¿Buscas otro libro?
Buscalo aquí:
Amazon Logo





 

 

Globalización, Inversiones Extranjeras y Desarrollo en América Latina

Mario Gómez Olivares y Cezar Guedes
 

 

Pulse aquí para acceder al índice general del libro.

Pulse aquí y tendrá el texto completo en formato DOC comprimido ZIP (217 páginas 943 Kb)

 a

     

2. Informação e Conhecimento: os impactos na reorganização do mercado e do trabalho

Apresentação

Na produção de seus próprios meios de subsistência e na materialização da cultura, o ser humano criou, acumulou e transmitiu conhecimento. Longe de um caminho linear, desde sempre o conhecimento sofreu rupturas e condicionamentos históricos e sociais, sendo a ciência e a tecnologia produtos dessa trajetória. Uma das conseqüências mais significativas da emergência da “era da informação” é a descoberta da importância dos sistemas de comunicação no relacionamento entre agentes econômicos e na sua participação individual e coletiva nas organizações. As novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) exercem uma poderosa influência na atividade humana. As modificações nas redes de comunicação oferecem os meios técnicos para modificar a escala em que operam os agentes econômicos e reduzir os constrangimentos físicos da proximidade, nomeadamente no processamento, armazenamento e distribuição da matéria e da informação. O contexto de referência é alterado assim como o espaço de vida dos indivíduos resultante da maior extensão das transações econômicas. O sistema de comunicação é uma infra-estrutura indispensável à atividade econômica; cada comunidade tem que dispor de redes de comunicação eficientes para efetuar trocas mais rapidamente e com custos menores. As redes de comunicação estão para as trocas comerciais como a moeda está para os preços – um artefato para os por em pratica –.

A criação da linguagem e da escrita são inovações decisivas com impactos milenares na atividade humana e no relacionamento com o meio ambiente. Durante a maior parte de sua existência a humanidade contou apenas com a força do próprio corpo, sendo a apropriação da energia de outros animais e da natureza em geral um longo aprendizado.

Os vínculos da informação e do conhecimento com o poder são tão antigos quanto as mais primitivas formas de sociedade humana.

A história do trabalho humano foi marcada por formas de dominação direta como a servidão ou a escravidão. Como observa Hannah Arendt (1963), “todas as formas de dominação tem sua fonte original e mais legítima no desejo de libertação das servidões da vida. Para se livrar desse fardo é necessário impô-lo a outros homens e, para isso, tem-se de recorrer à violência. Foi apenas o progresso técnico, não a difusão de idéias políticas modernas como tais, que refutou a terrível verdade da qual antes não se podia escapar, a saber: somente ao preço da violência e impondo jugo é que certos homens podiam ser livres”.

Tem sido analisada (Goody, 1986) a importância da escrita como instrumento na unificação dos grandes impérios graças à sua capacidade de criar estruturas normativas e de armazenar e distribuir informação num determinado território. Assim, o reforço da precisão e da estabilidade na circulação das ordens das autoridades administrativas e políticas permitem aumentar a escala de intervenção à distância e a inclusão de um maior número de indivíduos na organização. Numa organização cuja comunicação interna baseia-se unicamente no contato presencial, a “tirania da distância” exerce plenamente seu efeito. Por outras palavras, o aumento da estabilidade da informação no tempo permite o reforço da homogeneidade no espaço.

Nessa mesma perspectiva, a existência do mercado como vetor do trabalho e da atividade produtiva, gerando impactos sobre o homem e a natureza, é algo que foi construído ao longo de muitos séculos; “o moinho diabólico”, no dizer de Polanyi. O que possui data histórica recente é a utilização sistemática do conhecimento – Ciência e Tecnologia – como uma força produtiva no processo de valorização do capital. O problema central tem a ver com o papel das tecnologias do intelecto na modificação da natureza das transações econômicas e no alargamento das possibilidades de divisão social do trabalho. A escrita favoreceu o comércio, pois o documento ou o contrato escrito servia de confirmação da transação e de garantia para as partes envolvidas, especialmente na transferência de direitos sobre as terras. Goody acentua a importância dos novos sistemas de comunicação e o fato de que a escrita aparece ligada à generalização dos meios de troca e à contabilização “racional”. O diferente acesso às novas tecnologias do intelecto e a literacia (capacidade de ler e escrever) introduz eixos de especialização social que se difundem na organização dos sistemas de produção e de consumo.

A criação de conceitos tem origem no mundo grego durante a Antiguidade e o experimento como atividade de pesquisa vem do Renascimento, numa fase histórica em que a expansão comercial e marítima ensaiava os primeiros passos naquilo que conhecemos hoje por mundialização ou globalização. Entretanto, apenas com a abertura dos ciclos das revoluções industriais vamos observar uma atividade científica e tecnológica crescentemente direcionada para o domínio da matéria e corporificada na criação de produtos, processos e formas de gestão do trabalho e da produção.

Recentemente, tendo como núcleo central as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), assistimos a emergência de uma onda de inovações que tem trazido transformações intensas no volume, na qualidade e nas formas de organização da produção e dos contingentes da força de trabalho. A informatização dos processos administrativos e produtivos numa organização reproduz alguns dos efeitos do mundo da escrita. Ao libertar o conhecimento das restrições tradicionais em termos físico e/ou temporal, permite que o conteúdo informativo seja examinado, comparado, combinado, apresentado sob formas inovadoras. Tal situação cria um veículo de um universo de fatos e teorias totalmente novo e constitui uma libertação da mente, bem como da linguagem (Havelock 1988, p.129). A tecnologia modifica os contornos da realidade; o trabalho torna-se mais abstrato, os constrangimentos do espaço diminuem e, as tarefas são cada vez mais mediadas por sistemas de informação que dependem de símbolos e interfaces eletrônicas.

O objetivo do presente artigo é assinalar algumas características da história das técnicas e sua percepção no pensamento econômico, concluindo com a discussão de que as formas, o domínio e a dinâmica das TIC têm implicado numa crescente imaterialidade da atividade econômica, na medida em que o saber e o fazer têm estado cada vez mais vinculados aos campos da eletrônica, da informática e das comunicações. A organização de redes, a automação flexível e a fragmentação das cadeias produtivas que tem levado a processos de deslocalização do trabalho e da produção seriam impensáveis sem o elemento comum que articula estes diferentes domínios, que é a informação. Além desta breve apresentação, o artigo está estruturado em duas partes: na primeira são apresentados algumas características do conhecimento e das comunicações nas revoluções industriais e alguns temas do pensamento econômico, no que toca às formas de organização e divisão do trabalho e da produção; na segunda, são abordadas as TIC e suas implicações na dinâmica concorrencial e na crescente imaterialidade da atividade econômica, implicando em transformações sobre os contingentes de força de trabalho e da divisão social do saber.


Volver al índice de Globalización, Inversiones Extranjeras y Desarrollo en América Latina

Volver a "Libros Gratis de Economía"

Volver a la "Enciclopedia y Biblioteca de Economía EMVI"


Google
 
Web eumed.net