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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

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Recapitulação

 

Uma recapitulação destas lições nos leva a pensar que Keynes tinha em Dezembro de 1933, o corpo central da Teoria Geral, i.e., os ‘buildings blocks‘ : a crítica à teoria do empre­go e do juro clássicos, a teoria da procura efectiva, com as determinantes do consumo e o investimento, a teoria da preferência pela liquidez e a taxa de juro. Faltavam alguns ele­mentos de precisão, como a eficiência marginal do capital e a melhor integração desta na teoria do investimento, e a integração nas várias teorias do efeito das expectativas, mas faltava so­bretudo explicar a relação entre a eficiência marginal e a taxa de juro e porque esta última era recalcitrante à baixa. A teoria dos preços resulta das anteriores teorias. Mas, o marco histórico da caracterização sobre o que Keynes pensava ser a situação do capitalismo estava traçado: uma crise na abundância, por isso o seu optimismo relativamente ao seu futuro: “ The evils of capi­talism could be gradually and effectively eliminated by the process of evaporation of the rate of interest. In pioneering times, capital is scarce and highly productive so that it will earn large rates. As capitalisation approaches completion, its productivity approaches to zero. The ownership of capital ceases to confer wealth and power and inequality of income, and the entrepreneur‘s motive of business as a game of skill, already evident as notable one, would stand out as the governing one. The tendency for this to occur is offset by the presence of conven­tion as to interest and saving[1]“. Não existem dúvidas que Keynes estava produzindo uma outra teoria geral, començando por proble­mas terminológicos, outras explicações sobre os fenômenos e o reconhecimento sobre o carácter e importância das instituições e prácticas sociais, i.e. procurando uma compreensão do funciona­mento da máquina, não para derrotá-la, mas servir os seus propósitos: a prosperidade.

Nas suas leituras durante as ‘Michaelmas Term‘ de 1934[2], Keynes basicamente estive a leer os primeiros 14 capítulos das provas da primeira versão da Teoria Geral, pelo que seria redundante considerar os seus conteúdos.

O estado da investigação relata Keynes numa carta  de 18 de Septembro de 1934 a R.Kahn: “I‘m working very hard and have found out one or two interesting novelties. In particular, I think I‘ve solved the riddle of how to define income in some sort of a net sense-and it comes out very near to the money value of the Prof‘s national dividend. The deduction from the gross sales proceeds of the  output  of a given equipment necessary to yield income is that part of the quasi-rent which is necessary to induce entrepreneur not to leave his equipment idle. This works just as well when the initial equipment is half-finished machine or a ton of copper. I other words the appropriate depreciation allowance is the sacrifice involved in used the equipment as compared with postponing its use, as estimated by the entrepre­neur itself[3]“. O conceito se sustém, excluído os bens perecíveis ou de muita curta duração. Mas como sabemos Keynes continuou a trabalhar nesse conceito[4].

Nas lições de 1934 que começaram a 15 de Outubro, sendo as primeiras notas o conteúdo da versão final do brevíssimo capítulo I da Teoria Geral. Visto Keynes ir a realizar uma crítica aos economistas clássicos, era importante saber quem eram estes: a escola de Ricardo e Say, Marshall, Edgeworth e Pigou. Isto prova que Keynes estava já redigindo a versão final da sua obra magna, embora como resulta claro da correspondência iria introduzir modificações que permitissem uma melhor compreensão das suas discrepâncias com a teoria clássica. A teoria clássica  da determinação do volume dos recursos disponíveis empregáveis não foi desenvolvida mais ela é óbvia. A teoria baseia-se em dois postulados, alias explicado como na lição de 1933 e como aparecem na versão final. O interessante são as restrições na validade dos postulados admitidos pela teoria. Referente aos postulado 1 e 2, as qualificações são a) a quantidade do produto marginal difere se se refere a uma situação de curto ou longo período e, b) a igualdade entende-se ser condicionada pelas imperfeições nos mercados; existem retardos temporais e fricções, falhas na organização e imperfeições na concorrência, tais como combinações ou acções colectivas dos sindicatos. Essa teoria reconhece o desemprego voluntário e fricccional, também o sazonal ou casual. Os dois postulados dão lugar àquilo que hoje comummente se ensina em todos os manuais: a determinação do emprego neo-clássico. O aumento do emprego apenas é possível se: a) aumenta a productivi­dade marginal do trabalho, b) se disminui a desutilidade do trabalho e, c) se aumentam os preços dos bens não-salariais em relação aos preços dos bens salariais do que resulte um aumento da procura das pessoas não-assalariadas de bens não-salariais em relação aos bens salariais. Evidentemente Keynes rejeita o segun­do postulado, admitindo que as pessoas se mantém a trabalhar aos salários actuais. A teoria clássica apenas pode admitir que as não reduções do salário real são fruto das acções combinadas dos sindicatos. A evidência da situação de 1932 nos EUA, onde proce­deu-se a reduzir os salários monetários, permite concluir que por essa via não se reduz o desemprego. O argumento de Keynes repro­duz a segunda objecção que levanta relativamente ao segundo postulado, nomeadamente, que os trabalhadores podem determinar o salário real através da negociação de diferentes salários nomi­nais e por essa via mudar o salário real. Os assalariados como um todo não podem fazer isso porque eles decidem do seu salário nominal, e se os salários descem, descem os preços, deixando a salário real unafectado. Não existe nenhuma força que faça com que os salário real iguale a desutilidade marginal do trabalho. O problema está na separação entre a teoria do valor e da distribuição e a teoria da moeda, i.e., na deficiência na teoria clássica da taxa de juro. Keynes define o trabalho voluntário: “ men are involuntary unemployed if the supply of labour for a money wage worth in term of wage goods the same or less than the existing money wage is greater than existing volume of employ­ment[5]“.

Se existe um erro na teoria clássica é necessário uma nova teoria, tal era a certeza de Keynes em Novembro de 1934, e esse livro deveria revolucionar a teoria económica, como escreve a G.B. Shaw: “ To understand  my stand of mine, however, you have to know that I believe myself to be writing a book on economic theory which largely revolutionise, -not, I suppose, at once but in the course of the next ten years- the way the world thinks about economic problems, when my new theory has been duly assimi­lated and mixed with politics and feeling and passions, I can predict what the final upshot will be in its effect on action and affairs. But there will be a great change, and, in particular, The Ricardian foundations of Marxism will be knocked away[6].

Keynes embora coloca-se Marx na galeria dos heréticos, aceitando este a teoria de Ricardo, não vê outra via de saída para a instabilidade do sistema capitalista na revolução, sem preocupar-se de vias intermédias. Nas ‘Michaelmas Term Lectures‘  Keynes utiliza várias versões das minutas da Teoria Geral, mas provavelmente utilizando as versões semelhantes à versão final da Teoria Geral que apare­ceria apenas uns meses mais tarde[7].

Nas suas leituras durante as Michaelmas Term de 1934[8]  Keynes basicamente estive a leer os primeiros 14 capítulos  das provas da primeira versão da Teoria Geral, pelo que será  suficiente, para determinar o grau de elaboração da obra,  enfatizar o que é diferente relativamente as lições dos anos  anteriores, preocupando‑nos sobretudo em ver a evolução dos ‘building blocks’ anteriormente explicitados, prestando  atenção em algum alemento que melhor explicite as suas  ideias e que por alguma razão, ficou‑se esquecida na versão  final.

O estado da investigação relata Keynes numa carta  de 18 de Septembro de 1934 a R.Kahn: “I’m working very hard and have found out one or two interesting novelties. In particular, I  think I’ve solved the riddle of how to define income in some sort of a net sense‑and it comes out very near to the money  value of the Prof’s national dividend. The deduction from  the gross sales proceeds of the  output  of a given equipment necessary to yield income is that part of the quasi‑rent which is necessary to induce entrepreneur not to leave  his equipment idle. This works just as well when the initial equipment is half‑finished machine or a ton of copper. In  other words the appropriate depreciation allowance is the sacrifice involved in used the equipment as compared with postponing its use, as estimated by the entrepreneur  itself [9]“. O conceito se sostém, excluido os bens perecíveis ou de muita curta duração. Mas como sabemos Keynes continuou a trabalhar nesse conceito[10].


 

[1] Idem, pp. 127-128. Correspondem as notas de Fallgater.

[2] Repare-se que Keynes tinha pronto um esquema com o título " The General Theory of Employment" em Dezembro de 1933, na base do qual desenvolveu os capítulos que fazem parte das suas lições no outono de 1934.

[3] Keynes J.M. , CWJMK , vol. XIII, pp. 484-485. O conteúdo das cartas está citado nas notas de D. Moggridge nessa página.

[4] Idem, p. 485. As referências a esta discussão terminológica estão contidas na lição de 12 de Novembro de 1934, ver " Michael­mas Term 1934", in T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Representative Student", MacMillan, 1988, pp. 141-145.

[5] T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Represen­tative Student", MacMillan, 1988, p.

[6] Keynes J.M. ," To a letter to George Bernard Shaw, 1 January 1935", in CWJMK , vol. XIII, pp. 492-493.

[7] As lições como sólito se realizaram no trimestre de Outono. A Teoria de Keynes estive pronta em finais de Dezembro, sujeita du­rante esses meses as últimas revisões. Existe uma comparação dos diferentes esboços das diferentes versões de 1934 e 1935 que evidenciam as principais correcções introduzidas nos capítulos sobre definições e terminologia. Nessas minutas não aparece nenhuma versão dos capítulos que constituem o livro VI, o qual estava, como sabemos da carta a Joan Robinson anteriormente cita­da, as ser re-escrito. Ver Keynes J.M., CWJMK , vol. XIV, Appendix, pp. 351-512.

[8] Repare‑se que Keynes tinha pronto um esquema com o  título  "   The General Theory of Employment" em Dezembro de 1933, na base do   qual desenvolveu os capítulos que fazem parte das suas lições  no   outuno de 1934.

[9] Keynes J.M.,  JMKCW, vol. XIII, pp.  484‑485.  O  conteúdo das   cartas esta citado nas notas de D. Moggridge nessa página.

[10] Idem,  p. 485. As referências a esta  discusão  terminológica   estão contidas na lição de 12 de Novembro de 1934, ver "  Michael­mas Term 1934", in T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932‑35:  Notes   of a Representative Student", MacMillan, 1988, pp. 141‑145.