CARLOS GOMES
DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO
A produção intensiva de alimentos afectou a partilha igualitária, que ocorria de forma natural entre as comunidades de caçadores e recolectores, e abalou a solidariedade e reciprocidade existente. Os produtos eram obtidos com o trabalho comum e, como tal, eram igualmente repartidos entre todos os membros da comunidade.
Uma das consequências do novo estilo de vida foi a mudança radical da
dieta humana. A alimentação registou um decréscimo no consumo de carne e
tornou-se mais diversificada. Passou a basear-se mais nos cereais: trigo
na Ásia Ocidental e Europa, arroz na Ásia, sorgo e painço em África e
milho na América. O inhame e outros tubérculos constituíram, em África,
uma significativa parte da dieta durante vários milénios. A domesticação e
criação de animais acrescentou novos e importantes elementos à dieta
diária: ovos, leite e seus derivados. A carne começou a ser em parte
cozinhada no fogo, em bolsas de couro ou em covas.
Numa fase inicial, para cozinhar os alimentos eram colocados sacos de pele
ou cestos entrançados numa cova que se enchia com água e pedra aquecidas.
O aparecimento de vasos de barro alterou esta prática e deu lugar ao
cozimento sistemático dos alimentos. A maior utilização de vegetais tornou
indispensável o uso de sal.