A FORMAÇÃO DA ECONOMIA CAMPINENSE
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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A FORMAÇÃO DA ECONOMIA CAMPINENSE

 

            Os primeiros passos de Campina Grande datam dos primórdios do descobrimento do Brasil. Foi em 1697 que se concretizaram as origens de Campina grande, hoje Rainha da Borborema. Entretanto, constata-se que em 1670, Antonio de Oliveira Ledo fundara a aldeia de Boqueirão, e, alguns anos mais tarde convidara seu sobrinho Teodósio de Oliveira Ledo à região para comandar o aldeiamento dos índios Ariús. Foi a partir deste momento que Campina Grande deu seus primeiros passos, até os dias de hoje. Entretanto, sua topografia plana, com muitas baraúnas, pau-d'arcos, aroeiras, angicos e mulunguzeiros que caracterizavam uma extensa campina, é que gerou este cognome que ainda hoje perdura.

            Conta-se que em 1698 chegou à aldeia um frade do Convento de Santo Antônio, sediado na capital da Paraíba, com objetivo de dar início à catequização dos silvícolas, por ordens do governador da capitania, Manuel Soares Albergaria. Disto originou-se a Carta Régia de 13 de janeiro de 1701 que mandava levantar uma capela e pagar ao capelão vinte e cinco mil réis de côngrua, e doze mil réis pelo fabrico e guisamento de hóstia e vinho, isto com o pagamento pelas reuniões com os índios para ensinamentos. Esta foi a formação da igreja no aldeamento. Com isto, a colônia cresceu rapidamente e muitas pessoas acorreram para este local, que apresentava boa terra para plantação de mandioca, milho e outros produtos cereais.

            Não foi a partir desta época que surgiu o termo Campina Grande, todavia em 1769, o povoado foi elevado à paróquia de Nossa Senhora da Conceição com sede em São João do Cariri de Fora. Mas, data de 1790 a sua transformação em Vila com o topônimo de Vila Nova da Rainha, através da Carta-Régia de 22 de julho de 1766. O povoado, agora Vila, era ponto obrigatório entre o litoral e os sertões, pois as duas estradas da época, a do Seridó e a de Espinharas, convergiam à Vila, criando um entreposto de comércio de gado e farinha. Neste preâmbulo, as condições naturais incentivavam a formação de uma estrutura agrícola plenamente satisfatória e um comércio decorrente desse entroncamento dos diversos pontos da capitania.

            Na verdade, o termo Campina Grande surgiu em 1854 com a Lei Provincial de número 27, de 06 de julho do ano corrente e anexado à comarca de Pilar. No entanto, foi elevada à categoria de cidade em 11 de novembro de 1864, por força de Lei Provincial número 137; em seguida, pela Lei número 183, de 03 de agosto de 1865, foi criada a comarca de Campina Grande. Neste transcorrer histórico, a economia da cidade, no que diz respeito à agricultura ia cada vez mais se desenvolvendo e com ela crescendo o comércio que tomava proporções internacionais, apesar de em sua grande parte coexistir uma economia de subsistência que serviria apenas para o autoconsumo, como o milho, o feijão, a mandioca, etc,.

            A agricultura campinense nunca foi considerada latifúndio produtivo, apenas alguns produtos se destacavam como culturas de expressão na economia do município. O que preponderava era o minifúndio. A terra emprestada e a terra alugada. Neste contexto, a agricultura de subsistência era o comum. O pequeno produtor não tinha, como não tem, condições de implementar seu processo produtivo a uma alta escala. Falta-lhe crédito, pois o pequeno produtor agrícola não tem acesso ao sistema bancário para poder intensificar uma tecnologia que leve o pobre homem do campo a uma produção sem muitos sacrifícios. Com isto, somente a produção de subsistência e em pequena escala é quem predomina.

            Todavia, não se deve esquecer que alguns produtos se sobressaíram na economia campinense, como foi o caso do algodão e do sisal. Apesar disto, não se teve um apoio que desse à agricultura a principal atividade econômica municipal. A época do algodão foi uma era de glória, que deixou o Município de Campina Grande em plena evidência no contexto nacional, mas não se soube criar uma situação em que a agricultura campinense se estruturasse e crescesse. Inegavelmente esses produtos que eram produzidos em grande escala, elevaram a cidade ao contexto internacional, trazendo ao município grandes somas de rendas, chegando a ser a maior renda do Estado da Paraíba, mas a tecnologia pouco se desenvolveu continuou no que era.

            Com a estruturação da agricultura campinense, com as famigeradas feiras de gado no município e nas circunvizinhanças e com a vinda de pessoas para esta cidade, começa-se o processo de beneficiamento de alguns produtos de importância para o Estado. Com isto, surgiram as primeiras fábricas em Campina Grande, como foi o caso das fábricas de beneficiamento de algodão e de sisal. Com o advento do setor de transformação, surgiram a SANBRA, a ANDERSON CLAYTON, Zé Marques de Almeida, e poucas outras empresas que tinham a finalidade de beneficiar produtos da terra para uso doméstico e até mesmo exportar. Foi desta forma que apareceu a indústria campinense, mas sem esquecer a sua vocação comercial que sempre teve.

            A indústria de transformação cresceu e com ela cresceram também as oportunidades de emprego, de investimentos na atividade econômica Municipal. As fábricas foram surgindo e com elas os cursos técnicos profissionais, as escolas de aperfeiçoamento e as universidades para capacitar a mão-de-obra e dinamizar a economia. Foi desta maneira que rapidamente a tecnologia começou a desenvolver o parque industrial campinense e proporcionar ao município uma estrutura de cidade de porte médio. Isto fez gerar a WALLIG, a BESA, a BENTONIT, a CANDE, as empresas SÃO BRAZ, as empresas REUNIDAS SÃO LUIZ, a AZALÉIA, a SANCA, o COTONIFÍCIO CAMPINENSE e muitas empresas de importância fundamental.

            A evolução campinense gerou não somente as médias e grandes empresas, mas também as pequenas e as micro-empresas produtoras de produtos básicos para a região. Muitas vezes, levam-se em conta as empresas formais, que são protegidas pelo Estado, entretanto, os produtores informais são de relevância número um, tendo em vista que são empresas que lutam com dificuldades, mas empregam um número significante de trabalhadores, têm uma produção apreciável e constituem um número expressivo na economia de transformação de bens necessários e exportáveis. É nesse clima que o setor de transformação campinense, tem demonstrado ser de fundamental relevância para toda a região do compartimento da Borborema e adjacências.

            O setor de beneficiamento gerou-se e com ele vieram momentos de boom e de crises. Momentos de boom que fizeram crescer a economia, que trouxeram mais empregos, e momentos de boom que abriram as portas aos investimentos nacionais em Campina Grande. Momentos de crises que deixaram marcas profundas no parque industrial do município, momentos de crise em que abalaram a renda municipal e momentos de crise que se viu muitas e muitas empresas fecharem suas portas, trazendo prejuízos incalculáveis. No entanto, não se pode esquecer que foi a industrialização que fez expandir-se o setor comercial campinense, classificando Campina Grande como o maior pólo comercial de cidade do Nordeste.

            O comércio de Campina Grande foi o mais eficiente que aconteceu em cidade de interior. Sua formação data da origem da cidade, com os famosos tropeiros e viajantes que saíam do sertão ao litoral, ou vice-versa. Disto resultou o comércio campinense, tanto de produtos de subsistência como de produtos de exportação. Para melhor justificar este estado de coisas, verifica-se que Campina Grande foi, em determinada fase da história paraibana, o município de maior renda do Estado, por muito tempo. O brilhantismo de seu sucesso decorreu da criação de uma infra-estrutura que  facilitou um melhor escoamento de seus produtos aos longínquos recantos do país. Isto deveu-se à construção de estradas rodoviárias e ferroviárias ligando todo o Estado.

            Sabe-se que o comércio de Campina Grande é quem conta a história da cidade. Comércio caracterizado pela pluralidade de produtos vindos de diversos estados da Federação, desde produtos artesanais a produtos manufaturados de excelentes qualidades. Neste comércio, sobrevivem também, e com bastante eficácia, os micros e pequenos negócios dentro de uma estrutura de mercado formal e informal. A formação desses pequenos vendedores informais, ou não, é mais um afilhado das crises que desempregam mão-de-obra qualificada e esta, por sua vez, cria seu ponto de comércio. Ainda hoje o comércio é o forte da economia campinense devido a abastecer a economia de 57 municípios circunvizinhos e também de ser abastecido por tais municípios através do CEASA.

Hoje, Campina Grande já não é aquela cidade com uma economia que crescia de maneira espantosa, tanto no setor agrícola, de manufatura, como comercial. As crises que maltrataram o país afetaram o município campinense de maneira violenta e sem cura a curto ou médio prazos e justamente foram estas crises que fecharam muitas casas comerciais da cidade. Um outro fator da decadência comercial, foi o arrocho fiscal aos comerciantes, que aconteceu na década de sessenta fechou diversas casas de alto porte. Mas, qual é a solução para isto? A curto prazo é difícil. Entretanto, a um maior espaço de tempo dever-se-á procurar reestruturar essa economia, a um nível em que se retome a hegemonia que teve na década de cinqüenta deste século.

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