CARLOS GOMES
POVOS E ALDEIAS
Com o crescimento de novas terras de cultivo e de pasto, o desenvolvimento de novas técnicas de pesca e a expansão do artesanato, as populações ligaram a sua vida aos campos ou a áreas de pesca e instalaram aí as suas habitações já com carácter permanente. Esta transição deu lugar à sua concentração nos locais onde exerciam a sua actividade produtiva.
Uma aldeia era geralmente um aglomerado bastante pequeno, habitado por produtores de alimentos e alguns artesãos já semi especializados. Por toda a parte, onde a economia agrícola se expandiu, surgiram povoados, sendo preferidos locais próximos da água, das florestas ou dos oásis em zonas desérticas.
As primeiras aldeias eram bastante igualitárias, não se revelando grandes diferenças sociais. Com a transição para o cultivo doméstico e posse da terra, os terrenos de cultivo e de pasto foram repartidos e atribuídos, primeiro periódica e depois definitivamente, às famílias patriarcais. Esta evolução reflectiu-se nas relações económicas e sociais no interior das aldeias.
Por outro lado, as relações entre os agricultores, os pastores e os primeiros trabalhadores especializados exigiam a necessidade de proceder a trabalhos de maior porte em comum e requeriam o estabelecimento de hábitos e de regras aceites por todos. Na consciência social entram normas e regras de comportamento simples, mas obrigatórias para todos, cuja violação é rigorosamente castigada. Ao responsável da tribo ou ao sacerdote cabe a responsabilidade de garantir o seu respeito.
Os laços económicos assentes na
família tendem a basear-se na proximidade espacial, ou seja, entre pessoas
a viver na mesma área. Por sua vez, com o desenvolvimento da produção, a
auto-suficiência das aldeias como economias fechadas foi desaparecendo.
Estabeleceram-se relações de troca directa e dádivas de produtos entre as
populações aldeãs.