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Globalización, Inversiones Extranjeras y Desarrollo en América Latina

Mario Gómez Olivares y Cezar Guedes
 

 

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2.2 Volume e composição do IDE no Brasil: Novas estratégias e perspectivas.

Numa primeira aproximação deve ser ressaltado o salto no investimento externo a partir de 1995, como se verifica na tabela II. Quando comparado com o período anterior, o acumulado entre 1996/2001 (124,8 U$ bilhões) atinge quase o triplo do acumulado até então (42,5 U$ bilhões).

A década de oitenta havia representado o fundo do poço desses fluxos; houve uma desaceleração no crescimento do estoque de capital estrangeiro; para que tenhamos uma idéia, o fluxo médio representou um sexto do fluxo médio na década de setenta, tendo caído de US$ 2,3 bilhões anuais para cerca de US$ 350 milhões.

O incremento do IDE na década de noventa está ligada às transformações nas regras do jogo, particularmente as oportunidades abertas pelo processo de privatizações. Além do volume, houve uma mudança significativa na origem destes investimentos; a Alemanha e o Japão, por exemplo, reduzem suas participações absolutas e relativas, enquanto França e Holanda aumentam suas participações. Os EUA, (assim como o Reino Unido e Itália), aumentam sua participação absoluta, mas reduzem seu peso relativo, mantendo-se ainda como principal país investidor.

Na avaliação de conjunto o destaque são os ibéricos, que passam de uma posição residual (menos de 1% conjuntamente) para a condição de principais investidores externos no Brasil, totalizando 26,9% do fluxo de IDE no período. Em termos de crescimento relativo acumulado, o investimento proveniente de Portugal chegou a crescer aproximadamente 2367%, só ficando atrás da Espanha, com 3150%.

Depois de atingir o auge em 2000 com 32,8 US$ bilhões de dólares, o fluxo líquido de IDE para o Brasil caiu nos anos seguintes para 22,4 em 2001, 16,6 em 2002, 10,1 em 2003 e apresentou recuperação em 2004 com 18,2 US$ bilhões. Para estes últimos anos o Censo de capitais estrangeiros do Banco Central do Brasil ainda não disponibilizou as estatísticas desagregadas dos principais países investidores.

O aumento da participação destes países, principalmente Espanha e Portugal, está relacionado diretamente com a sua participação muito ativa, tanto no processo de privatizações, como no de aquisição de empresas privadas. Aliás, esta é uma característica que vem acontecendo com o IDE no mundo e teve início nos anos oitenta: o movimento de fusões, aquisições e alianças estratégicas, onde seu ingresso não significa a instalação de novas unidades produtivas, mas a compra de ativos já existentes.

Até 1995, em termos setoriais, a indústria transformadora, com destaque para a indústria automotiva e a petroquímica, foi o principal foco de atração do IDE para o Brasil. Além da expansão já assinalada até o fim dos anos setenta, o grau de potencial do mercado interno brasileiro era fortemente estimulado por uma política que oferecia oportunidades para os investidores estrangeiros, ao protegê-los com fortes barreiras tarifárias e não-tarifárias, ao mesmo tempo em que se lhes concedia incentivos e subsídios diversos (Laplane e Sarti, 1999).

Outra novidade é a destinação dos investimentos: até meados dos anos 90 o segmento industrial foi o maior receptor de capitais investidos no Brasil, totalizando 55,0 % do acumulado, enquanto os serviços atingiam 43,4 %. Há praticamente um consenso de que isto se deva à maior densidade tecnológica e de capitais, onde o capital estrangeiro apresenta vantagens competitivas. No entanto estas posições se invertem no período de 1996/2001, quando o ingresso do IDE para a industria reduz-se relativamente a 20,5 % e nos serviços salta para 76,9 %, conforme a Tabela III.

Podemos observar que os segmentos que mais cresceram (telecomunicações e energia elétrica e gás), foram exatamente aqueles que tinham o estado como acionista majoritário e foram privatizados. Houve também um crescimento significativo em áreas onde predominavam algumas restrições à entrada do capital estrangeiro, como é o caso da intermediação financeira.

Analisando os números mais desagregados do Censo de Capitais Estrangeiros do Banco Central do Brasil, podemos assinalar que foi justamente no segmento de serviços para o mercado interno que predominaram os investimentos portugueses, atingindo 90,5 % do fluxo total no período 1996/2000 numa escala que não se compara a nenhum outro país investidor a não ser a Espanha com 90,1 %. O investimento na indústria corresponde a 9,5%, onde o destaque é para a fabricação de produtos químicos e de minerais não metálicos. Um outro aspecto que deve ser ressaltado é a grande concentração em poucos segmentos dos seviços que respondem pela maior parte do fluxo total, como pode ser observado na tabela IV:

Apenas nos três primeiros segmentos do setor serviços da tabela IV estão 78,6 % do fluxo total no período. Isso coloca uma questão imediata: a grande concentração no tempo e no espaço não terá sido um espasmo concentrado em oportunidades momentâneas que não se repetirão, já que em sua maioria tem relação com o processo de privatização? Não há dúvida de que o processo não tem condições de repetir-se na mesma intensidade. Aliás, desde 2001 houve uma queda significativa nos movimentos de capital pelo mundo e no próprio quadro da economia internacional. Desde então os Países Baixos e a Espanha têm estado à frente do Brasil como destino do IDE português, embora o Brasil se mantenha como principal destino no stock acumulado. Mas a aposta ibérica permanece na medida em que suas empresas já contabilizaram ganhos operacionais e de capital e tem nos mercados internos dos países latino-americanos possibilidades de expansão e vantagens competitivas que não teriam no contexto europeu. Vale observar que os três primeiros segmentos que mais receberam investimento (telecomunicações, comercio varejista e eletricidade) têm afetado decididamente as suas matrizes: respectivamente, Portugal Telecom (PT), Grupo Sonae e Eletricidade de Portugal (EDP), tornando a Bolsa de Valores de Lisboa sensível ao movimento de suas subsidiárias brasileiras. O mesmo acontece com a Bolsa de Valores de Madri em relação ao Cone Sul, onde o Brasil tem posição destacada.

Tendo por base as informações dos 200 maiores grupos empresariais no Brasil para o ano de 2003, encontram-se 3 portugueses e 6 espanhóis, conforme a tabela V. Do lado português os três grupos estão solidamente instalados e para o ano de referência o destaque foi a EDP, com o maior incremento de receita bruta na área de serviços no Brasil, um salto de 113,9%.

Do lado espanhol, o destaque absoluto é a Telefônica, maior empresa estrangeira instalada no Brasil (considerando a receita bruta) e a sétima no computo geral. No segmento de serviços, têm à sua frente apenas a estatal Eletrobrás com uma receita ligeiramente superior (22,4 bilhões), mas é a 1ª em lucro líquido atingindo o resultado de 1.398,8 milhões de reais em 2003. (www.valoronline.com.br) . No segmento financeiro brasileiro, depois de dois grandes bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) e três privados nacionais (Bradesco, Itaúsa e Unibanco), o Santander Banespa é o sexto no ranking e maior grupo estrangeiro no segmento das finanças, que tem a participação de grandes bancos europeus e norte-americanos.

Nos serviços há predominância de empresas com capitais privados e estatais brasileiros. Mas para termos uma idéia da escala e magnitude do conjunto das quatro grandes empresas ibéricas no setor serviços do Brasil (Telefônica, Endesa, PT e EDP), consideramos os resultados das 22 que fazem parte do ranking das 200 maiores empresas. Nestas 22 há empresas com capitais belgas, franceses, italianos, mexicanos e norte americanos. A soma da receita bruta destas empresas (35.467,2 R$ milhões) é inferior ao resultado obtido pela soma das empresas ibéricas (36.654,9 R$ milhões). Estes números são um índice da importância da economia brasileira para estes capitais e dimensionam a aposta no mercado brasileiro, já que estão todas voltadas para o mercado interno.

No horizonte de expansão do IDE para o Brasil, o grande espaço a ser preenchido é o das infra-estruturas, (transportes e energia principalmente), que possuem carências acentuadas. Estes investimentos significam ganhos de eficiência para segmentos onde a economia brasileira tem dado mostras de altos padrões de competitividade, como é o caso destacado do agronegócios. Portanto, o setor serviços continuará sendo nos próximos anos o destino para os investidores externos e não podemos descartar a possibilidade de expansão dos investimentos ibéricos.


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