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Globalización, Inversiones Extranjeras y Desarrollo en América Latina

Mario Gómez Olivares y Cezar Guedes
 

 

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Ciberespaço, as TIC e a divisão social do saber: significado e impacto

Na era industrial, a inovação tecnológica baseia-se na introdução de processos mecânicos que substituem a presença humana e amplificam certas capacidades (automação). Parcelas da capacidade humana cuja presença física é dispensada no processo de produção são amplificadas quando incorporadas na tecnologia. Normalmente, as componentes mais facilmente mecanizadas e substituídas pela maquinaria são as tarefas repetitivas. A importância do taylorismo foi precisamente o processo de decomposição dos ofícios em componentes elementares que facilitou a identificação destas tarefas. A principal contribuição das tecnologias de informação no processo de automação e no fabrico do produto consistiu na programação de instruções. A este nível, o sistema de informação está em sintonia com a ação da máquina e completamente investido no seu objeto final, o produto.

Antes mesmo que a difusão da base técnica microeletrônica e a automação flexível ganhassem corpo a partir dos anos 70, no início dos anos 50 o toyotismo, ao trazer consigo um novo paradigma de gestão que tem a flexibilização como marca, antecipa uma experiência distinta baseada numa outra racionalidade/logística distinta das economias de escala, sem que nada de “mecânico” estivesse em sua base; tratava-se de uma outra forma de usar a informação, levando a criação de procedimentos na organização da produção e do trabalho, como o just-in-time e o kanbam, voltados para a diferenciação, ao invés da padronização. A idéia de base é respeitar os princípios de comunicação, de cooperação e de coordenação para criar condições necessárias ao desenvolvimento da criatividade e da produtividade. (Ohno,1988). Era o início do pós-fordismo e dos sistemas de produção mais flexíveis, onde à flexibilidade na produção corresponde uma flexibilidade dos mercados, das qualificações e das práticas laborais (Tenório, 2001).

Assim, as tecnologias de informação que são aplicadas ao sistema operativo, possibilitam, nomeadamente, uma melhoria no controle e na continuidade dos processos de produção. Os processos e acontecimentos são racionalizados e formalizados sob a forma de instruções, o que permite aprofundar a coordenação das operações e interações, colocar em paralelas linhas de fabrico e flexibilizar no seu conjunto os sistemas de produção.

A implementação desse novo modelo deu-se não mais sob a base de equipamentos ou processos mecânicos e lineares de produção, mas de sistemas eletrônicos que flexibilizam o processo produtivo, não tendo estado restrito à indústria. McLuhan constatou que a eletricidade transformou o modelo mecânico e recuperou algumas formas de solidariedade orgânica – a aldeia global – já descrita nas sociedades pré-industriais. O comercio eletrônico e as rotinas de operações à disposição no auto-atendimento nos serviços bancários, são exemplos da aplicação no setor terciário, fazendo com que tempo e espaço sejam anulados parcialmente no sentido físico/local e do fuso horário/tempo, onde a rentabilidade do capital imaterial aumenta com o crescimento da difusão das redes. O incremento na velocidade da informação permitiu um sincronismo instantâneo e criou um novo campo de comportamento. Assim como a revolução industrial habilitou para seu domínio um maior poder físico, a revolução informacional ampliou o poder intelectual. Por isso entendemos que a época aberta por Smith esteja fechando-se em nossos dias. (Guedes e Rosário, 2002).

No entanto, as tecnologias de informação introduzem outras dimensões (Zuboff, 1988). Em primeiro lugar geram um outro tipo de informação e de conhecimento sobre o processo produtivo ou administrativo. As novas possibilidades de armazenar, processar, combinar e distribuir as informações sobre as operações de produção, e o seu meio envolvente criam assim novos fluxos de dados e de conhecimento. Ou seja, aprofundam o nível de transparência das atividades, aumenta o conhecimento explícito das tarefas, nomeadamente sobre o inventário, estado dos equipamentos, encomendas e entregas, fornecendo bases para modificações significativas do trabalho e do processo organizativo. Zuboff intitula de “informatar” (informating) o processo de aumento do conteúdo informativo explícito das tarefas.

Tal como a literacia possibilitou simultaneamente a criação de uma memória artificial no documento escrito e novos modos de dividir e acumular saberes, a extensão das possibilidades de combinar, processar e armazenar a informação através das TIC produziu novas formas de conhecimentos sobre o processo de trabalho. A configuração baseada em modelos permite conceber as organizações como sistemas abertos cujos elementos se relacionam entre si e com o meio envolvente. Por um lado, os modelos como representações simplificadas da realidade procuram descrever os elementos que trocam informações enquanto executam tarefas. Por outro, os modelos pretendem tornar transparentes os elementos e as relações do sistema, explicar seu funcionamento e dar suporte à comunicação através da formalização.

Em segundo lugar, as tecnologias de informação modificam as formas de participação dos indivíduos no processo de trabalho tanto ao nível de esforço físico como de competências. Por um lado, como já examinamos, a automação ao substituir o trabalho humano repetitivo por máquinas, tende a reduzir a quantidade de esforço físico necessário à concretização das tarefas. Por outro lado, a ação é cada vez mais mediada pelos sistemas de informação e, a introdução de símbolos, gráficos, números, etc. na execução das tarefas aumenta o conteúdo abstrato do trabalho humano. Ou seja, o trabalho está mais dependente das qualidades mentais e da compreensão do indivíduo sobre os dados que são disponibilizados num espaço bidimensional, o ecrã. Neste processo, os dados são símbolos que são utilizados para apresentar objetos disponíveis enquanto os menus mostram as operações possíveis sobre estes.

A organização do trabalho é tornada visível sob outra forma. Os processos e procedimentos laborais, a coordenação das tarefas, o conhecimento informal são codificados, explicitados e moldado num sistema de informações. Quando o utilizador cria uma tarefa, uma representação icônica representa o objeto que é manipulado no computador. “A cognição consiste não na representação, mas na ação incorporada. A estrutura da cognição emerge dos padrões recorrentes da percepção guiada da ação” (Bardini, 1997). A dificuldade consiste em encontrar meios de articulação entre os símbolos eletrônicos e a realidade, e a capacidade de construir imagem mental da tarefa à qual se referem os dados. Trata-se de uma notação muito afastada do contexto da ação física que por um lado torna possível a observação, manipulação e o controle remoto das operações, dos objetos, das transações, por outro liberta a realidade dos limites da sua referência situacional. O significado de uma ação é externalisada como referência, e substituída por uma configuração eletrônica.

O aumento da velocidade operacional tem conseqüências importantes para a compreensão dos efeitos sobre o processo de trabalho: por um lado, ele condiciona o funcionamento em tempo real, por outro, permite a obtenção permanente dos elementos de diagnóstico dos fenômenos medidos e, conduz a correções contínuas e a otimização dos processos. Assim é possível obter imediatamente os resultados dos cálculos, visualizar e corrigir no ecrã as diferentes formas propostas. “A simulação é o poder de ver o que se imagina, para criar mundos que obedecem ao seu comando” como escreve A. Kay (1977). Por outras palavras, no ecrã, o símbolo cria potencialidades cognitivas diferentes da ação enquadrada de modo tradicional e, opera com instrumentos de outro tipo lógico.

Estas modificações no conteúdo do trabalho podem implicar transformações profundas nos conteúdos das tarefas e na divisão do saber. O processo de automação pode transformar um grupo de trabalhadores em apêndices mecânicos no processo de produção e, criar um outro grupo cuja função é gerir e controlar o processo produtivo ou administrativo com um trabalho mais abstrato, mais distante da capacidade direta de produção. A capacidade dos trabalhadores para efetuar tarefas depende dada vez mais da sua habilidade de manipular e interpretar dados e informações apresentados eletronicamente.

Nesta perspectiva, “a atividade produtiva passou a ser cada vez mais um momento determinado de um amplo processo social de pesquisa e desenvolvimento, invenção e inovação, planejamento macro e micro-econômico, (...). O processo de produção, a organização do trabalho e a força de trabalho passaram a exigir amplos processos de gestão das relações sociais, da educação, do treinamento, (...) Em todos esses setores, a forma científica do conhecimento passou a ocupar um papel central e articulador do conjunto da vida econômica, social, política e cultural”. (dos Santos, 1993, p. 27/28).

A explicitação e decomposição dos ofícios típicos do taylorismo são um exemplo de como a codificação do processo de trabalho pode enfraquecer o poder de um grupo profissional. Com efeito, aumenta a visibilidade do saber-fazer e abstrai, retira do seu contexto de ação tradicional, um saber tácito.

O desenvolvimento das redes eletrônicas acentua a conexão lógica dos processos produtivos em detrimento das funções individuais. Tal situação favorece os processos de fragmentação e deslocalização das cadeias produtivas e o desenvolvimento de novas formas de subcontratação e de integração dos fluxos econômicos. Daí a decomposição e a “periferização” das atividades produtivas e um esbatimento dos limites das empresas, onde as componentes de maior valor acrescentado (que concentram o conhecimento e a capacidade de intermediação estratégica), estão concentrados em algumas regiões e na matriz de algumas empresas, em seus países de origem. Nesta perspectiva, pensar os mercados no esquema tradicional neoclássico onde se articulam oferta/procura e preços/quantidades, resulta inócuo. Ou se pensam os mercados e a economia como um sistema inteligente (e daí as funções mais integradas nas organizações), ou a reflexão econômica ficará ainda mais afastada dos fenômenos que tem marcado a vida, o trabalho e a sociedade.


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