A ECONOMIA DO FORRÓDROMO
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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A ECONOMIA DO FORRÓDROMO

 

            O maior forró do mundo não veio somente proporcionar alegria aos forrozeiros do São João/São Pedro de Campina Grande. Ele fez muito mais do que se esperava: levou aos desempregados e subempregados do município uma fonte para garantir sua sobrevivência, como também um incremento da renda familiar daqueles que já têm seu emprego garantido. A alegria dos campinenses foi completa, porque se viu a participação de seu povo nas festividades de junho. Foi um instante onde não houve discriminação entre o preto e o branco, o pobre e o rico e as regiões do país. Todos participam. Todos dão sua colaboração para o brilhantismo do maior forró do mundo.

            O Parque do Povo chegou na hora certa. Foi lá onde todos os forrozeiros que estavam em Campina Grande puderam extravasar suas tristezas e desesperos em prol de uma alegria que ficará na história, porque quem esteve no Forródromo este ano, virá sempre. O Parque do Povo abraçou gente de toda parte do Brasil. Gente que veio do Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Recife, de Fortaleza, do Maranhão, do Amazonas e de outros Estados da Federação brasileira em busca de um festival de coisas tipicamente da terra (regionais), o forró, o xaxado, o xote, etc. É esta a festa que corre no sangue do povo brasileiro, em especial, do povo nordestino e, em particular, do povo paraibano.

            Com a festa junina, a economia campinense reviveu um aquecimento diferente. Os comerciantes correram para o Forródromo e lá se instalaram em suas barracas em busca de um certo faturamento. Lá estavam as barracas sofisticadas, oferecendo whisky, vodka, cerveja, caipirosca, comidas típicas, artesanatos, cachaças (pinga), churrascos, galeto assado, etc,. Estas barracas eram da classe que tinha certa posse financeira. A sofisticação desfilou, deu seu recado e faturou como se esperava. Foi um sucesso nunca visto em festas populares. Este ano, o São João/São Pedro superou as expectativas com tantas brincadeiras, gerando muito mais seriedades, porque as músicas pornôs deste São João/São Pedro melhoraram a renda de muita gente.

            O importante deste São João/São Pedro não foram as esplêndidas barracas sofisticadas das avenidas principais do Forródromo. O comovente, é que, os comerciantes marginais que puderam faturar, e relativamente alto, o seu pão de cada dia. As barracas periféricas marcaram presença com seu simples churrasquinho e a famosa cachaça "cana de cabeça", era presença constante com seu caldo de mocotó e o guisado de bode e porco. A concorrência era grande, mas ninguém brigava, porque havia lugar para todo mundo. Numa visita aos arrabaldes do Parque do Povo, verificava-se o comércio diversificado do pequeno vendedor da cidade e até mesmo de novos vendedores que aproveitaram o São João/São Pedro para começar seu negócio.

            Foram os pequenos negociantes que mais faturaram nesta grande festa. A todo lado se viam vendedores de rolete de cana, de churrasquinhos populares, vendedores de pipocas, de lã de açúcar e de balões de festa, de bandeirolas, de amendoim, de mamulengos, de bolos e de muitas outras coisas feitas por vendedores populares que não tinham condições de montarem suas barracas para um negócio melhor estabelecido. Isto garantiu um bom faturamento para este tipo de atividade, visto que não pagava nenhum encargo social ou imposto à Prefeitura; o ganho bruto se confundia com o ganho líquido. Neste sentido, o Forródromo veio trazer alegria para os dançantes e para aqueles que faturaram.

            Além destes pequenos batalhadores pela vida, houve ganhos em um nível mais elevado. É incontável o lucro que ficou nos hotéis. Todos superlotados, não tinham condições para suportar tamanhos pedidos que constantemente eram feitos pelos telefones e pelas cartas enviadas aos seus gerentes. Porém, vale salientar que faltou um pouco de visão dos organizadores que não enxergaram as centenas de casas abandonadas pela Caixa Econômica Federal e de propriedade de bancos particulares que poderiam, com a permissão dos gerentes, ser aproveitadas, alugando-as aos visitantes. Mesmo assim, foi bom, pois, os fogueteiros tiveram sua produção aumentada e vendida. Os taxis se movimentaram de maneira surpreendente. O São João/São Pedro melhorou.

            Todos ficaram satisfeitos. Foram trinta dias de festas, de trabalho e de satisfação. A tristeza que denegriu o povo nordestino durante vinte anos de ditadura, começa aos poucos tendo que partir para sempre. Só a alegria tomará conta de agora por diante, de todos os minutos que passam pela vida do morador da região mais sofrida do país, o Nordeste. É o São João/São Pedro, a festa máxima dos nordestinos, pois, um copo de cachaça e uma mulher ao lado, completam a festa daqueles que só vêem tristeza, de falta d’água, de falta de emprego e de alimentação, etc. Mesmo assim, o homem do Nordeste não perde a esportiva e procura a sobrevivência à sua maneira, saindo da formalidade ao mercado informal.

            Mesmo com todo o sucesso do São João/São Pedro, as festas juninas não chegaram à perfeição. Existem falhas contornáveis: uma primeira, é quanto ao aspecto musical; os organizadores deveriam, pelo menos na semana do São João/São Pedro, trazer um cantor de forró e, em particular, da terra paraibana. Um segundo problema é quanto à estada dos turistas, pois existem muitas e muitas casas vendidas pelo Sistema Financeiro de Habitação que foram abandonadas; poderiam ser aproveitadas como alojamentos para quem procurasse, isto é, a Prefeitura entraria em contato com o gerente responsável pelo imóvel (Caixa Econômica, Banorte, Bradesco, etc) equiparia a residência e alugaria. Desta forma, este problema seria sanado.

            Com o sucesso do São João/São Pedro, crê-se que aquele parque de diversões não parará de funcionar. É necessário que o Senhor Prefeito Municipal mantenha um serviço de som potente sempre funcionando, para continuar o trabalho simples daqueles pequenos trabalhadores e que, uma vez por mês, faça uma apresentação com cantores ao vivo. O sistema de barracas deverá ser melhor organizado, porque havia mais barracas do que freqüentadores e, na medida do possível, um pequeno parque infantil, onde os pais e filhos se divertirão com plena harmonia. Tudo isto dinamizará dentro de seus limites a economia subterrânea da cidade em busca de proporcionar a esses agentes a sua sobrevivência, pois, se continuar de ano em ano a participar do sistema de desenvolvimento municipal, é apenas mais um contribuinte.

            O desafio da economia do Forródromo foi lançado e, creia-se, veio trazer condições satisfatórias, tanto aos pequenos, como aos grandes comerciantes que aumentam seus lucros em cima de festividades tipos bares e festas noturnas. O São João/ São Pedro, dinamizou o mês junino do município e criou um elo de ligação entre Campina Grande e as cidades circunvizinhas tais como: Santa Luzia, Patos, Cajazeiras, Pocinhos, Esperança, Monteiro, assim como, algumas outras cidades do interior nordestino, como Garanhuns, Altinho, Caruaru e outras mais. Mesmo que Campina Grande não forme um bom futuro, devido à visão dos dirigentes municipais, quanto a este assunto, entretanto, foi um grande arranco (take off) para a cidade turística das festas do mês de São João/São Pedro, consideradas festas matutas do interior nordestino brasileiro.

            Um outro problema que pode acontecer nos meses de junho e julho é a forte evasão de recursos da população nordestina, ou em especial, de Campina Grande para o Centro Sul, quando alguns empresários do meio cultural, inescrupulosos, contratam artistas que não são forrozeiros por milhões de cruzeiros que são carreados para outras plagas. Isto é prejudicial para a economia paraibana/campinense que deixa de fazer as suas aplicações na economia doméstica, para dar condições de empresários sulistas engordarem cada vez mais uma economia já próspera do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os ritmos baianos e o rock têm avançado muito no interior do Nordeste, contudo, os empresários querem aproveitar o sucesso dessas bandas e as contratam em detrimento dos cantores e músicos da própria terra, que vão se aventurar em lugares distantes para conseguirem seus sucessos.

            Em resumo, o Maior São João do Mundo veio para ficar e parece que ficou, considerando que suas primeiras programações foram coroadas com pleno êxito, proporcionando a todo mundo ganhar seu dinheirinho para sobreviver. Todos se divertem, todos brincam e todos faturam dentro de um clima de festividade e participação, pois o importante é que a cidade tomou novos rumos nestes dois meses, tendo em vista a invasão de turistas nos quatro cantos do Estado e, de maneira particular, na cidade de Campina Grande. Dentro desta conceituação, pode-se dizer que Campina Grande possui, além de sua economia natural, advinda de seus primórdios, uma economia do Forródromo, que trouxe para a cidade um novo modo de vida, dentro dos princípios da economia informal, mas numa harmonização onde todos ganham os seus dinheiros no mês de São João/São Pedro, com grande festa, grande comemoração e trabalho para os agentes econômicos locais.

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