DEMOCRACIA: CONSCIÊNCIA COMUNITÁRIA
BIBLIOTECA VIRTUAL de Derecho, Economía y Ciencias Sociales

 

ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

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DEMOCRACIA: CONSCIÊNCIA COMUNITÁRIA

O movimento comunitário

 

            Campina Grande experimenta um trabalho comunitário há bastante tempo. Em 1958 iniciaram-se os primeiros passos em prol de uma organização da comunidade, com a criação de uma espécie de Conselho Comunitário que visava conscientizar a comunidade quanto aos seus problemas cotidianos. A partir de então, a coisa começa a proliferar com a criação das Sociedades de Amigos de Bairro - as SABs. Esse espírito organizacional remonta às idéias vindas de outros Estados, com o sucesso das comunidades do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de São Paulo e de outros rincões do país. Nestes locais, os movimentos comunitários eclodiram com uma participação política nunca vista em todos os tempos.

            As Sociedades de Amigos de Bairros constituem grupos de amigos que procuram se organizar nos fins de semana no intuito de reivindicar das autoridades melhoramentos em seus bairros, no que diz respeito à terraplanagem, à limpeza pública, ao sistema de água e esgotos, ao sistema energético, debates públicos, os mais diversos possíveis; participação na vida política da cidade; festas nos fins de semana e melhor atendimento dos transportes coletivos urbanos. Quando o número de Sociedades de Amigos de Bairros proliferou, criou-se a União Campinense de Equipes Sociais - UCES, orgão coordenador de todas as SABs do município.

            Com a criação deste movimento, Campina Grande conseguiu muitos benefícios, porque os membros das SABs estavam sempre exigindo, a quem de direito, os mais diversos benefícios para sua comunidade, como por exemplo: grupo escolar; igrejas; calçamento de ruas; melhoramento no abastecimento d’água; melhor suprimento de energia elétrica, etc. Tudo isto incentivou os comunitários a participarem da política dos bairros, sem partidarismo político sem distinção de raça e sem discriminação religiosa. Dentro desta visão, a união das SABs constituiu-se num instrumento poderoso de reivindicação popular, exigindo uma equidade social para todos os subúrbios, desde o Bairro das Nações até a recém-nascida Vila dos Teimosos em Bodocongó.

            Para congregar essa comunidade nas discussões, faz-se convocação por "mosquitos", anúncios em jornais e divulgação em carros de som, pelos diversos recantos do bairro. No começo de cada trabalho, quando se abre uma SAB, a participação é boa, mas em seguida os comunitários começam a se retirar dos compromissos que lhes são conferidos. Pensa-se talvez que a sociedade é quem deve assumir todos os trabalhos da comunidade, servindo assim como um moleque de recado, ou uma prestadora de serviços obrigada à comunidade, sem a participação de quem está sendo atacado por determinado problema que deseja resolver. A SAB é a participação de todos; sem a participação do povo não se consegue resolver nada; sem isto não se tem força para exigir dos governos benfeitorias para o bairro.

O movimento comunitário engloba também os trabalhos dos Sindicatos (trade unions), dos Clubes de Mães, da Associação dos Mutuários e de muitos agrupamentos reivindicatórios aqui em Campina Grande. Os Sindicatos têm uma história mais longa, porém, em sua maioria, sem bastante poder para reivindicar dos empresários seus direitos. Os trabalhadores são perseguidos, são demitidos sem justa causa e não têm quem lhes dê a mão, porque não existe uma consciência conjunta dos movimentos reivindicatórios. Os Sindicatos estão esvaziados. Os seus filiados não têm confiança em seus "leaders", que muitas vezes distorcem o verdadeiro objetivo da classe. A insegurança nas fábricas é grande, pois, de um lado, impera o medo de organização, de conscientização e, de outro, vive-se um clima de não se poder atuar dentro de um Sindicato.

            Na mesma linha de movimentação política, os Clubes de Mães estão muito bem orientados, exigindo a obediência aos seus direitos e participando dos movimentos políticos a nível nacional, contra as injustiças sociais, as desigualdades econômicas e procurando engajar a mulher dentro do contexto nacional como ser humano. Os movimentos dos Clubes de Mães têm trazido às mães dos bairros, um eficaz aprendizado de arte culinária, de artesanatos e de diversas profissões na ajuda da renda familiar do grupo, bem como mais uma opção de lazer para as mulheres que passam as tardes ociosas em suas residências. Os Clubes de Mães têm participado de diversas manifestações, com a participação ativa em seus discursos inflamados, mostrando que a mulher existe e deve participar dos movimentos políticos.

            Uma das mais recentes movimentações comunitárias é a Associação dos Mutuários da Habitação, criada com objetivo principal de proteger o mutuário das explorações do Sistema Financeiro de Habitação do país, bem como das injustiças praticadas pelos agentes financeiros do BNH (Banco Nacional de Habitação). Registra-se um leque bastante grande de abusos de poder dos funcionários da CEHAP (Companhia de Habitação da Paraíba) contra os mutuários dos conjuntos construídos por essa cooperativa. Em discussão com os mutuários desses conjuntos, verifica-se a imposição de contratos em branco e até mesmo de ameaça de despejos se o mutuário não se sujeitar às ordens das autoridades da CEHAP. A Associação dos Mutuários procura proteger seus filiados desses abusos, porque essa agremiação é o trabalho conjunto da diretoria com todos os mutuários do Município.

            Entre erros e acertos, a Associação dos Mutuários já conta com um ano de existência, porém com um primeiro ano de doenças e doenças, quase chegando à morte; entretanto, foi em julho de 1984 que a associação se soergueu fortificada numa feroz vontade de sobrevivência. Fizeram-se diversas assembléias, com a participação nunca vista no movimento comunitário, no momento ainda com medo, devido à atuação da associação no seu início, os mutuários ainda duvidavam da eficácia dos trabalhos da associação, mas quando saíram as primeiras liminares, as atividades tomaram novos rumos e a credibilidade no movimento reivindicatório começou a crescer. Conta-se com uma boa participação dos mutuários na associação, mas, ainda não é o esperado, quanto a mobilização no surgimento da Entidade, quando chegaram a participar em assembléia mais de 300 mutuários.

            O movimento comunitário está desacreditado, pelo menos aqui em Campina Grande, pois só se consegue reunir uma boa assembléia, quando o debatedor é uma estrela, mas o importante não é estrelato, e sim, a participação do povo nos debates, e dai, com as Comissões, poder encaminhar os problemas da classe, com a participação das comunidades e lideranças. Vê-se, em todos os recantos do município, um atrelamento dos movimentos comunitários com as autoridades municipais, através de empreguismo ou qualquer tipo de dependência, tirando a característica principal de um movimento independente. Essa vinculação prefeitura versus movimento comunitário, tira toda a autoridade da classe para reivindicar mais ativamente.

            Os trabalhos comunitários exigem uma certa paciência em lidar com as diversas classes sociais. Deve-se deixar claro que foram vinte anos de desconhecimento da realidade do país. Não se podiam discutir os problemas nacionais. Não se podia participar de organizações sindicais e nem comunitárias, pois dificultou a participação dos comunitários nos diversos problemas nacionais, do estado e/ou do município. O povo se alienou do processo político e enveredou por caminhos impróprios a sua participação, procurando preencher seu tempo com novelas ou qualquer outro tipo de programa de televisão ou festa de rua. Com isto, conhecer a realidade era coisa de agitador ou de comunista. Desta forma, conscientizar a comunidade é trabalho difícil e muito lento.

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