Este texto forma parte del libro
Memorias de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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OS JOVENS E O DESEMPREGO

 

 

 

Nos países de maneira em geral, participam de sua economia ativa, trabalhadores velhos, jovens e meia idade, com as suas diversas qualificações participativas na produção nacional, quer seja no setor de serviços, industrial e/ou agrícola. Essas participações da juventude no mercado de trabalho têm diminuído muito, por problemas conjunturais, deixando jovens desempregados ou no subemprego, vivendo num clima de miséria e revolta, conduzindo para caminhos do submundo do crime e da marginalidade. É neste sentido que se busca estudar o mercado de trabalho da juventude e o porque das dificuldades que atravessa esse estrato social de suma importância para a economia; pois, esta dificuldade está mais presente nos países periféricos ou terceiro mundo.

A questão do desemprego e/ou subemprego é uma das mais preocupantes nos dias atuais, tendo em vista a grande explosão demográfica nos países pobres e as crises econômicas que passam os países periféricos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem se preocupado sensivelmente quanto aos rumos que está tomando o problema da falta de trabalho, da rotatividade crescente no emprego e da mão-de-obra desqualificada que facilmente se desemprega e dificilmente consegue se reintegrar no mercado de trabalho. Na atualidade, tem-se observado que o nível maior de desempregados está na juventude com idade que varia entre 14 a 22 anos e, especialmente, no que diz respeito às mulheres.

Um primeiro fato que se pode levantar como causador desse constrangedor número de desempregados é a recessão que está no meio dos países de economia de mercado. Neste sentido coloca MELVIN (1978) [1] que

é certo que a recessão econômica mundial está afetando todos os grupos etários, mas os jovens é que estão sendo mais sacrificados, sendo que nos últimos anos a diferença entre as taxas de desemprego de adultos e de jovens aumentou acentuadamente: 36 por cento dos que engrossaram as fileiras dos desempregados entre 1973 e 1975 eram jovens.

Isto demonstra de forma cabal que a juventude está sendo rejeitada do processo de trabalho e, por conseqüência, trazendo problemas quanto à mão-de-obra futura.

Já dizia um grande poeta que a juventude de hoje são os homens trabalhadores do amanhã; mas, como se terá este amanhã, se não existem condições de formar-se um jovem para dar continuidade às atividades dos homens que já se foram. A juventude deve ter seu espaço garantido hoje, para avançar na criatividade de seus mestres; pois, do contrário, vai-se ter um jovem desprendido do mercado de trabalho e voltado para coisas que não fazem a sociedade crescer. O jovem deve ter o seu emprego, não somente para ganhar a vida; mas, para poder associar a intelectualidade das escolas com a vida profissional do dia-a-dia. A massificação das escolas tem alijado o estudante trabalhador de sua atividade de ocupação laboral.

Com isto, pergunta-se normalmente, por que os jovens são os mais atingidos? A resposta vem em seguida pelas investigações que são feitas constantemente, por aqueles que estão preocupados com o mercado de trabalho para a juventude. Segundo estatísticas publicadas pelas nações que estabelecem uma certa correlação entre desemprego e idade, sexo, instrução e formação profissional, a maioria dos jovens que perde o emprego, não tem formação profissional, ou é constituída de trabalhadores semiqualificados. Ao se considerem os dados estatísticos, verifica-se que em 1976 na República Federal da Alemanha, um terço dos desempregados com menos de 20 anos tinham aprendizagem.

A crise econômica galopeia sem cessar os recantos do País. Com a crise, caminha pari passu toda uma conjuntura de desequilíbrios, não só econômico, mas político e social, culminando com vícios, prostituição, roubos, saques e muitos outros instrumentos criados pela própria ação demolidora da recessão. O jovem, a partir de 14 anos começa a sentir necessidades de caminhar com seus próprios sacrifícios, sem ter que mendigar a seus pais dinheiros para comprar seus pertences. E o que faz? Demanda emprego. Vai às fábricas. Não há vagas. Tenta nas lojas. O quadro está completo. Essas barreiras perturbam a cabeça do jovem a tal ponto dele desistir do mercado de trabalho e pairar na marginalização.

O nível de desemprego da juventude pode ser explicado por diversos ângulos, pois entre os diversos motivos, pode-se citar a preferência dos empregadores pelos adultos. Quando a empresa está com problemas e tem que dispensar alguma mão-de-obra, geralmente, ela opta pela dispensa de jovens e/ou mulheres. Do mesmo modo quanto à contratação, há uma preferência por trabalhadores experientes e adultos, devido ser mais responsáveis e dedicados. Os jovens não têm preocupação com assiduidade, quer dizer, falta uma certa responsabilidade em suas atividades e as mulheres têm problemas quanto à gestação e algumas proibições pelo marido, ou noivo, coisa que prejudica a fábrica, por hipótese.

Desta feita, surge a seguinte questão: qual a política de demanda por mão-de-obra dos empregadores da maior parte das nações européias em termos normais? Não existe nenhuma idéia neste sentido, não se conhece nenhuma pesquisa a esse respeito. Somente no Reino Unido é que existe um estudo preliminar de trabalho deste tipo; pois,

perto de metade dos empregadores consultados acham que a qualidade profissional dos jovens tem decaído nos últimos cinco anos em termos de motivação e de educação básica. A qualidade dos jovens recrutados para trabalhos manuais especializados tem sido desapontadora. Até o momento essa atitude dos empregadores ainda não modificou sensivelmente a política de recrutamento; a maioria dos empregadores continua recrutando a mesma proporção de jovens.

Quando se fala em Brasil, isto foi constatado pelo aumento excessivo da concorrência externa, quando o país se abriu ao exterior e a indústria nacional não teve condições de num curto prazo, participar de igual por igual da competição que naquele momento crescia de forma assustadora.

Um outro ponto que merece destaque é quanto ao fator econômico do emprego de um jovem; pois, as evidências mostram que o custo com relação aos salários pode constituir um grande obstáculo ao emprego dos jovens. É notório pela literatura que se conhece, ou até mesmo pela prática do dia-a-dia, um aumento no salário mínimo leva por consequência, a um decréscimo na demanda de trabalhadores do tipo não qualificado. A legislação de alguns países já contém dispositivos legais para prover salários mínimos menores para trabalhadores com idade entre 16 a 21 anos de idade. Um exemplo clássico é a Dinamarca, onde só os maiores de 18 anos percebem salários de pessoas adultas, com maior faixa de desemprego entre os jovens.

Por outro lado, pode-se dizer que existe todo um aparato legal da proteção ao jovem que ao invés de protegê-lo, como deveria, atrapalha muito mais o seu espaço no mercado de trabalho. Na maioria dos países industrializados é quase impossível empregar jovens que tenham menos de 16 anos, que esteja em seu período escolar. Verifica-se que lançamento de programas de preparação de jovens para o trabalho, ou de esquema que combine o estudo com trabalho em nível de escola de segundo grau, está levando os especialistas a perguntarem se a legislação e a prática não deveriam levar em consideração a realidade em que a sociedade está apoiada.

Entre as poucas pesquisas que se tem feito, constata-se que investigações realizadas na França mostram que as reações dos jovens trabalhadores mudam sensivelmente com relação à idade, ao sexo, à origem social, ao grau de instrução, à formação e à natureza do trabalho. Mesmo assim, não é fácil estabelecer diferenças entre o questionamento do trabalho como valor social maior e o das condições em que ele se processa. As complicações existentes na fase de transição da vida escolar e a vida real, o desemprego, a precariedade das condições de trabalho, as mínimas recompensas financeiras, podem originar um desestímulo, ou indiferença, ou praticamente, descontentamento na atividade profissional.

Todas as dificuldades que existem no mercado de trabalho quanto a colocação de jovens atribuem-se às deficiências do sistema de ensino, especialmente, do segundo grau. Na maioria dos países industrializados, ou desenvolvidos, não existe um casamento do ensino com as empresas e nem se quer uma comunicação entre o ensino e o mercado de trabalho. O ensino de primeiro e segundo graus são inteiramente divorciados de uma estrutura de ensino que ligue conhecimento à prática, devido a sua tradição propositadamente errada do sistema de aprendizagem. Somente a universidade, é que tem uma certa abertura ao mercado de trabalho que é questão de vida ou de morte, especificamente, em países periféricos.

Finalmente, é preciso que se faça alguma coisa pelo jovem do mundo inteiro, não lhe dando tudo que ele quer e entende; mas, lhe proporcionando os instrumentos necessários a participar do processo de produção, não como mão-de-obra barata; todavia, como um ser produtivo e integrado na sociedade. A juventude está tomando caminhos obscuros por culpa daqueles que rejeitam o potencial de criatividade e de liderança que lhe são peculiares. Portanto, dê as mãos aos jovens e faça dessa juventude desamparada as maiores lideranças do amanhã, pois sem ela as crises tomarão proporções incontroláveis.


 

[1] MELVIN, Peter. In: O CORREIO de UNESCO.  Janeiro, ano 7, nº1, Brasil, 1978, p. 34.