Fundamentos para a Estruturação de um Sistema de Gestão de Risco

Observa-se que os riscos de mercado, liquidez e crédito estão adequadamente controlados na maioria do sistema bancário e de outros agentes financeiros mundiais. A gestão do risco operacional, que está associado a perdas decorrentes de procedimentos, controles e sistemas mal formulados e, ainda, a fraudes e desvios de dinheiro, por sua vez, passa a ser a grande preocupação do sistema financeiro internacional. A quebra de instituições financeiras, por conta da falta de controle de suas posições, fez com que o risco operacional ganhasse importância na última década. A partir dessas crises os bancos e gestores, para evitar prejuízos, passaram a trabalhar com a identificação do risco operacional.

O conceito de risco operacional adotado neste artigo é o do Comitê de Basiléia, que o define como: o risco de perdas resultantes de falhas ou inadequação de processos internos, pessoas, sistemas ou de eventos externos.

É perceptível que houve uma evolução significativa no processo de aperfeiçoamento das técnicas de gestão de risco de crédito nos últimos quinze anos. A melhoria nas práticas financeiras internacionais resultou do desenvolvimento de consistentes metodologias no plano do risco de mercado, da gestão de carteira e da valorização de ativos financeiros. Este processo conduziu a uma diversificação crescente das operações financeiras e bancárias associadas a risco de crédito, especialmente em nível da titularização e da criação de contratos de derivados. Foram geradas maiores oportunidades de arbitragem face às regras de adequação de fundos próprios estabelecidas no acordo de Basiléia de 1988 (GLEIZER, 2004a).

As instituições que integram o sistema bancário mundial, em particular, as mais competitivas perceberam a importância e a necessidade de evoluir para um novo degrau na gestão de risco de crédito. Esses avanços não decorreram apenas pelas visíveis lacunas das regras de adequação de fundos próprios de 1988, mas notadamente pelos benefícios que as metodologias desde então desenvolvidas proporcionaram ao nível da eficiência e da rentabilidade para o acionista.

 

O conceito de risco operacional considera necessária a revisão da probabilidade tanto de ocorrência quanto de severidade ou magnitude do impacto, de um evento de risco, que causará nos objetivos dos negócios das instituições financeiras. Atualmente, para integrar esforços em conjunto harmônico e sinérgico estão sendo  contratados serviços corporativos de modelagem e revisão bibliográfica, com recomendações para adotar a auto-avaliação como instrumento de identificação dos riscos operacionais, bem  como na estruturação dos dados e elaboração de um programa de avaliação da conformidade e certificação dos sistemas de informação que serão desenvolvidos.

 

A esse respeito, veja à figura 1, apresentada a seguir, com um modelo circular para permitir uma visão mais ampla das medidas necessárias para reduzir o nível do risco operacional. 

 

Figura 1. Modelo Circular de Plano de Ação para Reduzir o Risco Operacional

 

Fonte: Matias-Pereira, 2003, com adaptações.

 

Pode-se observar no referido modelo circular que a gestão do risco operacional exige um elenco de ações no âmbito das instituições financeiras, que vão desde as providências para identificar os riscos, auto-avaliação e auditoria, gestão de informações e elaboração de relatórios, medição dos riscos e dos efeitos sobre o patrimônio, interagindo de forma permanente com os objetivos e o planejamento na instituição.


enero 2005
"Contribuciones a la Economía" es una revista académica con el
Número Internacional Normalizado de Publicaciones Seriadas
ISSN 16968360

José Matias-Pereira
Gestão do Risco Operacional
Uma Avaliação do Novo Acordo de Capitais- Basiléia