natural da indústria competitiva e de um mercado onde todos participam de igual para igual, no entanto, o poder de monopólio cria barreiras ao desenvolvimento natural do sistema como um todo.

Num sistema competitivo, onde todos têm o poder de participação, mesmo não estando numa competição perfeita, com a existência da estratificação industrial/comercial, a guerra preços constitui um dos instrumentos de poder de monopólio, cujas variações de preços dificultam à entrada de alguns empresários e facilitam (forçam) a saída de outros. Este fato acontece, tendo em vista a interdependência existente entre as empresas industriais com certa proximidade em termos de produtos, devido a sua substitutibilidade ou complementaridade. A interdependência interindustrial e intercomercial é própria de um mercado que esteja numa situação de oligopólio, onde o empresário possa passar desapercebido pelo seu colega de atividade, pois ao serem notadas mudanças de preços em um, os outros podem inviabilizá-las.

Uma estrutura de mercado cuja competição é fortemente acirrada, algumas mudanças de preços são muito discretas, a tal ponto que o seu colega não possa notar. Num sistema inflacionário as variáveis de preços são constantes e rápidas, não como decorrência de mudança na oferta frente à procura, mas como uma reposição das perdas advindas da inflação. Nesta hora, as variações de preços são patentes e abertas, cujo poder de monopólio proporciona suporte necessário a que não haja quem possa eliminar os efeitos dessa mudança. Todavia, em lugares onde há monopolização mercadológica através de uma cartelização, fica difícil o mercado forçar uma diminuição de preços de maneira natural, porém, dentro de uma estrutura onde existem competidores próximos, as variações de preços são sempre para baixo, como explica CHAMBERLAIN (1933).

No mundo moderno, a questão da guerra de preços fica muito difícil de ser executada, ao considerar a constante vigilância que uns exercem sobre os outros participantes do mercado concorrencial. Ao considerar este fato, verifica-se que a estabilidade de preços, no longo prazo, é um caso patente, tendo em vista a interdependência assumida entre os industriais e comerciantes. Afora este fato, resta trabalhar com a possibilidade dos empresários executarem uma política de guerra extra-preços que é justamente o que acontece com o mundo oligopolista da atualidade. Tal acontecimento tem mais evidência com as facilidades de comunicação que existem na atualidade, como a televisão, os jornais, os rádios e alguns outros instrumentos que são executados no processo de guerra extra-preços entre os empresários que lutam pela sobrevivência participativa no mercado.

A guerra extra-preços caminha de maneira diferente da guerra-preços, inclusive mais perigosa, pois a guerra extra-preços diz respeito ao modo de competição que não via preços, nas propagandas, out-doors, publicidades, amostra grátis e algumas outras formas de participação na cesta do consumidor. Todos estes instrumentos são usados pelos empresários com objetivo de conseguir mercados, de acumular mais rapidamente e de concentrar nas mãos de poucos que tentam sobreviver às intempéries do rolo compressor dos donos do capital. Não há como acumular capital se os empresários não usarem de sua criatividade e inovação no contexto de conseguir demanda para os seus produtos e se as mudanças de preços não são possíveis, deve se buscar outros mecanismos e os empresários fazem com eficiência e perspicácia.

Portanto, ao se considerar a questão da guerra-preços, não se deve esquecer que esses mecanismos são complicados, levando algumas vezes a problemas maiores, frente aos consumidores, isto é, alguns empresários inescrupulosos usam de má fé na aplicação desses instrumentos para ludibriarem os consumidores quanto a marca, a peso, a qualidade e algumas outras formas mais. É neste contexto que a rapidez na acumulação de capital, fomenta a concentração e leva ao enriquecimento ilícito de alguns apanigüados que, depois dessas posses, criam estruturas que não se comprovam seus golpes, no entanto, quem sai perdendo são os compradores indefesos e inconscientes de seus direitos. Essas atuações perniciosas atuam abertamente e com maior evidência em países periféricos, onde reina o hedonismo e a ganância como filosofia que já cristalizou na mente de quem está tomado de orgulho e vaidade perniciosos.


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